Rios Fluem Até Você escrita por Hanna Martins


Capítulo 13
Quando a Força não está a seu favor


Notas iniciais do capítulo

Hey, reylos! Voltei rapidinho desta vez! Como será que as coisas estão indo entre nosso casal?



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A escuridão do quarto, os lençóis bagunçados na cama, e o sentimento de que estava envolvido em caos, mais do que isso, ele era o próprio caos.  

A presença dela ainda pairava naquele minúsculo quarto. O sabor dos lábios doces e tentadores estavam nos seus. O calor do corpo dela permanecia impregnado no dele.  

Era você quem eu estava beijando”. A voz ferida e desalenta de Rey não saia de sua cabeça. Ela ficava se repetindo, perseguindo-o como um fantasma.  

Naquele instante, quase vacilara, teve que se controlar ao máximo para não ir atrás dela. Ela parecia tão triste e perdida... No entanto, sabia que não poderia ir atrás dela. Era Ben quem ela queria, não ele. Era Ben, repetia para si mesmo.  

Então, por que doía tanto deixá-la ir?  

Idiota. Estava cometendo mais um erro. Mais um de tantos que cometera naqueles últimos dias.  

Fora um erro beijar Rey. Fora um erro apertá-la entre seus braços. Fora um erro... 

Ela nunca iria querê-lo.  

Ele já tinha problemas suficientes para ter mais um, querer alguém que desejava outro, que via nele apenas a sombra daquele outro que partira.  

No final, os dois iriam sair ferido daquela história. Eles se machucariam mutuamente. Ele a feriria por ser a mera sombra de Ben Solo, e ela o magoaria porque era em Ben Solo que pensaria quando estivesse com ele.  

Ela nunca seria capaz de amá-lo, e ele nunca seria capaz de ser Ben Solo.  

Não, ele não poderia querer Rey.  

 

*********************************** 

— Acorda, Rey! — gritou Rose, bem na orelha dela. — Você não vai trabalhar hoje? — perguntou, abrindo as cortinas do quarto e o banhando de luz.  

Rey virou-se na cama, enfiando a cara no travesseiro.  

— Rey! — insistiu a amiga. — Você precisa se levantar, você ficou a manhã toda nessa cama! 

— Me deixa, Rose, eu só quero dormir mais um pouquinho... 

— Nada disso. Você vai levantar esse seu traseiro daí e tomar um banho, tipo, agora!  

— Não! — protestou ela, com a voz abafada pelo travesseiro.  

Rose a pegou pelos pés e a puxou da cama. Se Rey não estivesse tão cansada iria usar a Força para impedir a amiga de fazer aquilo.  

— O que aconteceu com você? — perguntou Rose, vendo os olhos inchados de Rey que mal conseguia os abrir.  

— Nada — resmungou, voltando a deitar-se.  

— Anda, Rey, fala! O que aconteceu? 

Ela apenas resmungou em resposta à amiga.  

Seu corpo todo doía. Parecia que tinha chorado um rio de lágrimas. Talvez tivesse chorado mesmo. Malditas lágrimas. Ela não queria chorar, mas elas simplesmente escorriam dos seus olhos sem permissão alguma. Agora, estava lá com os olhos inchados e sentindo-se a pessoa mais vazia da galáxia.  

— Você brigou com ele, não foi? — indagou Rose. Detestava que a amiga pudesse lê-la tão bem.  

Rey soltou outro grunhido como resposta.  

— Você não vai me fazer ir embora. Esqueceu que sou eu quem atura o Poe bêbado? —  afirmou Rose. — Vou ficar aqui até você se levantar dessa cama.  

A amiga realmente cumpriu a ameaça e ficou lá, em uma guerra silenciosa.  

— Acho que... magoei o Ben de novo... — falou ela, com a voz um pouco vacilante, depois de vários minutos de silêncio.  

Ela contou à amiga sobre os acontecimentos da noite passada.  

— Talvez, eu esteja errada... Eu causei tanta dor a ele... eu fui cruel com ele tantas vezes... E agora posso estar fazendo tudo isso de novo, magoando Ben... 

— Rey, vocês estavam em uma guerra. E vocês se encontravam em lados opostos. Acho que isso pode esclarecer algumas coisas. Vocês se amavam, apesar de tudo.  

Rose abraçou gentilmente a amiga.  

— Mas, será que ele quer se lembrar de mim? — falou ela com a voz baixinha, como uma garotinha assustada. — Ele agora pode viver livre de toda aquela dor... eu estou sendo egoísta, querendo que ele se lembre de mim, não é? E se ele mesmo quis assim?  

— Eu ainda acho que essa história toda um pouquinho louca... Mas, se você acredita que ele é Ben, então eu confio em você — declarou Rose. — E se um dia eu esquecesse das pessoas que mais amo, ficaria feliz se alguém tentasse trazer minhas memórias de volta ou ficasse ao meu lado, mesmo eu não me recordando de nada. E por mais doloroso que fosse meu passado, ele ainda é o meu passado... Ele faz parte de mim. Eu não iria querer perder uma parte minha.  

Rey escutou a amiga sem dizer nada. Ela estava tão confusa. E o fato de passar a noite em claro, derramando lágrimas, não ajudava nenhum um pouco. 

— Agora, trate de tomar um banho, se vestir, comer alguma coisa e ir para o trabalho. Fui eu quem arranjou esse emprego para você na sub-base de Lis, então, me sinto responsável quando você falta. 

