Remus coçou a nuca impaciente pela demora da audiência pela guarda de Harry começar logo. Parecia que ele e Sirius estavam ali no corredor longo, de piso e paredes escuros e brilhantes, há horas. Andromeda havia se retirado fazia poucos minutos, para buscar algo para beberem, pois a espera demoraria mais um pouco.

Estava encostado na parede oposta de Sirius, que estava quieto, com a cabeça baixa enquanto mexia impacientemente nas unhas. Padfoot nunca esteve tão bonito, como naquele momento, na opinião singela de Moony.

Estava trajando vestes tradicionais bruxas, algo que não deveria fazer a muitos anos. As vestes alinhavam-se com perfeição em seu corpo. A capa negra ao seu redor, mostrava a qualquer um, que apesar da rebeldia e dos trajes sempre trouxas, Sirius ainda tinha aquela beleza herdada da família sangue-pura.

Imponente. Definitivamente, Remus, descreveria o Black dessa forma. As roupas de primeira mão, adequada ao seu tamanho, sem aquelas pulseiras, colares e anéis trouxas e com o cabelo penteado para trás. O olhar distante e o silencio. Era o conjunto que transmitiria respeito e calaria qualquer um por onde passasse. Ele poderia negar, mas o sangue que percorria por suas veias era nobre e de muita pureza.

― Senhor Black, devo comentar que ao longe, pensei até mesmo que era seu irmão devido aos trajes e ao cabelo bem penteado. ― A voz de Minerva tiraram tanto Sirius quanto Remus de seus pensamentos. ― Acho que tirando em sua formatura, nunca havia te visto com trajes tradicionais bruxos.

Sirius sorriu de lado, achando graça em como seus trajes estavam lhe rendendo atenção pelo Ministério. Minerva não havia sido a primeira a comentar sobre ao fato dele estar parecendo com o irmão e provavelmente não seria a última. Seu coração se comprimia a cada vez que o nome de Regulus era proferido.

― Professora McGonagall. ― Saudou Black, ainda com o sorriso de lado. ― Eu não suporto vestir esses trajes, porém após tantos elogios que estou deslumbrante, vou começar usa-los. ― Brincou, capturando o olhar de Remus e mudando colocando um pouco de malicia no sorriso.

― Claro, senhor Black, claro. Onde está a senhora Tonks?

― Foi buscar água para nós. ― Respondeu, ainda apoiado na parede. ― Acho que daqui alguns minutos, podemos entrar e a audiência irá começar.

― Professora, quero agradecer pelo que está fazendo por nós. ― Remus comentou, tomando a atenção da professora. ― Digo, por Sirius, mas que me deixa extremamente aliviado.

― Só estou fazendo o que considero correto, senhor Lupin. ― Minerva como sempre respondeu de forma polida e impondo o mesmo respeito que em sala de aula. ― Eu observei os Dursley no dia em que Albus considerou correto entregar Harry Potter para eles e não gostei do que vi.

― Acho que só o Dumbledore considera uma boa ideia essa loucura. ― A mágoa e um pouco de raiva foi exposta nas palavras ditas por Black. ― Eu os observei também e considero uma atrocidade meu afilhado estar com eles.

― Você tem culpa nisso, Black. ― Acusou a mais velha. ― Se o senhor não tivesse sumido por um longo mês, provavelmente não estaríamos aqui.

Sirius não tinha o que responder, apenas concordar com as palavras ditas. Entretanto Remus sentiu vontade de responder e dizer o estado deplorável que entrou o Black, as lágrimas e os pesadelos que estava vivenciando todas as noites. Moony queria dizer sobre toda culpa e dor que Sirius carregava e que apenas ele estava vendo. Entretanto antes mesmo de formular algo para dizer, Andromeda se aproximou com duas garrafas de água na mão, parecendo feliz.

― Tenho ótimas notícias! ― Informou, quase saltitando. ― Olá, professora McGonagall.

― Conte logo, prima. ― Pediu Sirius, finalmente movendo-se, assim como Remus.

― Acabei de ser informada que mandaram um agente do Ministério para conversar e convocar Petunia para a audiência hoje e ela e o marido surtaram. ― Andromeda à medida que contava, parecia mais empolgada. ― Ela expos um preconceito muito grande com o nosso mundo, dizendo que somos aberrações e em um dado momento disse que não fazia questão da guarda de Harry Potter, que podia entrega-lo para qualquer um que quisesse. E antes disso, dois aurores observaram a rotina deles e constataram que eles negligenciam os cuidados de Harry, assim como você falou, primo. ― Antes que alguém pudesse comentar algo, Tonks complementou: ― Isso tudo quer dizer, que vamos cumprir apenas a lei e realizar a audiência, mas que é quase certo que a guarda de Harry Potter é sua, Sirius.

Sirius não conseguiu formular frase alguma, apenas virar-se para Remus que sorria da forma mais verdadeira e quente que ele já havia visto, com os olhos irradiando felicidade. Ambos se abraçaram pela conquista e por finalmente ter Harry de volta ao local que ele pertencia, com pessoas que o amava.

(...)

A audiência transcorreu como Andromeda havia dito, apenas para cumprir a lei. Mesmo assim, Dumbledore expos sua opinião contraria a dar a guarda para Sirius, explicando que o surto de Petunia devia-se a falta de familiaridade com o mundo bruxo. Tonks por sua vez conseguiu enumerar todos argumentos possíveis para mostrar como Harry estaria mais seguro com o padrinho, principalmente por ter a convivência com o mesmo desde que nascera.

Ao fim fora acordado que a guarda provisória seria de Sirius, sob supervisão em alguns momentos caso notassem algo estranho e que caso Petunia mostrasse desejo de visitar o sobrinho, deveria ter o desejo atendido. Sob o olhar de reprova de Remus e Andromeda, Sirius não expressou que aquilo era um absurdo.

Finalmente parecia que todas peças que faltavam do quebra-cabeça estavam se encaixando em sua vida. Mesmo que a ausência de James fosse como diversas peças perdidas, tamanha a dor.

Sirius honraria o seu irmão de consideração e criaria Harry da melhor forma possível.