A Origem da Energia - As Crianças do Caos escrita por OrigamiBR


Capítulo 12
A vingança de Geadyne


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente não queria demorar quase um mês pra fazer um capítulo...



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— Fico até decepcionada em ter mandado ele... – comentou Geardyne, bufando – Não deu nem pro gasto...

— E então? – disse Cole, em meio a arquejos – Não quer descer aqui e resolver as paradas?

— Gostaria muito, mas tenho uma plateia pra entreter. E sei muito bem que você mal se mantém de pé.

“Droga, ela notou isso?”, pensou Cole.

— Pode sair, antes que me... aborreça... – disse Geardyne, e pontuou a última palavra com uma ameaça que fez o garoto se tremer. Andou calmamente até onde seus amigos estavam, e desabou no chão, cansado demais para se mexer. A mulher, com o mesmo tom ameaçador, falou uma única palavra, que carregava todo o sentimento acumulado, toda a frustração, e todo seu ódio pela pessoa que encarava.

— Vergil.

O lutador levantou com uma expressão escondida no rosto, meio encoberto pela sombra da noite. Afastou-se de seus amigos com passos lentos, medidos. Sabia que iria chegar a isso. Sabia que terminaria com o combate entre ele e a herdeira de Alucard. Por causa de seu foco, mal notou que Niéle também caminhava a seu lado, e que Kai caminhava pelo outro. Só havia uma coisa em sua mente, e era sua inimiga, a pessoa que transformou sua vida num caos, que praticamente destruiu tudo que conhecia. Mesmo ele tendo cometido a morte do pai dela, era algo que nunca quis: jamais sonhou em tirar a vida de alguém. Jamais pensou nisso, mas não teve jeito. Ele não queria ceder e matava qualquer um que chegasse para impedi-lo. E não houve alternativa senão pará-lo de vez.

Mas ele era astuto, e deixou duas herdeiras. Duas pessoas para continuar seu legado, mesmo que não estivesse presente. E no entanto, ambas não seguiram seu caminho: uma delas procurou vingança acima de tudo, e que agora levantava de seu trono, com uma expressão controlada, mas fervilhante. A outra renegou sua origem, vendo o que acontecia de verdade com o povo, e tomando o lado dos oprimidos.

— Você está bem? – perguntou Vergil, para a mulher que estava a seu lado.

— Estou – e na voz de Niéle, não havia nenhum semblante de inocência. Era a voz de uma mulher determinada e sem medo – Não vou mais recuar...

— Certo. Tem certeza disso, Kai? – disse, virando para a outra.

— Sim. – respondeu simplesmente a ninja.

Cole e Lillian estava recuados. Ambos feridos e cansados, apenas observavam eles avançarem. Os três entraram em postura de combate, esperando a inimiga e seu parceiro descerem os degraus de uma escada feita de sombras rígidas e palpáveis. Com a capa preta esvoaçando, ela parou os passos à 15 metros dos oponentes e abriu os braços. A tensão era palpável, e apenas sua voz quebrava o silêncio ao anunciar a resolução que ali aconteceria.

— Vamos para o evento final desta noite. O combate mais esperado por todos, depois de toda essa pequena demonstração! – os urros sanguinários dos monstros sobrepujaram sua fala, mas continuou mesmo assim – Vergil Gadson, assassino do verdadeiro senhor de Ryokun, Alucard Tibério Dorman! Contra eu, Geardyne Lyn Dorman, a Herdeira do Vazio...

Estreitou os olhos perante ao anúncio. Suas extremidades começaram a emitir Energia vermelha, como uma fumaça tempestuosa, que estalava ocasionalmente. Niéle sacou o cajado de duas pontas das costas, e uma transformação curiosa acontecia: na ponta azul do cajado, um ar frio era emitido, congelando parte do solo onde estava apoiado, como se tivessem derramado nitrogênio líquido, e sua mão que segurava também emitia. Já na mão livre, ondas de calor eram visíveis, com manifestações conhecidas de fogo. E não se limitava às mãos, mas por todo corpo da menina via-se essas variações de temperatura, tornando-a um caos de elementos. Já Kai puxou duas facas, ambas de ferro escuro com lâmina em pirâmide. Seu corpo gradualmente ficava translúcido, liberando uma leve fumaça esverdeada.

