A Origem da Energia - As Crianças do Caos escrita por OrigamiBR


Capítulo 1
Novas pessoas


Notas iniciais do capítulo

Bom, essa é a segunda parte da série da Origem que estou escrevendo. Acabei demorando mais que o previsto, e ainda não está terminada. Se essa é a primeira vez que vem aqui, recomendo fortemente que leia a primeira parte, já que vai entender o que se passa. Essa história também tem um ritmo mais lento que a primeira, portanto quero um feedback pra caso esteja devagar quase parando, que aí acelero as coisas.
Bom, sem mais enrolação, aqui está o capítulo.



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Ano 2008, mês de fevereiro:

O barulho de carros andando frenéticos ressoava por toda a avenida de manhã. A calçada estava apinhada de gente, mesmo com a chuva recente e a ameaça de recorrência. Mais ao longe, no início dela, se notava uma figura peculiar. Essa figura corria desenfreada pela calçada, desviando dos alvos móveis que olhavam estranho para ela. Pela estatura e veste, era um aluno que estava atrasado.

— Droga... – resmungou a figura, acelerando mais ainda a corrida.

Observou nervoso os lados, como se procurasse alguma coisa ou alguém. Se dando por vencido, sussurrou, para que apenas ele escutasse:

Accelero...

Imediatamente, todo o mundo pareceu ficar mais lento. As pessoas deixaram os passos mais retardados. As pálpebras demoravam a fechar e abrir. O esvoaçar das roupas era devagar, como se tudo estivesse dentro da água. Uma pessoa havia tropeçado e custava a cair. As gotas de chuva se atrasavam a tocar no chão. E em meio a isso tudo, o aluno agia normalmente, correndo através das pessoas e desviando delas. Ele era de estatura média, com 1,75m e 60 kg, de físico magro, mas com musculatura bem definida por baixo de sua pele morena. Possuía cabelos pretos e lisos, mas muito bagunçados e inquietos, refletindo sua personalidade. Seus olhos eram de tamanho médio e castanho-escuros, com traços indígenas nas pontas.

Executando mais uma corrida, o menino chegara à frente da escola, com o tempo voltando à velocidade normal: vários pilares sustentavam o primeiro andar da grande edificação. O muro branco ostentava canteiros de flores e arbustos em sua base. O portão de entrada era de alumínio recortado, parecendo uma grande sanfona de metal. Cumprimentou o porteiro e observou o hall de entrada, decorado com faixas de cor verde e azul percorrendo todas as paredes e acompanhando até o pátio central, que de lá se viam as salas de aula. Mais à frente estava a divisão dos laboratórios, sanitários e as escadas para o primeiro andar.

Procurou ansioso pela sala que indicava “3º ano – Turma A”, sua sala do último ano do ensino médio. Olhando rapidamente, viu algumas pessoas que conhecia e outras que não conhecia, com predominância das últimas. Procurou uma cadeira mais à frente que estava liberada e se sentou, esperando o professor. Oscilou por um momento e deitou a cabeça na cadeira. Depois de curtos minutos, viu Suzan, Claire e Cole passarem pela porta: seus amigos.

Suzan Dangerfield era uma menina de 1,68m, magra e de cabelos castanhos e cacheados. Possuía olhos verdes, com alinhamento felino e pele moreno-clara. Tinha um corpo ainda de menina, apesar de mostrar já os traços da adolescência. É dona de um rosto muito bonito. Apesar de os dois terem começado a namorar no ano retrasado, acabou não dando certo e eles terminaram, mas ainda continuavam como amigos. Tiveram seus problemas do clima estranho, mas este eventualmente sumiu, voltando como era antes. Os que haviam planejado tudo estava a seu lado. Claire Hatfield se tornara uma grande amiga de Cole Richard quando foi transferida no segundo bimestre do primeiro ano. Era uma menina baixa, mas de muita atitude. Uma adolescente com 1,62m, magra, pele morena com cabelos pretos e cacheados, que usava num rabo-de-cavalo. Era a mais nova de todo o grupo.

