Meu querido sonâmbulo 2 escrita por Cellis


Capítulo 22
Meu querido fim


Notas iniciais do capítulo

Tirem as crianças da sala porque essa autora que vos fala está de volta! É sério, gente, esse capítulo não é pra qualquer um não e vocês já vão entender o porquê rssss.

Boa leitura, espero que sobrevivam até o fim!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/785822/chapter/22

O som contínuo de uma chamada que nunca era atendida — nem mesmo pela décima quarta vez, como era o caso — misturado aos ruídos cada vez mais altos do caótico trânsito de fim de dia de Seul começavam a latejar a cabeça de Kim Shinhye, ainda que aquele fosse um péssimo momento para tantas distrações. A faculdade, naquele momento, nunca fora localizada tão distante do centro da cidade, onde ficava a prefeitura, ou pelo menos era aquela a impressão que a terapeuta tinha. Os minutos se passavam, a noite já começava a cair e muitas pessoas já estavam encerrando o seu dia de trabalho, o que deixava as ruas ainda mais cheias.  

— Parece que o trânsito só irá piorar daqui para frente. — Haechan comentou com os olhos focados unicamente na pista, ainda que só pudesse mover o veículo que dirigia a uma velocidade quase mínima. Shinhye tinha lhe dado as chaves do seu carro sem nenhuma hesitação, afinal, ela não estava em condições de dirigir. — Acho que é porque estamos nos aproximando do local do comício, há muito mais carros na rua do que o normal.  

Ainda que ele não estivesse o dizendo por mal, aquela era a última coisa que Shinhye precisava ouvir naquele momento. Encerrou a chamada ainda não atendida e, no mesmo instante, voltou a discar aquele exato mesmo número novamente.  

— Para que diabos você tem um telefone, Kim Taehyung? — ela murmurou entre os dentes enquanto ligava para o irmão pela décima quinta vez somente naquele início de noite. 

Não havia muito o que pudesse fazer, infelizmente. Denunciar a sua teoria diretamente para polícia ou, se conseguisse chegar até a prefeitura ainda a tempo de fazê-lo, expor a situação para a equipe de segurança que certamente estaria acompanhando o candidato a prefeito, com certeza não seriam soluções muito proveitosas. A polícia, como ela mesma tinha aprendido na academia, exigiria no mínimo uma prova da terapeuta para mover um único dedo, e a equipe do juiz apenas a ignoraria como se ela fosse alguém enviada pela oposição para fazer algum tumulto no comício. Resolveu, então, pedir ajuda ao irmão mais novo, já que Taehyung sim acabaria encontrando algum modo de resolver aquela situação sem fazer muitas perguntas — ou, no mínimo, ele teria maior credibilidade para avisar diretamente aos seus superiores o que poderia acontecer naquela noite — mas o Kim parecia inalcançável naquele momento. Ela ligava, o telefone chamava, mas ninguém nunca o atendia. 

De repente, o carro parou, o que fez com que os infinitos pensamentos e tentativas de resolver tudo aquilo também parassem por um momento de correr pela cabeça da Kim.  

— O que houve? — ela questionou em um misto de confusão e nervosismo, pondo o celular de lado.  

— Eu não sei, mas estão todos parados. — Haechan respondeu, pensativo. — Acho que o trânsito está fechado mais para frente. Devem ter interditado a rua do comício ou algo do tipo. 

Ao se deparar com aquela possibilidade e em um ato quase impensado de tão rápido, Shinhye deixou a sua lista de contatos do celular de lado e abriu a página de pesquisas online que costumava usar. Digitando poucas palavras sobre o comício daquela noite, ela logo descobriu que todo o quarteirão da prefeitura tivera os seus acessos de carro interditados por medidas de segurança, permitindo que apenas pedestres acessassem o local. Aquilo, ao mesmo tempo que a colocava em desvantagem, tornava o ambiente perfeito para que Yoongi conseguisse finalizar o que quer que tivesse planejado para aquela noite — afinal, ele facilmente escaparia disfarçado em meio à multidão de pessoas. 

— Não vai dar. — a Kim sussurrou para si mesma e balançou a cabeça de um lado para o outro, o que atraiu a atenção de Haechan. — Desse jeito não vai dar. 

— O que disse, doutora? — o assistente perguntou.  

