A estrela mais brilhante escrita por LC_Pena, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 4
Capítulo 3. 1979


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é mais divertido e tem pelo menos uma cena de interação entre Rigel e um dos marotos, o que também era muito importante no pedido. Chega de Regulus!

(Mentira, Regulus nunca é demais!)



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Sirius caminhava confiante pelas ruas do Beco Diagonal, carregando um Rigel ainda sonolento e com um Wormtail descrente à tiracolo, mas ele estava disposto a mudar pelo menos uma das duas realidades.

 ― Cara, já disse que vai dar certo, confia em mim, esse plano é infalível!  ― O maroto mais alto repetiu pela enésima vez, fazendo Peter revirar os olhos com a arrogância de Pads.  ― Alguma vez eu já te deixei na mão?

 ― 37 vezes, Pads e contando.  ― O rapaz com os dentes levemente avantajados falou com um sorriso cansado, fazendo o amigo o olhar ofendido.

 ― Não acredito que você está contando!

 ― Não acredito que você está mesmo me oferecendo seu filho para conseguir um encontro!  ― Peter rebateu no mesmo tom, sorrindo para um bocejo demorado do bebê de 5 meses.  ― Essa criança deveria estar em casa bem enroladinha em uma manta, Pads, não aqui nesse frio!

 ― Não está mais tão frio, pelo menos não tão frio quanto a sua cama esteve nos últimos meses.  ― O auror recém-formado respondeu com malícia, depois riu com o seu jeito latido característico.  ― Vamos, se anime, Worm, se a gente não te conseguir uma garota hoje, ao menos a gente vai se divertir tentando.

 ― Você vai se divertir tentando, eu só vou morrer de vergonha mesmo.  ― Peter o lembrou, mas Sirius fez aquela sua cara de cachorro pidão e Rigel já tinha naturalmente uma cara de filhote pidão, então que mal havia ao menos dar uma ou duas tentativas para esse plano idiota?  ― Ok, ok, eu topo.

 ― E já não tinha topado? Eu nem tinha pensado na possibilidade de não fazermos isso!  ― O rapaz informou, entregando seu filho para um Wormtail conformado.  ― Aqui, agora lembra do que eu te disse: é o seu sobrinho comportado e fofinho e você adora crianças, o resto você pode inventar à vontade!

 ― A única verdade dessa história é que ele é mesmo meu sobrinho fofinho... Mas, Pads e se ele chorar?  ― Peter pegou o menino nos braços todo desajeitado e assim que Rigel aceitou a troca de colos, o maroto mais baixo voltou a olhar o amigo.

 ― Por que ele choraria? Tá quentinho, alimentado, de fraldas limpas...  ― Sirius enumerou, mas recebeu um olhar cético do outro rapaz e um sorriso babado do filho. A verdade era que o humor de Rigel era mesmo volúvel demais para não dar crédito a preocupação de Peter.  ― Ok, tá, eu vou ficar por perto, caso ele comece a chorar.

 ― Aí você vai destruir toda e qualquer chance que eu tenha de chamar a atenção das garotas!  ― Peter informou chateado e Sirius até poderia se sentir lisonjeado com o elogio implícito, mas estava mais impaciente com a verdade dos fatos e o tempo que já estavam perdendo ali parados como dois idiotas no meio da calçada.

 ― Vou me transformar em Padfoot e aí volto, ok? Um bebê e um cachorro fofinho: se você não conseguir um encontro com essa combinação, eu juro que vou te trancar numa torre bem alta, protegida por um dragão!  ― O maroto canino ameaçou, fazendo Peter rir da promessa sem sentido.

 ― E por que isso?

 ― Porque só um conto de fadas mesmo para ajudar um donzelo a perigo que nem você!  ― O auror completou animado, fazendo Peter tentar dar um chute em sua perna, já que as mãos estavam ocupadas segurando o bebê.  ― Ei! Vê se cuida direito do meu filho! Já volto, donzelo do meu coração...

 ― Babaca!  ― Peter falou para as costas do amigo, depois se virou com uma sobrancelha levantada para o menininho que o encarava com a mão na boca e um cenho levemente franzido.  ― Seu pai é um babaca, sabia?

Rigel não fez nenhuma menção de responder a pergunta, mas tudo bem, porque ele logo se distraiu com um enfeite no chapéu de uma senhora, o que fez Peter rir de sua tentativa de pegá-lo com a mãozinha gordinha. A mulher parada, ajeitando a sacola, o olhou feio quando percebeu que o rapaz estava rindo em sua direção, ou melhor, dela, em sua interpretação errônea.

Padfoot escolheu essa hora para chegar ao seu lado e soltar dois latidos felizes, que fizeram a senhora com o chapéu extravagante dar uma leve corridinha assustada. O bebê comemorou a chegada de seu amigo peludo, embora ainda não conseguisse dar risada direito, apenas gritinhos felizes.

 ― Obrigado por isso, Pads. Sinceramente, acho que posso almejar alvos melhores.  ― Peter falou sarcástico, sacudindo de leve o bebê que tentava se inclinar para fazer carinho nos pelos desgrenhados, porém macios, de seu pai na versão canina.  ― Vamos ao trabalho, Cometinha! Seus presentes de aniversário e Natal não vão se pagar sozinhos.

Um latido indignado foi o suficiente para Peter saber o que o pai da criança achava dessa história de preços nos presentes da pobre criança. Os três seguiram a larga avenida principal da zona de compras favorita dos bruxos britânicos sem grandes problemas, até Pads puxar a calça de Peter com uma leve mordida.

No final da esquina, ao lado da Zonko’s, estava o Santo Graal dos pais solteiros: a pequena loja de criaturas mágicas em pelúcia, a PelucheMania!

