Meu querido sonâmbulo 2 escrita por Cellis


Capítulo 21
Minha querida (e próxima) vítima


Notas iniciais do capítulo

E, com mais um capítulo capaz de derrubar forninhos (ou um forno industrial, no caos), eu reapareço aqui pra vocês até antes do que eu esperava! Eu estou muuuito animada com o rumo que essa história está tomando, só espero sair viva depois desse capítulo e sem nenhum arranhão (se controlem, meus amores, eu sou sensível).

Enfim, boa leitura!



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— Assassinato?!  

Lee Haechan não conseguia acreditar na mensagem que os seus próprios ouvidos tinham permitido que o seu cérebro recebesse. Quando deixou para trás oficiais da lei um tanto intimidadores e seguiu a chefe até a sala da mesma para uma conversa restritamente particular, isso há cerca de meia-hora já, ele jamais imaginaria no que estava prestes a descobrir. Sentada em sua cadeira anatomicamente acolchoada de escritório, Shinhye havia lhe contado absolutamente tudo o que estava acontecendo, não deixando de lado sequer uma vírgula. 

— Você pode não gritar isso para que o bairro inteiro saiba? — a terapeuta rebateu, apesar de entender perfeitamente bem o espanto do inocente assistente. 

Ela mesma, se não estivesse vivendo tudo aquilo sob a própria pele, estaria tão incrédula quanto ao mais novo ao ouvir tal história. 

Afinal, aquilo parecia mais o roteiro de um maldito filme. 

— Desculpe. — o Lee disse em um sussurro acanhado, tentando se recompor. De repente, franziu o cenho e pendeu a cabeça para o lado, como se algo de extrema importância tivesse acabado de lhe ocorrer. — Espera, a doutora disse que em uma das noites na qual socorreu esse tal de Kim Namjoon, estava com o meu carro? 

Foi a vez de Shinhye encolher os ombros, pela primeira vez fazendo aquilo na frente do assistente.  

— Sim. Mas ninguém nos viu e eu mandei lavá-lo de cima a baixo no outro dia, eu juro. — a Kim respondeu um tanto sem jeito. — Desculpe.  

Haechan tomou alguns longos segundos para processar aquela informação e, em seguida, acabou por balançar a cabeça positivamente.  

— Bem, se eu não acabar preso, acho que tudo bem. — murmurou enquanto tentava focar nos detalhes que ele sabia serem, por mais incrível que aquilo pudesse parecer, mais importantes do que o seu carro servindo como transporte para um atual criminoso procurado. — Eu posso perguntar uma coisa? 

— Claro. — Shinhye concordou, simples. 

O assistente não fazia ideia se seria certo perguntar aquilo naquele momento ou se, no caso, pudesse estar sendo invasivo ou algo do tipo ao fazê-lo, mas não podia deixar de acreditar que tinha direito a algumas perguntas depois de ouvir tudo aquilo.  

No mínimo, agora, ele também era uma testemunha daquele caso. 

— A doutora realmente acha que esse homem é inocente?  

Ao ouvir aquilo, a Kim não conseguiu evitar que todo um filme se passasse na sua cabeça. Depois de tudo o que tinha vivido depois de conhecer Namjoon, mais especificamente depois da noite na qual o resgatara do beco ao lado do seu apartamento, ela só poderia ter uma única resposta para aquele questionamento. 

Respirou fundo e fitou Haechan diretamente nos seus pequenos olhos cor de mel. 

— Eu tenho certeza. 

Lee Haechan era uma pessoa simples e fiel, sendo aquelas as duas palavras que melhor o definiam em todo o vasto vocabulário de aditivos da língua coreana — por isso, se uma das pessoas a qual ele mais admirava e confiava na sua vida lhe afirmava algo, ele não tardava a acreditar. Por maior loucura que aquilo pudesse parecer, se aquela não fosse a decisão certa a ser tomada naquele momento, ele apenas teria que arcar com as consequências mais tarde. Na verdade, naquele ponto específico de suas personalidades, o Lee e Namjoon eram extremamente parecidos e, talvez por isso, Shinhye confiasse e se importasse tanto com os dois. 

— Então... — Haechan iniciou e, pela primeira vez em todo o tempo de serviços prestados para aquela clínica, se permitiu puxar uma cadeira e se sentar de frente para a chefe. A Kim, por sua vez, achou o gesto mais confortável um tanto engraçado. — Qual era o favor que a doutora queria me pedir? 

