A Origem da Energia - As Crianças do Caos escrita por OrigamiBR
Notas iniciais do capítulo
Então, eu esqueci de postar o capítulo ontem. Já estava completado, mas com projetos para completar, acabei demorando. Mas aqui está!
Vergil se aproximava da herdeira, sentindo os ventos da agora arena aberta passarem por seus cabelos, dispersando a poeira que ali se instalava. Escombros povoavam seu caminho, mas ele não se incomodava com nada disso. No entanto, ele estava de toda forma, menos calmo: em seu interior queimava uma fúria sem precedentes, irada por ser obrigado a matar.
Monai já havia desistido da luta. Era uma fera acuada, tendo parado de atacar para se preservar. E respeitou quando o lutador não avançou para cima. Mas Geardyne, a herdeira de Alucard, o tirano, não se importava com isso. Na verdade, não se importava com nada exceto a sua vingança. Forçou a serpente a lhe atacar. E foi obrigado a fazer a mesma decisão de quando estava nesse mundo à dois anos atrás (sabe-se lá quantos anos aqui). Havia perdido toda a calma e compostura; apenas se mantinha devagar para não disparar toda a ira também em seus amigos. O Primeiro Nível, que havia perdido a potência antes, voltou à tona com toda força.
Assim posicionou o olhar em direção à mulher, e ela o olhou de volta, de olhar assustado inicialmente, mas confiante depois. Ele não aguentou a afronta, por menor que fosse: dando um impulso, correu a distância num instante, deixando uma onda de choque pelo caminho que rasgou o chão e subiu poeira. Porém, antes de chegar perto o suficiente, Geardyne o encarou de uma forma que seus movimentos congelaram imediatamente.
Teve a súbita sensação que uma faca atravessava sua cabeça, que começou a doer fortemente. Ele pôs as mãos nela, o Primeiro Nível sumindo, e gritou, tentando se livrar da agonia. Seus dedos começaram a puxar os cabelos involuntariamente, até que tudo ficou preto. Olhou para os lados e não viu nada além de uma imensidão escura sem chão. Começou a andar por ali, tentando ver o que havia acontecido.
— Niéle? Kai? Cole? – disse em voz alta, e ela ecoou pelo espaço vazio, mas não houve nenhuma resposta.
Correu agora, preocupado com o que havia acontecido, até notar algo que não tinha visto antes. Mais a frente estava postado um círculo de bordas meio apagadas, e que nele mostrava uma cena que se desenrolava: aparentemente era seu ponto de vista. Era uma sensação estranha, ver seus braços e pernas de outra ótica, como se não pertencessem a seu corpo. Mas o que o deixou horrorizado foi o fato de que ele estava atacando seus amigos, sem precedentes. Chocado, começou a gritar e se mover, tentando recuperar o controle de seu corpo. E foi aí que escutou a voz de sua inimiga declarada:
— Sua mente é impressionante...
— Então foi você! Saia da minha cabeça! – gritou, procurando afugentar Geardyne. Ela apenas riu.
— Foi tão fácil! – disse Geardyne – Só precisava lhe dar uma emoção forte o suficiente para fazer ruir sua resistência.
— Como assim?! – disse Vergil, com a voz mais amena, mas não menos hostil.
— Monai foi sacrificado para que você tivesse raiva o suficiente de mim. Caso não desse certo, sempre tinha seus “companheiros” para brincar.
— Você...
— Está sob minha mercê agora. Não pense que pode me ameaçar...
Kai estranhou Vergil ter parado os movimentos. Ele recuara o punho e voltou a ficar de pé, sem nenhuma ação. Cole gritou de longe, mas não afetou em nada o lutador. Niéle arregalou os olhos, preocupada com o que viria, pois já havia visto esse olhar na sua irmã. Nesse instante, Kendrick, que estava parado inconsciente de pé do lado da mulher, começou a se mexer.
— Corpus Sano...— Geardyne levantou a mão direita, envolta numa aura amarelada e apontou para o parceiro. Imediatamente, as muitas feridas de seu corpo começaram a sarar. Vergil começou a virar o corpo em direção às duas. Assim que abriu os olhos, elas viram um brilho roxo, igual ao de Monai.
— Não... – exclamou Niéle, horrorizada – Como é possível?
Como se respondesse, o garoto partiu para cima da maga, o pé envolto em Energia vermelha. Contrariamente, a ninja surgiu, chutando o golpe dele em resposta. O impacto fez um barulho seco que dispersou o ar ao redor.
— Vergil, não faça isso! – gritava a maga, enquanto preparava o cajado para atacar, mesmo que a contragosto. Como viu que ele não parou, atacou com um golpe lateral que atirou Vergil para um dos lados da arena, apenas para revelar Kendrick prestes a socar o chão. O impacto era forte, atordoante para todos. Desequilibrou a ninja e a maga, dando espaço para Vergil atacar com um chute no corpo delas em incrível velocidade. Levantou a mão esquerda, formando uma lança de Energia e disparou, visando acertar Kai. Esta sacou seu cabo de katana da bolsa e assim que a lâmina se formou, ela cortou o projétil no ar, dispersando-o.