Geardyne foi a primeira a se mover, levantando os braços e fazendo emergir sobre seus pés uma serpente gigantesca, de corpo vermelho, longas presas cintilantes de veneno e dois chifres hipnotizantes. Olhos negros sem pupila focaram nos dois inimigos que Monai enfrentara. No mesmo instante, o parceiro dela pisou forte no chão, se impulsionando contra Vergil. Niéle cerrou a mão com força e balançou o cajado à frente, invocando uma intensa parede de fogo.

Monai ignorou as fortes chamas e avançou como uma azagaia, perfurando o mortal bloqueio. Vergil bloqueou o ataque com um escudo triangular vermelho, enquanto Kai desviou o curso do homem para longe do lutador, e Niéle se focou na irmã, que estava flutuando no ar.

Jogando o braço para o lado, Vergil jogou a cabeça da serpente para a direita. Ela parecia ainda maior da última vez que a encontrou, nas ruínas do castelo, mas não iria recuar: dessa vez estava focado, e por isso conseguiu desviar com facilidade da chicoteada de rabo que ela deu. Firmou sua base e socou com força no corpo dela. Monai guinchou de dor, e seu corpanzil foi deslocado alguns centímetros para trás. Vergil iria comemorar, mas uma cabeçada o jogou até a parede da arena, destruindo no local. Saiu rápido, evitando a bola de veneno ácido disparada em sua direção. Respirou fundo, tentando se recuperar do dano, mas novas chicoteadas o forçaram a saltar, desviar e redirecionar os esforços para evitar a serpente. Por mais forte que estava se sentindo, sua resistência nunca foi das melhores, e uma cobra de 2 toneladas não era nada delicada.

Lupus Sagitta Sextus!— esticando a mão, seis flechas vermelhas apareceram no ar e voaram velozmente contra seu inimigo. O mesmo contraiu o corpo e evitou 4 delas, com duas o acertando. Novamente, Vergil conjurou mais seis e as disparou. Porém, a ponta do rabo de Monai o aplicou uma rasteira, tirando a mira do lutador. Pela posição, a cobra conseguiu morder o braço do garoto, arrancando um grito de dor dele. Sem pensar direito, ele socava com a outra mão e aplicava joelhadas, mas Monai estava muito bem preso. Assim, a serpente o arrastou pelo chão, sacudiu no ar e o arremessou para cima, bem além da parede da arena.

Assim que recobrou os movimentos, se estabilizou a muitos metros acima, dando para ver as nuvens. Estava machucado, mas por sorte não havia sido inoculado o veneno. Com raiva por ter sido atacado, Vergil ativou o Primeiro Nível de Energia, um fluido vermelho fustigante que lhe acompanhava de acordo com a velocidade de queda. A ativação fechou um pouco suas feridas. Concentrou Energia nas pernas e ficou na posição para atacar. De longe, viu a cobra retesando o corpo, preparando para se impulsionar no ar e engolir o inimigo de uma vez.

Lupus Ensis Duo!— de uma vez, Vergil girou no ar e chutou, cortando uma lâmina escarlate que explodiu em chamas ao atingir o alvo, interrompendo seu avanço. Em meio a fumaça formada, outra lâmina abriu a cortina, mas era totalmente negra e disforme, jogando a cobra para o chão novamente.

O lutador pousou com um estrondo, com sombras de um lado do corpo e chamas do outro.

— N-Não é possível! – exclamaram os seus companheiros que estavam observando. A plateia estava igualmente boquiaberta. Mas não houve tempo para mais surpresa, pois Monai agora avançou mais ferozmente, mas não agia mais como um animal caçando e sim um animal acuado, estremecido: a bocarra escancarada dava para engolir o garoto de uma vez só.