Pela primeira vez em algumas longas horas, Kim Shinhye se sentiu livre para respirar tranquilamente durante um momento. Mentalmente, ela agradeceu por Haechan ser exatamente como era e, sem maiores questionamentos, apenas se mostrar pronto para ajudá-la. 

— Você tem acesso ao laboratório de ciências da sua faculdade? — a terapeuta questionou sem maiores rodeios.  

— Enquanto houver aulas, sim. Eles só trancam todas as salas, incluindo o laboratório, depois que o último tempo de aula do dia de toda a faculdade termina. — Haechan respondeu, ainda que sem entender o motivo por trás de uma pergunta que, aparentemente, era tão aleatória. — Mas por quê? 

— Porque eu estou com algumas coisas aqui que encontrei no quarto de Min Yoongi e preciso analisá-las. — ela afirmou. — Seria uma análise química, no caso.  

O Lee ponderou, parecendo pensativo.  

— Então, talvez, nós vamos precisar de ajuda. — o mais novo rebateu. — Essas análises mais completas devem ser feitas por alguém especializado, o que não chega exatamente a ser o meu caso. Nós vamos precisar de alguém da área.  

Ao ouvir aquilo, Shinhye não pode evitar de massagear as têmporas no intuito de tentar aliviar algum estresse. Era de se esperar que Haechan não pudesse realmente ajudá-la com aquilo, afinal, o mais novo estudava psicologia e não química, mas ela ainda tinha alguma inocente esperança preservada dentro de si.  

— Onde eu posso conseguir alguém? — ela murmurou para si mesma, de olhos inconscientemente fechados. — Eu preciso disso para ontem... 

— Eu conheço a pessoa ideal para isso. — Haechan irrompeu no silêncio da sala, o que automaticamente ativou o estado de alerta da sua chefe a fez abrir os olhos, os arregalando. — Ele é um tanto antissocial, mas não vai nos negar ajuda.  

— Você tem certeza disso? — a Kim perguntou, não querendo destruir ainda mais a pouca esperança que lhe restava.  

Já o Lee, por sua vez, exibiu um sorriso de canto ou ouvir a pergunta. 

— Absoluta. — o assistente confirmou, confiante. — Afinal de contas, nossos pais nos ensinaram muito bem a não negar ajuda para a própria família.  

Ao ouvir aquilo, Shinhye dispensou todos os detalhes os quais poderia perguntá-lo sobre aquela história e, simplesmente, quis saber quando eles poderiam partir rumo à universidade onde Haechan já cursava a metade da sua faculdade de psicologia. O assistente não precisou pensar duas vezes antes de se levantar e dizer para irem naquele mesmo momento, afinal, era muito provável que a pessoa que eles procuravam estivesse enfiada na biblioteca da universidade naquele período de pós-almoço.  

Afinal, ninguém conhecia o seu irmão mais velho melhor do que ele. 

Assim, cerca de quarenta minutos depois — já que o campus onde se localizava o laboratório de ciências, assim como a biblioteca e o refeitório da Universidade Nacional de Ciências Aplicáveis da Coreia — Shinhye já estava estacionando o seu veículo na primeira vaga que encontrara mais próxima do prédio do tal laboratório. Com o assistente a tiracolo, o qual prontamente já havia ligado para o irmão e marcado um encontro, ela saltou do carro e entrou apressada no prédio repleto de alunos universitários, afinal, cada segundo a partir daquele momento poderia ser extremamente precioso. Ela precisava saber qual era o próximo alvo de Yoongi e, para isso, necessitava descobrir o que diabos havia encontrado escondido no seu quarto. Quanto mais rápido aquilo acontecesse, menos risco de vida uma terceira pessoa estaria correndo. 

— Hyung! — Haechan exclamou assim que avistou o irmão mais velho parado de pé diante da porta do laboratório de ciências. Acenou com uma mão e, sem muito esforço, o outro retribuiu o gesto com um aceno de cabeça. 

Os dois irmãos tinham apenas um ano de diferença entre si, porém, não poderiam ser mais diferentes do que pessoas nascidas em gerações separadas por décadas de vida. Fisicamente, Lee Minho tinha a pele bem mais clara do que a do irmão mais novo, era alguns centímetros mais alto e tinha um físico um tanto invejável, ainda que tudo aquilo estivesse coberto pelo enorme moletom cinza escuro que o mesmo vestia. Usava uma pequena argola prateada na orelha direita, algo do qual Haechan nutria certo pavor, e tinha os cabelos tingidos do tom de preto mais fechado possível. Não parecia muito satisfeito por estar ali e, ao contrário do fiel cego que seu irmão era com aqueles em quem confiava, Minho desconfiava de tudo que fosse possível. 

