Joyeux Noël escrita por kuriyamanyah


Capítulo 10
Capítulo IX




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Órbita do Planeta W - Quadrante Southeastern

10 dias para a véspera de Natal

 

A pior parte do plano foi a espera junto com a volta de memórias confusas, nada era muito claro e tudo era torturante. Jean não voltou para a nave de Ully depois da pequena reunião, vasculhou todos os esconderijos da nave em busca das bebidas que Audrey havia escondido. Queria qualquer alívio para a dor de cabeça e a confusão de sentimentos que sentia. Enquanto Greta ligava para alguns de seus contatos, para realizarem uma grande invasão de sistema, Ully visitou o francês em sua máquina. Tinha sido Audrey que a chamou, com o intuito de evitar que ele fumasse para se acalmar. 

— Ele está na cabine, meus robôs irão levá-la. — E ela foi empurrada pelos robôs de limpeza até o quarto de Grinch, onde Jean estava jogado na cama e segurando uma garrafa. 

— Oi… — acenou entrando no quarto, deitou do lado de Jean — Audrey disse para eu vir aqui. Você está horrível. 

— Você me traiu, Audrey! Eu disse que estava bem!

— Seus níveis de ansiedade estão maiores que o usual, estou fazendo o melhor que eu posso agora que você recusou todas as minhas alternativas para se acalmar — defendeu-se Audrey.

— Por que não deixa ela te ajudar? — Jean virou a cara — Vamos salvar seu amigo, ou amante. Você transa com todo ser que tem na frente? — ele riu e negou com a cabeça.

— Está com ciúmes, ma chérie?

— Nem de longe, eu gosto de dividir. 

— E eu que achei que você era tímida — bebeu mais um gole de cerveja.

— O amor é livre, não vou prender ninguém a mim como vocês fazem..

— Vocês não, não consigo deixar livre, mas gosto de compartilhar meu amor e meu corpo com um número pequeno de pessoas.

— Quer dizer uma pessoa só? — Jean riu.

— Não! Nunca dá certo isso, olha onde a gente foi parar — Ully riu pelo nariz e direcionou os quatros olhos para olhar Jean — Mais de uma pessoa, um triângulo fechado. Ou um círculo, mas talvez isso seja demais para mim agora. 

— Então, você gosta do malasiano ao mesmo tempo que gosta de outra?

— Se você estivesse no meu lugar… você me entenderia. E não é gostar, gostar… isso é muito colegial e, graças ao seu pai, eu me formei mais cedo. Digamos que toda vez que eu vejo um ou outro meu coração para, de um eu sinto raiva e do outro eu fico extremamente intimidado — estava quase dormindo, Audrey mostrava uma tela na parede atrás dele, sinalizando os níveis de ansiedade do francês para Ully sem que o mesmo percebesse. 

— E quem é a outra pessoa?

— Você sabe, acabei de falar — bocejou — ela me irrita muito assim como o pai dela — acariciou a bochecha da uranis que estava distraída vendo os sinais baixarem bem pouco, quando raciocinou o que ele disse tomou um pequeno susto. — Ah! Lembrei de mais uma coisa, minha vó sempre dizia que quando a pessoa eu brigava demais com uma pessoa era porque eu queria beijar ela — gargalhou e virou para o outro lado — Ela sempre acertava os ditados, sempre mesmo.

— Você gosta de mim mesmo eu tendo colocado um prêmio pela sua cabeça?

— E eu ainda vou me vingar de você por isso, ma chérie, mas por enquanto… Il est passé beaucoup d’eau sous le pont— adormeceu, os níveis de ansiedade ainda estavam altos, mas infelizmente eram os níveis usuais de Jean.

— Audrey, traduz. 

— “Muita água já passou debaixo dessa ponte”, ditado francês que significa que determinada coisa é passado. — Ully acariciou o rosto dele e pegou a garrafa, dando para um dos robôs de limpeza e os ajudou a esconder as outras bebidas que ele tinha achado. 

— Amanhã vamos invadir, Greta conseguiu passar pela defesa deles. Garanta que ele esteja preparado.

— Ele estará. Agradeço, Ully.