Rey fez uma careta. 

— Vamos, Rey! Ou você quer que eu te jogue no banheiro agora, coloque você naquele uniforme e te mande para a oficina? Você sabe que posso fazer isso, pergunte ao Poe.  

Rey suspirou, mas acabou fazendo o que Rose pedia. No final, a amiga tinha razão. Ela não poderia se esconder de seus problemas para sempre.  

 

*********************************************** 

O clima na oficina era... complicado.  

Rey tentava se concentrar no caça em que trabalhava. Mas, era um pouco difícil com Ben ali do lado. Pelo menos, seus olhos estavam bem melhores depois de Rose lhe fazer uma compressa de água.  

As coisas pareciam não estar trabalhando a seu favor naquele dia, constatou quando sem notar mexeu onde não deveria e uma porção de graxa espirrou bem na sua cara.  

— Aqui, limpe-se com isso — disse Ben, passando a ela um pano limpo.  

— Obrigada... — agradeceu, pegando o pano, sem o olhar.  

Ele voltou ao trabalho, enquanto ela limpava a graxa.  

Os dois haviam estabelecido uma espécie de trégua silenciosa. Parecia que nenhum dos dois queria tocar no assunto da noite anterior.  

Rey terminou de limpar o rosto e voltou para o caça. A oficina estava excepcionalmente silenciosa naquele dia. Morpheus havia saído, o que colaborava para que aquela nuvem de silêncio se mantivesse estacionada sob suas cabeças. Quem diria que ela iria sentir falta da tagarelice do chefe... 

O barulho metálico cortou o silêncio. 

— BB-8! 

O droid veio até ela, rodando velozmente. 

— O que você está fazendo aqui? — perguntou, acariciando o droid. — Ah, Poe de trouxe... Poe te trouxe? 

Ela olhou para a Ben e depois para a porta em pânico. Porém, já era tarde demais para fazer qualquer movimento.  

— BB-8, amigão, vem aqui! — disse Poe, entrando na oficina.  

— O que você está fazendo aqui? — perguntou ela, indo rapidamente na direção dele, precisava tirá-lo daquele lugar.  

— Eu só vim pegar meu caça e... Por todos os Jedi, aquele é... Kylo Ren! — exclamou, completamente admirado ao avistar Ben. Era muita sorte ele estar ocupado demais naquele momento e suficientemente distante para não escutá-los. — Quando Finn me disse que ele era uma cópia idêntica do Ren eu não acreditei — falou, enquanto observava Ben como se fosse um animal exótico.  

Ah, aquele fofoqueiro do Finn, ele precisava mesmo ter contado para Poe sobre aquilo? Alguém iria experimentar a fúria de seu bastão, logo, logo.  

— Então, você veio aqui ver ele, não é? — falou Rey entredentes.  

— Só estava curioso — replicou ele, passando a mão nos cabelos. Porém, o charme dele nunca funcionaria com ela.  

— O que Finn disse para você? — perguntou mal-humorada.  

— Nada... Ontem, a gente saiu para beber e ele disse que na sub-base de Lis havia um clone do Ren — respondeu, dando os ombros.  

Parecia que Poe e Finn finalmente haviam feito as pazes. Depois do incidente com a prima da Governador de Búri, as coisas entre eles haviam estado um pouco complicadas.  

— Você não vai se meter com ele. Se você fizer qualquer coisa com ele, eu juro que... seu amiguinho nunca mais terá diversão na vida — ameaçou ela.  

— Ei, calminha, coração. Para que esse medo todo, hein? O cara é apenas parecido com o Kylo... ou... você acha que... 

— Cai fora daqui! — ordenou ela. — Você realmente quer que eu use meu sabre de luz no seu amiguinho, não é?  

— Tá bom, tá bom! Eu sei quando não sou bem-vindo — disse, suspirando. — Tchau, coração!  

Rey fez um sinal com a mão, indicando que ele deveria cair fora. 

— Vamos, amigão! — falou Poe para BB-8.  

O droid estava perto de Ben, girando em torno dele com curiosidade. BB-8 falava alguma para ele.  

— Também acho — respondeu Ben ao droid. 

— Vem, BB-8! — gritou Poe — Amanhã, venho ver meu caça — disse para Ben. — Quero ele funcionando direitinho, hein! Cuide dele com carinho — acrescentou, dando uma piscadela para ele.  

Ben olhou na direção de Dameron. E ela prometeu que em breve deixaria alguém muito infeliz.  

— Esse era o General Dameron, não era? — indagou Ben, vendo Poe sair da oficina na companhia do droid.  

— Era... ele veio ver o caça dele — respondeu entredentes. Ela estava cogitando os melhores modos de acabar com Finn e Poe.  

— Ah... 

Ele lhe lançou um olhar interrogativo e um tanto ansioso.  

— O quê? 

— Nada... — respondeu ele, desviando o olhar. — Melhor voltar ao trabalho.  

Rey observou-o se afastar. Algo naquele olhar... não, estava pensando bobagens.  

Era melhor voltar ao trabalho por enquanto, depois ela mataria pessoalmente Finn e Poe. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Rose é aquela amiga chuta o seu traseiro quando você precisa, né? kkkk E Poe pareceu bem interessado no Yuri/Ben... quem aí acredita que isso vai render muita confusão? kkkkk



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