The Mischievous Prince - Spin-off escrita por Sunny Spring


Capítulo 15
Fourteen




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Alfheim era o reino dos elfos de luz. O lugar era incrivelmente bonito, cercado por florestas encantadas, com árvores de folhas verdinhas e flores que não existiam em nenhum outro reino. As montanhas também cercavam os quatro pontos do reino. Durante a noite, ele ainda ficava mais belo, iluminado pela luz das estrelas. O reino vivia em paz e os elfos eram moradores amistosos e de aparência magnífica. Suas festas eram constantes e o vinho era um dos melhores dos nove reinos. Qualquer um poderia ficar encantado com a beleza do lugar ao ponto de nunca mais querer sair dali. Se Nerfi tivesse sorte, isso teria acontecido com sua mãe. 

 

Mesmo depois da conversa com Loki, o jovem ainda não havia mudado de ideia. Queria tirar suas próprias conclusões, ele tinha esse direito. Apesar de ainda estar sendo vigiado em Asgard, Nerfi conseguira criar uma estratégia para deixar o reino de seu tio - ele saíra usando a aparência de um corvo. Ele odiava transformar-se em animais e havia prometido a si mesmo que jamais usaria a aparência de um novamente, mas, teve que engolir o próprio orgulho para passar por Heimdall sem ser visto. Quando já estava longe o bastante, Nerfi voltou à sua aparência de costume e arranjou um pegáso no caminho (isso lhe custou mais de dois mil moedas de ouro asgardiano puro), deixando a viagem mais curta. Alfheim não era assim tão longe de Asgard. 

 

Depois de chegar no reino sua missão pareceu ainda mais complicada. No entanto, após passar por três elfos, Nerfi descobriu que seus instintos estavam certos - Amora ainda vivia ali. Perdendo mais três mil moedas de ouro (ele já começava a pensar que os elfos de luz não eram tão honestos assim), o jovem conseguiu o endereço da Encantor. 

 

Agora, ele estava na casa dela. Sozinho. Até então, ela não tinha dado sinal de vida. Diferentemente do resto do reino, a casa de Amora era bem simples e mal-iluminada. Uma casa bem comum para uma feiticeira poderosa e temida. Havia uma lareira acesa e um balcão, separando a pequena cozinha da sala. Nerfi sentou-se no sofá de pelo de urso, não sabendo o que esperar. Estava ali, prestes a conhecer sua mãe. Seu estômago revirou um pouco de ansiedade mas logo que ouviu um barulho na porta, todo o nervosismo de dissipou. 

 

— Skurge, baby, já cheguei. - A voz da feiticeira era doce e suave. Quando entrou em seu campo de visão, Nerfi finalmente viu como ela era. Uma mulher de estatura média, com longos cabelos loiros dourados e olhos verdes e brilhantes. Ela parecia muito mais jovem do que Nerfi imaginara. Menos assustadora também. Mesmo que, pensando melhor, ele percebeu que nunca tinha tentado imaginar como era a sua mãe. Não tivera tempo. Amora parou na parte mais iluminada da sala, encarando Nerfi. A sombra que o cobria dificultava a visão, mas, de imediato ela percebeu que ele não era quem ela procurava. - Quem é você? 

 

— Não me reconhece? 

 

Amora deu um longo suspiro, sorrindo. 

 

— Não me lembro exatamente de todos os meus ex namorados, mas certamente você não é um deles. - Respondeu um tanto bem-humorada. - Jamais me envolveria com alguém tão jovem. Posso sentir sua magia daqui, é praticamente um bebê. - Acrescentou. Nerfi quase encolheu os ombros com o comentário. - Você também não é nenhum elfo de luz, nem um vizinho. Não é nenhum cobrador, é? - Ele semicerrou os olhos, forçando sua visão. - Se for, já aviso que não tenho nenhuma moeda. - Nerfi sentiu uma leve mentira em sua afirmação, mas decidiu não contestar. 