 

 

Base Fantasma, Planeta W

9 dias para a véspera de Natal

 

Quem visse do espaço imaginaria que era um show de luzes frenético, apenas isso. A invasão não teve plano, o trio entrou na atmosfera do planeta após Greta desligar alguns drones que faziam parte do escudo de defesa do Planeta W. Não pousaram as naves, pois não tinham tempo para isso, os alienígenas daquele lugar matariam eles na hora. Pularam das máquinas usando capacetes e trajes espaciais, com mochilas nas costas e armas laser nas mãos. Tinham se jogado em direção ao terraço da Base Fantasma. O teto era uma cúpula de vidro em cima de um grande quadrado de pedra, aquele globo era um mundo morto e sentia isso a quilômetros de distância. Não havia cores vivas e nem diferentes tipos de seres, nem que fossem microscópios. 

Se seguraram no vidro da cúpula usando as luvas que Audrey distribuiu, quando Jean levantou o corpo ele pode ver o céu escuro e a três luas alinhas do Planeta W que tinham um longo traçado, as conectando.  O trio não se importou muito em serem discretos, quebraram o vidro e nocautearam os primeiros que viram pela frente. Roubaram as chaves dos cientistas daquele lugar e foram guiados por Audrey - que também tinha se conectado no capacete de Greta e Ully - até o elevador deles. Uma grande círculo colado na parede que descia e subia rapidamente.

O francês usou outros de seus aparelhos, pegou um que fazia Audrey hackear todo o local e o ativou na primeira parede que viu. Sendo assim, a cada andar que eles subiam Audrey destruía as máquinas e fechava as portas, causando pânico geral. Não se importavam mais em serem discretos, atiravam em qualquer um que atrapalhava sua busca. Depois de três andares, conseguiram achar as prisões que ficavam distribuídas em três longos corredores e mais um pequeno corredor para as vítimas consideradas mais perigosas. 

— Grinch! Klaus! — os três gritavam enquanto andavam lentamente pelos corredores, com as armas a postos para qualquer imprevisto. 

Greta foi a que achou os dois sequestrados, chamou imediatamente os outros dois caçadores pelo seu aparelho. Ela encostou na porta e abriu a pequena janela, disse para os dois se afastarem e destruiu a porta. 

— Vamos, vamos! — os dois saíram correndo de dentro da cela, seguiram Greta quando ela foi atrás de Ully e Jean. — Encontrei eles! 

Jean correu até Grinch e lhe deu um abraço, o recepcionista se curvou um pouco para retribuir e depois interrompeu o abraço. Cumprimentaram Klaus no meio do pânico e entregaram armas aos dois. Estavam no corredor principal, o maior dos quatro, algum ser gritava pelas caixas de som uma língua que nenhum dos cinco falava e em poucos minutos eles estavam cercados e sem saída. 

Nöel esfregou as mãos, estalando os dedos várias vezes para criar faíscas, conseguiu criar um escudo em volta do estranho grupo. Jean falava com Audrey para achar alguma saída, Ully e Greta invocavam os raios e ventos que a abençoaram no nascimento. Grinch usava o pouco de magia que sabia para reforçar o escudo com ramos de pinheiro, galhos que envolveram o invisível escudo e lutava contra os alienígenas que profanavam seu casto.

— E qual o plano B? — perguntou Grinch

— Não tem plano. Improvisa, é o que sempre fazemos — respondeu Jean e o recepcionista se virou brevemente para ele, indignado e surpreso. Iria discutir, mas o francês não parecia bem, estava fazendo um grande esforço para ignorar toda a carga que aquela base trazia. Grinch suspirou, voltou a se concentrar no escudo de pinheiro que tinha feito. 

A luta era uma dança, que acompanhava o show de luzes e pequenas explosões que iluminava o planeta morto. Os seres daquele planeta usavam máscara, o laboratório era metal atrás de metal, vítimas entorpecidas pelas luzes fortes e substâncias viscosas. 

Curiosidade: a população deste planeta é composto por 70% de cientistas experimentais e 30% de cobaias. O asteroide que destruiu os três satélites do Planeta W lascou quando destruiu a terceira lua, o pequeno pedaço desviou do caminho do asteroide e caiu no ponto fundamental do único continente. O lugar está vivendo as consequências como os dinossauros da Terra viveram e morreram, porém apena uma parte da população não sobreviveu e agora… — era o que Audrey havia lhe explicado antes dele se jogar da nave. — Não é recomendado respirar sem capacete fora da base, para nenhum de vocês! 

