― Venha morar comigo. ― Sussurrou James, deitado na cama que ficava ao lado da sua, durante a madrugada. ― Meus pais te aceitariam e você não vai mais precisar ter que conviver com sua família.

Sirius riu, pensando ser uma brincadeira de James, mas o assunto fora tocado outras vezes, até se tornar a ideia mais tentadora que havia tido na vida. Remus concordou que seria uma ótima ideia e Peter esboçou uma preocupação medrosa da família Brack ir atrás dos Potter.

― Você não precisa voltar para casa, Pad. ― Comentou James em uma tarde, enquanto estavam sentados em frente ao lago, fazendo nada, enquanto Remus estudava algo ao lado dos dois e Peter estava dormindo ao lado de Remus.

― Acho que você deveria aceitar, Si. ― Lupin comentou, mostrando que estava prestando atenção apesar de estar estudando.

― Vamos, Pad, será legal. Eu e você, praticamente irmãos. ― Insistiu James, jogando o seu inseparável pomo de ouro para cima e o pegando após alguns segundo. Sirius apenas sorriu para o amigo e a ideia tornou-se algo irrecusável.

(...)

Sirius despertou assustado. O lençol grudava em seu corpo devido ao suor. Abriu os olhos para o quarto banhado pela escuridão e finalmente recordou-se de tudo. O sonho que era uma lembrança vivida do passado, quando James havia convidado ele para morar em sua casa, o perturbará mais que os pesadelos.

Buscou o ar com toda dificuldade, sentindo o peito arder em dor. O sonho trouxera a recordação de quando fugira de casa para viver com James e o fato de ter deixado Regulus para trás, sem nem mesmo pensar se ele iria se sentir abandonado.

Achara que o irmão não teria como ser algo diferente do que eles foram programados para ser. Mas a notícia que chegara nele, antes de Voldemort atacar Godric’s Hollow, era que alguém de sangue puro havia desertado. Os rumores foram silenciados, porém Sirius buscara mais informações. Ele não sabia o que Regulus havia feito, mas ele havia sido morto por traição.

Aquilo o corroeu naquele instante, pois talvez, se tivesse olhado para trás quando fora fugir. Se tivesse insistido para o Regulus ir com ele. Se ele tivesse tentado se aproximar em Hogwarts. Se ele tivesse tentado e tido fé, como James teve nele.

Sirius finalmente gritou para o nada. Gritou pela angústia sentida e pela dor da perda de dois irmãos. Gritou por ter simplesmente abandonado seu caçula. Gritou por não ter conseguido salvar seu irmão de consideração. Gritou até sentir o pulmão arder e a garganta falhar.

(...)

Regulus.

Ele estava lá, olhando para ele com os olhos suplicantes de socorro. Voldemort, em pessoa, com olhos vermelhos vivos, estava logo atrás, com a varinha em direção a Regulus.

Sirius tentou gritar para impedir que o irmão fosso morto. Mas não adiantava. Nenhum grito saia, nenhuma voz. Não conseguia sair do seu lugar. Fora apenas testemunha de ver o irmão cair em joelhos diante de si.

(...)

Sirius sentia o coração acelerado ao despertar. O nome de seu irmão preso em sua garganta. A culpa o correndo de tal maneira, que achou não ser capaz de aguentar. Não se moveu da cama, apenas permitiu que toda culpa o dominasse.

James estava morto, assim como Regulus.

Não o restava nada, apenas toda culpa de não ser capaz de salvar ninguém.