— Então essa é a sua chefe? — foi a primeira coisa que o Lee mais velho questionou quando os dois recém-chegados o alcançaram.  

Motivado a evitar qualquer atrito entre os dois e, principalmente, a não deixar que seu irmão desconfiasse de um mísero ponto sequer do que estava realmente acontecendo, Haechan apenas balançou a cabeça positivamente e rezou para que a sua chefe não tivesse se ofendido com o tom de voz um tanto sugestivo de Minho. E, de fato, Shinhye não disse uma única palavra, apenas cumprimentando o irmão do seu assistente com uma reverência curta e rápida — afinal, estava dependendo do mesmo naquele momento, então estava decidida a não o irritar ou nada do tipo. 

Não demorou muito para que, sem mais delongas, os três entrassem juntos no laboratório, que estava praticamente vazio devido ao horário. Minho escolheu o local de sua preferência e, quando se sentou diante de um microscópio, Shinhye logo sacou do bolso da sua jaqueta os dois saquinhos que continham os objetos que tanto atiçavam a sua curiosidade naquele momento. Deixou sobre o balcão o comprimido e o pequeno frasco com um líquido desconhecido que tinha subtraído do esconderijo de Yoongi e fitou Minho, séria. 

— Eu preciso saber o que exatamente são esses dois. — afirmou e empurrou os saquinhos pelo balcão na direção do Lee mais velho. — Eu até tenho uma foto do rótulo da embalagem de onde peguei o comprimido, mas não sei para que serve ou se, ainda, o que diz no rótulo é verdadeiro. Além disso, não faço ideia do que seja esse líquido. — pausou e, só então, assumiu um tom verdadeiramente de pedido. — É uma questão urgente. Por favor. 

Minho fitou ambas as embalagens e, antes de alcançar as mesmas, parou com a mão suspensa no ar e direcionou seu olhar de volta para a chefe do irmão mais novo. 

— Eu estou fazendo algo ilegal? — questionou numa simplicidade um tanto peculiar. 

— Não para você. — a terapeuta rebateu. — Contudo, o que tem nesses dois saquinhos pode acabar inocentando ou incriminando alguém. Tudo vai depender desses resultados. 

Por algum motivo, o Lee achou o tom daquela conversa um tanto interessante e, por isso, acabou puxando o par de objetos na sua direção. Virou-se para frente para começar a analisá-los e, só então, se dispôs a falar uma última coisa antes de focar completamente no trabalho que tinha em mãos: 

— Gostei dela. 

 

*** 

 

Mais horas depois do que Shinhye gostaria e tinha para gastar naquele momento, Lee Minho retornou da sala de análises clínicas com dois envelopes brancos em mãos. Um já estava aberto e, conforme ele caminhava na direção do irmão cansado e de sua chefe apreensiva, o Lee vinha lendo o conteúdo do mesmo. Quando os alcançou, porém, franziu o cenho e automaticamente interrompeu as suas passadas. 

— Você disse que tinha uma foto do rótulo da embalagem do comprimido, certo? — questionou ainda com os olhos presos no papel em suas mãos. — Algo não está batendo... Eu preciso vê-la. 

Sem pensar duas vezes, Shinhye sacou o celular do bolso da calça e logo chegou até a foto que, felizmente, tinha pensado em tirar ainda no quarto de Yoongi. Entregou o aparelho nas mãos de Minho, que o colocou lado a lado com o relatório que tinha feito do comprimido. 

— Bem, isso faz muito mais sentido... — o Lee mais velho comentou consigo mesmo. — Só um laboratório do porte do Holdings teria capacidade de fabricar algo nessa dosagem, apesar do erro no rótulo...  

— Traduzindo? — a Kim questionou já nervosa por Minho estar esclarecendo as coisas apenas para si mesmo. 

O Lee limpou a garganta e, por um momento, pensou no jeito mais simples de explicar aquilo.  

— Trata-se de um remédio para dormir, mas não de qualquer tipo. Nessa formulação, há um componente que mexe diretamente com a melatonina, uma substância presente no nosso corpo que regula o nosso ciclo de dormir e acordar. — ele começou a tecer a teia da sua explicação. — Nesse rótulo da foto, o teor desse componente é apenas o suficiente para regular a liberação de melatonina no nosso sangue, o que ajuda as pessoas a dormirem melhor e a acordarem mais bem dispostas. É um remédio bem comum, mas... Não bate com o comprimido que você me entregou.  