— O que faremos agora? 

— Saímos por cima. Consegue fazer os galhos subirem a gente? — perguntou Jean à Grinch, ele deu um aceno com a cabeça e mais galhos começaram a crescer. Ao invés de um estudo, Grinch criava outro pinheiro que os guardaria dentro do casco para depois levarem o grupo para o teto. 

Todavia o plano improvisado deu errado, na verdade a execução não foi concluída e tudo parou, menos o pinheiro que agora crescia mais devagar. Os pensamentos ficaram lentos em todas as cabeças turbulentas, quem fazia magia teve o feitiço desacelerando e os cincos invasores eram aplaudidos pelo Líder Skyhoock. 

— Muito bem, muito bom, muito bem. Eu achei que tinha errado de Nöel quando sequestrei esse aí — somente os olhos não foram afetados. Eles buscavam o dono da voz com a visão, sentindo o corpo dar sinais de alerta sem parar. — Vocês fizeram muito estrago, eu não posso deixar vocês irem com tanto poder e determinação. Seus poderes são meus poderes, pelo direito de Bagueer!

— Que merda você 'tá falando? — Jean conseguiu pronunciar com dificuldade.

— Poder para sobreviver, quero todo o poder que Klaus Nöel têm. Magia que devia ser minha! Eu sou o herdeiro número 1! Eu que estava lá fazendo os estudos no pinheiro B13! — Grinch olhou de relance para Nöel, não se surpreendendo. — Eu dei minha visão pela ciência mágica, parte da minha memória e até minha forma — o líder andava calmamente até o grupo, desviando dos seus aliados e parando de frente para Jean. — Olá, criança, é bom vê-lo de novo. 



Nave Desertora, Lugar de Todos - Quadrante Bluecord

9 dias para a véspera de Natal

 

— Sem comida para você.

O chefe balançava o dedo negativamente para o subcomandante, comia o hambúrguer com carne de polvo na frente do ciclope amarrado a Tríade. Cinco caçadores estavam dos desertores, apontando armas de choque enquanto o chefe fazia uma pausa para o lanche. Havia caçadores em toda a nave, eles vasculharam a máquina e neutralizaram os poucos desertores que tinha ali.

— Eu não ia atrás de você por enquanto — lambeu os dedos e abriu mais um pacote de comida — Fiquei puto da vida no dia da revolta, depois fiquei um pouco chateado, mas quando vi que quase ninguém contratava vocês e meus pedidos dobraram achei tudo muito engraçado. Fez todo um teatro e continuou um coadjuvante, invisível e jogando o potencial dos meus recrutas no lixo. Melhor ainda! Perdeu a sua nave em dez minutos! — gargalhou com a comida na boca, apontou para os outros caçadores e estes começaram a rir depois. O chefe ficou sério e todos também ficaram. — Eu não gosto que mexam com meus filhos, número dois.

— Por isso abandonou metade deles quando eram crianças? — cuspiu — Age como se fosse um ótimo pai.

— Eu sou um ótimo pai! Eu não abandonei ninguém porque eu quis, já fui preso e sequestrado várias vezes! Você queria que eu fizesse o que? Visitação durante meus sequestros? Aumentar as chances deles serem raptados? Nem fudendo, figurante. E tente ter oito filhos que vivem invocando furacões e tempestades, invadindo meus sistemas e já tentou cuidar de gêmeos?! Se Ulysses não tivesse criado barba eu ainda confundiria ele com Ully! Enfim… pensei em me vingar de você várias vezes, mas o Universo já me fez esse favor. 

O chefe se levantou, dando tapas fortes na cara do ciclope enquanto ria, cuspindo farelos de comida. Foi até a grande janela da sala de comando, abrindo os braços e se maravilhando com aquela visão. Deu outra mordida no segundo sanduíche, virou-se para os desertores amarrados no chão e apontou para o subcomandante, que espumava de cólera. 