Alcançar Min Yoongi por si só já era uma tarefa de extrema dificuldade, porém, se Shinhye permanecesse dentro daquele carro preso ao trânsito imóvel, acabaria por se tornar algo impossível. Se o Min obtivesse sucesso no seu plano, o juiz Song poderia acabar sendo morto naquela mesma noite e, em algum momento, a culpa recaria sobre Namjoon, tornando ainda mais difícil o seu objetivo de inocentá-lo. Tudo estava acontecendo e se amontoando feito uma bola de neve bem diante dos seus olhos, que parecia descer a montanha diretamente de encontro a Namjoon.  

Portanto, ela não tinha outra saída. 

— Lee Haechan, escute bem e faça exatamente o que eu estou prestes a lhe dizer, está bem? — indagou enquanto se virava para o seu assistente, que automaticamente franziu o cenho. — Você vai ficar aqui no carro e vai ligar para a polícia. Diga qualquer coisa que precisar dizer para convencê-los, deixando bem claro que você tem certeza absoluta de que Song Donghae será atacado essa noite. Descreva um homem de pele pálida que tem por volta de um metro e setenta de altura, provavelmente usando roupas pretas.  

— Mas o que...  

— Apenas faça isso, está bem? — a terapeuta insistiu, séria. Em seguida, entregou o seu celular nas mãos do Lee. — Use o meu telefone para fazer isso e depois o desligue de vez, não volte a ligá-lo de jeito nenhum. Se a ligação for rastreada até mim, eu direi que fui assaltada e levaram o meu celular antes do comício ou algo do tipo.  

De qualquer modo, se Haechan mantivesse o celular dela desligado e fora da área de cobertura e não ligasse para a polícia usando o seu próprio número, ninguém jamais descobriria que ele esteve envolvido naquela história. Era o certo a se fazer, afinal, Shinhye seria incapaz de arrastá-lo para o centro daquele furacão tão covardemente — e ainda mais do que já tinha feito, no caso.  

— Mas e quanto a você, doutora? — o assistente não pode deixar de perguntar, já que o estado da mais velha era basicamente a sua única preocupação naquele momento. 

Shinhye respirou fundo, já levando uma mão até a maçaneta da porta do carro.  

— Eu vou ter que fazer isso sozinha.  

Tendo dito aquilo, a Kim saltou do veículo saindo porta afora em direção às pessoas que se aglomeravam em meio aos carros com basicamente o mesmo intuito, ainda que ela estivesse fazendo aquilo por um motivo muito mais específico e urgente: chegar ao comício mais rapidamente, já que o mesmo estava prestes a começar. Haechan ficou para trás e, nem mesmo ao gritar o nome da doutora, pode impedir que a terapeuta sumisse em meio a toda aquela gente. Hesitou por um momento, se questionando se estava fazendo o certo ou se deveria ir atrás de Shinhye, mas acabou optando por ficar. 

Faria exatamente o que ela havia pedido a ele com tanta veemência. 

Ao menos Shinhye tinha saído de casa naquela manhã com roupas mais confortáveis — e discretas o suficiente para invadir o apartamento de Yoongi sem ser notada — pois, caso contrário, não estaria indo muito longe com a roupa social e saltos altos que costumava usar no seu dia a dia. À medida que se aproximava da quadra da prefeitura, o número de pessoas ao seu redor, apertadas e espremidas, ia aumentando consideravelmente. Os coreanos no geral costumavam ser bastante interessados pela política do país, o que tornava aquela época de eleições um tanto caótica, ao contrário do que o restante do mundo pudesse esperar de um povo conhecido pela sua racionalidade e civilização. Havia muito mais pessoas nas ruas do que o normal para aquele horário, todas seguindo animadamente e confiantes na mesma direção, mas sendo impedidas de caminharem normalmente para que não acabassem atropelando umas às outras — o que não era nem de longe o caso de Shinhye.  

Tendo que correr como se a sua vida dependesse disso, o que não chegava a ser, de fato, um exagero, a Kim era obrigada a esbarrar nas pessoas e forçar a sua passagem por entre as mesmas, que acabavam soltando todos os tipos de reclamações e comentários possíveis; nada que realmente fosse ouvido pela terapeuta naquele momento de tamanha tensão. Sua respiração começava a se tornar irregular e até mesmo um tanto escassa, além do suor que começava a tomar conta da sua nuca e do topo da sua testa, mas nada a impediria de continuar. Correu tanto que sequer sentiu as ruas passarem sob os seus pés, até que finalmente avistou os holofotes chamativos que rodeavam o palanque bem estruturado e posicionado exatamente na frente do prédio da prefeitura de Seul. Sobre a tal estrutura, estavam alguns homens vestindo ternos e mais um par de mulheres com roupas sociais, todos recuados no palanque para focarem melhor no homem que discursava confiantemente junto ao púlpito, além de fazerem dele a única figura de destaque naquele momento.  