Além de reunir todas as mamães solteiras e viúvas, suas irmãs, amigas, madrinhas, tias e avós – dependendo da idade e aparência, havia Sirius para todos os tipos de mulheres –  a loja ainda chamava a atenção de garotas que gostavam de ter o quarto repletos de bichinhos fofinhos sobre a cama, então, por que não adicionar um cachorrão no meio de tudo isso?

Infelizmente o maroto em sua forma animaga não pôde verbalizar suas melhores impressões sobre o estabelecimento, mas Peter deu de ombros mesmo assim, como sempre fazia quando não via outra escolha, se encaminhando para a loja com o bebê Rigel entretido com o cordão da própria roupa.

A loja de brinquedos, com Hogwarts ainda em aula, não tinha crianças grandes tentando gastar suas economias com as pelúcias caras, o que deixava todo o espaço para os adultos e seus rebentos pequenos circularem.

Padfoot não avistou nenhum segurança enfezado ou vendedor melindroso que pudesse querer colocá-lo para fora, então se disfarçou bem entre algumas pelúcias gigantes de pufosos que faziam caretas fofas e hipogrifos que batiam as asas e até alcançam voo, com os comandos de varinha certos.

Ele seria um Sinistro que abanava o rabo e latia então.

Peter começou a caçada tímido, mas ao olhar para a cara encorajadora do amigo peludo, tomou coragem para abordar uma garota que não devia ser muito mais velha do que os dois rapazes, em dúvida entre uma pelúcia de leão da Grifinória, que cantava as músicas da torcida da casa ou outra que rugia e soltava bolhas vermelho e ouro pela boca, o que encantou Rigel de um jeito arrebatador.

 ― Com licença, moça, bom dia, estou procurando um presente para o meu sobrinho, será que a senhora...

 ― Eu não trabalho aqui.  ― A garota respondeu impaciente, mas ao se virar para dar um sorriso pouco simpático de despedida, viu o bebê encarando a pelúcia em sua mão. Não pôde deixar de sorrir encantada.  ― Oh, que gracinha! É o seu sobrinho?

 ― É sim, resolvi trazê-lo comigo, porque o maior interessado no presente é ele, mas tô começando a achar que qualquer coisa que eu der, vai ser um super presente.  ― Peter respondeu divertido e só para ilustrar a sua fala, Rigel conseguiu pôr a mão na pelúcia de leão e o apertar como se quisesse espremer todo o enchimento do animal para fora.

Antes que o menino pudesse colocar a orelha do bichinho na boca, como ele estava fazendo com tudo que o interessava nos últimos dias, Peter o virou para si, aproveitando que agora ele estava todo durinho e já ficava sentado no colo sem precisar de apoio.

A garota havia ficado um milhão de vezes mais receptiva, brincando com o bebê e até mesmo se oferecendo para ajudar na escolha do presente. Uma segunda menina, essa com aparência de ser um par de anos mais nova, se juntou ao grupo, sugerindo alguma pelúcia da sessão de presentes engraçados, como trolls de cheiros estranhos e tronquilhos dançantes.

Padfoot sorriu orgulhoso do desempenho do seu filhote, que era um excelente ajudante: discreto o suficiente para não roubar o protagonismo de Peter, mas sempre fazendo alguma gracinha quando a conversa ameaçava cair em um silêncio constrangedor.

Em um dado momento, uma terceira moça se juntou ao grupo, essa com uma aparência de mais velha e levemente desconjuntada. Padfoot, daquela distância, não pôde ouvir exatamente o que ela estava dizendo, mas viu o amigo passar seu bebê distraidamente para ela, muito ocupado com as duas amigas risonhas.

Automaticamente as duas orelhas de Padfoot ficaram em pé, o cão passou a observar os gestos da mulher com mais atenção e assim que ela começou a se afastar com a criança no colo, o animal saiu de debaixo da pilha de pelúcias onde estava disfarçado, rosnando para a dona de vestido com cheiro de armário de vassouras embolorado.

A senhora, ao ver o grande cachorro peludo se aproximando dela e do bebê, se assustou, saindo da loja, finalmente chamando a atenção de um Peter muito entretido em sua primeira conversa com garotas que realmente pareciam interessadas no que ele tinha a dizer.

 ― Pads, o qu- MERDA!  ― O maroto foi atrás do bebê, da senhora que havia pedido para segurar Rigel um pouquinho e do amigo, que agora se parecia muito com um cão demoníaco pronto para atacar.  ― Padfoot, você está assustando ela! Para, pelo amor de Morgana!

A confusão na rua foi tamanha, que até alguns aurores foram chamados para resolver o impasse. Assim que ameaçaram atirar feitiços para conter o cão e o jogar na carrocinha trouxa, Padfoot deu no pé, se certificando de que Peter já estava com Rigel de volta no colo e a mulher maluca longe o suficiente de seu filho.

Dois minutos depois, o auror em seu dia de folga, Sirius Black, surgiu de uma viela qualquer, explicando que eram seu filho e amigo causando todo aquele alvoroço e, embora tivesse insistido para seus colegas de trabalho ao menos investigarem os antecedentes daquela dona de vestes estranhas, os homens só dispensaram todo o assunto com expressões divertidas, afinal, o novato nem sequer tinha visto a confusão pessoalmente!

Bando de estúpidos, cúmplices de sequestradoras de bebês inocentes!

Peter se despediu das garotas com quem estava conversando com um simples aceno de mão, encerrando ali mesmo sua carreira de Don Juan. Seguiu o amigo para a sorveteria favorita dele e resolveu que o melhor era lhe pagar um sorvete, para que ele desamarrasse aquela expressão de bode velho que estava fazendo.

 ― Ela só estava querendo segurar o bebê, Pads, você não precisava fazer aquele escândalo todo!  ― Peter falou enquanto dava uma mordida no seu sorvete de amora, seus dentes da frente tinham a vantagem de serem insensíveis ao frio. Sirius o encarou irritado.