— Pelo menos fez uma boa aquisição. Contraditório, mas muito bonito. Queria reivindicar o lugar que ninguém é dono e veio para a galáxia que qualquer um é chefe? Uau, até trair seus próprios princípios você faz. Creed e Gumgum, liguem para a União!

— Mas, chefe… vamos ser presos quando a União chegar — argumentou Creed.

— E não vamos poder ficar com a nave…

— Saímos antes deles chegarem e roubamos a nave depois. É sempre mais divertido assim — jogou o aparelho para Shinoa que pegou com um dos tentáculos. Creed enviou as coordenadas para a União. — Reinicie H.E.Y e pegue o corpo, vamos sair com ele — aproximou-se do subcomandante — Você foi rebaixado, coadjuvante. 

— Chefe, a União está vindo.

— Opa! — Bateu palmas e foi saindo da sala de comando com os caçadores o seguindo, Shinoa carregava o corpo de H.E.Y nos tentáculos e a inteligência artificial fazia barulhos estranhos enquanto reiniciava. — Nós vemos no julgamento, figurante.



Base Fantasma, Planeta W

9 dias para a véspera de Natal

 

— Vocês são uma ótima equipe de resgate, fico muito feliz que tenham vindo me salvar e o saco de grana ali — apontou para Klaus — Deuses! Não sei o que faria sem vocês. Estudei todos os códigos da Ordem, os planos de invasão e resgate e vocês superaram anos de trabalho! 

O líder tirou o efeito de lentidão no grupo, depois de descongelar três servos e mandarem amarrar todos em colchões de metal e deixarem o colchão em pé, todos amarrados juntos em cima  um carrinho que era puxado por um dos servos. Eles estavam d

— Estava dando certo — argumentou Jean

— Não briguem, crianças. Vamos sair dessa, pensem positivo. — Grinch revirou os olhos.

— Estou pensando positivo, Nöel. Se ninguém vai nos matar, vamos ser abertos e costurados, depois ser sugados pelo seu herdeiro ali — apontou para o líder que estava na frente, com um sorriso vitorioso. — Não acredito que vocês têm mais casos resolvidos que meus superiores. Estava até pensando em me juntar aos caçadores…

— Sério? — Jean virou a cabeça, mas as pessoas ao seu lado eram Greta e Klaus.

— Sim, sim. Só pela satisfação de ver meu Sênior perder a ótima aquisição que ele tinha — riu irônico e bateu a cabeça no metal — Mas isso não vai mais acontecer, porque estamos fudidos e se todo trabalho for assim eu vou querer muitos benefícios. E também não quero andar com as duas assombrações aqui que não param de sussurrar enquanto dorme. Você que conhece a quatro olhos aí, a tatuagem no pescoço era tão brilhante assim? 

Jean olhou para Greta, as duas não tinham parado de murmuram coisas estranhas nem quanto adormeceram. Se não fosse os cintos segurando as duas, elas já teriam sido jogadas no chão fazia tempo. Audrey tinha sumido, o francês estava ficando sem ideias do que podia fazer. O servo e o líder os levaram para o último andar, Skyhoock riu quando viu o enorme buraco no teto de vidro que já era consertado pelos drones. 

— E agora vamos para o clichê de sempre, você vai contar seu plano maligno ou jogar na cara dele que você é um herdeiro digno? Nos agracie com a sua história, tenho nada para fazer. 

— Grinch!

— Não, não, quero ouvir. Confia em mim, terráqueo — assobiou, sendo atendido  por Audrey — Qual foi sua história triste? Ele era seu pai, vocês dois faziam experiências e te abandonou? Não, muito previsível.

— Calado! Eu não vou contar nada, não vai fazer diferença. Vocês vão esquecer tudo depois, vai ser como da primeira vez, humano. Nem vai lembrar de onde veio — riu, os olhos grandes causando repulsa em Jean.

— Se não vai fazer diferença, então conta porra. Você vai roubar o resto da magia que eu tenho, mereço saber o motivo. Espero ser um bom ótimo para perder minha memória e ter me arriscado para salvar o filha da puta aqui — apontou para Klaus de novo. 

— Compartilho do seu desafeto. Faz anos que não vejo ninguém do Eixo Norte odiar ele tanto quanto eu. Você tem razão, não vai fazer diferença. 