 

Tomando coragem, o jovem levantou-se do sofá, saindo das sombras. Seus olhos encontraram diretamente os deu sua mãe. Ele pôde ver melhor o seu rosto na luz - suas sobrancelhas eram levemente arqueadas e seu maxilar pouco marcado. Seus olhos eram exatamente como os deles, na mesma cor, na mesma intensidade. Poderia estar vendo seu próprio reflexo ali e era assustador. 

 

Quando viu o rosto de Nerfi, Amora semi abriu a boca levemente, surpresa. Ela sabia quem ele era e seu bom-humor pareceu desaparecer, de repente. 

 

— O que está fazendo aqui? - Perguntou seca e nem um pouco abalada. Nerfi deu um sorriso sarcástico. 

 

— Olá, mamãe. - Ele praticamente se jogou no sofá de novo. Com um estalar de dedos, a Encantor fez todas as lamparinas da casa se acenderem, iluminando todo o lugar. Ela estava séria, com o cenho franzido de insatisfação. Mas, Nerfi não se incomodou. 

 

— Primeiramente, não me chame de mãe. - Ralhou. - Eu não sou sua mãe. - Cruzou os braços. Nerfi soltou uma risada debochada. 

 

— Ah, por favor. - Disse entediado, recostando-se no sofá. - Não vamos começar com a negação. Primeiro o Loki dizendo que não era meu pai, agora você dizendo que não é minha mãe. - Suspirou, cansado. - O fato é, vocês dois me fizeram e não dá pra mudar isso. - Sorriu. Amora levantou uma sobrancelha. - Então, vamos pular essa parte. 

 

— Quem contou a você? 

 

— Exame de DNA. Já ouviu falar? 

 

Ela deu de ombros, desinteressada. 

 

— Se bem que, acho que nem seria necessário já que somos bem parecidos. - Nerfi levantou-se mais uma vez, caminhando pela sala. Amora caminhou até o balcão, parecendo um pouco desnorteada. Ela pegou uma taça vazia e uma garrafa de vinho, servindo-se logo em seguida. 

 

— O que foi? Não achou mesmo que tivesse herdado todo o seu charme e poderes de sedução do Loki, né? - Amora riu, incrédula. Nerfi franziu o cenho. Poderes de sedução. Certo que ele sabia que tinha alguns talentos quando se tratava de flertar, mas nunca havia pensado que isso era um poder realmente. A Encantor percebeu o seu silêncio como uma falta de informação e riu ainda mais. - O Loki não te contou, não é? - Riu. Ele piscou, aturdido. - Se aprender a usar seus poderes da forma certa pode deixar o mundo aos seus pés. - Contou. - Um simples beijo, da forma certa, pode fazer qualquer um lamber o chão por onde você passar. É o seu dom de hipnose, babyboo. Agradeça a mim, é claro. - Continuou, convencida. - Mas é claro que o Loki não te contaria. É uma arma muito poderosa e faria de você alguém mais poderoso que a herdeira do trono, o que jamais poderia acontecer, levando em conta que você também não é muito confiável. - Sorriu, dando uma piscadela.  Nerfi engoliu seco. - Bem, ainda não me disse o que veio fazer aqui. - Ela bebericou um pouco da bebida. - Vinho? - Ofereceu. Ele a encarou, com um meio sorriso. 

 

— Claro. 

 

Ele se aproximou e Amora o serviu com uma taça. 

 

— Obrigado. - Nerfi bebericou um pouco do vinho mais doce que já havia experimentado para tentar processar tanta informação. - Respondendo sua pergunta, mãe, precisava conhecê-la. 

 

Amora suspirou, observando-o. Alguns minutos de silêncio se passaram. 

