The Mischievous Prince - Spin-off escrita por Sunny Spring


Capítulo 14
Thirteen




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Na sala do conselho, Thor, Loki e Valkyrie tentavam entrar em um acordo sobre a situação de Nerfi. Para Loki e Valkyrie, não havia mais nada o que se fazer - Amora não devia ser encontrada e era melhor para a segurança de todos ali que ela ficasse bem distante. No entanto, apesar de tudo que havia passado nas mãos da deusa da sedução, Thor não achava que proibir seu sobrinho de conhecê-la era a melhor opção. O deus acreditava que isso poderia gerar ainda mais problemas e, conhecendo o temperamento de Nerfi, sabia que era questão de tempo para que ele encontrasse uma maneira de fugir de Asgard. 

 

O loiro sentou-se em um cadeira vazia, suspirando de cansaço. Aquele problema era o que ele menos precisava no momento. 

 

— Todos os funcionários do palácio já foram avisados e estão vigiando o Nerfi assim como me pediu, irmão. 

 

Loki soltou um resmungo, nem um pouco satisfeito ainda. 

 

— Quem é o encarregado? 

 

— Knut, o chefe da guarda. - Valkyrie respondeu tranquila. Loki soltou uma risada fraca pelo nariz, cético. Thor franziu o cenho. 

 

— Knut é o guerreiro mais honesto que já conheci, Loki. - O deus comentou. - Ele jamais trairia o reino. 

 

— Eu não duvido da honestidade do chefe da guarda, apesar de não confiar muito em seu julgamento, Thor. - Loki respondeu monótono. - Mas conheço muito bem o Nerfi. Ele é manipulador demais. Não vai descansar até que consiga alguém no palácio para apoiá-lo. - Concluiu. Valkyrie o encarou. 

 

—Nossa, onde será que eu já vi isso antes? - Disse sarcástica. Loki revirou os olhos por causa da gracinha e cruzou as pernas na cadeira em que estava sentado. 

 

—Por isso eu acho que é melhor deixá-lo ir atrás da mãe de uma vez. - Thor disse sério. - Não podemos prender o garoto. 

 

—Não acho que seja uma boa ideia, Thor. - Valkyrie discordou. - Isso vai atrair Amora para Asgard e o momento não é ideal. Principalmente agora que a jóia da realidade está guardada aqui. 

 

—Mas ela está banida. Não pode entrar em Asgard. 

 

— Você não lê as leis, não é? - Loki perguntou impaciente. - Já se passaram anos. Ela pode recorrer e, durante esse tempo, ficar em Asgard. - Thor franziu a testa. 

 

Uma batida na porta fez o três virarem suas cabeças. A porta foi aberta com cautela e uma jovem humana adentrou na sala. Jane Foster tinha os os cabelos soltos e usava um vestido preto, longo e simples, mas ainda assim asgardiano. A cientista aceitara o convite para passar férias em Asgard depois que ela e Thor decidiram tentar o seu relacionamento mais uma vez. Ela adentrou na sala com um vinco de preocupação na testa. 

 

— Thor, finalmente te encontrei. - Suspirou. - O clima no palácio está bem esquisito. - Ela se virou, finalmente reparando a presença de Loki no recinto. Seu cenho se franziu ainda mais. - Não sabia que ele estava em Asgard. - Disse para Thor. O loiro forçou um sorrisinho. 

 

— Ele chegou ontem. - Explicou rapidamente. Jane franziu a testa, ainda desconfiada. 

 

— Olá, Jane. - Loki sorriu, quase sarcástico. - Que surpresa vê-la! Vocês dois voltaram agora? - Ela assentiu. Loki soltou uma risadinha. - Que lástima! - Comentou, recebendo um olhar feio do irmão como resposta. 

 

— Por que lástima? - Jane encarou Thor e depois Loki. 

 

— Não é nada, Jane, querida. - Thor deu um sorriso tranquilo. Valkyrie apenas balançou a cabeça. Nem um pouco convencida, Jane voltou a encarar Loki, procurando por respostas. O deus apenas deu de ombros e se levantou. 