— Como assim? — a Kim questionou, confusa. 

— No comprimido, o teor dessa substância é bem mais alto, o que desregula a melatonina no corpo. E, nessa quantidade específica que eu encontrei na análise, acaba fazendo com que a pessoa durma muito mais e tenha um sonho incrivelmente pesado, como se estivesse em transe. Na verdade, é um remédio que costuma ser usado por alguns praticantes licenciados de hipnose. — pausou, pensativo. — E, como se trata de um remédio muito forte, pouquíssimos laboratórios possuem a autorização necessária para fabricá-lo, o que é justamente o caso do Laboratório Holdings, de onde veio esse rótulo da foto.  

— Então... — Shinhye iniciou, ainda juntando todas as peças daquelas informações. — Isso quer dizer que os comprimidos foram trocados? Que um remédio mais forte e restrito foi colocado em uma embalagem de um simples remédio para melhorar o sono de alguém?  

— Tecnicamente, sim. — o Lee respondeu. — E eu duvido muito que se trate de um simples erro vindo de um laboratório tão grande e renomado. Eu não sei como, mas esses comprimidos provavelmente foram trocados de propósito. 

Min Yoongi. 

Agora, tudo parecia tão nítido quanto a mais cristalina das águas. Desde o princípio, quando Namjoon lhe contara que um amigo estivera lhe dando um remédio para dormir para ajudar com as suas crises de sonambulismo, Shinhye não tinha engolido muito bem tão ação. A auto medicação era uma prática um tanto comum para jovens da idade de Namjoon, que acreditavam nunca terem tempo para se dirigirem a um médico de verdade para tratarem problemas considerados não muito importantes, porém, aquele não era o caso do Kim. Sonambulismo era uma condição séria e, por lidar sempre com remédios e estar próximo da área da saúde, Yoongi deveria ter incentivado o amigo a buscar um tratamento adequado ao invés de medicá-lo por conta própria. Inclusive, Namjoon também tinha comentado que o próprio Min era quem tinha descoberto a condição de sonâmbulo do Kim, por isso, ele teoricamente teria presenciado um episódio e saberia da gravidade da situação.  

A menos que, claro, os episódios de Namjoon não fossem causados por sonambulismo. 

Talvez a Kim estivesse especulando demais ao chegar naquela conclusão, porém, o primeiro pensamento a cruzar a sua cabeça tinha sido o de que Yoongi poderia, durante todos aqueles anos, estar dopando Namjoon de propósito. Se aquele era um remédio utilizado em sessões de hipnose, nada impedia Min Yoongi de estar manipulando o sono do Kim, de qualquer que fosse o modo. Shinhye também não tinha certeza do porquê daquilo, porém, se algo estava bem claro para si e já mais do que provado, esse algo era que Yoongi tinha plena consciência do que estava dando para o amigo. Para guardar as embalagens dos comprimidos em um esconderijo tão bem pensado, o Min temia alguma coisa — e essa coisa era que alguém acabasse descobrindo com o que ele realmente medicava Namjoon. 

E Shinhye achava tudo aquilo um tanto doentio, porém, a história não parava por ali.  

— E a outra embalagem? — ela questionou, mesmo que ainda se encontrasse atordoada pela primeira análise e o que a mesma revelava. — O frasco com o líquido desconhecido.  

— Ah, sim. — Minho concordou e, só então, se lembrou de abrir o outro envelope. Ao contrário da outra análise, a qual ele tinha lido com cuidado até chegar no ponto mais curioso da mesma, dessa vez ele logo franziu o cenho de cara. Em seguida, arregalou os olhos e apontou um dedo acusador na direção de Shinhye. — Você disse que eu não estava fazendo nada ilegal! 

Ao invés de confusa, Shinhye automaticamente se sentiu apreensiva. 

— O que tinha no frasco? — questionou, hesitante. 

Minho deu alguns passos na direção da terapeuta e, em seguida, foi obrigado a abaixar o seu tom de voz. 

— Cianeto.  

A simples palavra carregava uma bagagem tão enorme junto de si que, ao ouvi-la, Shinhye deu um passo para trás como se tivesse sido golpeada por alguém.  

— O que? — murmurou, incrédula.  

— Cianeto, Kim Shinhye-ssi. — o Lee automaticamente repetiu, um tanto irônico. — Veneno. Nessas concentrações, então, extremamente letal.  