 

— Eu me lembro quando Loki veio me pedir ajuda porque precisava criar um guardião forte. - Comentou, sem pretensão de levar aquela conversa a algum lugar. Nerfi a encarou, um pouco mais sério. - Era para o pacotinho humano dele. Evie, né? - Nerfi assentiu. - Pelas minhas contas ela já deve estar bem crescidinha. - Amora soltou uma risada pelo nariz. - Fizemos um acordo na época e uma das condições era de que você nunca saberia quem eu era. Mas, pelo visto, Loki quebrou mais um de nossos acordos, o que não me surpreende já que ele é um desgraçado traidor. - Sibilou, perdida em pensamentos. Nerfi encarou a taça em suas mãos, sem saber muito o que dizer. Era estranho quando ele tentava encarar a situação com seriedade, sem a máscara do sarcasmo. 

 

— Eu pedi a ele que me contasse. - Respondeu baixo. - Queria saber quem era a minha mãe. - Deu de ombros. Amora soltou uma risada baixa e aguda. 

 

— Péssima escolha, babyboo! 

 

— Eu tinha o direito, não acha? 

 

Ela deu de ombros. 

— Bem, agora que me viu, já pode ir embora. - Amora apontou delicadamente para a saída. Nerfi a encarou. - O que foi? - Franziu o cenho, em um tom de puro sarcasmo. - Deixa eu adivinhar! O babyboo e o papai brigaram? - Debochou. - E você resolveu sair de casa e veio correndo procurar a mamãe? - Acrescentou desdenhosa. Nerfi não esboçou nenhuma reação. - O que esperava? Que a sua mãezinha o pegaria no colo e o consolaria com um abraço apertado? - Perguntou dramática. Nerfi mordeu a própria bochecha. A verdade é que ele não sabia o que esperar. Só estava ansioso demais por conhecer alguém que talvez pudesse entendê-lo melhor. Alguém que o amasse. Só queria uma mãe. No entanto, ele começava a perceber que aquilo tinha sido um erro. Isso fazia o sentir-se como um idiota. - Eu sou uma feiticeira, Nerfi. Não sou sua mãe, nem nunca serei. - Completou com uma voz doce e ao mesmo tempo venenosa. Doce pois parecia uma bela canção de ninar. Venenosa pois cada uma de suas palavras pareciam atingi-lo como espinhos perfurando sua carne. Não esperava que as palavras de uma completa estranha pudessem doer de tal forma, mas, ainda assim, doeram em sua alma. 

 

— Não pense que vai se livrar de mim assim tão fácil, mãe. - Respondeu baixo em um tom sarcástico, mesmo estando desolado. Foram suas últimas palavras antes de ir embora. 



[↔]

 

— Nerfi, você é um completo idiota! - Sussurrou consigo mesmo, olhando para um copo vazio. Estava sentado ao balcão de uma taberna, nem um pouco apropriada para um príncipe, em Asgard. Uma música alta tocava, enquanto asgardianos bebiam cerveja e conversavam alto em suas mesas. Uma combinação perfeita para afogar suas mágoas. 

 

Nerfi sorriu consigo mesmo, amargo. O que ele estava pensando? Que encontraria sua mãe e viveria feliz? Que Amora, uma das feiticeiras mais perigosas, o acolheria como filho assim e o amaria? Que tudo seria fácil? Por que não poderia ser fácil, afinal? Talvez porque nada relacionado a ele era assim. Ele sentia-se como um verdadeiro tolo. Talvez Loki não estivesse errado e procurar a Encantor tinha sido mesmo um erro. As palavras de seu pai ainda ecoavam em sua mente. Amora não é Melina. Talvez, no fundo de seu coração, ele acreditasse que encontraria alguém parecido com a sua mãe do coração. Isso foi um erro. Mas como ele poderia saber se não tivesse tentado? Sua mente girava e seu coração doía, despedaçado. Esse era o preço a se pagar por ter desenvolvido sentimentos tão humanos. Nerfi sentia muito mais tristeza do que gostaria de sentir e o sentimento de rejeição o afetava mais do que queria acreditar. 

 

— Eu quero mais um desse. - Nerfi exigiu, levantando o copo vazio. O dono da taberna foi direto até ele, servindo-o com mais um copo de hidromel. Já era o quarto ou quinto copo, o jovem não tinha mais certeza pois já havia perdido as contas. O sujeito carrancudo e com uma cicatriz de guerra no rosto o encarava com desconfiança.