 

— É melhor eu ir. - Disse bem-humorado. - Felicidades ao novo casal! - Debochou. Thor revirou os olhos. Loki foi direto até a porta, mas, antes de sair, trocou um olhar com o irmão que apenas os dois entendiam. A jóia da realidade. Jane Foster. Manter a Encantor longe era realmente a melhor opção. 

 

[↔]

 

Manipular pessoas era algo que Nerfi sabia fazer muito bem. Ele havia usado isso em seu favor várias vezes quando ainda era um guardião e até mesmo quando fora para escola (alguns de seus professores havia sofrido com este poder e até mesmo a diretora da escola quando o jovem fez dois alunos ficarem de detenção pelo resto do ano). Ele já havia manipulado sua irmã uma ou duas vezes também só para vê-la perdendo a paciência, mas, Evie era uma tarefa um pouco mais difícil quando o assunto era manipulação - ela podia ser tão manipuladora quanto. No entanto, quando se tratavam de pessoas fora da família Lokison, isso parecia mais simples. Convencer Knut a ajudá-lo não fora tão difícil assim. Nerfi havia apelado para o bom coração do chefe da guarda e sabia que ele o iria ajudar. Knut havia prometido que tentaria encontrar o paradeiro de sua mãe e isso era perfeito - ninguém jamais desconfiaria do chefe da guarda, alguém tão fiel ao trono. Talvez Loki desconfiasse, mas Nerfi estava tentando ser positivo quanto a isso. Não que otimismo fosse algo forte em sua personalidade (ele era muito mais um realista desesperançoso quando se tratava de si próprio). 

 

Cada minuto que passava, Nerfi se convencia de que conseguiria achar alguma informação de Amora. Com o tempo, a sua raiva também esfriava um pouco o que o ajudava a pensar de forma mais clara. Seus passos eram cautelosos, ele não podia chamar a atenção dos outros para o que estava planejando. Aquele não era o momento para ter qualquer outro acesso de fúria. Um passo em falso e seu pai ou qualquer outra pessoa do palácio descobriria o que estava tentando fazer. Se isso acontecesse, ele seria mandado para a prisão, não tinha dúvidas. E, desta vez, Evie não conseguiria salvá-lo. 

 

O jovem príncipe estava sentado nos jardins do palácio, com os olhos fixos em um livro de feitiçaria asgardiana. Enquanto fingia estar concentrado nas palavras dos textos, Nerfi prestava a atenção no movimento de guardas e servos por ali. Ele contou mentalmente um total de dez guardas passando ao redor e, levando em conta que não havia nenhuma ameaça de guerra eminente, haviam guerreiros demais para proteger tulipas e orquídeas. Ele sabia bem que estava sendo cada vez mais vigiado e quase soltou uma risada fraca por causa disso. 

 

— Tão incompetentes que mal conseguem disfarçar. - Murmurou baixinho. 

 

Uma hora devia ter se passado e Nerfi decidiu que faria um favor aos pobres guardas - ele não sairia do jardim para ter que fazê-los sair também. Na verdade, sua generosidade não era assim tão grande. Se ele estava preso ali, todos ficariam junto dele. Ele ainda estava lendo e relendo as mesmas páginas daquele livro (já havia decorado cada palavra escrita ali), quando avistou, de relance, Knut entrando nos jardins. O guerreiro caminhou em passos lentos pelo jardins e parou, dando algumas instruções a dois guardas. Os dois deixaram o lugar logo em seguida e Knut tomou o posto de forma despretensiosa. Mas, ao julgar por seus ombros tensos, Nerfi tinha certeza que o chefe da guarda devia ter notícias sobre a Encantor. 

 

O príncipe olhou para os lados discretamente. Seria impossível falar com ele ali com outros guardas presentes. Isso levantaria suspeitas. Nerfi achou que era melhor arranjar uma boa desculpa para isso. Fechando o livro, ele levantou-se e caminhou até Knut de uma vez. 

