A Origem da Energia - As Crianças do Caos escrita por OrigamiBR


Capítulo 2
Problemas incomuns


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo. Vou postar até o 5, que é o que tenho escrito até o momento. Qualquer coisa, podem mandar os comentários para poder moldar melhor a história.



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Mais tarde naquele mesmo dia, Vergil estava em casa descansado das aulas até que escutou uma ligação em seu celular. Indo atender, viu que era Cole:

— E aí?

— E aí. Agora pode ir soltando o ouro: onde você conheceu aquela menina?

— Cole, caramba, eu já disse que não sei! Uma mulher chamativa daquele jeito teria sido lembrada na minha cabeça.

— Sei... – disse Cole desconfiado e malicioso – Eu descobrindo que você tá mentindo, vai ver só...

— Arg... Deixe disso, rapaz: Você me conhece. Tchau.

— Tchau.

Mal desligou e viu a hora, correndo apressado para se arrumar. Estava quase na hora de seu treino de artes marciais. Voltando de Ryokun, sua proficiência melhorara bastante por causa da experiência, avançando rapidamente até a última graduação antes da cobiçada faixa preta. A familiaridade com a Energia o fazia executar os movimentos com velocidade e precisão. Daquele dia em diante, se dedicou mais à arte marcial, se tornando um dos melhores alunos. E ser capaz ainda de usar Energia era um bônus.

Terminado o treino, voltou para casa e foi dormir.

No dia seguinte, Vergil estava prestes a entrar na escola quando uma mulher alta, quase de sua altura bloqueou a passagem. Tinha cabelos loiros longos e claros, sendo incrivelmente sedosos e um pouco cacheados na ponta. Sua pele era bem clara, e usava uma camisa social branca. Usava uma saia preta social e sapatos de salto baixo. Seu olhar era frio, e o encarava intensamente com olhos arroxeados, que pareciam revolver as cores. O conjunto a fazia parecer uma executiva do mal. Estava acompanhada de um homem quase de sua altura também, com cabelos ruivos, curtos e espetados. Tinha olhos assustadoramente pretos, pele branca e corpo delgado. Via o garoto com desdém, apesar de não parecer muito mais velho que ele.

— Com licença, preciso pas--

— Vergil Gadson – disse a mulher, a voz madura cheia de desprezo – Não se aproxime de minha irmã, ou haverão consequências.

— Mas o que? Quem é sua irmã?

— Apenas tenha isso em mente – e saiu andando num passo que diferia o som da pisada. Estranhou aquilo até ser cutucado no ombro por Cole.

— Fazendo amizades, é? – disse o garoto, brincando.

— Ah, qual é! Eu nem sem quem é a irmã dela...

No intervalo da escola, a menina que abalara a classe lhe procurou. Foi um desafio não admirá-la, ainda mais que havia mostrado interesse em si. Os dois conversaram bastante sobre assuntos variados e nem viram a passagem do tempo enquanto caminhavam pela escola. Perto do final do intervalo, ela deu tchau e o mirou com olhos brilhantes enquanto se afastava. O garoto nem notou quando seu grupo de amigos o cercou.

— E aí, Vergil: o que ela falava tanto com você? – perguntou Kenneth, junto de Cole, pronto para a resposta.

— Hm? – respondeu distraído – Sobre... Err... Qualquer coisa. Ela é muito curiosa, procurou saber mais sobre a cidade, o país. Muita coisa.

— Sei, e ela não tem nome? – perguntou Cole, ansioso.

— Sim, é Niéle. Niéle Hudson.

— Entendi – disse Suzan, curiosa – Ela é muito bonita.

— Gostaria de saber o que faz no cabelo pra ficar daquele jeito – comentou Jane, mais para si do que para o grupo.

— Eu não sei não, Vergil – disse Claire, acordando o garoto do transe enquanto ponderava – Ela parece esconder algo que eu não gostaria de saber.

— Sério? – disse Suzan, um pouco preocupada – Pra mim, ela só pareceu interessada demais em Vergil.

— Como assim, Suzan? Ela só veio falar comigo no intervalo... E antes mesmo eu nunca a havia visto.

— É porque você só presta atenção no quadro, tapado – brincou Cole, quase rindo abertamente – Niéle tá quase sempre te observando.

Com a interrogação de Vergil, Kenneth resolveu intervir, em meio à resposta sarcástica de Claire e Cole.

— Você não mudou nada, Vergil... Acaba sempre prestando atenção no que menos te interessa.

— O-ora, deixem disso – disse o garoto ligeiramente corado – Vamos voltar pra aula.

No período de saída, ao pôs os pés fora da escola, escutou apenas o farfalhar das árvores na frente da escola antes de desacelerar o tempo espontaneamente. Mesmo assim, escutou uma voz soando na velocidade normal.

— Eu avisei...

Se não fossem os anos passados em Ryokun como também o tempo treinando arte marcial, certamente teria sido esmagado e seria morto na hora por um caminhão jogado em direção ao muro da escola, poucos milésimos de segundo de onde estava. As pessoas gritavam assustadas e corriam desenfreadas, os carros aceleravam e batiam, tudo para tentar fugir do que aparecia diante deles: de um lado, um garoto moreno de 17 anos segurando um escudo translúcido vermelho na mão esquerda e do outro uma mulher loira de uns 25 anos flutuando em pleno ar, segurando um carro flutuando em uma única mão e uma placa de “Proibido Estacionar” na outra, ambas brilhando com uma energia roxa que as envolvia. O garoto olhou estarrecido para o estrago provocado e para o objeto que surgira em seu braço, que se dissipou logo depois como poeira no ar.

