The Mischievous Prince - Spin-off escrita por Sunny Spring


Capítulo 9
Eight




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— Acho que devemos começar com a jovem sem nome. - Disse Mary com a boca cheia de barrinha de cereais. - Ela deve ser o nosso próximo ponto de partida para a investigação.  - Seus olhos estavam grudados na foto de Khalil, em cima da mesa do nosso quarto. 

 

Depois que Mary saiu do banheiro, após um longo tempo debaixo do chuveiro, foi a minha vez de tomar banho. Após me vestir com roupas limpas - uma camisa social de tecido leve branca e uma calça preta - e comer algumas barrinhas de cereais insossas, decidimos rever tudo o que sabíamos sobre o caso, o que  não era muito. Precisávamos recomeçar de algum lugar e investigar a jovem sem nome parecia um bom começo. Ela, com certeza nos levaria a alguma nova pista ou até mesmo até o cofre.

 

— Acho que é uma boa ideia. - Dei de ombros. - Até porque, ela tinha contato direto com os primos e é a única que está viva. 

 

—Claro! - Mary engoliu o último pedaço da barrinha. - Você matou o nosso suspeito. 

 

Respirei fundo, mantendo a calma. 

 

—Por Odin! Quantas vezes eu vou ter que repetir que ele caiu sozinho? 

 

—Tá! Tanto faz. - Deu de ombros, desinteressada. Voltei minha atenção agora para as fotos que Mary havia tirado no apartamento de Khalil e do próprio sujeito. Aquela tatuagem. Aqueles números. Vasculhei em minha mente toda a informação de códigos secretos que eu conhecia. Qual deles era ligado à números? Claro! Tabela de Pitágoras. 

 

— Mary, você tem um pedaço de papel e uma caneta?

 

— Tenho, por que? 

 

— Acho que descobri algo. 

 

Ela me passou a caneta e o papel, desconfiada. Comecei anotando os números. 819387491, exatamente como a tatuagem. Se fosse como eu estava imaginando, cada número representava uma letra. Seguindo essa lógica,  a primeira era H. Logo depois, A. Depois o I e a letra L. Logo em seguida vieram as letras H, Y, D, R e o A. 

 

Hail H.Y.D.R.A! - Mary disse baixinho, pasma. - Khalil trabalhava para eles. -  Ao que parecia, sim. Apenas assenti. - Vamos arrumar nossas coisas e dar um fora daqui. Temos muito trabalho pela frente. 

 

Fomos um para cada lado do quarto, para agilizar o processo. Enquanto Mary recolhia as fichas e informações de nossos suspeitos, eu preparava duas mochilas com algumas roupas, comida, água e materiais de primeiros socorros. Também guardei algumas armas da S.H.I.E.L.D. Quatro revólveres, duas armas tranquilizantes, um apagador de memórias e uma caneta paralisadora. Não seria possível levar tudo, então priorizei os objetos mais importantes. 

 

— Eu não acredito! - Mary colocou os braços na cintura, me encarando. - Não acredito que ocupou metade do espaço das mochilas com roupas! - Disse cética. 

 

—Elas são de marca. - Respondi o óbvio. - Não achava mesmo que fosse deixá-las para trás, né? - Ela fez uma careta. 

 

—Bem… Coloque as minhas também. - Pediu baixinho. 

 

— Não se preocupe. - Fechei o zíper da minha mochila. - Eu coloquei. - Lancei um sorriso convencido e ela apenas balançou os ombros. 

 

Terminamos de arrumar nossas coisas e nos preparamos para sair. Estávamos prestes a deixar o quarto quando uma batida forte e inesperada na porta soou. Senti meu corpo ficar tenso no mesmo instante e troquei um olhar com Mary. Ela me lançou um olhar apreensivo e fez um sinal com a cabeça para que eu abrisse a porta. Ela se posicionou do lado direito de onde a porta abriria, preparada para atacar se fosse necessário. Completamente em alerta, eu contei mentalmente até três antes de abrir. Um homem um pouco mais baixo que eu, usando roupas claras e locais carregava uma bandeja tampada. Era um funcionário do hotel. O humano sorridente acenou com a cabeça e eu forcei um sorriso, ainda tenso. Mary saiu de trás da porta para vê-lo e parou ao meu lado, ainda em alerta. 