 

— O que foi? - Sorriu. - Sou tão bonito assim que não consegue parar de me olhar? - Provocou, debochado. O homem não esboçou nenhuma reação de raiva, apesar do comentário. 

 

— Suas roupas são finas, claramente as de um nobre. - Comentou, sério. - Não devia estar aqui. Esse lugar não é pra gente como você. - Nerfi balançou a cabeça, estalando a língua. 

 

— Não sabia que os asgardianos eram tão preconceituosos. - Respondeu baixo, em tom de reprovação. O sujeito suspirou. 

 

— Esse lugar é cheio de mercenários e traidores. Não diga que eu não avisei. 

 

O homem o deixou sozinho e voltou para o seu lugar de antes. 

 

— Vejam só. - Nerfi sorriu, tomando um gole da bebida forte. - Encontrei o lugar perfeito para mim. - Disse para si mesmo e bebeu mais um gole, fazendo uma careta. - Essa coisa é horrível! - Resmungou. Completamente distraído, Nerfi não percebeu que já tinha chamado a atenção de alguns clientes. Alguns asgardianos o encaravam, carrancudos, parecendo estar o reconhecendo. O jovem príncipe nem mesmo se importou. 

 

Passando entre os os bêbados que cantarolavam alto com a música, Knut avistou Nerfi de cara, como se já o procurasse. O chefe da guarda praticamente correu até a ele, completamente nervoso. 

 

— Alteza? - Cochichou, chamando a atenção dele. - O que está fazendo aqui? - Perguntou tenso. Nerfi abriu um sorriso quando o viu. 

 

— Knut! - Ele deu dois tapas em seu ombro. - Você não devia estar aqui! Esse lugar é para traidores. - Contou, com a voz um tanto arrastada. O álcool já começava a fazer efeito em seu organismo. 

 

— Você não devia estar aqui. - Cochichou, ansioso. Knut olhava para todos os lados, preocupado. 

 

— Ela me rejeitou, acredita? - Riu. Knut franziu o cenho, levando uma mão ao rosto. 

 

— Eu sabia que você ia atrás dela! Não devia ter lhe contado nada. 

 

Nerfi soltou uma risadinha baixa. 

 

— Como descobriu que eu estava aqui? - Arqueou uma sobrancelha, curioso. 

 

— Meu pai é o dono da taberna e mandou um recado ao palácio dizendo que tinha alguém aqui que só podia ser nobre. - Contou baixinho. Nerfi franziu a testa, mas sorriu, aéreo. 

 

— Seu pai é um tanto fofoqueiro, Knut. 

 

O ruivo não discordou. 

 

— Vamos embora daqui! Precisa voltar ao palácio! - Insistiu, ainda mais ansioso. Nerfi suspirou, impaciente. 

 

— Certo. - Murmurou. - Vamos embora. - Nerfi deixou algumas moedas no balcão e levantou-se. 

 

Um pouco tonto, ele seguiu Knut pelo meio de tanta gente. Os dois seguiam em direção à saída quando Nerfi sentiu uma mão segurando o seu ombro firmemente. Ambos pararam de andar e Knut levou uma de suas mãos ao cabo da espada presa em sua cintura. Nerfi apenas olhou para o próprio ombro, vendo uma mão grande e suja com unhas pontiagudas e encardidas. Ele se virou, encarando o asgardiano, que era bem maior do que ele. Ao lado do sujeito haviam outros dois, tão grandes quanto ele. Os músicos pararam de tocar e todos que conversavam ficaram em silêncio para assistir uma confusão que estava prestes a acontecer. 

 

— Já experimentou tomar um banho de vez em quando? - Perguntou naturalmente. - Faz bem pra saúde. -  O homem fechou ainda mais a cara, mas, Nerfi não se abalou. 

 

— Você é o príncipe traidor, né? - A voz do asgardiano era grave. O jovem deu um meio sorriso, despreocupado. 