Já havia começado. 

Shinhye correu ainda mais e precisou apressar o passo, já que Song Donghae já havia começado a fazer promessas para o povo, que o aplaudia animadamente. No ápice da sua angústia, ela chegou a sentir que, quanto mais ela se aproximava do palco, mais distante a estrutura parecia. A Kim seguia esbarrando nos mais variados tipos de pessoas sem, de fato, enxergá-las ou ouvi-las.  

Até que, finalmente, Shinhye conseguiu alcançar a grade que separava o público do palanque, uma estrutura não muito alta e que servia mais para passar a sensação de segurança do que qualquer outra coisa. Ofegante, ela assistiu debaixo o homem de cabelos grisalhos e porte imponente, apesar das discretas linhas de expressão que já apareciam próximas aos seus olhos escuros, vestindo um terno de uma grife italiana enquanto prometia todo um mandato focado em segurança, saúde e educação; mas principalmente na justiça, a maior base da sua campanha. Sinceramente, a Kim não prestava muita atenção no que ele dizia, no máximo ouvindo ao longe a sua boa e imponente dicção, já que a sua maior necessidade naquele momento era a de se concentrar o suficiente para conseguir avistar qualquer traço de Yoongi no meio daquela multidão. 

Olhou ao redor, mas, como o esperado, não encontrou o familiar rosto pálido e repleto de ódio. Por um momento, a terapeuta acreditou estar tentando alcançar o impossível, mas isso não tardou a mudar. Um barulho alto foi ouvido, algo muito parecido com uma pequena explosão, e a multidão, antes calorosa, instintivamente se apavorou. Agitadas, as pessoas que assistiam ao comício rapidamente perderam o foco no candidato em cima do palanque e as atenções se dividiram entre os possíveis locais de onde aquele estrondo poderia ter vindo.  

E, então, outro barulho idêntico foi ouvido novamente. 

O medo falou mais alto e, de repente, gritos nervosos e desconexos começaram a ser emitidos por pessoas amedrontadas e que sequer sabiam o que estava acontecendo. Corpos assustados começaram a se debater e, alheio aos empurrões que ocorriam logo abaixo de si, o candidato Song Donghae foi imediatamente cercado por um paredão de seguranças contratados e treinados especificamente para eventos como aquele. Assustadas, as pessoas próximas à grade de proteção foram as primeiras a tentarem se dissipar, tudo isso enquanto Song Donghae esbravejava para que se acalmassem, que aquilo não deveria ser nada demais, e a sua voz grave e imponente ainda podia ser ouvida em meio ao murmúrio desesperado da plateia e através do seu paredão de seguranças.  

Confusa e ainda sem fôlego pela corrida recente, Shinhye olhou à sua volta sem realmente saber onde focar — ela só tinha uma única certeza naquele momento, sendo essa a de que Yoongi era o provável responsável por toda aquela confusão.  

Mas, por quê? 

De repente, os olhos da terapeuta se voltaram para o palco, coincidindo com o momento exato no qual a figura pálida e odiosa que ela tanto procurava finalmente se fez presente. Min Yoongi usava propositalmente um terno muito similar aos dos seguranças que rodeavam o juiz Song e, por isso, ninguém o impediu de subir ao palanque no meio de toda aquela confusão. Também havia um boné e uma máscara cobrindo grande parte do seu rosto, esse sempre voltado para o chão, mas ele jamais teria passado despercebido aos olhos tão minuciosos de Shinhye. O Min surgiu pelos fundos do palanque e, desviando dos acompanhantes do candidato a prefeito que serviam mais para enfeitar o palco durante o comício do que para qualquer outra coisa, não tardou a alcançar o paredão de seguranças que rodeava o juiz. 

Shinhye precisou ser rápida, algo no nível de que ela sequer conseguia mais planejar e raciocinar suas próximas ações. A grade de proteção não era muito alta e, mesmo no meio daquele alvoroço, ela não encontrou grandes dificuldades para pular as tais barras de ferro e, num piscar de olhos depois, pular novamente, dessa vez para cima do palanque. Seus tênis de corrida produziram um barulho alto e oco ao se chocarem contra a madeira da estrutura, um som alto suficiente para assustar Yoongi e pegá-lo de surpresa. O Min ergueu a cabeça e, fora do seu disfarce, estava apenas o pequeno par de olhos escuros e arregalados ao se depararem com a figura obstinada da Kim. E então, num ato de puro pânico, Yoongi se deixou levar pelo calor do susto e fez o que achava que deveria fazer naquele momento. 