 

Os olhos do humano pararam nas mochilas em nossas costas e ele franziu o cenho imediatamente. 

 

—Ah! Mas vocês já vão? - Sua expressão parecia desapontada. - Eu trouxe um café da manhã especial. - Sorriu, adentrando no quarto sem permissão. Mary e eu trocamos um olhar, desconfiados, enquanto o midgardiano apoiava a bandeja prata na mesa já desocupada. 

 

—Obrigado. - Fui cauteloso ao falar. - Mas, não pedimos café da manhã. - Ele ainda estava de costas para nós. 

 

—Ah! Não se preocupem. - Disse animado. Seu sotaque era forte e ele me parecia suspeito demais para um simples funcionário. - É cortesia da casa. - O homem mal terminou sua frase para se virar para nós bruscamente. Seu movimento foi preciso e ardiloso. Mal tive tempo de ver dois discos cortantes voando em nossa direção. 

 

Em um ato de reflexo, rebati os dois discos com magia. Os objetos voaram contra a parede, do lado oposto de onde estavam e fizeram um tinido. O homem arregalou os olhos, surpreso. Entretanto, isso não o fez parar. Ele praticamente voou na minha direção, tentando me acertar com duas adagas e deferindo golpes contra mim. Mary partiu para cima do humano, acertando um soco em sua mandíbula, mas, ele não recuou e deu um pontapé em seu abdômen. Mary caiu no chão por causa do impacto e pude ouví-la tossindo. O homem tentou fazer força contra os meus braços enquanto eu o empurrava, mas não era forte o suficiente para isso. Midgardiano tolo! Ele realmente achava que poderia medir força comigo? Alguém que havia sido criado para ser uma máquina de matar e torturar? Eu quase ri. Escutei um estalo quando quebrei o osso do seu antebraço com a minha própria mão, fazendo-o urrar de dor e derrubar as duas adagas no chão. Ele não desistiu e puxou um revólver contra mim, disparando algumas vezes. Desviei meu corpo das balas antes de acertá-lo com uma cotovelada na boca do estômago e arrancar a arma de sua mão. Mary aproveitou a oportunidade para pular em suas costas e segurar seu pescoço, deixando uma onda de eletricidade sair de suas mãos. O midgardiano não teve tempo de gritar, apenas caiu, desmaiado. 

 

— Vamos dar um fora daqui. - Mary disse por fim, ofegante. Nos entreolhamos e deixamos o quarto em passos apressados. 

 

Não precisava ser um gênio para saber que algo do tipo aconteceria. Era óbvio que viriam atrás de nós. Eu só não esperava que fosse acontecer tão rápido. Corremos pelos corredores estreitos do pequeno hotel, procurando uma saída menos chamativa. Enquanto corria, Mary enchia a própria roupa de revólveres e munição. Meu coração começou a pulsar mais forte por causa da adrenalina, mas isso não me fez sentir medo. Não demorou muito e escutamos passos atrás de nós. Dois homens, de uniforme preto nos seguiam. Quando viramos mais um corredor estreito, fomos surpreendidos por mais um trio de pessoas. Três homens, com os mesmos uniformes pretos, revólveres apontados e expressões nem um pouco amigáveis. Merda. Ouvi Mary suspirar baixinho ao meu lado. 

 

Fui rápido o bastante para estender uma mão e acertá-los com magia antes que eles atirassem contra nós. Os três foram arremessados no ar e caíram de costas no chão, fazendo um estrondo. Atrás de nós, os dois humanos dispararam e Mary e eu mal tivemos tempo de desviar. O trio em nossa frente foi rápido e menos de trinta segundo depois eles já estavam de pé, atirando contra nós. Para nos proteger das balas, Mary agarrou o primeiro vaso de enfeite na quina do corredor e o lançou na direção em que a munição vinha. O objeto se partiu em vários pedaços quando foi atingido. Mary se concentrou em lutar com os dois humanos atrás de nós enquanto eu lidava com os outros três. 