— Seu crime não será deixado impune, Vergil. Marque minhas palavras: você irá morrer.

Sem entender o que acontecia, recuou um passo. Nisso, a menina Niéle surgiu repentinamente em sua frente, esticando os braços para bloquear a mulher voadora. Com tudo muito rápido, Vergil não distinguiu muita coisa. Só viu a mulher sumir de repente e o carro e a placa caírem no chão antes da visão escurecer com uma fadiga súbita.

Ao acordar, se viu na calçada, estirado, com Suzan, Kenneth, Cole, Claire e Jane a seu redor.

— Hã? – disse, levantando de súbito – O que aconteceu?

— Você apagou de repente – comentou Jane.

— Também não é pra menos: esse caminhão veio ensandecido pra cima de você – disse Kenneth – Sorte que você consegue desacelerar o tempo, senão...

— Mas... – disse Vergil – Vocês não viram a mulher flutuando? Níéle correndo pra rua? Nem outras pessoas fugindo?!

— Vergil, não veio ninguém... – falou Suzan, um pouco assustada.

Ele olhou ao redor: a placa estava caída e o caminhão inserido como uma decoração no muro da escola. Mas não havia mais nada. Sem sinal das pessoas que lhe atacaram ou da que lhe ajudou. Sem qualquer imagem de carros batidos, areia espalhada e postes caídos. Estava normal exceto por essas duas coisas. Resolveu deixar pra lá, mas ponderou sobre o escudo vermelho que surgira em sua mão. Saiu do transe quando Cole o chacoalhou, logo ao se encaminharem à parada de ônibus.

— Eu sei o que vi, Vergil. Aquela mulher, Niéle, tudo. Alguém alterou as memórias, a realidade, sei lá.

— Ufa, ainda bem. Achava que estava ficando doido.

— Vou procurar isso à fundo. Está comigo?

— Pode crer.

Os dias foram passando. Vergil e Cole falaram do ocorrido com os seus amigos, mas eles não pareciam mesmo ter tido nenhuma memória do ocorrido. Enquanto isso, as notícias de mudanças começavam a ficar mais frequentes, com a aparição de indivíduos em todos os locais do mundo com capacidades excepcionais. A onda de potencial ficou na mente das pessoas como “A geração de ouro”, e todos estavam ansiosos para a próxima Olimpíada. Mas algo nessas notícias preocupou os garotos. Os relatos eram muito coincidentes com o que conheciam sobre os Sensitivos. Enquanto discutiam em grupo, um rapaz alto se aproximou deles. Só que ele não era apenas alto, era muito forte, com braços definidos e grandes, e pernas bem torneadas e grossas. Não parecia adulto, mas um adolescente que sempre gostou de academia. Tinha pele clara, cabelo raspado e olhar firme. Apesar disso, olhou animadamente para os dois, em expectativa.

— Err, sim? – estranhou Vergil.

— Ah! – exclamou Cole, apontando para ele – Tyler!

— Isso mesmo! – e Tyler partiu para dar um abraço no garoto mais baixo – Há quanto tempo cara!

— Pois é. Depois que se mudou não tinha mais te visto cara. Tá enorme.

— O que alguns anos de academia não fazem, não é?

— Espera aí – interrompeu Vergil, sem entender – Você é o Tyler? Aquele amigo gordo que a gente conhecia?

— Isso! Mas não me chama de gordo, tá?

— Nossa, quase não te reconheci. Mudasse muito. – disse dando uns tapinhas amigáveis.

— Pois é. Não tinha visto vocês quando separaram os alunos, mas acabei encontrando depois.

Suzan, Kenneth, Jane e Claire cumprimentaram Tyler, que era bastante amigável apesar da aparência e tinha pensamentos parecidos com os deles. Resolveram deixar a conversa sobre os Sensitivos para depois, enquanto matavam a saudade.

Em outro dia, Cole chamou Vergil para o local de reuniões (que era na carteira dele, cuja posição era mais para o fundo da sala). Ele parecia confiante de que algo tinha dado certo.

— Fala cara. O que mandas? – disse o mais alto, descontraído.

— Então, lembra-se daquelas notícias que a gente tem visto? Sobre as pessoas excepcionais? – começou o mais baixo, empolgado.

— Sim, lembro.  O que tem elas?

— É tudo verdade. Olha só – e levantou a palma da mão para ele. Imediatamente, Vergil sentiu uma sensação estranha, mas que era familiar. A mesma sensação do fluxo de Energia quando usava a sua aceleração. Como em resposta, a palma de Cole começou a ficar mais clara até começar a brilhar fracamente.

— Você é Sensitivo de novo?! Mas como? – exclamou.

— Não sei. Acordei ontem com isso na mão. E fico um pouco mais forte assim que uso, do mesmo jeito de antes.

— Que estranho... Nada também aconteceu com Suzan e os outros.

— Realmente nada – disse ele, ponderando um pouco, depois que parou o fluxo – Será que tem haver com aquela mulher, que jogou o caminhão em você?

— É muita coincidência se não tiver... Acho que Ryokun acabou voltando conosco para cá.


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Notas finais do capítulo

Em comparação com o anterior, esse aqui tinha adicionado um monte de personagens que não fazia parte da linha principal nem dava "flesh" pra história, então se sentirem falta deles, não se preocupe: eles irão surgir sim, em algum momento.



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