 

Alteza pra você. - Respondeu o encarando e empurrou de leve a mão de seu ombro. 

 

— Alteza, vamos embora. - Knut sussurrou para Nerfi, mas o príncipe não se moveu. 

 

— O traidor que levou Asgard para a guerra com Surtur. - O sujeito disse entre dentes, dando um passo em sua direção. - Merecia a morte! - Rosnou. Nerfi riu. 

 

— Você quer me matar? Entra na fila, então. 

 

O asgardiano estava prestes a dar mais um passo em sua direção quando Knut entrou na frente, segurando a espada em sua cintura. 

 

— Afaste-se! - Ordenou sério. - Se tentar alguma coisa contra o príncipe eu o prenderei e passará o resto de sua vida nas masmorras do palácio! - O asgardiano encarou o chefe da guarda com o maxilar trincado, furioso, mas, recuou um passo. Mesmo estando visivelmente insatisfeito, o sujeito e seus colegas deram as costas e voltaram para seus lugares, deixando a confusão para trás. A música logo voltou, preenchendo o ambiente e aliviando a tensão. 

 

Knut aproveitou a deixa para arrastar Nerfi para fora dali. A viagem até o palácio não foi demorado - os dois usaram dois pegásos para encurtar o caminho. Nerfi não parava de falar coisas desconexas. Ele sabia o que falava, tudo aquilo estava em sua mente. Só estava mais honesto do que costumava ser e não conseguia se segurar.  

Ao chegarem no palácio, Knut tentou ser o mais discreto possível, enquanto Nerfi não estava muito preocupado com isso - todo o seu plano tinha dado errado, de qualquer forma. Tudo estava silencioso no palácio, já era muito tarde. Alguns guardas viam o príncipe passando pelos corredores mas não se atreviam a comentar nada. 

 

— Cuidado, alteza. - Knut alertou quando Nerfi deu um pequeno tropeço enquanto andava. O ruivo fez menção a auxiliá-lo, mas Nerfi estendeu a mão, dispensando a ajuda. 

 

— Não precisa me carregar. - Disse tranquilo.- Só estou um pouco bêbado, não com as pernas quebradas. - Ambos continuaram andando. 

 

— Como preferir, alteza. 

 

Nerfi soltou uma risada, meio grogue. 

 

— Você é meu amigo, Knut. - Comentou. - Já devia ter falado que não precisa me chamar de alteza. O problema é que eu gosto de ser chamado de alteza. - Suspirou. 

 

— Sim, eu percebi. - Knut franziu o cenho. Nerfi soltou mais uma risada, fazendo Knut quase entrar em desespero. 

 

— Sabe a minha mãe? - Riu, mesmo não tendo nada engraçado ali. Knut assentiu. - Ela me disse que eu tenho o poder infalível de sedução e disse que posso fazer qualquer um lamber o chão por onde eu passar. - O chefe da guarda estremeceu. - Mas aquele sujeito lá na taberna tava mais para me fazer lamber o chão. - Completou sorrindo. Knut balançou a cabeça, desistindo de tentar entender algo. 

 

— Não devia brincar com isso. Ele poderia ter feito algo. 

 

— Duvido muito. Eu sou uma máquina de matar. - Suspirou. - Uma máquina de matar e seduzir. - Acrescentou bem-humorado e parou de andar. - Bem contraditório, não acha? - Nerfi o encarou. Knut deu de ombros, não sabendo o que responder.  

 

— Talvez seduzir e depois matar? - Perguntou sem jeito. Nerfi fez uma careta. 

 

Naaah! Eu não sou assim tão cruel. - Pausou. - Eu acho. - Franziu o cenho. Nerfi o encarou. 

 

— Acho que eu perdi um pouco o rumo da conversa. - Comentou. O príncipe sorriu e segurou os dois ombros de Knut, encarando-o no fundo dos olhos. O guerreiro franziu o cenho, aturdido. 

