A Origem da Energia - As Crianças do Caos escrita por OrigamiBR


Capítulo 13
Seu pior inimigo


Notas iniciais do capítulo

Então, eu esqueci de postar o capítulo ontem. Já estava completado, mas com projetos para completar, acabei demorando. Mas aqui está!



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Vergil se aproximava da herdeira, sentindo os ventos da agora arena aberta passarem por seus cabelos, dispersando a poeira que ali se instalava. Escombros povoavam seu caminho, mas ele não se incomodava com nada disso. No entanto, ele estava de toda forma, menos calmo: em seu interior queimava uma fúria sem precedentes, irada por ser obrigado a matar.

Monai já havia desistido da luta. Era uma fera acuada, tendo parado de atacar para se preservar. E respeitou quando o lutador não avançou para cima. Mas Geardyne, a herdeira de Alucard, o tirano, não se importava com isso. Na verdade, não se importava com nada exceto a sua vingança. Forçou a serpente a lhe atacar. E foi obrigado a fazer a mesma decisão de quando estava nesse mundo à dois anos atrás (sabe-se lá quantos anos aqui). Havia perdido toda a calma e compostura; apenas se mantinha devagar para não disparar toda a ira também em seus amigos. O Primeiro Nível, que havia perdido a potência antes, voltou à tona com toda força.

Assim posicionou o olhar em direção à mulher, e ela o olhou de volta, de olhar assustado inicialmente, mas confiante depois. Ele não aguentou a afronta, por menor que fosse: dando um impulso, correu a distância num instante, deixando uma onda de choque pelo caminho que rasgou o chão e subiu poeira. Porém, antes de chegar perto o suficiente, Geardyne o encarou de uma forma que seus movimentos congelaram imediatamente.

Teve a súbita sensação que uma faca atravessava sua cabeça, que começou a doer fortemente. Ele pôs as mãos nela, o Primeiro Nível sumindo, e gritou, tentando se livrar da agonia. Seus dedos começaram a puxar os cabelos involuntariamente, até que tudo ficou preto. Olhou para os lados e não viu nada além de uma imensidão escura sem chão. Começou a andar por ali, tentando ver o que havia acontecido.

— Niéle? Kai? Cole? – disse em voz alta, e ela ecoou pelo espaço vazio, mas não houve nenhuma resposta.

Correu agora, preocupado com o que havia acontecido, até notar algo que não tinha visto antes. Mais a frente estava postado um círculo de bordas meio apagadas, e que nele mostrava uma cena que se desenrolava: aparentemente era seu ponto de vista. Era uma sensação estranha, ver seus braços e pernas de outra ótica, como se não pertencessem a seu corpo. Mas o que o deixou horrorizado foi o fato de que ele estava atacando seus amigos, sem precedentes. Chocado, começou a gritar e se mover, tentando recuperar o controle de seu corpo. E foi aí que escutou a voz de sua inimiga declarada:

— Sua mente é impressionante...

— Então foi você! Saia da minha cabeça! – gritou, procurando afugentar Geardyne. Ela apenas riu.

— Foi tão fácil! – disse Geardyne – Só precisava lhe dar uma emoção forte o suficiente para fazer ruir sua resistência.

— Como assim?! – disse Vergil, com a voz mais amena, mas não menos hostil.

— Monai foi sacrificado para que você tivesse raiva o suficiente de mim. Caso não desse certo, sempre tinha seus “companheiros” para brincar.

— Você...

— Está sob minha mercê agora. Não pense que pode me ameaçar...

Kai estranhou Vergil ter parado os movimentos. Ele recuara o punho e voltou a ficar de pé, sem nenhuma ação. Cole gritou de longe, mas não afetou em nada o lutador. Niéle arregalou os olhos, preocupada com o que viria, pois já havia visto esse olhar na sua irmã. Nesse instante, Kendrick, que estava parado inconsciente de pé do lado da mulher, começou a se mexer.

Corpus Sano...— Geardyne levantou a mão direita, envolta numa aura amarelada e apontou para o parceiro. Imediatamente, as muitas feridas de seu corpo começaram a sarar. Vergil começou a virar o corpo em direção às duas. Assim que abriu os olhos, elas viram um brilho roxo, igual ao de Monai.

— Não... – exclamou Niéle, horrorizada – Como é possível?

Como se respondesse, o garoto partiu para cima da maga, o pé envolto em Energia vermelha. Contrariamente, a ninja surgiu, chutando o golpe dele em resposta. O impacto fez um barulho seco que dispersou o ar ao redor.

— Vergil, não faça isso! – gritava a maga, enquanto preparava o cajado para atacar, mesmo que a contragosto. Como viu que ele não parou, atacou com um golpe lateral que atirou Vergil para um dos lados da arena, apenas para revelar Kendrick prestes a socar o chão. O impacto era forte, atordoante para todos. Desequilibrou a ninja e a maga, dando espaço para Vergil atacar com um chute no corpo delas em incrível velocidade. Levantou a mão esquerda, formando uma lança de Energia e disparou, visando acertar Kai. Esta sacou seu cabo de katana da bolsa e assim que a lâmina se formou, ela cortou o projétil no ar, dispersando-o.