 Jean olhava ao redor procurando alguma solução, tentava pegar a arma de choque que sempre levava na cintura, atrás das costas. A mochila machucava suas costas e estava ficando tão frustrado quanto Grinch, não queria saber a porra do motivo. Queria sair daquele lugar, matar aquele alienígena de um metro e meio e manter distância, a maior distância que podia dali. O francês tinha concluído que não queria mesmo, em nenhuma hipótese, lembrar do que aconteceu com ele naquele lugar. Que se foda a tradição de sua família, não iria perdoar ele. Sentia a necessidade enorme de socar tanto Ully e Greta que tinham apagado na melhor hora quanto Grinch por não calar a boca, tudo naquele lugar o dava pontadas na cabeça fazendo a raiva subir pela nuca. 

— A experiência foi um sucesso, mesmo que eu tenha sido castigado pelos deuses. 

— E tenha deixado várias famílias sem pinheiros, mas não vamos lembrar dos detalhes, não é?

— Ossos do ofício. E eu salvei algumas das famílias, elas estão aqui continuando nosso trabalho. Depois que os Petrova levaram nosso recurso e a ciência da magia com eles, colonizei este planeta, foi difícil recuperar os danos quando o Asteroide 23 nos acertou, mas conseguimos.

— Meus parabéns, ninguém consegue respirar sem máscara fora daqui, mas você conseguiu reparar os danos — provocou Grinch.

— Nosso plano era unir a magia do pinheiro com a magia dele — Klaus suspirou — Deu certo, mas os pinheiros se revoltaram e deram o restante da sua magia para a terra. O Eixo Norte entrou em desequilíbrio, a população perdeu parte de sua magia junto com os pinheiros rebeldes. 

— E você considera isso um sucesso? Uau. 

— Não pode me julgar, estava seguindo ordens e sendo muito bem pago. Me prometeram ser o próximo herdeiro da família Noix, Klaus ia ficar em segundo na linha de sucessão, mas aí o pinheiro escolheu ele para herdar a magia e tem mais! — tossiu — O pinheiro decidiu que eu não era digno de ter mais magia e a devolveu para o Criador. E deu ao querido Klaus, sem eu saber, o poder de passar sua magia adiante. Demorei para saber qual dos seus parentes era o escolhido e você disfarçou bem, mas aí eles chegaram atrás de você e estragou sua farsa!

— Então, você quer que ele passe a magia dele para você? Só que como ele não vai passar por livre espontânea vontade… E dessa vez eu concordo com você, Nöel, nem eu faria dessa coisa meu herdeiro! Você decidiu escravizar os malasianos que vocês fuderam e arrancar dele a força?! Maligno, mas dou nota três para você. Poderia ser mais maquiavélico e criativo, afinal você é um mago! Que o número três te abençoe como abençoou o velho aqui.

— Cala a boca! Eu não preciso da sorte dos números! Vocês não podem fazer nada agora! — interrompeu-se, voltando ao sinistro silêncio. — Não vou perder mais tempo com vocês. Servos, peguem as ferramentas. Eu mesmo farei a extração.

— Isso não vai acontecer, filho prodígio. — Jean prestou atenção nos dizeres de Grinch, já tinha aceitado a derrota mesmo que planejasse um motim igual ao que tinha feito na prisão. — Você pode ter neutralizado minha magia e a do velho aqui, mas não pode parar a natureza. 

— Está falando das duas uranis? Elas são usuárias de magia, é claro que elas também foram neutralizadas! Está querendo me distrair com suas mentiras desesperadas. — Pegou a agulha que seu servo tinha lhe dado e foi em direção a Grinch.

— Não, não. Correção. Audrey?

— Invasão concluída. 

— O que estão fazendo com a minha base?!

— Minha base agora. "Ha-ha" — os robôs pararam de se mexer e os servos olhavam em volta procurando a dona da voz. — Correção: no Planeta W, X e Y a magia é uma ciência, os corpos utilizam o éter absorvido da atmosfera para reproduzir diferentes dobramentos de energia cósmica, que são devolvidos de volta para o planeta. Diferente de Urano, onde as formas de vida são ligadas ao núcleo e as grandes tempestades do planeta. Não existe troca, os seres vivos de Urano são abençoados pelas próprias divindades da natureza. Robôs, matem aquele otário.