Lupus Eruptio!— ele abriu as palmas da mão e juntou-as na frente do corpo, com a manifestação dos elementos sumindo do seu corpo instantaneamente, e no lugar delas, emitiu um raio de Energia pura e vermelha, cuja potência forçava ventos por entre seus dedos. A cobra conseguiu fechar a boca a tempo, mas levou a rajada em cheio no rosto, jogando-a para trás. Não deixando brecha para ela, Vergil correu rapidamente, deixando apenas um borrão vermelho no ar. Assim que chegou perto, atacou o quanto podia, exercendo em cada chute e soco uma força comparável à granadas, empurrando partes do corpo dela meramente com o impacto. Iria terminar com um chute, mas Monai o chicoteou com a cauda, lançando-o para longe. Dessa vez, girou incontrolavelmente até bater e atravessar várias seções da arquibancada.

Seu corpo doía, e mal conseguia se mover, mas a serpente não fez menção de ir atrás dele, mais ocupada encarando-o. Os monstros da arquibancada se aproximavam cada vez mais, sedentos para participar enfim do combate, até que...

VOCIFEROR!— um urro sem precedentes expandiu uma onda sonora destruidora, arrasando uma área de 3 metros ao redor do lutador. Este conseguiu levantar, e o Primeiro Nível voltou a fluir com força. Em um instante, cobriu a distância que os separava e chutou a cabeça de Monai, que bateu na parede, destruindo ainda mais o local.

— Monai, levante-se! – gritou Geardyne, em meio à confusão. Vergil desviou o olhar rapidamente, mas, sem conseguir encontrá-la, voltou para seu inimigo: a serpente levantou em meio aos escombros, a boca emitindo fumaça e os olhos, antes pretos como a noite, agora estavam brilhando roxo. O lutador sentia sua cólera se intensificar, não acreditando que a serpente estava sendo forçada a agir contra sua vontade. Iria sair dali, mas Monai não deu brecha e lhe atacou com uma bola de ácido incolor.

Não conseguiu formar o escudo todo a tempo, levando algumas queimaduras no braço esquerdo e peitoral, dissolvendo também parte de sua roupa. Grunhiu de dor, mas continuou a agir. Respirou fundo, tentando controlar o cansaço, isso enquanto encarava a serpente.

Não soube explicar aquilo, mas ao defletir o soco do homem, Kai viu a pressão do ar rachar o solo. Apesar disso, não se deixou levar e atirou uma de suas facas para a face dele. Ele apenas desviou-a do curso com a mão, mas não antecipou a explosão que ocorreu bem a seu lado. Aproveitou a fumaça para se esconder.

— Onde está, sua fujona?! Devo acabar com você para matar aquele desgraçado!

Kai permaneceu calada, ponderando como devia atacá-lo e ao mesmo tempo inquirindo sobre a afirmação: o que o Herói da Profecia fez que deixou o homem tão irritado? Apenas foi-lhe dito que Vergil havia sido o causador do caos do mundo, e que ele deveria ser morto para que o mesmo retornasse ao equilíbrio. Mas ao acompanhá-lo nessa pequena jornada (depois das tentativas falhas em derrotá-lo), percebeu que não se tratava disso. Alucard podia ser o homem que estava mantendo a ordem no mundo, mas custara a vida de muitos. E ainda assim, a Ordem não emitira nenhuma missão para acabar com o tirano. E para complicar mais ainda, a filha dele estava piorando tudo, rompendo com o equilíbrio de Universo também.

Foi tirada de seu pensamento quando viu a onda de ar atravessando a distância que separava seu oponente de si. Moveu-se rapidamente, transformando-se em sua forma etérea e entrando em outra cobertura. Vendo que seu inimigo ainda não havia lhe encontrado, continuou a plantar suas armadilhas: com essa força absurda, seria muito difícil enfrentá-lo em combate direto. Deveria enfraquecer o homem para então finalizá-lo.

Silens Vultus: Phasma Pluvia...— sussurrou brevemente, atirando uma das folhas de sua bolsa no ar. Estava escrita com um caractere estranho, mas voou reto até atingir uma boa altura. Lá, ele se dividiu em vários, inúmeros, parecendo uma chuva de confetes, mas englobando quase todo o campo. Quando o homem notou, tentou se mover, mas Kai havia preparado uma armadilha que disparou correntes fantasmagóricas do chão e prendeu os pés dele. Com um movimento de mão, ela restringiu também seus braços, travando-os nas paredes da arena com as mesmas correntes etéreas.