Cole Richard, “formalmente” chamado de Ricky, também era baixo, mas não era menos determinado. Era amigo de infância de Vergil e agiam como irmãos. Ele tinha 1,67m e cerca de 75 kg, caracterizando sobrepeso. Porém, seu porte era de musculatura forte, o que era revelado quando praticava queda de braço com alguns amigos. Tinha olhos e cabelos castanhos e lisos.

— Olha aí! – disse Cole, apontando para Vergil, que se levantou rápido – E aí Vergil? – ambos levantaram os braços e bateram as mãos.

— E aí! Vai estudar nessa sala também?

— Vou, e elas duas também – disse, apontando para as meninas.

— Que bom: pelo menos o grupo tá quase completo. Tá só faltando Kenneth e Jane.

— Acho que ele já deve estar chegando – disse Suzan – Cheguei a vê-lo quando vinha para cá. Já Jane não sei.

— Eu já estou aqui – disse uma voz grave por trás da cadeira de Vergil. Este deu um pulo cômico quase derrubando a cadeira no processo. As quatro pessoas riram. Kenneth estava com a mão na cadeira de Vergil.

— Susto grande! – arfou Vergil, observando a elevada silhueta de Kenneth. Do grupo, era o único com descendência alemã, com cabelos loiros, olhos castanho-claros e pele branca. Com seu 1,82m, porte físico atlético e olhar rígido, metia medo em quem não o conhecesse.

— Não sei se notaram mas vieram muitos alunos novos esse ano – comentou Kenneth – Vi pouquíssimos do ano passado que estudaram conosco.

— Pois é, Kenneth – comentou Jane, se aproximando através das outras pessoas, como se materializasse no ar. Ela tinha 1,58m e pesava 42kg, com cabelos e olhos pretos feitos para cobrir sua presença. Apesar disso, era bem gentil e popular pelo colégio. Ela e Kenneth eram muito próximos, mas alegavam a todos que não estavam namorando, o que arrancava gracinhas de Cole, Claire e Vergil. – Só vi o Calvin e o James que estudaram conosco.

Esses 6 jovens haviam enfrentado um perigo mortal a dois anos atrás. Por meio de um evento desconhecido, eles foram transportados para um mundo novo e hostil. Nesse mundo, chamado de Ryokun, eles descobriram uma fonte de poder chamada Energia, que os deixava capazes de fazer atos incríveis e impossíveis, como correr tão rápido quanto um carro ou lançar raios explosivos das mãos, como se via em filmes.

Apesar de todo o poder, esse mundo maravilhoso possuía perigos avassaladores, como monstros vindos direto de livros de fantasia e do imaginário popular, e um monarca totalitário do século XIX que destruía tudo que ficasse no caminho de seus objetivos. Conseguiram escapar de lá após uma série de provações e decisões até conhecerem um sábio ancião que os mandara de volta, tudo isso após derrotar o tirano numa batalha que quase lhes custou a própria vida.

Assim que o sinal do intervalo tocou, Vergil saiu da sala, sem olhar para os lados. Recostou-se na parede do pátio central e mirou o horizonte distraído. Ainda achava estranho continuar um Sensitivo depois de voltar do mundo mágico. Estava no mundo real (ou Universo, como o velho ancião tinha chamado), mas ainda era capaz de fazer algumas coisas que ultrapassavam os limites da realidade. Apesar de não conseguir fazer boa parte do que tinha aprendido por lá, ainda possuía a capacidade de deixar o tempo mais lento para si, como logo descobriu ao entrar em Ryokun, e ao voltar, quando salvou uma criança que correu para o meio da rua. Ponderou outras questões até chegar perto da hora do término do intervalo, quando voltou para a sala.

Distraído, ele recobrou a atenção quando viu uma das cadeiras com muitos garotos ao redor. Parecia um formigueiro, não dando para ver o que detinha tanto o interesse de tantos meninos. Sua sala era bem distribuída, mas havia ainda mais meninas que meninos estudando nela. E aquilo parecia ter atraído todos como um vespeiro.

