Querido professor escrita por mjrooxy


Capítulo 10
Desilusão




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Acordei e imediatamente procurei por Hinata, quando não a encontrei, suspirei resignado. Ela tinha ido embora, afinal. Não era como se eu esperasse que Hinata ficasse comigo o dia todo, mas eu realmente estava gostando de tê-la como companhia.

Na real, me lembrava vagamente do que havia acontecido de madrugada, eu estava grogue e sentia dor, frio e calor ao mesmo tempo. Foi horrível, só tinha a lembrança de mãos quentinhas cuidando de mim e, também, de ouvir uma voz muito doce e melodiosa me confortando. Agora eu sabia que era Hinata. Apesar da noite péssima, eu tinha o coração bem morninho, graças aos cuidados dela comigo. Ainda não acreditava que ela havia cuidado de mim daquela forma, no entanto, sabia que tinha sido por pena, pois Hinata não deixaria um coitado como eu morrer a míngua. Contudo, não conseguia deixar de pensar que, só talvez, Hinata sentisse algo por mim.

Eu tinha noção de que estava sendo um idiota iludido, mas o coração era assim mesmo. Ah, se eu assumi que gostava dela? Gostava!

Percebi na noite anterior, eu não me sentia apenas atraído sexualmente por ela, era algo mais forte. Eu acreditava estar verdadeiramente apaixonado e isso não me consolava de modo nenhum. Agora eu sabia que estava completamente perdido, não havia nada mais a fazer, a não ser sentar e chorar.

Pior, eu quase gelei quando pensei que ela tivesse percebido meus sentimentos. Porém, Hinata achou que eu estava a fim da amiga dela! Eu poderia ter desmentido, devia ter falado que queria ela e não Sakura.

Entretanto, foi mais cômodo concordar com a mentira, assim ela não fugiria de mim. Olha, tudo estava acontecendo tão rápido, uma hora eu nem sonhava em trocar qualquer palavra com Hinata, que não fosse sobre o TCC. De uma hora pra outra, eu só conseguia pensar em quando a veria de novo. Será que ela voltaria no hospital para me ver?

Será que, de fato, tinha ido embora? A enfermeira apareceu aqui e logo partiu, eu ainda estava meio sonolento e não me importei. Quando acordei, não havia mais ninguém para me dar qualquer notícia sobre o meu estado. Eu estava totalmente no escuro e isso me apavorava. Se ao menos eu tivesse aos mãos quentinhas da Hinata em mim...

Suspirei, sonhador.

Eu era um iludido!

Ela não me queria, já havia deixado claro que estava a fim do Kakashi, o que eu ainda esperava?

Respirei fundo e fiz menção de me levantar, precisava saber o que tinha acontecido, vai que me restava apenas algumas horas de vida? Não iria querer passar os últimos momentos em um hospital.

Eu iria querer passar esse tempo ao lado da Hinata; porquanto, estava decidido a sair e procurá-la. Todavia, quando coloquei os pés para fora da cama, senti uma tontura horrível e tudo ficou escuro.

Eu estava morrendo? Céus, eu precisava beijar Hinata antes de partir!

Fiz um esforço e caminhei até a porta, porém, minhas vistas escureceram novamente e eu estava quase caindo, não fossem duas mãos pequenas me segurarem e impedirem minha queda. Por um momento, pensei ser Hinata, mas o cheiro que vinha da pessoa era diferente, não era ela.

Aceitei, derrotado e ouvi uma voz.

— Ei, prof. Vai com calma, você não pode levantar assim.

Aquela voz era da... Sakura?

— Sa-sakura? - questionei, ainda zonzo.

— Eu mesma, sua Hinatinha pediu para eu ficar cuidando de ti, enquanto ela tenta não perder o emprego. - respondeu em um tom de voz afável.

Eu ri.

Minha Hinatinha?

— Hinata foi embora mesmo? - questionei à ela.

— Foi...

— Hinata volta?

— Claro que volta, agora deita que eu preciso te manter vivo até lá, certo?

— Obrigado, Sakura. - eu começava a ver sua cabeleira rosa. - Eu estou morrendo?

— Não, você vai ficar vivíssimo. - eu dei risada outra vez. - Nós fomos comprar alguns remédios, você ficará bem.

— Quanto foi? Pode pegar minha carteira?

— Calma, não se preocupe com isso agora, tá bem? - eu assenti ao ouvi-la. - A enfermeira já está vindo administrar o medicamento, logo você estará zero bala. Pronto para pegar a Hinata!

Senti meu rosto queimando, do que Sakura estava falando?

— O que? - indaguei me fazendo de sonso.

— Isso mesmo, já sei de tudo, Naruto. - eu arregalei os olhos. - Todo mundo também sabe que você gosta da Hinatinha, já está na hora de abrir o jogo.

— Eu não posso fazer isso... - sussurrei, enquanto Sakura afofava meus travesseiros.

— Claro que pode, não me diga que é errado essa história de aluna e professor e blá blá blá. Que se dane a faculdade, daqui a pouco Hinata se forma e vocês podem se casar e ter uma bela casa com cerca branca e um lindo jardim.