 ― Aquela mulher ia sequestrar meu filho para fazer sopa de Rigel, Wormtail!  ― O maroto falou exasperado, dando um pequena colherada de seu sorvete de pistache para o menino. O bebê teoricamente ainda não podia comer nada disso, mas aquele era um dia atípico.  ― Meu pobre filho agora vai ficar traumatizado...

Rigel, que nem sequer chorara durante toda a confusão com Padfoot – o menino tinha certeza que aquela era só mais uma das brincadeiras divertidas do amigo peludo – tentou pegar o sorvete do pai com as próprias mãos, ficando indignado quando Sirius fez todo um malabarismo para segurá-lo, ao mesmo tempo que deixava o sorvete longe do seu alcance.

 ― Traumatizado? Eu nem sequer estou certo de que Rigel se importaria de ser sequestrado! Na verdade, ele pareceu bem animado para mim.  ― Peter falou com o seu melhor jeito sonso, fazendo o auror o olhar com uma cara ainda mais irritada.

 ― Nunca mais te empresto meu bebê para você dar cantada em garotas, seu... Seu... Hamster de madame!  ― O grifinório falou ao outro, que até parou de tomar seu sorvete, para o encará-lo horrorizado.

Podia ser chamado de tudo, até de ratazana de esgoto, mas hamster de madame era muita baixaria!

 ― A ideia foi sua, Pads! Que absurdo, eu hein! 38 vezes, 38 VEZES! E é por isso que eu estou oficialmente desistindo da disputa para ser o padrinho do seu filho!  ― Peter falou emburrado e Sirius o encarou confuso.

 ― Que disputa?  ― O maroto mais alto questionou desconfiado, mas Peter só deu mais uma bocada no sorvete para tentar ganhar tempo para responder aquilo.

 ― Que disputa? Como que disputa? Aquela que é... Aquele tipo de disputa simbólica que a gente... Ah, eu sei lá, Pads, pergunta para Moony e Prongs!  ― O rapaz gordinho falou se tirando da confusão, sem nem olhar direito para a cara do outro.

 ― Vocês três estão disputando para ver quem vai ser o padrinho do meu filho? Como isso sequer faz sentido, se eu, o responsável pela escolha, não estou sabendo de nada?  ― Sirius questionou indignado, recebendo um dar de ombros como resposta do outro.  ― De jeito nenhum, Wormtail, você não vai escapar dessa tão fácil! Como é que está funcionando essa disputa?

 ― Bem... É quase como um bolão: a cada mês que passa sem você escolher, a gente coloca mais dez galeões no nome do nosso candidato favorito. Moony e Prongs estão bem confiantes de que vão vencer, se quer saber...  ― Peter falou como quem não queria dizer nada, mas na verdade estava tentando ver quem tinha mais chance de ser escolhido, porque ainda dava tempo de mudar sua aposta.

 ― Quem está participando dessa pouca vergonha?  ― Pads questionou emburrado, ainda mais porque Rigel conseguiu enfiar toda a mão no seu sorvete e agora estava lambuzando a cara e a roupa com a massa doce e fria.

 ― Eu, Moony, Prongs, Lily, Lene, Alice, Frank e... Quase todos os seus colegas do quartel.  ― Essa última informação Wormtail falou tão baixo, que esperava que o amigo não tivesse ouvido.

 ― O QUE?  ― Desejo não realizado, Sirius e sua maldita audição canina!  O auror começou a fazer as contas na cabeça.  ― Dez galeões multiplicados por cinco meses, vezes o número de pessoas que estão participando... Wormtail, isso é muita grana!

 ― Pois é, Prongs está se gabando de que vai terminar de mobiliar a casa dele com a nossa grana... É um babaca de marca maior!  ― Peter falou indignado, porque era capaz do auror ganhar mesmo o bolão, ainda que Remus fosse um candidato igualmente forte. Depois de um tempo, Sirius voltou a se pronunciar sobre o assunto.

 ― E se eu demorasse mais um tempinho para escolher o padrinho e então escolhesse alguém inesperado e esse alguém dividisse a grana comigo?  ― Pads falou com malícia, fazendo Peter parar de roer o resto da sua casquinha de sorvete quase finalizada.

 ― Essa pessoa inesperada realmente adoraria ter uma grana extra para as férias de verão!  ― O outro maroto respondeu à proposta indecente com empolgação, depois franziu o cenho, incerto.  ― Mas, Pads, tem certeza que você vai me escolher só para ganhar alguns galeões extras?

 ― Claro que não, cara! Você sempre foi uma das minhas opções, eu só não... Eu sei lá, não decidi ainda, porque isso tudo é muito difícil.  ― Ele falou enquanto colocava Rigel em uma das pernas, e tirava a varinha do bolso para limpar a bagunça do bebê, que já havia atingido proporções épicas.  ― Parece que eu não consigo escolher nada rápido, quando se trata dele.

O bebê aceitou de bom grado o queixo do pai descansando suavemente sobre sua cabeça após a limpeza, pois foi perfeito para ele poder agarrar uma das correntes que o maroto usava no peito e que ele tanto gostava de pôr na boca.

 ― Pensa assim: padrinho é para estar sempre ao lado do seu filho, não importa o que aconteça e isso você sabe que qualquer um de nós vai fazer, mas tem que pensar também que é alguém que supostamente poderia te substituir, caso você não pudesse estar aqui para criá-lo e eu acho que isso eu não posso fazer não...  ― Peter foi sincero, porque não tinha a menor possibilidade de fazer um décimo que fosse do que Sirius fazia para Rigel estar sempre saudável, seguro e feliz.

 ― Eu sei, eu sei, eu só...