 

— Hey! - Ele chamou a atenção. - Qual é mesmo o seu nome? - Nerfi fingiu não se lembrar. Knut piscou algumas vezes, aturdido, até entender o que o príncipe queria. 

 

— Knut, vossa alteza. - Respondeu cordial. Nerfi levantou o queixo de forma imponente. 

 

— Sabe onde está a minha irmã, Knut? - Continuou. O ruivo quase se embolou nas próprias palavras e alguns guardas pararam para prestar a atenção. 

 

— A princesa Evie está na biblioteca, alteza. 

 

— Ótimo. Obrigado. - Nerfi respondeu quase seco e caminhou em direção ao interior do palácio. Ele contou alguns segundos, esperando os cochichos. “Não é melhor segui-lo?” , ouviu um dos guardas perguntar baixinho enquanto caminhava. “Eu faço isso desta vez”, Knut cochichou de volta. Nerfi conteve um sorriso e seguiu seu caminho pelos corredores mais vazios do palácio. Não demorou muito e ele sentiu alguém o seguindo. Mesmo sem olhar para trás, Nerfi sabia que era Knut. Para não chamar a atenção, ele continuou caminhando como se fosse realmente para a biblioteca e virou um corredor. Entretanto, ao invés de continuar andando em linha reta, Nerfi se escondeu atrás de uma pilastra. Seis segundos depois, Knut passou direto e parou, olhando para os lados como se o procurasse. Nerfi levou uma mão à testa, quase xingando. Seria possível!?  O príncipe esticou o braço e o puxou de uma vez só para trás da pilastra. Knut quase o acertou com um soco por causa do susto. 

 

—Alte...

 

Ssssssssh!— Nerfi exigiu, impaciente. Knut deu um longo suspiro. - Sem ofensas, mas como conseguiu ser chefe da guarda sendo tão lerdo, Knut? - Sussurrou. O guerreiro cruzou os braços, sem jeito. 

 

— Eu sou um bom guerreiro. - Respondeu no mesmo tom. - Bem, não vem ao caso. Eu consegui descobrir o paradeiro de Amora. - Sussurrou, nervoso. - Fui a um ancião do reino e ele me contou que ela tinha ido para Alfheim alguns anos atrás. 

 

— Alfheim? Ele tem certeza? 

 

Knut deu de ombros. 

 

— Isso foi há muitos anos. Ela pode não estar lá. - Argumentou. - Olha, se quer um conselho, acho melhor não tentar ir atrás. É uma viagem perigosa e ela pode nem mesmo estar lá. Amora foi banida por traição ao reino. Ela tentou tomar o poder de Asgard. 

 

Nerfi o analisou por um longo segundo. Knut já sabia de mais. Ele poderia ser ingênuo e ter um bom coração mas  não era tolo. Sua fidelidade ao reino era enorme. Até que ponto ele o ajudaria a fazer algo contra as ordens de Thor? Nerfi o conhecia mas não o suficiente para saber se ele ficaria de boca calada. Talvez fosse o ideal deixá-lo de fora disso ou ele poderia acabar dando com a língua nos dentes. 

 

— Acho que você pode ter razão, Knut. - Respondeu baixo. O guerreiro franziu o cenho, surpreso. - Talvez tenha sido um erro mesmo. - Blefou. Knut ficou em silêncio, processando a informação, até que deu um meio sorriso, aliviado. 

 

— Fico feliz em saber que mudou de ideia. Isso poderia ser uma jornada sem volta.

 

O príncipe assentiu, com a expressão serena. Nerfi já não sabia se era realmente um ótimo mentiroso ou Knut que era ingênuo demais para um guerreiro. Talvez um pouco dos dois. 

 

— Eu entendo. - Concordou. Ou pelo menos, fingiu.  - Obrigado mesmo assim, Knut. 

 

— Não há de quê, alteza. - Ele fez uma breve reverência antes de se afastar e seguir seu caminho. Nerfi conteve um sorriso. Tinha um plano de fuga para planejar. 