Eu não consegui conter a risada esganiçada que saiu. Sakura era uma figura!

— Sua amiga não gosta de mim. - argumentei jururu.

— Por enquanto.

Soltei um muxoxo.

Esperava que ela negasse.

Logo após a enfermeira chegou e me deu as primeiras doses de antibióticos. Ela também me informou que eu estava com uma infecção bacteriana persistente e que precisaria ficar de molho por mais ou menos uma semana. Ou seja, nada de aulas para mim, frente a isso, decidi ligar na faculdade e avisar. Assim meus alunos estariam cientes da minha ausência.

Após tomar os remédios, Sakura começou a me contar em detalhes o que aconteceu durante a noite. Me falou sobre eu sussurrando o nome da Hinata enquanto dormia, contou sobre ela ter me visto completamente nu. Sakura rasgou o verbo e me falou nos mínimos detalhes, o tamanho da vergonha que eu passei. Agora entendia porque Hinata estava arisca comigo aqui no hospital. Eu fui um tarado com ela!

Queria morrer, sério.

Hinata sabia de tudo, sobre meus sentimentos por ela, sobre eu não sentir nada pela Sakura.

— Puts! - passei as mãos pela cabeça, um tanto exasperado. - Ela nunca mais vai falar comigo.

— Vai sim. - Sakura contestou. - Na real, Hina está gostando mais de você agora, por causa dessa coisa louca que aconteceu. Ela se sente mais próxima de você, visto que já viu tudinho que você tinha para oferecer, hoje. - Sakura riu debochada.

Eu quase morri de vergonha.

— Desculpe te enfiar no meio disso.

— Que nada, você é o maior gato, eu não liguei não. - eu ri, que garota cara de pau. - Entretanto, eu não acreditaria nessa história nunca, estava óbvio seus sentimentos pela Hina.

— Sou tão transparente assim?

— Ah, é!

— Não tenho esperanças. - confessei. - Eu fui muito otário com ela.

— Verdade, agora Hina está enrabichada pelo Kakashi e você precisa agir. - argumentou taxativa.

— Tô sabendo, ela me contou que é a fim dele, pior que Kakashi arrasta uma asa pra Hinata. - contrapus derrotado.

— Sim, ele quase deu um cheiro no cangote dela, bem no corredor da faculdade e você aí panguando.

Doeu.

— Como?

— Isso mesmo, Kakashi está agindo, você precisa entrar no jogo pra ganhar.

— Por que está me dizendo isso? - rebati confuso.

— Não sei dizer, algo me diz que você é o cara certo pra minha Hina, eu quero que ela seja feliz. - Sakura suspirou. - Diferente de mim, que tenho dedo podre para os homens, aliás, acho que Hinata está indo pelo mesmo caminho.

— Você e Sasuke não estão bem?

— Não, ele só me enrola.

— Você é bonita e inteligente, não devia ficar atrás de um cara que não está nem aí pra você. - eu disse, tentando animá-la.

— Olha quem fala. - retrucou, rindo.

— Hinata vale a pena. - garanti, sonhador.

— É, eu sei, shippo vocês juntos.

Nós dois rimos.

— Valeu pela força, eu a vi hoje e já estou morrendo de saudades. - confessei em voz alta.

— Own, você está apaixonado, Naruto.

— Estou? - questionei mais para mim mesmo. - Acho que sim, eu não queria assumir, dizia ao meu subconsciente que era só atração. Contudo, não adianta ficar me enganando.

— Hinata é cabeça dura, mas ela vai perceber que é você, tenho certeza. - abri um sorriso involuntário.

— Como pode saber disso?

— Sei lá, sexto sentido de mulher. - Sakura deu de ombros.

— Obrigado por estar aqui, Sakura.

— Imagina, prof. Pode contar comigo. - ela tocou minha mão sutilmente. - Agora descansa um pouco, logo mais Hinata estará aqui cuidando de você, eu vou ligar para ela agora e contar que você está bem.

Fiz que sim com a cabeça e me deitei, adormecendo logo em seguida.


Quando acordei, tinha um monte de visitas, na certa uma foi passando para a outra que eu estava no hospital. Fui recebendo uma por uma, tentando ser educado, mas, por dentro eu não queria ver ninguém. Muito menos minhas alunas oferecidas. Todavia, Kakashi também apareceu, me desejando melhoras em nome da diretoria da faculdade e eu não pude deixar de pedir aos céus, que Hinata não chegasse ainda. Eu não queria que eles se encontrassem embaixo do meu nariz, sem que eu nada pudesse fazer para impedir.

Eu a queria para mim e Kakashi poderia roubá-la num piscar de olhos.

De modo que, quando ele saiu, eu suspirei derrotado, não queria ver mais ninguém. Estava quase chamando uma enfermeira para impedir visitas, quando Shion apareceu.

Ao vê-la, eu quase me joguei pela janela. Sério que ela iria me ameaçar nesse estado?

— Naruto. - ouvi.

— Shion, por favor, se veio me ameaçar, dê meia volta e vá embora, não estou em condições no momento! - quase supliquei pelo bom senso que eu não sabia se ela tinha.