 ― Prongs vem com Lily de brinde, que sozinha já é perfeita para o cargo, mas Moony é como uma mamãe pufosa completa e Rigel adora dormir com ele, então...  ― Peter deu de ombros mais uma vez, só para irritar Sirius, porque ele adorava fazer esse gesto, não importava a seriedade da ocasião.

 ― Estava pensando que talvez Regulus fosse uma boa opção também...  ― O auror falou em voz baixa, ainda com o queixo apoiado na cabeça do filho. Peter não respondeu a sugestão e Sirius não quis olhar para ver a expressão dele.  ― Eu sei lá, eu sei que ele é jovem e não entende muito de bebês, mas... Não sei, acho que ele poderia fazer mais do que ajudar a criar Rigel como eu criaria, sabe? Porque pra isso eu meio que tenho vocês.

 ― Bem, Regulus até que é um cara legal, depois que você quebra aquele primeiro gelo sonserino dele e... Não sei, poderia ajudar Rigel a ter alguns modos chiques, coisa que não iria fazer mal nenhum, não é mesmo, Cometinha?  ― Peter falou brincalhão, cutucando o bebê bagunceiro na barriga redondinha.

 ― É verdade. Ele com certeza poderia ensinar essas coisas Black que eu não me importo muito... Quero dizer, só as partes boas, claro, tipo estrelas e boas maneiras, essas coisas!  ― Sirius acrescentou com pressa, mesmo sabendo que Regulus nunca iria tentar ensinar sobre purismo e arte das trevas para o sobrinho, afinal ele nem sequer tinha isso nele.  ― Eu não sei, preciso pensar.

 ― Sim, vai pensando aí... Enquanto isso eu vou adicionar o nome dele no bolão do mês que vem, só por garantia.  ― O maroto baixinho falou travessamente, fazendo Sirius rir e Rigel balbuciar alguma coisa do seu dialeto, animado. Peter sorriu para os dois.  ― Mas obrigado por ter cogitado me dar essa honra de ser o padrinho de Cometinha, Pads. Às vezes... Às vezes é bom lembrar que a gente é querido.

 ― Claro que é querido, cara! Quem mais seria nosso donzelo a perigo?  ― Sirius falou, enquanto abraçava o amigo pelos ombros.

 ― Donzelo em perigo, Pads.  ― Peter corrigiu com bom humor.

 ― Na verdade é a perigo mesmo, coitado, mas não se preocupe, vamos achar uma princesa guerreira para você, não é mesmo, Rigel?  ― Sirius perguntou empolgado ao filho. O bebê balbuciou mais algumas coisas, tentando colocar um dos pingentes do pai na boca todo de uma vez, novamente.

 ― É... Quanto a isso... Acho que posso já ter uma campeã em vista.  ― Peter falou constrangido, fazendo Sirius o encarar interessado.

E então os dois amigos passaram o restante da manhã conversando sobre a senhorita Francesca Farina, a outra única humana no setor de Peter em Gringotes, transferida da sede italiana e que ria de suas piadas e de vez em quando levava massa artesanal para comerem escondido dos duendes na sala dos testamentos e reclamações de heranças.

Sirius deu suas melhores dicas com garotas e reassegurou o amigo de que ele já tinha meio caminho andado: comida e boas histórias deveriam ser a base de qualquer relacionamento de sucesso.

Então os dois marotos apenas ficaram sentados na calçada da sorveteria de Florean Fortescue, falando bobagens, planejando a suposta vida de casado de Peter e Francesca, enquanto Rigel os distraia, de vez em quando, com suas gracinhas.

Em resumo, a vida em paz era mesmo muito boa.

***  

Rigel já havia comido mais da metade do prato, então Sirius decidiu que já era hora de entregar a colher para o filho tentar se servir sozinho, fazendo toda a bagunça que suas mãos gordinhas, de um bebê de oito meses, poderia fazer.

O garotinho com os cachos loiros bagunçados, de quem tinha acabado de acordar de uma soneca restauradora, jogou a colher longe, quase acertando um Moony bem arrumado, que entrava na cozinha naquele exato momento.

 ― Achei que já tínhamos chegado à conclusão de que Rigel ainda não estava pronto para comer sozinho, não?  ― Remus falou isso com bom humor, dando um beijo na cabeça da criança travessa.

Sirius sorriu feliz para o outro maroto, porque ele parecia descansado, mesmo depois de voltar do que chamavam de “pausa da lua". Remus colocou a pasta da aula em cima do balcão, enquanto revirava alguma coisa rápida para comer na geladeira, aguardando a resposta do amigo.

 ― A gente vai visitar essa creche grã-fina que Rita escolheu e seria legal que essa criança conseguisse ao menos comer sozinha, sem transformar o lugar em uma zona de guerra!  ― O animago falou encarando o filho com uma expressão de impaciência, enquanto recuperava a colher e limpava a bagunça com um aceno de varinha.

 ― Tó, tó!  ― Rigel pediu a colher de volta para o pai, com seu equivalente a um “toma”, que ele agora usava para pedir e entregar qualquer coisa. O bebê abria e fechava as mãozinhas com uma expressão adorável.

 ― Não.  ― Sirius disse sem dó e Remus se perguntou, não pela primeira vez, como o amigo conseguia resistir àqueles olhos cinzas brilhantes. O auror jogou a colher na pia, convocando uma nova, para recomeçar o trabalho de alimentar seu filho. Rigel recusou a comida com uma virada de cabeça.  ― Rigel, você se comporte!

 ― Pads, deixa ele tentar mais uma vez, ele ainda está aprendendo a segurar as coisas, não é, Cometinha?  ― Moony falou com o bebê, se abaixando até ficar na altura do cadeirão de comer da criança. O menininho sorriu para ele com carinho.