— Diga-me – começou o homem, que fez a ninja parar de andar em sua direção, e mesmo estando escondida, ela tinha quase certeza que ele sabia onde estava – O que ele lhe prometeu?

“Um lugar para pertencer”, pensou ela imediatamente, mas não iria denunciar sua posição. Só teria uma chance, e teria que ser agora. Desviou para uma cobertura detrás dele e atirou uma faca com um papel enrolado. Instantaneamente, os papéis que estavam no ar foram atraídos pela faca, voando como uma corrente de vento até acertar o homem com sucessivas explosões nas costas.

O ataque durou cerca de 15 segundos, onde os gritos do homem que ecoavam altos ficavam cada vez mais baixos até cessarem completamente. Assim que a fumaça dissipou, ele estava estirado no chão, e foi aí apenas que Kai se revelou, sacando um cabo de katana de sua bolsa, com empunhadura reta. O cabo por si só não tinha nada de especial, mas assim que ela forneceu Energia, o cabo foi se materializando numa lâmina translúcida e verde, com uma aura agourenta no seu comprimento reto. Levantou a lâmina para decepar a cabeça de seu inimigo, mas foi recebida por um soco na lateral do corpo que a jogou para uma das paredes, batendo e quicando no chão duas vezes até parar. Ofegou fortemente e viu sangue emergir da ferida, com a marca do punho gravada à força. Havia quebrado algumas costelas, ficando difícil de respirar. Fixou o olhar nele, e percebeu que estava com o punho levantado, com o outro braço a levantar seu corpo devagar.

— Peguei você, desgraçada.

Assim que a parede de fogo cessou subitamente, Geardyne abriu os braços, invocando várias lanças de luz sólida amarela atrás de si. Niéle fechou o punho livre, juntando a fumaça gélida que partia de seu cajado ao redor da mão, criando um escudo espelhado de gelo à sua frente. O ataque da herdeira partiu instantaneamente, mas falhou em atingir a maga, que retaliou com uma outra jogada de braço. O movimento produziu chamas vivas, que voaram como um líquido pelo ar. Geardyne voou um pouco mais para trás, evitando o golpe, mas não deixando de ficar impressionada com o mar de fogo que ficou abaixo de si.

— Incrível... Você ficou bem mais forte que da última vez.

— Nunca pretendi ficar para trás, você sabe disso – soou Niéle, de expressão séria e inalterada.

A inimiga apenas deu um sorriso de canto, movimentando as mãos em círculos. Com um súbito golpe de palma em direção ao chão, Geardyne aumentou a gravidade atuando na maga, como se a forçasse diretamente com a mão. Esta ajoelhou pelo esforço extra, mas não cederia. Encostou a ponta vermelha de seu cajado no chão e liberou fortes ondas de calor percorrendo o chão e campo.

Ignis Turbo!— fechando o punho, as ondas de calor que estavam abaixo de sua irmã se condensaram e se juntaram num espiral escaldante ascendente, que interrompeu o efeito do poder sobre a maga. Sem perder tempo, ela golpeou o cajado em movimentos circulares, com cada balanço enviando uma estaca de gelo através do ar. A inimiga pousou no chão e caminhou, repelindo cada lança gélida com sua sombra, que se levantara num tentáculo escuro, recebendo o golpe, mas nada sofrendo. Continuaram avançando até ficarem à distância de corpo-a-corpo, que Niéle tomou a iniciativa: desferiu um chute lateral na altura da cabeça dela, que foi defendido. Geardyne retaliou com uma cotovelada na perna dela, porém não conseguiu acertá-la. Continuou a sequência com outra, girando o corpo de costas. Dessa vez, a maga levou o golpe no queixo de lado, quase perdendo a consciência pela força.