Audrey corrompeu os robôs e as duas irmãs acordaram de seu estranho sono. As duas levantaram a cabeça e olharam para o teto de vidro, as tatuagens brancas de Ully e de Greta subiram do pescoço para a região abaixo dos dois olhos inferiores. Grinch e Jean observava a uranis que estava ao seu lado. 

— Ha-ha, ha-ha, ha-ha — dizia Audrey sem parar, um dos robôs que tinha corrompido não fazia nada, apenas girava com os braços abertos e atirando nas paredes. — Skyhoock perdeu a base, Skyhoock perdeu a base, ha-ha. Jean, favor, limpar meus sistemas urgentemente. 

Zéfiro…

Bóreas… 

— Fechem os olhos, crianças — disse Grinch divertido, deliciava-se vendo Skyhoock atirar em fotos e jogar os servos na frente em uma falha tentativa de se defender. — Seja lá quem elas estejam chamado deve ser muito forte. Espero que façam valer a pena tantas vezes vezes demora. 

— Grinch!

— Só aproveita o show, humano. Olhe para cima, vai ser uma linda aurora boreal. 

A razão voltou para Grinch, ele estava certo, foi uma cena linda de ver. Raios surgiram do céu, acertando as duas irmãs e cortando os cintos que os amarravam. Jean, Grinch e Klaus caíram no chão. O francês olhou maravilhado para Ully e Greta que flutuavam e giravam os braços, causando furacões do lado de fora da base. Os raios acertavam as duas e voltando para a atmosfera. As duas fizeram acontecer tempestades, era um ar tão intoxicado que chovia ácido e queimava as outras bases menores e quem quer que estivesse do lado de fora. As duas naves que estiveram fugindo das naves inimigas durante esse tempo, voaram para cima das nuvens deixando os inimigos queimando para trás. 

Quando as nuvens foram embora, uma cena de horror estava pintando nas ilhas cheias de bases destruídas com um mar de óleo fingindo ser água. O céu, pela primeira vez em muitos ciclos, tinha partes livres de ar tóxico e escuro, mostrando o céu roxo e luzes verdes dançando sobre a tragédia.

— Isso é uma estratégia, terráqueo! Obrigado, Audrey, você sempre me atende. — Grinch olhava para o céu de braços abertos, depois virou para Jean, que estava de pé ao seu lado, entregou a ele a arma que tinha pegado do chão. O francês olhou para o rosto sujo de Grinch e depois para a arma, aceitou de bom grado, mas confuso sobre o que devia fazer.  — Você termina o serviço, caçador. 

— Não sei se quero matá-lo — confessou olhando para trás. Ully e Greta voltaram ao normal e ajudava Klaus a se levantar. Audrey segurava Skyhoock com alguns robôs e usava um deles para bater na  cabeça do líder. 

— Luas! Não estou pedindo para você fazer isso! Está descarregada, segundo Audrey.

— E o que eu vou fazer com uma arma descarregada, stupide

— O que sempre fazem em Coroas e Outras Coisas — Jean inclinou a cabeça e Grinch fez o que sempre quis fazer desde que o viu, apoiou o braço na cabeça coberta pelo capacete. — Usar como cacetete, idiota. Vá ser um humano baixinho feliz e desconte sua raiva nele.

— Você tem 30 minutos — alertou Audrey — Enviei as gravações para a União, um batalhão está vindo para cá.

— Temos que sair daqui antes deles chegarem — avisou Ully com um dos braços de Klaus apoiado nos ombros. — Aproveite seu momento, não quero ter mais problemas.

Jean deu seu melhor sorriso para os dois, foi correndo até Skyhoock e pediu licença para o robô que batia em sua cabeça. Descontou toda sua raiva em um único golpe, o líder cuspiu alguns dos dentes pontiagudos e desmaiou. Foi amarrado pelos robôs de Audrey e os cinco saíram dali o mais rápido possível, descansando nas naves enquanto se preparavam para entrar no Planeta Y novamente. 

 


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