Alex acordou e estava de volta à sua verdadeira casa. Por um lado era bom voltar à dormir em sua cama fofa, mas por outro, voltara a viver no inferno. Trocou de roupa e desceu para tomar café. Decidiu tomar café na cozinha junto com os empregados. Agora preparava o que comer sozinha já que depois de passar um tempo no lugar de Molly ela teve que se acostumar com isso. Comia tranqüilamente quando Julie entrou na cozinha pra dar ordens aos empregados e surpreendeu-se vendo sua filha ali no meio deles.

- Alex!? – olhou estranha. – o que está fazendo aqui? Por que não come na sala de estar?

- está bom aqui. – deu de ombros. – to conversando com Dolores, Martins e a Val.

- “val”? Que intimidade. – ironizou Julie.

- eu disse que ela podia me chamar assim. É como meus amigos me chamam. – falou a empregada sorridente e se calou em ver a cara da patroa.

- saiam daqui. – ordenou ela irritada. Depois se dirigiu à filha. – está me desafiando?

- não. – respondeu assustada.

- você não tem por que ficar aqui junto com esse povo, você é uma Campbell.

- ainda quer saber por que resolvi trocar de vida com a Molly? Eu estou cansada mamãe. Cansada da senhora querer que eu seja você. Cansada de tratar os outros como lixo. Eu não quero ser como você. Eu quero ser como eu era e dane-se ser a popular, patricinha idiota, a mandona. Eu quero voltar a ser normal, vestir as roupas que eu gosto, andar com o pessoal que eu curto...

- está pirando. Foi o sol da Califórnia que fez isso com você.

- pode ser. Me fez abrir os olhos e ver como estava agindo pateticamente patética. – levantou-se da mesa irritada e se retirou da cozinha.

...

Molly voltou ao seu cotidiano normal. Passou o final de semana inteiro pensando no Gerard trancada em seu quarto. Sua mãe entrava sempre tentando fazê-la descer para comer, mas ela não quis. Estava realmente mal por ter feito tudo aquilo, brincando com as pessoas daquele modo. Fingindo ser outra pessoa.

Na segunda-feira ela voltou pra sua verdadeira escola. Foi seguida por alguns dos antigos pretendentes que Alex havia arrumado usando o nome de Molly, mas os ignorava e eles lhe diziam que ela estava diferente.

- é...Consegui sobreviver essa semana. – falou pra si mesma indo embora do colégio numa sexta-feira.

Chegou em casa e seus pais estavam na sala parecendo à sua espera. Molly passou direto apenas os cumprimentando com um aceno triste.

- Molly. – chamou o pai. Ela voltou os pequenos degraus que havia subido e se aproximou dos pais. – acho que já está na hora de conversarmos sobre o que fez. Já te demos espaço o suficiente pra pensar na burrada que havia feito. Agora é hora de nos explicar o que levou a fazer isso...

- pai... – ele continuou ignorando-a.

- e também revelar algo pra você.

- revelar algo?

- sim, mas antes queremos saber o que deu em você. Não está satisfeita com a própria vida? O que está acontecendo? Tem vergonha de ser você mesma?

- pai eu...

- o que deu em você? – “me deixa falar” Pensou ela.

- fiquei tão magoada com você, Molly. Colocou uma estranha na nossa casa. Sabe o que podia acontecer, não sabe?

- eu sinto muito. – disse de cabeça baixa vendo algumas lágrimas pingarem no chão.

- eu que sinto muito por ter feito tudo pra dar a melhor educação possível à minha filha, mesmo com o pouco dinheiro que temos e fazer de tudo por ela pra depois ela ter a idéia de fazer uma babaquice dessa. – falou o pai dela. Molly não disse nada, apenas olhou pedindo ajuda à sua mãe.

- seu pai está certo, Molly. – e Molly voltou a abaixar a cabeça desanimada.

- eu sei que eu errei, mas me desculpem. Eu prometo não fazer mais nada parecido.

- você está de castigo durante todo o ano. – falou o pai.

- grande novidade. Já não saio de casa mesmo. Vocês nem me deixam ser livre. Parece que sou uma criancinha.

- mas você é, Molly. – falou a mãe.

- eu já tenho 18 anos.

- mas vai ser sempre nossa criancinha. Sempre teremos esse cuidado contigo por que te amamos. – Molly começou a chorar alto e os pais não conseguiram ficar firme por muito tempo e a abraçaram.

- me desculpa pai e mãe. Eu amo vocês. Eu juro que estava morrendo de vontade de voltar. Só queria ver como era ficar longe por um tempo.

- promete nunca mais fazer isso? – perguntou Linda.

- prometo. – disse arrependida.

- ótimo. – falou o pai.

- agora temos que te contar algo. – falou a mãe e Molly saiu do abraço dos dois pra olhar pro rosto deles que estava sério.

- o que aconteceu?

- Molly...Alex é sua irmã. – disse a mãe dela.