 ― Ele sabe muito bem segurar as coisas, mas é divertido atirá-las por aí, não é, trombadinha? Bem, a gente vai tentar isso outro dia, porque hoje temos essa entrevista na creche e estamos ficando assustadoramente próximos de um atraso.  ― Sirius desistiu da refeição, enfeitiçado tudo de volta aos seus lugares. Rigel o encarou com um dedo na boca, curioso.

 ― Não acredito que Rita te convenceu a tirá-lo da creche do Ministério... Você sabe que não havia nada de errado com o lugar, não sabe?  ― Remus perguntou incerto e o maroto fez que sim, com a cabeça.

 ― Eu sei, mas eu atualmente prefiro ter paz ou ter razão? Prefiro ter paz, meu amigo. E para ser sincero, o lugar parece ser bom, tem um negócio de deixar a gente direcionar que tipo de coisas a gente vai querer que eles ensinem aos nossos filhos e tudo mais.   ― O maroto falou isso enquanto pegava o menino no colo, se encaminhando para o banheiro, onde daria um banho na criança.  ― Vou tentar fazer eles ensinarem assuntos trouxas e Regulus quer algo sobre tramitações e investimentos do Gringotes, vamos ver o que pode ser feito.

 ― Eles ensinam essas coisa para bebês de menos de um ano?  ― O rapaz de cabelos claros perguntou assombrado, porque nem ele estava certo de que poderia entender todas aquelas coisas estranhas que Peter fazia sob o mando dos duendes. Seguiu os dois Black para fora da cozinha.

 ― Eu não sei, por isso mesmo a entrevista, Moony. Pelo valor que eles cobram, é melhor que possam transformar Rigel no próximo ministro da magia!  ― Sirius anunciou pomposo, arremessando as pernas da criança para o ar, o segurando por debaixo dos bracinhos. O menino riu encantado.

 ― Queremos mesmo isso?  ― Remus perguntou incerto, porque o último ministro da magia não era lá alguém por quem tinha muito apreço.

 ― Queremos que ele ao menos tenha a opção, não é mesmo, Cometinha?  ― O maroto terminou de colocar o filho de qualquer jeito debaixo do braço, o que arrancou mais uma gargalhada adorável do menino.  ― E então, vai querer uma carona para aula? Devo passar perto da Carnaby Street hoje.

 ― Sério? Então vou aceitar, seria mais rápido aparatar, obviamente, mas vou adorar ver o primeiro dia de aula de Rigel.  ― Moony respondeu, enquanto fazia cócegas no pezinho do garoto, cuja a cabeça já estava dentro do banheiro, mas o resto do corpo permanecia ainda no corredor. O menino se mexeu no aperto do braço do pai, que sorriu para a tentativa de fuga.

 ― Ainda não é o primeiro dia, mas a gente fica feliz com o gesto. Esteja pronto em 15 minutos.  ― O maroto falou colocando o filho no colo, com o cabelo loiro ainda mais despenteado do que antes.

 ― E vocês estarão prontos em 15 minutos?  ― O lobisomem perguntou desconfiado, Sirius deu de ombros.

 ― Teoricamente é todo tempo que temos, então...  ― Entrou no banheiro, deixando o resto da resposta no ar.

Partiram de casa na Harley-Davidson enfeitiçada do maroto quase 45 minutos depois.

***

Haviam chegado na escola com menos de cinco minutos de atraso e, embora Rita o encarasse com irritação, a diretora da creche ainda não podia ser vista em lugar algum. Sirius considerava aquilo uma vitória.

Rigel se manteve quietinho, arrumado e penteado, bebendo da sua garrafinha de água agora no colo da mãe. O maroto resolveu então que o melhor a ser feito no momento era puxar um assunto neutro com a mulher ao seu lado, antes de entrarem naquela entrevista tensa.

 ― E então, Rita, no que está trabalhando agora?  ― Perguntou por educação, recebendo um sorriso travesso da jornalista como resposta imediata.

 ― Na biografia de Albus Dumbledore, mas confesso que o homem é mais escorregadio do que eu pensei a princípio...  ― Ela falou misteriosamente, arrancando um revirar de olhos do animago.

 ― Rita, você não deveria estar fuçando no passado do diretor, quero dizer, o que você ganha com isso?  ― O grifinório perguntou realmente curioso, porque não via a lógica de querer se indispor com uma das figuras mais queridas do mundo bruxo.

 ― O que eu ganho? Você quer dizer, o que todos nós ganhamos, não? Dumbledore está em todos os lugares do nosso mundo: da Ordem de Merlin à Hogwarts, passando por Wizengamot! O que eu ganho com isso? Vou viver em um mundo onde ao menos sei onde estou pisando.  ― Ela falou com malícia, o que fez o maroto a encarar com o cenho franzido.

 ― O que isso quer dizer?

 ― Quer dizer que se temos uma figura quase onipotente na nossa sociedade, ao menos que saibamos quem ele realmente é e a que mestre ele serve.  ― Rita concluiu como se fosse algo óbvio, mexendo em um cachinho rebelde caindo na frente da testa do filho, que a olhava com carinho.

 ― Ele não serve a ninguém, Rita, pelo amor de Merlin, tenha dó!  ― O auror falou irritado, porque Dumbledore nunca tinha dado motivo para ninguém desconfiar dele, quanto mais fazer algo para merecer ser alvo de uma investigação como essa!

 ― Luxúria, poder, dinheiro... Todos servimos a um mestre e se Dumbledore não serve a nenhum desses, talvez o grande Mestre da história seja ele.  ― A bruxa concluiu com um sorriso venenoso, inclinando a cabeça de lado, como Rigel fazia às vezes, quando estava particularmente curioso.  ― O que te parece, Sirius querido?