Com a mão ajeitou a mandíbula, e iniciou seu assalto com dois socos flamejantes, que acertou apenas o primeiro, chamuscando bem no peitoral da irmã. Intrigada, Geardyne recuou, atirando uma esfera de trevas. Niéle usou um movimento parecido com o de beisebol, segurando o cajado com as duas mãos e acertando um golpe certeiro que atirou a bola para os céus. Nesse momento, viu Monai cair a seu lado, estremecendo todo o chão e interrompendo o equilíbrio de quase todos que estavam lutando. Foi nesse momento que viu sua irmã com os olhos brilhando intensamente na cor roxa, a ponto de se ver chamas púrpuras fulgirem de seu olhar.

— Monai, levante-se!

A serpente, antes acuada pela supremacia que o lutador estava demonstrando, teve seus olhos pretos mudarem de cor para roxo, indicando o controle exercido. Niéle recuou um passo, pois não tinha visto Geardyne usar aquela técnica nenhuma vez, e a visão daquilo lhe abalou. Por causa disso, levou uma perfuração de um tentáculo de trevas no ombro (que ia para seu coração). A dor lhe fez recuperar os sentidos. Tocou três vezes no ar, formando círculos de chamas que pareciam absorver o calor do ambiente, nos locais que seu dedo havia parado.

Ignis Flagare Tris!— cada círculo pulsou por um instante, liberando um instantâneo raio de calor laranja pelo ar, queimando até o chão pela temperatura.

Caligo Acquiro!— deixando as duas mãos abertas e apoiadas, Geardyne atraiu os raios em sua direção para um buraco negro que estava lá, absorvendo todo o ataque. Pouco tempo depois, ela abriu um portal de bordas escuras e giratório, onde de lá veio um único e grosso feixe de calor.

A maga conjurou às pressas um espesso escudo de gelo à sua frente, fornecendo Energia para segurar toda a força de seu próprio ataque. Se esforçava bastante, mas com sua irmã tendo aumentado a potência, não aguentou e tomou o raio no próprio corpo, voando vários metros em meio a estilhaços de gelo.

Kai defendia de um soco com a empunhadura de sua katana quando viu a maga voar em sua direção. Atirou uma bomba de fumaça, distraindo o homem e prosseguiu a pegar a mulher quando escutou um barulho de rachadura. Preparou-se para o impacto, mas o mesmo nunca veio, pois o corpo de Monai veio atropelando tudo pelo caminho, incluindo o homem. Na boca da cobra estava Vergil, segurando as mandíbulas com força para não ser pego e mastigado. E logo atrás veio Niéle.

A ninja segurou a maga, arrastando-a para perto, no chão. Seu corpo estava avariado, queimado no abdômen e com a roupa bem rasgada. Apesar disso, não teve tempo de cuidar dela, pois a herdeira de vestido negro se aproximou. Sacou duas facas e atirou contra ela, mas foram repelidas por um tentáculo de sombras, saindo da própria de Geardyne.

Absolutus Clausus...— com essas palavras, parte de sua sombra a envolveu, juntando-se com um feixe de luz que era emitido através do fogo que Niéle havia causado, tudo isso circulando a herdeira numa esfera perfeita e de repente sumindo, dando apenas espasmos de que estava lá. Assim que ativou, ela parou de voar e veio caminhando em direção à ninja.

Usando de suas habilidades de camuflagem, ela se escondeu nos escombros, levando a maga consigo. Deixou-a num local para que se recuperasse enquanto voltava sua atenção para Geardyne. Esta mantinha um sorriso no rosto, e mesmo com o ferimento de queimadura no peito, produto de Niéle, parecia se divertir com a situação, como se essa caçada fosse nada mais que uma preparação para o prato principal. Foi aí que fez um súbito movimento, jogando o braço para sua direção, mesmo que não tivesse feito nada, e uma onda de trevas fumacenta voou. Saltou para longe do ataque, mas era alvo agora de uma parede de luz no caminho, forçando-a a ser tornar intangível novamente.

Silens Vultus: Phasma Lamnia!— de uma só vez, ela atirou cinco facas, envoltas em chamas espectrais, fulgindo pelo ar até acertar a nova proteção da herdeira, que defletiu o ataque, reboando por sua superfície. Nesse momento, o homem surgiu à sua frente, um soco encoberto de Energia verde preparado no punho direito recuado.