— Quero pedir desculpa pela chantagem que fiz e ver se estava bem. - eu a encarei confuso. - Conversei com a Hinata quase agora, ela está aqui para te ver e te defendeu com unhas e dentes, nunca a vi tão decidida.

— Do que está falando?

— Eu sei que gosta dela, você deveria expôr o que sente.

Outra? Eu era realmente tão óbvio assim?

— Não estou entendendo, Shion. - me fiz de louco, do contrário, logo essa história chegaria à direção e eu estaria ferrado.

— Não se faça de bobo, ninguém vai caguetar você na sala, nem os meninos, pode ficar tranquilo. - ela se aproximou de mim. - Me desculpe pelas coisas que falei, eu não vou mais fazer isso. Já prometi à Hinata não ficar no caminho de vocês.

— Prometeu?

— Sim, Hinata mandou eu não te ameaçar mais e nem te prejudicar, se não eu ia me entender com ela.

Senti meu coração esquentar. Hinata tinha me defendido?

— Ela falou isso?

— Ahã, Hinata se importa com você. No entanto, você precisa agir também, já que ela é meio lerdinha. - Shion riu.

— Não fale assim dela.

— Tá ok. - ela levantou as mãos em sinal de rendição. - Você está melhor?

— Agora estou, graças a Hinata.

— Ela que te trouxe?

— Sim, Hinata me levou em casa porque eu estava nervoso, mas acabou dormindo no meu sofá. - eu sorri, lembrando da cena, foi tão bom vê-la adormecida. - Então eu passei mal de madrugada e Hinata chamou uma ambulância.

— Que bom que Hinata estava por perto. - eu assenti. - Bem, já vou indo, acho que ela logo vai subir para te ver e eu não quero ficar empatando. Se cuida prof e vê se toma uma atitude. - com isso, Shion deixou um beijo na minha testa, sorriu e foi embora.

E eu fiquei ponderando o que tinha acontecido. Que diabos deu nessas mulheres?

Nem pude pensar muito sobre, pois Sakura entrou afobada e logo se achegou a mim.

— O que foi? - questionei exasperado.

— Hinata está com Kakashi lá na cafeteria, algo me diz que ele vai convidá-la para sair! - exclamou agitada.

Senti meu peito queimar e quase desci lá e a peguei pelo braço. Só que eu não podia fazer isso, ela não era minha. Hinata podia fazer o que quisesse, mesmo que isso me doesse no fundo da alma.

Eu a queria para mim, mas só se ela quisesse de volta. O que não parecia ser o caso. Portanto, não havia nada que eu pudesse fazer.

— Tudo bem. - me virei de lado e fechei os olhos.

Sentindo uma dor visceral por dentro, doía tanto meu peito, chegava a ser uma dor física.

— Não vai fazer nada? - ela bufou. - Vai dá-la de bandeja pra ele?

— Hinata é livre para fazer o que quiser. - tais palavras saíram queimando pela minha garganta.

— Não acredito nisso! - ralhou. - Não gosta dela de verdade.

— Gosto sim. - rebati de imediato.

— E por que não age?

— O que quer que eu faça, Sakura?

— Sei lá, chacoalha ela, soca o Kakashi, qualquer coisa! - enumerou meio afobada.

— Não posso fazer isso, Hinata me odiaria ainda mais.

— Então confessa o que sente.

— Pra que? Qual parte que a Hinata não gosta de mim, você ainda não entendeu? - minha voz soou mais amargurada do que eu queria.

— Você realmente gosta dela, não é, Naruto?

Eu nem respondi, apenas suspirei audívelmente e tornei a fechar os olhos. Sentindo Sakura vindo em direção a mim, ela iria me abraçar? Até que, quando estávamos bem próximos um do outro, a porta abriu e Hinata entrou. Seus olhos recaíram sobre nós dois e ela fez menção de dizer algo, no entanto, nenhum som saiu de sua boca por alguns segundos.

— Desculpe, eu não queria atrapalhar. - ouvi, após o silêncio constrangedor.

— Não está atrapalhando, Hina. - Sakura logo disse. - Estávamos falando de você, Naruto quer te contar algo.

— Verdade, você está cansada, Hinata. Dormiu mal por minha causa e ainda ficou aqui comigo, por favor, vá descansar. - pedi, tentando disfarçar minha voz de garoto chorão.

— Não vou deixá-lo sozinho.

— Eu não vou ficar sozinho, Sakura pode ficar comigo. - as duas se entreolharam e vi Hinata ficar muito vermelha. - Obrigado por tudo o que fez por mim, eu nem sei como agradecer, pode me mandar a conta dos remédios, por favor?

Hinata permanecia em silêncio, apenas me encarando aturdida.

— Não se preocupe com isso. - respondeu em um fio de voz.

— Obrigado, Hinata. - agradeci, querendo encerrar o assunto. - Acho que vou dormir um pouco, esses antibióticos me deixam meio grogue.

Hinata fez que sim com a cabeça e saiu do quarto.

Eu não queria ficar perto dela, estava bem magoado, tudo o que eu queria era dormir e esquecer a imagem que permeava meus pensamentos.

Hinata e Kakashi juntos e felizes.


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