 ― Parece que você está querendo se meter onde não deve, mas não é da minha conta, só te peço uma coisa: pense bem no que isso tudo pode significar para o nosso filho.  ― O homem  falou com calma, encostando a cabeça na parede atrás do banco da sala de espera da creche, para tentar cochilar um pouco.

 ― E o que seria isso?

 ― Eu não sei, Rita, mas talvez não seja muito legal para o nosso filho ir estudar em uma escola em que as outras crianças terão o diretor em alta conta, em oposição à jornalista que escreve mentiras sobre ele.  ― Ele falou cínico, acusando pela primeira vez a mulher de escrever notícias mais mentirosas do que verdadeiras.

Agora que era um auror completo, Sirius teve que redobrar os cuidados com suas informações confidenciais, porque Rita era muito habilidosa em transformar fatos concretos em uma rede de mentiras bem tecidas e ele não fazia ideia de como ela conseguia todos esses dados. A mulher sorriu para ele sem parecer ofendida.

 ― Iremos ensiná-lo a se defender desse bando de cordeirinhos então, o que acha?

Sirius achava bom, independente se o melhor caminho fosse não provocar nenhum tipo de ataque para início de conversa. Se manteve calado, de olhos fechados, pouco disposto a responder qualquer coisa para a mulher.

Rita sempre seria uma pedra no seu sapato, então que ao menos ela não se sentisse incentivada por ele a continuar com suas loucuras.

***

Rigel havia se adaptado perfeitamente bem a creche que Rita havia indicado, ainda melhor do que na do Ministério, Sirius tinha que admitir e nos últimos meses tinha dado um salto de inteligência, tanto por ter crescido normalmente, quanto pelo bom ensino do lugar.

Por conta disso, Regulus havia se voluntariado pela enésima vez para pagar pela creche do menino, mas Sirius já havia negado a proposta nos últimos nove meses e continuaria negando, enquanto Rigel estivesse estudando lá.

O irmão caçula lhe serviu um vinho gostoso, antes de sorrir conformado com mais uma de suas negativas. O maroto manteve o rosto em uma expressão tranquila, que fez Regulus o questionar com suspeita.

 ― Você parece com um humor excepcional hoje, Sirius, algum encontro misterioso, por acaso?  ― O sonserino falou, bebericando da sua própria taça. Havia deixado uma barba bem desenhada crescer nas últimas semanas, o que lhe adicionou maturidade e charme. Sirius gostava de vê-lo tão tranquilo.

 ― Vou sair com Wormtail e Moony hoje para um show das Esquisitonas em Brighton, acho que vai ser bem legal...   ― O grifinório informou, fingindo indiferença, mas a verdade é que adoraria ver o irmão caçula se divertindo em algo tão mundano quanto um show de rock, então estava introduzindo a ideia com calma.

 ― E quanto a Rigel? Achei que essa semana ele estivesse com você.  ― O mais novo perguntou intrigado e como se conjurado do ar, o menino de quase 18 meses surgiu como um furacão no escritório do tio, seguido por um Kreacher exasperado.

 ― Óia, papa, quebô!  ― Rigel trouxe um velho busto de cerâmica de algum ancestral Black, oferecendo ao pai a peça partida em três partes sem culpa alguma.

 ― Quebrou não, Rigel, foi quebrado por você.  ― Sirius falou com seriedade, aceitando a peça das mãozinhas sem vergonha do filho.  ― Vou tentar consertar, mas eu não sei não, Cometinha, acho que dessa vez vou ter que pedir ajuda para os duendes...

 ― Não, papa, vaninha! Vaninha!  ― O pequeno falou ansioso e determinado, fazendo um gesto como se estivesse usando uma varinha, porque pedir ajuda aos duendes era a pior coisa que sua mente infantil poderia cogitar.

 ― Hum... Não sei não, o que acha, Regulus?  ― Sirius mostrou a peça para o irmão, que preferia não ter sido colocado nessa história. O sobrinho lhe olhava com olhões esperançosos e o pai da criança o encarava com um brilho de diversão nos próprios olhos.

 ― Eu não sei, acho que dá para consertar.  ― Regulus respondeu tentando soar incerto, para não estragar a brincadeira ou bronca do irmão, não estava bem certo do que se tratava aquilo.

 ― Vou tentar, senão não vai ter jeito: vou ter que te entregar aos duendes e isso eu não quero não, Cometinha.  ― Sirius falou sério, fazendo o menino o olhar intimidado, coçando a nuca com incerteza, de pé ao seu lado.  ― Cruza os dedos, filho!

O menino conseguiu cruzar os dedos de uma das mãos, mas os da outra precisou da ajuda do pai, que ainda o mostrou como deveria torcer, sacudindo as duas mãos de dedos cruzados por um final feliz. A criança de quase dois anos assistiu as tentativas teatrais do maroto de consertar o objeto com ansiedade, para então sorrir aliviado na quarta vez em que ele havia tentado.

 ― Uff!

 ― Sim, ufa mesmo, Rigel! Já pensou se eu não consigo consertar?  ― O grifinório respondeu fingindo um alívio exagerado, fazendo Regulus rir por trás das mãos juntas pelas palmas sobre a mesa do escritório.

 ― Tá peso, papa!  ― O pequeno havia descruzado os dedos de uma das mãos, mas os da que Sirius havia cruzado, continuavam presos juntos. O grifinório os soltou, dando um beijinho de leve na mão do bebê.

 ― Como se diz, Rigel?

 ― Obigado.  ― O garotinho respondeu de pronto, recebendo um aceno de aprovação dos dois adultos.

 ― Agora leva isso aqui com Kreacher para o lugar onde você achou, sem fazer bagunça, porque você não quer acordar o monstro do terceiro andar, não é?  ― O maroto falou com falso assombro, ganhando do filho um olhar bastante cético para um menino tão novo.