O objeto comprido e pontiagudo brilhou ao ser iluminado pela luz de um dos holofotes e, automaticamente, Shinhye percebeu do que se tratava: uma agulha. No exato momento no qual o Min a retirou do bolso interior do seu paletó, uma descarga de adrenalina atingiu todos os membros da Kim e, sem pensar duas vezes, ela saltou. 

E, por um momento, tudo parecia se mover em câmera lenta. 

A mão de Yoongi sendo erguida com a seringa já posicionada e direcionada a um alvo precisamente específico, a tentativa desesperada de Shinhye de alcançá-lo e um dos seguranças sendo inesperadamente empurrado para o lado pela mão livre que o Min ainda tinha; abrindo, assim, o espaço ideal do qual ele precisava para atingir a região do pescoço do juiz, a única desprotegida pelo terno — tudo acontecendo o mais lentamente possível diante dos olhos um tanto incapazes de Shinhye.  

Mas não tanto assim. 

Yoongi sentiu a seringa atravessando a pele de alguém, mas não penetrando o suficiente como ele planejava, como se tivesse atingido um músculo mais rígido do que o esperado para a região anatômica de um pescoço — e atingiu, de fato. Ainda segurando o objeto, ele só então percebeu que, ao invés da nuca do juiz, a agulha tinha sido fincada na palma da mão de Kim Shinhye, que entrou no meio do seu caminho uma fração de segundos antes do Min conseguir atingir o seu verdadeiro alvo. Um filete de sangue escorria do pequeno furo que a agulha havia feito na mão da Kim, porém, a adrenalina era tanta ao ponto de que ela não teria identificado a perfuração se não tivesse acontecido bem diante dos seus olhos, já que não sentia absolutamente nada no local. Ainda com o braço esticado de um modo quase humanamente impossível, ela fitou o Min, que estava a pouquíssimos passos de si.  

— Nós dois sabemos que, se você injetar essa quantidade de cianeto em mim agora, mesmo que seja na palma da minha mão, será o meu fim. — ela disse, ofegante, e só então os seguranças se deram conta do que estava acontecendo bem debaixo do nariz deles. — Mas eu não vou morrer sozinha.  

Com fúria transbordando pelos seus olhos, Yoongi a encarou. Atrás dos seguranças, o juiz Song ordenou para que ninguém agisse até segunda ordem.  

— Foi você quem invadiu o meu apartamento, não foi? — o Min praticamente cuspiu a pergunta. — Só assim teria como você saber que o que tem dentro dessa seringa é cianeto.  

— Exatamente. — ela rebateu. — E eu não sou a única que sabe disso, Min Yoongi. 

Sirenes foram ouvidas, mas elas pareciam repentinamente mais distantes aos ouvidos de Shinhye do que para os outros presentes. Grande parte da multidão já havia se dissipado quando Yoongi arregalou os olhos, assustado, e as pernas da Kim começaram a perder as forças. Sua visão escureceu e, em seguida, a próxima sensação que teve foi a do seu corpo indo de encontro à estrutura de madeira. 

Na sua mão esquerda, a seringa ainda estava espetada. 

 

*** 

 

Quatro horas após a confusão no comício... 

 

Aquela era a primeira refeição que Kim Namjoon fazia naquele dia, apesar de o céu do lado de fora daquela velha e úmida casa já ter se tornado praticamente negro devido ao horário e, também, ao mau-tempo. Não havia muito o que ser feito ali, sequer uma televisão antiga para ser assistida e preencher o silêncio da sala de estar, mas não era como se Namjoon tivesse vontade de se entreter naquele momento. Achou estranho Shinhye ainda não ter aparecido, já que prometera voltar antes do fim do dia com alguns mantimentos, mas jamais a culparia por ser uma pessoa ocupada que, além dos seus próprios, ainda tinha os problemas de um sonâmbulo suspeito de assassinato para lidar também.  