— O que tá acontecendo ali? – perguntou Vergil para Cole, que estava próximo. Ele estava visivelmente interessado.

— Você não viu?! Essa nova menina... – comentou pensativo, imaginando – Chegou logo no meio do intervalo.

O garoto recordava vagamente de alguns rostos quando havia entrado na sala, mas nada que fizesse despertar alguma lembrança. Ponderou até desistir e perguntar.

— O que é que tem ela? Por que tem tanta gente em cima, e só menino?

— Ora, veja você mesmo o porquê – disse e andou à já apinhada carteira de garotos. Uma brecha surgira, e ele pensou ter visto cabelos alaranjados e ondulados de lá. Piscou para saber se não era ilusão, mas não conseguiu rever. Cabelos de cor ruiva eram bem raros por ali, e ainda mais nesse tom mais claro.

De repente, a massa se moveu, dispersando um pouco deles, e foi caminhando até si, que estava sentado na sua cadeira. Aos poucos eles iam diminuindo até revelar a aparência da menina. Ou mulher, Vergil se sentindo compelido a dizer: era bem alta, com quase sua altura, talvez mais. Seus cabelos eram ondulados de cor realmente laranja, um híbrido entre o ruivo e o castanho. Seu rosto arredondado era inocente e límpido, sem nenhuma marca, parecendo que nunca envelheceria. Seus olhos eram de duas cores diferentes, o que lhe chamou a atenção imediatamente.

— Heterocromia... – comentou Vergil, encarando-a com intensidade.

— O que? – respondeu ela, numa voz suave e um pouco fina, repleta de curiosidade.

— A-ah, desculpe. É-é que é a primeira vez que vejo isso em uma pessoa. Um olho azul e outro quase vermelho... Nunca tinha visto nada parecido.

Ela não respondeu nada, apenas sorriu, genuinamente feliz. Foi aí que Vergil entendeu um dos motivos de ter tantos homens ao redor dela: seu corpo moreno era bem desenvolvido. A impressão era que tinha acabado de sair da puberdade, já pronta para ser adulta. E para completar, ela possuía seios grandes até comparado com os adultos. Definitivamente, não aparentava ter 17 anos como as outras meninas de sua idade. Por um segundo, o garoto havia ficado embasbacado, mas retomou a postura logo e levantou a mão num aceno sem jeito. Ela acenou animadamente e voltou para a carteira, ligeiramente corada.

Os olhares se fixaram nele, tanto dos homens como das mulheres, até o de Cole. Um misto de inveja e admiração. Tiveram as aulas do segundo período da manhã e foram liberados para ir para suas casas. O garoto procurou na mente onde é que diabos havia se encontrado com aquela menina. Nenhuma memória dizia algo sobre ela. E uma mulher chamativa daquele jeito teria sido registrada, por mais distraído que fosse, ainda mais se houvesse falado consigo.

Depois de voltarem do mundo mágico de Ryokun, os seis heróis da profecia prosseguiram suas vidas normais, apesar de que as coisas não haviam sido as mesmas desde então. Para começar, um pedaço de terra estranho surgira no meio do Oceano Atlântico, entre a costa da América do Sul e o continente da África. Os geólogos não conseguiram descobrir quando havia surgido, mas associaram a uma série de eventos que aconteciam com o mundo, e que recentemente um grande blecaute havia sido o estopim para o surgimento. Países de todo o mundo, em especial os Estados Unidos, se aproximavam da área para conseguir informações.

Tudo isso parecia ser o prelúdio de algo muito maior do que viria a acontecer.


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Notas finais do capítulo

O primeiro ficou curtinho até. Infelizmente (ou felizmente) vai continuar assim por um tempo, até chegar na parte que realmente irá exigir. Daí em diante, o tamanho deve se manter pelas 3 mil palavras, exceto um ou outro que saia meio monstro.



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