 ― Sirius...  ― Regulus ameaçou, porque, embora nenhum deles quisesse que Rigel conhecesse uma furiosa Walburga definhando em sua cama, também não havia motivo algum para falar da avó do menino nesses termos.

Assim que a criança saiu na companhia de um Kreacher cuidadoso – Sirius nunca entenderia o que havia feito o elfo doméstico gostar tanto de uma prole sua – olhou para o irmão com um sorriso entre o travesso e o culpado.

 ― Não me olhe com essa cara, você vê, duendes são a única coisa que essa criança ainda teme, então não estou disposto a abrir mão desse trunfo tão cedo!  ― Ele se justificou alheio a qualquer outro problema, então Regulus preferiu não se aprofundar no assunto da mãe dos dois.

 ― Que seja, você que sabe com o que vai ter que lidar depois, quando Rigel não puder retirar sequer um galeão sozinho no banco! Mas deixando isso de lado, você ainda não disse com quem ele vai ficar enquanto você vai ao show...  ― O mais jovem falou esperançoso, porque Sirius nunca havia deixado o menino dormir sozinho com ninguém e ele adoraria ter essa honra de ser o primeiro a tomar conta do sobrinho uma noite inteira.

 ― James e Lily vão cuidar dele. A ruiva vai dar à luz em três meses, então quer testar como é cuidar de um bebê por toda uma noite.  ― Sirius deu de ombros distraído, depois ficou confuso ao ver a expressão de decepção no rosto do irmão.  ― E quanto a você, Reg, algum plano especial para essa noite?

 ― Não, acho que vou terminar de ler um livro que Remus me indicou há algumas semanas... O de sempre, você sabe.  ― O sonserino falou sem muita empolgação, arrancando um sorriso radiante do irmão.

 ― Isso na verdade é perfeito! Peter acabou comprando mais ingressos do que devia para o show, já que disse para uma garota do trabalho que toda nossa turma ia, para não parecer um encontro, sabe? Mas com James ajeitando o ninho, um dos ingressos acabou sobrando.  ― O maroto informou animado, fazendo o irmão o encarar com o cenho franzido.  ― E aí? Topa vir no show com a gente?

 ― Eu?  ― Regulus perguntou com a mais profunda das expressões de surpresa, porque não conseguia imaginar um mundo onde um irmão mais velho iria querer arrastar seu caçula para uma noite de curtição com os amigos.

 ― Sim, você! Claro que não com essas vestes. Vou pegar algo meu para você usar assim que James levar Rigel para Godric’s Hollow.  ― Sirius informou confiante, porque a expressão atônita do irmão só podia significar que ele não tinha nem sequer cogitado a possibilidade de ir num show de rock na vida.

Isso seria tão divertido!

 ― Eu...

 ― Mestre Regulus, o senhor James Potter está na porta, pede para ser atendido.  ― Kreacher interrompeu a resposta do seu senhor, parecendo muito perturbado. Talvez tivesse algo a ver com o fato de que Rigel não estava mais com ele.

Sirius e Regulus se levantaram e foram em direção aonde já podiam ouvir os risos do menino ecoando pela casa, que outrora só guardava silêncio e rigidez. Kreacher seguiu ambos com toda a intenção de reaver o seu senhorzinho para a segurança de sua companhia, claro.

Ao descerem para o térreo, Sirius sorriu ao ver seu filho flutuando sob os comando da varinha de James, que falava instruções de voo divertidas, completamente ignoradas pelo bebê animado demais com a brincadeira.

 ― Prongs, o que pensa que está fazendo com o meu rebento? É assim que você quer provar que vai ser um bom guardião essa noite?  ― Sirius perguntou divertido a título de cumprimento, fazendo o outro maroto o encarar animado.

 ― Esse moleque vai ser um apanhador de primeira, Pads, ele tem ótimos reflexos!  ― James respondeu trazendo finalmente o menino para o chão. Rigel caiu sobre o próprio traseiro, ainda um pouco tonto com a brincadeira, mas deu risada como se tudo tivesse corrido na mais perfeita ordem.

 ― Concordo com Potter, irmão, está óbvio que Rigel nasceu para capturar o pomo de ouro.  ― O outro ex-apanhador de Hogwarts falou fazendo coro a previsão de James, rindo do revirar de olhos do irmão mais velho.

 ― Olha aqui, se os dois ficarem com essa palhaçada, vou levar Rigel comigo para o show, porque o menino vai ser batedor e não deve ficar sob a influência negativa de vocês!  ― O animago canino finalizou a conversa com toda a suposta autoridade paterna que tinha e James o olhou com diversão.

 ― Se você fizer isso, Lily vai amarrar você na frente do Expresso de Hogwarts sem nem uma máscara para impedir que você engula todos os insetos daqui até a Escócia!  ― O outro auror ameaçou, mas Sirius o encarou sem se importar.

 ― Tá, que seja, agora falando sério, Rita me pediu para entregar uma lista de orientações para primeira dormida fora de Rigel, então tomei a liberdade de acrescentar algumas coisas que ela esqueceu e...

 ― Kreacher também tem coisas a acrescentar!  ― O elfo falou com convicção, fazendo os grifinórios o encararem com desconfiança e Regulus rir da super proteção de seu servo.

 ― Nada disso, chega de lista. Eu e Lily vamos ficar na casa dos Weasley essa tarde para ajudar com o aniversário de 2 anos dos gêmeos amanhã, então a gente não vai precisar de orientação extra, Molly vai estar lá!  ― James falou confiante, porque a matriarca Weasley era a referência de todos sobre maternidade. A mulher e o marido administravam uma casa com cinco crianças e ainda estavam com mais um bebê a caminho!