 

Um dos homens me acertou com um soco no rosto e eu revidei, empurrando-o contra o colega. Os dois caíram no chão. Fui atingido nas costas com um golpe de mata-leão e tive que fazer um esforço para nos derrubar no chão. Ouvi um grunhido do humano quando suas costas bateram no chão e ele ficou preso com meu corpo em cima. Estava prestes a me livrar dele quando os outros dois humanos voltaram, com a testa sangrando. Um deles apontou a arma para a minha cabeça, puxando o gatilho uma vez. Antes que ele atirasse, chutei sua mão, fazendo o revólver voar para longe, e me livrei do outro cara que me prendia no chão. Eu o apaguei logo em seguida, apertando seu pescoço até ele dormir. Me concentrei, então, nos midgardianos que ainda estavam de pé. Os dois partiram na minha direção ao mesmo tempo. Desviei mais uma vez de seus golpes e puxei uma caneta paralisante se um dos bolsos da mochila. Pressionei o botão duas vezes, atingindo-os consecutivamente. Eles despencaram no chão, incapazes de se moverem. Respirei aliviado. A minha parte estava feita. 

 

Ao olhar para o lado avistei Mary. Ela enforcava um dos homens com suas pernas enquanto o outro tentava enforcá-la por trás. 

 

—Precisa de ajuda? - Ofereci. Mary resmungou algo, agarrando o braço do homem que tentava a estrangular. 

 

—Claro que não! - Um momento depois e os dois homens estavam caídos no chão, apagados por um de seus choques. Mary passou a mão na roupa, para desamassar o tecido, e tirou o cabelo do rosto. - Agora podemos ir. - Sorri.  

 

Deixamos o hotel correndo. Seguimos até o nosso carro, ou melhor, o carro que havíamos alugado no país. Entramos no veículo e eu dei partida na velocidade mais alta possível, seguindo direto pela estrada. Mary agarrou o cinto de segurança no banco carona e o colocou. 

 

— Eu não sei em que nos metemos. - Mary estava agitada. - Mas esses caras não são mercenários apenas. Você viu o armamento deles? - Perguntou impressionada. Apenas assenti, sem tirar os olhos da estrada. - Eles só podem ser da H.Y.D.R.A, assim como Khalil! 

 

—Eles devem achar que estamos com o cofre. - Concluí. - Devem ter descoberto que estávamos procurando. 

 

Pisei ainda mais fundo no acelerador, fazendo os pneus cantarem. Nossa fuga não seria tão fácil assim, entretanto. Dois carros pretos estavam em nossa cola, quase esbarrando em nosso carro. Meu sangue esquentou ainda mais. Alguns estalos na lataria no veículo fizeram Mary pular de susto. Estavam atirando contra nós. 

 

—Droga! - Bufei. Mary olhou para trás, histérica. 

 

— Eu não acredito! - Gritou. - Aquela garota da casa do Mohamed! Ela está em um dos carros! Ela também é uma deles. - Mais um tiro nos atingiu e tive que levar o carro para o lado direito da pista. Um dos carros nos alcançou, nos acompanhando lado a lado. 

 

Mary colocou um braço para fora da janela, atirando para trás contra um dos carros. Tentei aumentar ainda mais a velocidade do carro mas ele já estava em seu limite. Uma trombada em nosso carro me fez xingar baixinho. O veículo ao nosso lado tentava nos empurrar para a mureta da pista, para nos encurralar. Estávamos em uma parte alta da estrada, cercada por montanhas de um lado e o mar do outro. Mary soltou um grito agudo, atirando por cima do meu ombro contra o carro ao nosso lado. Se a janela não tivesse aberta, teria se estraçalhado. 

 

—Nós temos que parar! - Mary gritou para mim. - Não conseguiremos vencê-los assim. Eles estão em maior quantidade! - Mais tiros contra a lataria, até que um barulho estrondoso se fez. Nosso carro perdeu um pouco o controle e a velocidade. Eles haviam acabado de estourar um de nossos pneus. Humanos nem um pouco amigáveis, eu diria. 