Então, a próxima vítima de Min Yoongi estava listada para morrer envenenada — mas o quanto ele deveria odiar essa pessoa ao ponto de escolher um meio tão perverso? Suas duas primeiras vítimas, Kim Seokjin e Jung Hoseok, tinham sido esfaqueadas no meio da rua, o que por si só já demonstrava o quão psicopata o Min provavelmente era, mas envenenamento era simplesmente sórdido. Ele queria assistir alguém definhando e estrebuchando, lutando inutilmente pela própria vida. 

Quem teria lhe causado tamanho e tão assustador rancor? 

As pessoas que tinham, de fato, atropelado Namjoon, estavam ambas mortas. Depois disso, contra quem Min Yoongi poderia querer tal vingança?  

— Se alguém lhe faz um mal extremo e sai ileso, quem mais você culparia por isso? — questionou alto, ainda que não estivesse falando diretamente com nenhum dos dois irmãos.  

Enquanto Haechan ainda pensava no questionamento tão repentino, Minho foi único e certeiro na sua resposta. 

— Quem o deixou escapar. — afirmou sem hesitar, ainda que também estivesse raciocinando consigo mesmo. — Se alguém ajuda quem me fez mal mesmo sabendo disso, esse alguém é duas vezes pior do que o real culpado. 

Era isso. 

Sem tempo suficiente para se questionar como não havia percebido aquilo antes, Shinhye foi rápida em tomar de volta da mão de Minho o seu celular, que ainda estava com ele, e procurar pelo relatório sobre Namjoon que Taehyung tinha lhe enviado há algum tempo. Movendo o dedo freneticamente pela tela do celular, ela finalmente encontrou o tal documento, em seguida, começando a descer as páginas até chegar no que realmente lhe interessava.  

Juiz do julgamento: Song Donghae.  

O homem que havia, descaradamente, inocentado Kim Seokjin e Jung Hoseok no julgamento do atropelamento de Namjoon.  

— Song Donghae... — a terapeuta sussurrou para si mesma, como se algo remotamente relevante em sua memória estivesse a cutucando.  

— Quem? Song Donghae, o candidato a prefeito de Seul? — Haechan questionou ao ouvir o nome tão conhecido deixar a boca da chefe, ainda que o tivesse feito por pura inocência.  

— Quem? — foi a vez de Shinhye de perguntar, confusa.  

Voltou-se para o assistente. 

— Song Donghae, o juiz famoso que, há um par de semanas, anunciou a sua candidatura a prefeito de Seul. — o Lee mais novo explicou calmamente. — Em alguns poucos dias fazendo campanha nas ruas, ele já conquistou uma popularidade incrível. É dele que a doutora está falando? 

— De onde é esse juiz? — a Kim questionou, nervosa. 

Se aquelas informações batessem, a possível próxima vítima de Min Yoongi estava muito mais perto do que ela esperava, o que lhe daria muito menos tempo de agir. 

— Bem... — Haechan pensou por um breve segundo, buscando aquela informação nas raízes da sua memória. — Ele é de Daegu, se eu não me engano. 

Não podia ser. 

Aquilo, definitivamente, não era uma mera e irônica coincidência do destino — o candidato favorito à próximo prefeito da metrópole Seul era, ninguém mais e ninguém menos, quem Min Yoongi planejava assassinar em breve pelos pecados do seu passado.  

— Lee Haechan. — Shinhye chamou em um tom tão sério, que acabou assustando o assistente. — Descubra como eu posso chegar nessa pessoa, de qualquer modo que seja. Agora

— Não precisa. — foi Lee Minho quem interrompeu a cena, frustrando a adrenalina que começava a correr pelas veias da Kim. — Ele é uma figura pública e que está em alta, então, as notícias correm rápido. Ele tem um comício marcado em frente ao prédio da prefeitura, essa noite. 

— Essa noite? — a Kim repetiu as palavras e, de repente, as mesmas soaram extremamente familiares aos seus ouvidos.  

“Eu preciso de outro frasco. E precisa ser para hoje à noite.” 

Aquelas tinham sido as últimas frases que a terapeuta ouvira Min Yoongi dizer antes de deixar, em fúria, o seu quarto naquela manhã. Sem saber que Shinhye se escondia dentro do seu armário, ele falava com alguém ao telefone a respeito do frasco que havia sido roubado do seu esconderijo. 

O frasco de cianeto. 

Mas Min Yoongi não seria psicopata o bastante para fazer aquilo, seria? 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Foram tantas emoções, que eu vou deixar vocês falarem o que bem quiserem e nem vou me atrever a perguntar nada kkkkk.

Até breve ♥



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