Estava apreensiva, e ficou mais ainda quando viu o homem musculoso ativar o Primeiro Nível, mesmo não aparentando estar consciente. Só com ela e Niéle não iria conseguir, mas manteria sua promessa mesmo assim.

Frigus Clima!!!— as palavras foram o gatilho para o poder de Niéle: com uma batida do cajado no chão, da ponta azul partiu um jato de partículas brancas, envolvendo o campo instantaneamente numa imensidão gelada, com flocos de neve caindo constantemente e gelo se acumulando nos cantos da arena. Nisso, Kai segurou a arma com as duas mãos e aplicou um corte lateral rápido, raspando a ponta da espada no braço de Kendrick. O corte esguichou sangue, mas ainda não o bastante para que inutilizasse o braço. Foi respondido com um chute dele, reforçado com seu fluido.

Deleo Contumelia!— sua voz soou estranha, como se outra pessoa falasse de dentro do corpo dele. Mas o golpe foi tão devastador quanto seu soco à um momento atrás, levantando poeira e abrindo uma fenda no chão.

Glacies Clausus...— com uma reação rápida, a maga criou um conjunto de escudos pequenos de gelo que bloquearam todos os detritos.

Foi aí que os efeitos da nevasca estavam ficando mais evidentes: com a altura do local e os ventos frígidos, os movimentos dos dois combatentes estavam ficando mais lentos. Kai, estando do lado de Niéle, estava protegida por sua Energia e não era afetada, dando a vantagem que precisava. Correu até perto de Kendrick e atacou com a espada. O homem bloqueou com o braço nu, deixando apenas uma marca, mas não cortando nada. Ela se surpreendeu, mas não cessou o ataque, encaixando um corte descendente na cabeça dele. O mesmo bloqueou com a mão e rebateu com um golpe de ombro, que forçou a ninja a se tornar intangível às pressas. Recuou uns dois metros, disparando duas das facas com papéis enrolados. A explosão atingiu diretamente o homem, mas ele a ignorou e mesmo ferido pelo impacto avançou contra Kai.

Vergil deu um salto com força, se elevando a muitos metros. Se direcionou contra a maga, envolvendo a mão numa aura vermelha enquanto caía. Ao tocar no chão e levantá-la num arco, ele formou uma lâmina crescente, que voou em direção à Niéle. Esta apontou a mão e atirou uma bola de fogo, repelindo o ataque, e avançou em meio à fumaça formada com o cajado em riste. O lutador formou uma foice de duas mãos, vermelha e envolta em Energia lembrando sangue, e avançou também. O choque de armas produziu faíscas, como se aço estivesse sendo forjado. O rosto de Niéle contorcia do esforço, mas não cedia. Com uma olhada rápida, ela notou que sua irmã estava também fazendo esforço, enquanto mantinha as mãos movimentando, a Energia roxa deixando um rastro no ar. E que essa Energia estava conectada diretamente aos dois.

Não pôde divagar por muito tempo, pois o lutador colocou mais peso e ela não segurou, sendo derrubada no chão. Aproveitou o movimento para arremessá-lo usando o cajado como apoio, jogando-o para longe. Nesse momento, seu olhar encontrou o de Kai, e ela imediatamente entendeu sua intenção. Atirou uma bomba de fumaça a seus pés, obscurecendo a visão. Sem perder tempo, Niéle movimentou os braços, numa espécie de dança complicada, mas que esta juntava a Energia que ela desprendia aos montes numa esfera alaranjada logo à sua frente, que tanto crepitava quente como liberava vapor gelado.

Chaos Efflo!— e disparou tão rápido quanto uma bala, em direção à Geardyne. Concentrada como estava, ela não percebeu o veloz projétil do tamanho de uma bola de futebol até ser tarde demais. O impacto gerou um caos de fogo, vapor e gelo num cone de efeito que acabou com a parte da arquibancada que restava atrás da herdeira.

Geardyne estava caída à uns 3 metros do ponto de impacto, sua proteção tendo falhado no objetivo. Levantava vagarosamente, como se qualquer movimento fosse um esforço absurdo. Os dois que estavam do seu lado pararam subitamente. E com um sacudir de cabeça, Vergil caiu e se ajoelhou, rugindo como se estivesse se livrando de algo. E foi isso que ocorreu: ao colocar as mãos na cabeça e puxar, ao invés de cabelos, ele arrancava uma espécie de manto, meio transparente e meio arroxeado, que estava grudado em sua cabeça, até que por fim, ele o soltou de vez, se livrando do controle mental que a herdeira estava fazendo. Ao abrir os olhos, eles estavam castanhos novamente, como sempre foram.

— Ah meu Deus... M-Me desculpem... – falou com a voz trêmula, ao ver Kai e Niéle bem feridas.

Niéle não falou nada, só se ajoelhou perto e o abraçou com força. A ninja baixou a guarda por um momento e encarou o lutador com um olhar amigável.

— Que bom que está de volta – disse, quando voltou o olhar para Geardyne e Kendrick, cuja silhueta estava parada, mas que o mesmo manto que estava na cabeça de Vergil acabou voando da dele.

— Obrigado pela ajuda, e não se preocupem: ela não vai entrar mais em minha cabeça.


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