Estava apreensiva, e ficou mais ainda quando viu o homem musculoso ativar o Primeiro Nível, mesmo não aparentando estar consciente. Só com ela e Niéle não iria conseguir, mas manteria sua promessa mesmo assim.
— Frigus Clima!!!— as palavras foram o gatilho para o poder de Niéle: com uma batida do cajado no chão, da ponta azul partiu um jato de partículas brancas, envolvendo o campo instantaneamente numa imensidão gelada, com flocos de neve caindo constantemente e gelo se acumulando nos cantos da arena. Nisso, Kai segurou a arma com as duas mãos e aplicou um corte lateral rápido, raspando a ponta da espada no braço de Kendrick. O corte esguichou sangue, mas ainda não o bastante para que inutilizasse o braço. Foi respondido com um chute dele, reforçado com seu fluido.
— Deleo Contumelia!— sua voz soou estranha, como se outra pessoa falasse de dentro do corpo dele. Mas o golpe foi tão devastador quanto seu soco à um momento atrás, levantando poeira e abrindo uma fenda no chão.
— Glacies Clausus...— com uma reação rápida, a maga criou um conjunto de escudos pequenos de gelo que bloquearam todos os detritos.
Foi aí que os efeitos da nevasca estavam ficando mais evidentes: com a altura do local e os ventos frígidos, os movimentos dos dois combatentes estavam ficando mais lentos. Kai, estando do lado de Niéle, estava protegida por sua Energia e não era afetada, dando a vantagem que precisava. Correu até perto de Kendrick e atacou com a espada. O homem bloqueou com o braço nu, deixando apenas uma marca, mas não cortando nada. Ela se surpreendeu, mas não cessou o ataque, encaixando um corte descendente na cabeça dele. O mesmo bloqueou com a mão e rebateu com um golpe de ombro, que forçou a ninja a se tornar intangível às pressas. Recuou uns dois metros, disparando duas das facas com papéis enrolados. A explosão atingiu diretamente o homem, mas ele a ignorou e mesmo ferido pelo impacto avançou contra Kai.
Vergil deu um salto com força, se elevando a muitos metros. Se direcionou contra a maga, envolvendo a mão numa aura vermelha enquanto caía. Ao tocar no chão e levantá-la num arco, ele formou uma lâmina crescente, que voou em direção à Niéle. Esta apontou a mão e atirou uma bola de fogo, repelindo o ataque, e avançou em meio à fumaça formada com o cajado em riste. O lutador formou uma foice de duas mãos, vermelha e envolta em Energia lembrando sangue, e avançou também. O choque de armas produziu faíscas, como se aço estivesse sendo forjado. O rosto de Niéle contorcia do esforço, mas não cedia. Com uma olhada rápida, ela notou que sua irmã estava também fazendo esforço, enquanto mantinha as mãos movimentando, a Energia roxa deixando um rastro no ar. E que essa Energia estava conectada diretamente aos dois.
Não pôde divagar por muito tempo, pois o lutador colocou mais peso e ela não segurou, sendo derrubada no chão. Aproveitou o movimento para arremessá-lo usando o cajado como apoio, jogando-o para longe. Nesse momento, seu olhar encontrou o de Kai, e ela imediatamente entendeu sua intenção. Atirou uma bomba de fumaça a seus pés, obscurecendo a visão. Sem perder tempo, Niéle movimentou os braços, numa espécie de dança complicada, mas que esta juntava a Energia que ela desprendia aos montes numa esfera alaranjada logo à sua frente, que tanto crepitava quente como liberava vapor gelado.
— Chaos Efflo!— e disparou tão rápido quanto uma bala, em direção à Geardyne. Concentrada como estava, ela não percebeu o veloz projétil do tamanho de uma bola de futebol até ser tarde demais. O impacto gerou um caos de fogo, vapor e gelo num cone de efeito que acabou com a parte da arquibancada que restava atrás da herdeira.
Geardyne estava caída à uns 3 metros do ponto de impacto, sua proteção tendo falhado no objetivo. Levantava vagarosamente, como se qualquer movimento fosse um esforço absurdo. Os dois que estavam do seu lado pararam subitamente. E com um sacudir de cabeça, Vergil caiu e se ajoelhou, rugindo como se estivesse se livrando de algo. E foi isso que ocorreu: ao colocar as mãos na cabeça e puxar, ao invés de cabelos, ele arrancava uma espécie de manto, meio transparente e meio arroxeado, que estava grudado em sua cabeça, até que por fim, ele o soltou de vez, se livrando do controle mental que a herdeira estava fazendo. Ao abrir os olhos, eles estavam castanhos novamente, como sempre foram.
— Ah meu Deus... M-Me desculpem... – falou com a voz trêmula, ao ver Kai e Niéle bem feridas.
Niéle não falou nada, só se ajoelhou perto e o abraçou com força. A ninja baixou a guarda por um momento e encarou o lutador com um olhar amigável.
— Que bom que está de volta – disse, quando voltou o olhar para Geardyne e Kendrick, cuja silhueta estava parada, mas que o mesmo manto que estava na cabeça de Vergil acabou voando da dele.
— Obrigado pela ajuda, e não se preocupem: ela não vai entrar mais em minha cabeça.
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