Por isso, quando não aguentou mais segurar a fome e sobreviver só da água um tanto barrenta que vinha da torneira da pia da cozinha, o Kim recorreu ao tal senhor de idade que Shinhye disse que o ajudaria. O Sr. Yoo era um homem de idade já bem avançada, o que ficava nítido na curvatura da sua coluna, e tinha também alguns problemas de audição, mas foi só Namjoon exclamar o nome de Shinhye um pouco mais alto que o homem automaticamente o acolheu. Ele parecia gostar muito da terapeuta e chegou a insistir para que o Kim ficasse um pouco mais em sua humilde casa, porém, com medo de acabar sendo reconhecido a qualquer momento, Namjoon apenas aceitou a tigela de macarrão instantâneo que lhe fora oferecida e retornou às pressas para o seu esconderijo.  

De repente, uma trovoada imponente foi ouvida por toda a precária Guryong. Namjoon estava sentado no meio da sala de estar da antiga casa de Shinhye, no chão, quando um raio caiu em um lugar desconhecido por ele, mas aparentemente bem distante dali.  

Que bom, pois a última coisa da qual aquele lugar tão esquecido e marginalizado precisava, era um raio. 

Um segundo estrondo se fez presente, porém, daquela vez em específico, muito mais alto e próximo do que o Kim poderia imaginar. A porta da frente da antiga moradia dos Kim tinha sido repentinamente arrombada e, quando se deu conta disso e viu a figura alta e rígida atravessar os destroços do que antes era uma porta, Namjoon automaticamente deixou a tigela de macarrão do lado e se levantou, num pulo.  

— Taehyung-ssi? — perguntou confuso quando finalmente conseguiu reconhecer a silhueta fardada com o seu uniforme de policial. Estava escuro, porém, só a áurea de Taehyung por si só já era capaz de transmitir toda a fúria do rapaz, que avançou sem cerimônias para o interior da casa, mais especificamente na direção do mais velho. — O que você está fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa com a... 

Namjoon não conseguiu terminar a sua fala, que acabou sendo interrompida por um soco tão forte que acabou o derrubando de volta ao chão. Ainda atordoado e desnorteado, ele tentou se erguer, mas a dor aguda em seu maxilar o impediu. Havia sangue escorrendo pelos seus lábios, assim como no punho de Taehyung. 

— Você não estava prestes a perguntar se aconteceu alguma coisa com a minha irmã, estava?! — o Kim mais novo urrou. Seu peito subia e descia sob a farda, a respiração completamente desregulada. — Eu disse que se algo acontecesse a ela por sua causa, eu viria atrás de você! E eu avisei que não seria como policial.  

Ao dizer aquilo, Taehyung arrancou do cós da calça o seu distintivo e, em seguida, a arma que usava apenas no seu horário de trabalho. Jogou ambos para o lado sem sequer prestar atenção aonde tinham caído e, quando viu que Namjoon finalmente tinha conseguido se recuperar do seu soco e se reerguer, acertou-lhe mais uma vez. O Kim mais velho não aguentou o golpe e, novamente, caiu deitado no chão — porém, dessa vez, mal teve tempo de respirar até que Taehyung já estivesse sobre si.  

Mesmo com a visão turva e naquele ambiente escuro, Namjoon pode ver o quanto os olhos do mais novo brilhavam num misto de ódio e desespero. Sentiu medo, mas não do homem em si, mas sim do porquê de ele estar agindo daquele jeito. 

— Por favor... — Namjoon murmurou, engasgando-se com a própria saliva, estando essa já recheada de sangue. — Só me diga se ela está bem e, depois, faça o que bem quiser comigo. 

O pedido inesperado fez Taehyung hesitar por um momento, porém, ao se lembrar do que tinha acabado de acontecer, ele respondeu Namjoon com um outro soco.  

Sirenes foram ouvidas rasgando o silêncio que era a pequena e esquecida Guryong à noite. Pareciam distantes e realmente estavam, já que não passavam carros por aquelas vielas nem mesmo se fosse possível; contudo, policiais já invadiam a pé a rua barrenta e pouco movimentada onde ficava a antiga casa dos Kim. 

— Acabou para você, Kim Namjoon. — Taehyung grunhiu, ainda em cima do Kim mais velho. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Meu Deus eu já prevejo as ameaças de morte para a minha pessoa... Alô, é da polícia?
Para quem queria que o Taehyung voltasse, tá aí o nosso policial (nem tão assim) favorito... E o que será que aconteceu nessas quatro horas pra tudo desandar assim, ein? Prometo que vocês vão descobrir em breve!

Até!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu querido sonâmbulo 2" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.