Navitas Offensus!— e disparou o ataque. Por muito pouco, Kai conseguiu desviar, mas a onda de choque do golpe arrasou parte da arena, destruindo um quarto do tamanho geral. Geardyne riu e chegou perto do homem, segurando seu braço musculoso.

— Kendrick Crux, o homem que é mestre na pura Energia. E meu amor. – disse com uma voz suave, enquanto olhava para ele, mas retomou o tom autoritário assim que voltou os olhos para a ninja – Você não vai conseguir lidar com ele e eu ao mesmo tempo, ninja. Desista que eu vou lhe poupar.

— Nunca! – respondeu Kai, com ímpeto, a mão preparada para sacar qualquer arma.

— Bem, não é como se fosse fazer diferença – a mulher preparou a mão, apontando um dedo e disparando um feixe de luz instantâneo, que atravessou Kai bem no peito. Ela cuspiu sangue involuntariamente e foi caindo, as ferramentas de luta batendo no chão. Até que subitamente sua imagem se dissipou num vestígio, como se nunca estivesse lá. Confusos, os dois procuraram ao redor, mas era tarde demais.

Silens Vultus Maxima: Adamas Sepultura!— uma chuva de armas pequenas de arremesso caiu de todos os lados, inundando a visão como um enxame de vespas assassinas, sibilando no alto como um condor e caindo em direção aos dois como centro. Os olhares de surpresa não duraram muito, pois no momento menor que uma piscada, a chuva de aço mortal perfurou tudo aonde atingiu, executando um barulho horrendo e levantando poeira. Kai ressurgiu a poucos metros dali, ofegante e mantendo uma pose estranha com os braços e dedos, até que relaxou, se ajoelhando, cansada.

Esboçou um leve sorriso, e iria verificar a maga e o lutador, mas um estrondo parou seu avanço. Virou o olhar para a direção que havia executado o golpe final, e viu o homem, cravado de facas japonesas, estrelas-ninja, agulhas e espadas curtas com os braços abertos. Sangrava aos montes, mas parecia vivo demais para alguém que perdera tanto. Seu olhar era uma sombra. Não mais mantinha a pose esnobe. Logo atrás estava Geardyne, com sua proteção parecendo ser feita de vidro, estando parcialmente quebrada e visível, mas aos poucos estava se regenerando. Ela havia sofrido apenas uma leve perfuração de uma adaga no braço esquerdo, mas tirou a arma de lá e encarou Kai. Pouco tempo depois, Kendrick parou de se mover, mas se manteve ereto, como se houvesse perdido a consciência em pé mesmo.

Assim que se preparou mais uma vez, mesmo sem confiança de vencer (havia usado bastante Energia para criar a imagem ilusória, se locomover escondida e invocar a chuva de aço), mas determinada a fazer valer sua promessa, ouviu um baque estrondoso tremer o solo, e ao observar dali viu que Monai havia caído, com o corpo em chamas vermelhas e intensas, e finalmente morto. Em meio à fumaça, surgiu a silhueta de um garoto, quase um rapaz, dando passos lentos e cadenciados, mas que era possível sentir toda a intenção assassina por trás daquele semblante misterioso. Seu corpo estava envolto no Primeiro Nível, fluindo escarlate ao redor de seu corpo.

Niéle recobrava a consciência lentamente, mas notou muito perto de si a forte raiva que borbulhava de dentro do lutador. Seus olhos conseguiram focar no garoto, enquanto ele se aproximava mais e mais de sua irmã. Apesar estar satisfeita por ele estar do seu lado, não deixou de se sentir temerosa quanto ao que o motivava. Cole e Lillian também sentiram, e tentaram se aproximar, desviando aos poucos dos escombros que se tornou novamente a arena.

Foi aí que eles viram onde estavam: no topo da montanha Leautar, a maior elevação de toda Ryokun, o ponto onde primeiro o sol toca o continente, quando o primeiro raio surgiu entre as nuvens.


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Notas finais do capítulo

E por enquanto vai ser até esse, mas ainda tem mais 2 capítulos para terminar a história. Então, aguardem!



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