Reconstrução escrita por Gabs Germano, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 12
Banheiro




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Havia um silencio estranho no fundo da mente de Sirius. Todos anseios, medos, tristezas e desesperos estavam simplesmente quietos. Era como estar no meio do mar calmo, depois de uma grande tempestade. Estava de fato, envolto por água, mas em uma banheira. A água antes quente, estava quase fria, pois desde que chegara do cemitério no pequeno apartamento de Remus, ele se enfiara ali e não saíra.

Remus estava sentado no chão, ao lado da banheira, também em seu próprio silêncio.  Havia um medo dentro dele, onde ele se questionava qual seria os próximos passos dos dois. Tinha os joelhos junto ao corpo, mirando as pequenas manchas escuras – e que ele havia tentado limpar com magia e do modo trouxa, sem sucesso – no azulejo azul celeste.

― O que aconteceu enquanto estive longe? ― Perguntou Sirius, com a voz baixa, sentindo ainda aquele torpor estranho. Era quase como ter um vazio apático dentro de si.

― Enterros, julgamentos, prisões e uma tentativa dolorosa de reconstruir tudo. ― Respondeu, sem desviar os olhos das manchas.

Lupin não sabia exatamente o que fazia ali dentro, sentado ao lado da banheira. Ele só achou que era o correto, devido ao estado de Black. Houve um momento na vida dos dois, em Hogwarts, que Sirius sentava-se do lado de fora do chuveiro ou da banheira, aguardando Remus se banhar pós transformação. Era um costume dos dois em momentos complicados demais, uma forma de Sirius dizer que estava ali para qualquer coisa.

― Amanhã vou atrás da minha moto e ir buscar Harry. ― Informou, ainda com a voz baixa, encolhido dentro da água igual Remus, com os joelhos junto ao peito e os braços entornos da perna.

― Não é assim que funciona, Sirius.

― Eu sou padrinho dele, Remus, tenho direito de ter ele comigo. ― Resmungou, fazendo Lupin sorrir.

― Dumbledore foi até o Ministério e convenceu que seria melhor Harry crescer longe do mundo bruxo. ― Informou com desgosto, sabendo que em voz alta aquilo era ainda mais ridículo. ― Eu tentei convencer ele ao contrário, até McGonagall foi contra, mas nada conseguiu tirar essa ideia da cabeça dele.

― Isso é a coisa mais ridícula que eu ouvi em toda minha vida. ― Lupin finalmente mirou Sirius. Era uma visão desconcertante, mesmo naquela situação. O cabelo estava maior do que jamais estivera, levemente ondulado e molhado. Tinha aparado a barba com magia e por tal motivo, o rosto estava liso como normalmente. Os traços de Black eram finos, aristocráticos e podia ser o exemplo de perfeição.  

Sentiu a bochecha ficar avermelhada ao ser flagrado ao observar Sirius, que apenas sorriu de modo fraco e quase nulo, sem malicia como normalmente faria durante Hogwarts.

― Eu sei que é ridículo, Si. Mas se quisermos pegar Harry para nós teremos que fazer da forma legal. ― Sorriu do mesmo modo, desviando imediatamente o olhar ao notar que Sirius se levantaria e sairia de seu banho quase eterno. ― Eu andei estudando sobre como fazer isso, aliás, sua prima, Andromeda trabalha com leis mágicas, você sabia? Eu acho que devíamos pedir ajuda para ela.

Nós. Sirius disfarçou, mas sentiu o torpor silencioso ser quebrado por um sentimento antigo e conhecido. Era estranho a montanha russa de emoções que aquele dia havia guardado para ele.


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