 

— Não podemos parar! - Gritei de volta. O carro de trás nos deu uma trombada. Mary atirou mais alguma vezes contra o carro de trás, enquanto eu conduzia o nosso carro para a parte proibida da pista. 

 

— Você enlouqueceu? - Mary estava visivelmente histérica. - Se pararmos, poderemos vencê-los no combate corpo à corpo! Temos vantagens sobre eles! 

 

—Pense, Mary! Eles são muitos. Não vamos conseguir lidar com tantas armas. Temos poderes mas somos apenas dois

 

O carro a nossa esquerda deu mais uma trombada no nosso, fazendo-o raspar a tinta na mureta. 

 

—Pare o carro! 

 

— Não, Mary! - Mais uma trombada me fez perder a paciência. Sem olhar para o lado, atingi o carro preto com magia. Ouvi ele se chocar contra a montanha ao lado e capotar. Mais quatro carros pretos nos alcançaram, contabilizando um total de cinco. - Você viu? - Perguntei baixo. - Não vamos conseguir nos livrar de todos eles. São muitos. - Forcei o nosso carro a continuar na mesma velocidade e atravessei os avisos de segurança da pista interditada, levando todas as placas junto. Os carros permaneceram em nossa cola. 

 

—Nerfi! - Mary gritou. Começava a desconfiar que ela havia aumentado o volume da voz para sempre. - Essa parte está interditada! A pista está em obras. 

 

De fato, aquela parte da estrada estava incompleta. No entanto, não haviam homens trabalhando no momento. Olhei pelo retrovisor. Os carros ainda nos seguiam. Nós não tínhamos muitas opções. Se parássemos, seríamos pegos por gente que estava disposta a acabar com nossas vidas. Ou no mínimo, fazer um bom estrago. Eu não era estúpido, conhecia a minha própria força e a de Mary. Sabíamos do que ambos eram capazes, mas enfrentar uma dezena de humanos muito bem armados era tolice. Eu não subestimava os humanos. Poderíamos vencê-los, mas não havia uma garantia. Um campo de força não poderia ser sustentado por tanto tempo e, mesmo conhecendo praticamente tudo sobre feitiçaria Asgardiana, haviam limites. Humanos já tinham armas capazes de nos derrotar. Não poderíamos correr o risco.  E, mesmo que chamássemos por ajuda, não viriam em tempo. Tinha que me livrar deles de outra forma e uma ideia nova me fez sorrir. Segui com o carro naquela direção e fechei as janelas.

 

Estávamos chegando ao fim da pista. A parte mais alta da montanha. Para o lado só havia mar. Para frente também. Segundo mais cálculos, uma queda de mais ou menos quinze metros de altura. Uma queda e tanto. Mas havia chance de sobrevivência.

 

—Nerfi, pare o carro, antes que eu apague você. - Mary tinha a voz trêmula e segurou meu pulso. Sua mão estava tão gelada que por um momento achei que ela estivesse morta. 

 

— Eu sei o que estou fazendo. - Respondi tranquilo. Mesmo que um pouco de insegurança me corroesse por dentro. Adrenalina pura corria entre as minhas veias. Aquilo tinha que dar certo. Eu a encarei. - Você sabe nadar, né?

 

—O que? - Franziu o cenho, nervosa. - Você não vai… - Estávamos perto do final da pista. Voltei a minha atenção para frente. 

 

—Quando eu mandar, preciso que respire fundo e proteja a cabeça entre os seus joelhos!

 

—Não faça isso! 

 

— Você vai respirar fundo e proteger a cabeça entre os joelhos! - Repeti, aumentando a velocidade do carro. - Você confia em mim? - Eu a olhei mais uma vez. 

 

—NÃO! - Não sabia se sua resposta era para a minha pergunta ou para o que estava prestes a fazer. Dei um longo suspiro. 

 

—Pois vai ter que confiar! - Sorri. O carro voou para a fora da pista. - Agora! - Foi a última coisa que consegui dizer antes de ouvir o grito agudo de Mary. Meu estômago revirou enquanto caíamos em direção ao mar mais azul que eu já vira. 





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