 

— Me diga… - Disse baixo e com a voz rouca, encurtando um pouco a distância. Knut olhou para os lados, preocupado.  - Você se sente seduzido por mim? - Nerfi levantou uma sobrancelha, com o olhar tão profundo que poderia fazer um ser humano desmaiar. 

 

— Não exatamente. - Knut quase gaguejou, nervoso. - Mas está me deixando com medo. - Nerfi o soltou, suspirando. 

 

— Desculpa, Knut. - Respondeu baixinho e voltou a andar. Knut o seguiu. - A bebida me faz flertar com todo mundo. - Admitiu com um sorrisinho malicioso. O ruivo franziu o cenho. 

 

— Se me permite a sinceridade, vossa alteza flerta com todo mundo mesmo estando sóbrio. - Sorriu. 

 

Nerfi deu um sorrisinho quase infantil, apertando um pouco os olhos. 

 

— Tem razão. Eu não consigo evitar. 

 

Nerfi se arrastou até a porta de seu quarto e resmungou um "boa noite" antes de entrar e apagar em sua cama do jeito que estava. 



[↔]

 

Já era muito mais tarde da noite e Amora ainda saboreava uma taça de vinho, sentada em seu sofá. Não estava bêbada, umas simples taças não eram capazes de tirar uma feiticeira poderosa de sua razão. No entanto, ela estava perdida em seus próprios pensamentos. Muito mais do que gostaria. Ela mal reparou quando Skurge entrou na sala, preenchendo o seu campo de visão. O guerreiro asgardiano, conhecido como Executor, tinha um cenho franzido de preocupação e encarava a Encantor, tentando decifrar seus pensamentos. Ambos se conheciam há muito tempo e moravam em Alfheim juntos desde que foram banidos de Asgard. Skurge poderia fazer qualquer coisa por Amora - ele era completamente rendido aos seus encantos. Ela, entretanto, não sentia tanta devoção assim por ele, apesar de ter algum carinho pelo guerreiro. 

 

— Onde estava? - Amora perguntou, sem nenhuma expressão. Ele sentou-se ao seu lado no sofá. 

 

— Apenas conversando com alguns elfos, descobrindo algumas informações de Asgard. 

 

A Encantor suspirou. 

 

— Então, imagino que já saiba quem esteve aqui. - Ela deixou a taça vazia na pequena mesa próxima ao sofá. Skurge recostou-se. 

 

— Não se fala em outra coisa. - Respondeu quase cantarolando. - Onde está o garoto? - Ela o encarou. 

 

— Já o mandei de volta. - Suspirou, monótona. 

 

Skurge ficou em silêncio, como se escondesse algo. Amora percebeu no mesmo instante. 

 

— O que foi, Skurge? 

 

— Acho que temos uma boa oportunidade de voltarmos à Asgard e executar nossa vingança. 

 

Amora franziu o cenho. 

 

— Do que está falando? 

 

— Pense, Amora. - Ele deu um meio sorriso, ansioso. - Ele é seu filho, foi coroado príncipe. É uma oportunidade única de ter acesso livre à Asgard novamente e roubar a jóia da realidade. Com ela, teremos tudo o que foi tirado de nós. - Amora desviou o olhar, fitando o nada. Normalmente, ela era a autora das ideias e dos planos de vingança e Skurge apenas acompanhava. Entretanto, desta vez, a ideia do guerreiro parecia ser boa. Apesar disso, Amora não tinha certeza se estaria disposta a fazer isso. Não tinha tanta certeza se conseguiria, mesmo não compreendendo a razão de tanta insegurança. 

 

— Tarde demais, baby. - Ela o encarou de novo, segurando seu queixo com uma mão. - Eu o expulsei daqui. - Skurge estreitou os lábios. 

 

— Nunca é tarde para ser uma e arrependida. 

 

Amora suspirou, hesitante. 

 

— Não sei se é uma boa ideia. 

 

— Não quer voltar à Asgard? 

 

Ela levantou uma sobrancelha, dando um meio sorriso maligno. 

 

— Acho que terei de fazer uma visitinha ao meu novo filho amanhã. 

 

Skurge sorriu. 


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