 ― Certo, certo, nas minhas contas isso é trapaça, mas... Prongs, mantenha um olho em Rigel, ok? Com essas crianças mais velhas todas juntas, você precisa ficar de olho nele 100% do tempo, está me ouvindo?  ― Sirius falou dando ênfase a orientação mais importante da lista, enquanto entregava a malinha do filho ao melhor amigo.

 ― Pode deixar, não vou tirar os olhos dele, não é mesmo, Rigel?  ― James falou isso com um tom brincalhão, capturando o menino do chão com um braço só.

 ― Siiiiiiiim!  ― Todos tinham certeza que Rigel não fazia ideia do que ele estava respondendo, mas a animação era contagiante.

 ― Ok, Prongs, amanhã a gente se encontra na festa dos ruivinhos.  ―  Sirius cumprimentou o amigo com um tapinha nas costas, já que os braços dele estavam ocupados carregando o garotinho inquieto. Depois o maroto se virou para falar diretamente com o filho.  ― Sem muita bagunça, Cometinha, papai vai ver você amanhã, ok? Você vai ficar bem com tia Lily e tio Prongs, não vai?

 ― Vô!  ― O menino respondeu empolgado, mas Sirius queria ver mesmo se iria continuar assim na hora de dormir. Por via das dúvidas, havia colocado o paninho e o mini troll que o menino adorava abraçar para dormir, cada um em uma das casas dos pais, dentro da mala. Prevenir nunca era demais nesses casos.

Sirius se despediu dos dois sem os acompanhar até a porta, Kreacher o fez em seu lugar, então se virou para Regulus com uma expressão enigmática. O sonserino o olhou sem entender.

 ― O que?  ― O rapaz mais novo perguntou temeroso.

 ― Agora vamos te vestir para o show, querido irmão!  ― O maroto falou esfregando as mãos com animação. A expressão assustada de Regulus se intensificou.

Aquilo não tinha como acabar bem para ele.

Quase uma hora depois, Regulus se olhava no espelho do próprio quarto, horrorizado com o tipo de coisa que seu irmão considerava adequado para sair em qualquer lugar com outros seres humanos. Tocou na barra da camiseta preta sem mangas, muito curta, com buracos para os braços muito grandes, que mostravam o início das costelas e uma estampa estranha, de algum símbolo trouxa que não entendia.

Mas o pior certamente tinha que ser todas as correntes, os coturnos desgastados de Sirius e uma calça de couro que estava muito apertada e que o irmão o proibiu de ajustar ao seu tamanho. Sirius colocou metade do corpo para dentro do quarto do caçula para admirar sua obra prima finalizada.

 ― Deixa eu dar uma olhad-  ― Ele se interrompeu ao ver o quanto Regulus se parecia com um roqueiro de verdade. Todo o visual gritava rebeldia, principalmente por causa da barba nova e da tatuagem trouxa que ele havia feito para cobrir a marca negra, única coisa que funcionara em cima do feitiço das trevas.  ― Cara, você está digno de uma apoplexia em Walburga, que é simplesmente o melhor elogio que eu posso te fazer!

Regulus continuou a se olhar no espelho, pouco convencido, mas Sirius aproveitou a distração do caçula para adentrar o quarto do irmão, que ainda conservava algumas das flâmulas verde e prata da Sonserina. Tudo aquilo ainda traziam caretas de desgosto inconscientes ao rosto do maroto.

 ― Olha só, quem diria que só uma tatuagem trouxa poderia cobrir a estúpida marca negra do infame lorde das trevas, hein?  ― Sirius comentou enquanto observava o quanto a faixa negra, com as principais constelações do céu noturno tomando quase todo o antebraço do irmão, combinavam com o seu visual de hoje.

 ― Uma das grandes ironias da vida, se me perguntar, porque nenhum feitiço, seja de glamour ou de transfiguração, foi capaz de fazer o que uma simples tinta trouxa fez!  ― Regulus sorriu para a tatuagem feita há um par de meses, porque era muito mais fácil e interessante explicar a história da família Black com as estrelas nos seus encontros, do que explicar seus erros do passado.  ― Obrigado por isso, Sirius, foi mesmo uma excelente ideia.

 ― Bem, disponh-

 ― Mestre, a traidora de sangue Tonks está na lareira, deseja falar com o outro traidor de sangue! ― Kreacher avisou mal-humorado, descumprindo as regras estabelecidas por Regulus há mais de um ano.

O elfo se puniria mais tarde, quando todos da casa já estivessem dormindo, mas às vezes escapulia um ou outro insulto sobre as relações próximas do mestre, ainda mais se sua senhora esteve falando sobre isso recentemente.

 ― Andie? O que ela quer me chamando a essa hora?  ― Sirius perguntou mais para si mesmo do que para o irmão ou o elfo, então desceu as escadas em direção a sala de desenhos com a tapeçaria Black, onde ficava a principal lareira da casa. Regulus o seguiu de perto.

Assim que os irmãos chegaram ao salão, se depararam com o rosto apreensivo da prima se formando entre as brasas da lareira há muito acesa. Andrômeda não demonstrou nenhum alívio ao ver os dois primos.

 ― Sirius, você precisa vir para o St. Mungus agora.  ― Ela começou tentando ser o mais prática possível, mas antes que o homem pudesse perguntar do que se tratava, ela completou o pedido urgente.  ― Aconteceu um acidente com Rigel.

Ela não precisou dizer mais nada, Kreacher segurou os dois irmãos Black pelos braços e os aparatou diretamente no saguão de entrada do maior hospital bruxo da Grã-Bretanha. E Sirius nunca ficou tão grato em toda sua vida pela intromissão do elfo doméstico do irmão.


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Notas finais do capítulo

Olha, pessoal, tem sempre que ter um pequeno drama nos meus presentes, porque, né, SIM! Mas enfim, não vamos esquecer de todas as cenas fofas anteriores, obrigada, de nada.

Bjuxxx



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