[↔]

 

A noite não demorou a cair. Nerfi havia passado as últimas horas da tarde planejando a sua fuga para Alfheim. Poderia ser uma sandice mas algo o dizia fundo de sua alma que ele encontraria as respostas que estava procurando lá. De alguma forma inexplicável, ele sentia que Amora estava em Alfheim, e, mesmo que não entendesse, ansiava para vê-la. Era estranho sempre que ele pensava pelo lado racional. Até uma semana antes, Nerfi nem imaginava que tinha uma mãe, e agora, estava cometendo uma loucura para encontrá-la. Ele nem mesmo entendia o porquê de querer conhecê-la. Talvez fosse para preencher o vazio que sentia sempre que tentava entender quem ele era. Talvez fosse esse o motivo. Conhecer a Encantor poderia o ajudar a conhecer a si mesmo e, finalmente, ele pararia de sentir-se como alguém sem um passado ou uma história. 

 

Para dar continuidade a seu plano, Nerfi pediu que sua janta fosse servida em seu quarto, com a desculpa de que não estava sentindo-se muito bem disposto para ir até a sala de jantar. Isso não era uma mentira total, já que ele não estava muito disposto a encontrar Loki. Ainda sentia uma ponta de raiva e decepção por seu pai ter escondido toda a verdade por tanto tempo e ainda tê-lo levado para Asgard para impedi-lo de encontrar a própria mãe. Isso havia sido desonesto e Nerfi não conseguia compreender suas ações. 

 

Após terminar sua refeição, ele pediu para que a bandeja com os pratos fosse retirada, como uma falsa demonstração de que tudo estava em ordem e nada estranho estava acontecendo. Estava apenas indisposto, nada mais. No entanto, Nerfi estava pronto para fugir. A qualquer momento. 

 

Batidas inesperadas na porta o surpreenderam. Quando Loki adentrou no quarto, Nerfi cruzou os braços por pura impaciência. O deus, entretanto, não se importou com o sinal de que não era bem-vindo e apenas fechou a porta para que pudessem conversar com mais privacidade. 

 

— Você não foi jantar. - Loki comentou. Não havia sinal de acusação em sua voz. 

 

— O que foi? - Nerfi perguntou, áspero. - Cansou de pedir aos servos do palácio para me vigiarem e veio fazer o serviço você mesmo? 

 

Loki respirou fundo, claramente controlando a sua paciência. Era muito fácil para os dois brigarem. Suas personalidades um tanto parecidas não ajudavam em nada no diálogo. 

 

— Achei que já tivéssemos passado desta fase, Nerfi. - Disse baixo, levantando uma sobrancelha. 

 

— Nós nunca vamos passar desta fase. - Respondeu seco. - Não enquanto você continuar mentindo para mim e me enganando. - Acusou. O deus soltou deu um longo suspiro. 

 

— Eu só estou fazendo o melhor para deixá-lo seguro. - Loki não encarou. Nerfi deu as costas, observando a paisagem do lado de fora da janela. 

 

— Eu não sou uma criança. Não preciso de proteção. 

 

— Você é príncipe, Nerfi. Suas ações refletem no reino inteiro, querendo você ou não. 

 

Nerfi finalmente o encarou, sério demais. O deus não disse mais nada, apenas o silêncio pesado pairava entre eles. Loki deu as costas, seguindo em direção à saída. Antes de abrir a porta, ele parou. 

 

— Não pense que eu não sei que manipulou o chefe da guarda, Nerfi. - Disse sem se virar. - Eu conheço você muito bem. - Acrescentou. Nerfi mal se moveu. - Se fugir para Alfheim, não vou pará-lo, se é o que está pensando. Mas saiba que terá que encarar as consequências de seus atos. E, eu não digo isso por mim. - Suspirou. - Amora não é Melina. -  Foram suas últimas palavras antes de deixar o quarto. 

 

Nerfi ficou sozinho, com as palavras martelando em sua mente e o peito pesado. Estava realmente decidido a enfrentar as consequências mesmo sem saber quais seriam? Ele decidiu, então, que iria pagar para ver. 

 


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