Sempre foi Você escrita por dannyoq


Capítulo 8
Primeiros de muitos




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Amor à primeira vista:

Quando os olhos

Falam a mesma língua.

— Daniel Daarte

 

 

Era sábado, e para muitos seria só mais um dia comum, mas para Regina e Robin, fora o dia escolhido para terem seu primeiro encontro.

Robin não categorizou o pedido como um encontro de fato, poderia ser apenas uma saída casual de dois amigos querendo aproveitar o que a noite da cidade que não dorme, tem a oferecer-lhes. Porém, do jeito que ambos estavam nervosos, nem precisaria de palavras para confirmar o desejo deles.

Aquela noite com toda certeza seria um primeiro encontro.

Ainda faltavam algumas horas para o horário que tinham marcado. Robin ficou de passar no apartamento de Regina para pegá-la, mesmo que ela tenha insistido que não precisava fazê-lo, com o argumento de que o loiro não conhecia tão bem Nova York, falando para encontrarem no local ou que ela mesma deveria buscá-lo em seu apartamento, porém o loiro fizera questão de ir buscá-la, afinal, era uma surpresa, não era? Assim, depois de muita insistência de Robin, Regina passou seu endereço por mensagem.

 

— Você vai fazer um buraco no chão de tanto andar nesse closet, Regina! – a voz da ruiva pôde ser ouvida através do aparelho celular.

Elas estavam em uma ligação por FaceTime, por motivos de: a morena não sabia o que vestir e claro, precisava de sua melhor amiga no momento. Por ela, Zelena estaria ali naquele momento, mas como não pôde, então a ligação serviria.

— Eu só não sei o que vestir, tá legal? Você tem que me ajudar. – falou com um tom de voz beirando a suplica.

Ela sentia um misto de aflição e desespero. Sabe adolescente que está indo para seu primeiro encontro? Pois é, Mills estava à beira de um colapso se não encontrasse algo para vestir.

— Você nunca sabe. – revirou seus olhos verdes em direção à câmera. - Mas, hoje, está muito pior. – a ruiva acrescentou. -Não sei o que seria de você sem mim. – nem ela saberia dizer.

— Não tem nada de diferente hoje. – seus olhos reviravam em sua costumeira intenção de não dar atenção ao que a amiga quis dizer. -Só estou em dúvida do que vestir e você pode parar de ficar me provocando e me ajudar a escolher alguma coisa? – falou, enquanto seguia em direção ao closet mais uma vez.

— Se essa pilha de roupas aí quer dizer nada, então tudo bem, não está mais aqui quem falou. – Zelena referia-se a grande quantidade de vestidos e outras peças que estava no chão do closet.

— O que você acha desse? – mostrou a peça a amiga, que pela expressão de satisfação, tinha aprovado.

— Ele, com certeza! – exclamou a ruiva, dando pulinhos de animação. -Você fica muito gata nesse vestido e tenho certeza que seu amigo colorido vai amar. – Zelena soltou uma gargalhada com a expressão de Regina, agradecendo mentalmente por não estarem no mesmo ambiente ou isso transformaria-se em um belo de um tapa.

— Ele não é meu amigo colorido, Zelena! É só um... Amigo. – a morena logo tratou de explicar. Talvez ela quisesse reforçar uma coisa que nem ela mesma tinha certeza.

— Ainda. –Mills lançou-a um olhar fuzilante. – Okay! Parei. Coloca aquela jaqueta de couro e o Scarpin preto. Look escolhido e maravilhoso babe.

— Obrigada pela ajuda ruiva. Já disse que te amo hoje? – soltou um beijo para a amiga.

— Acho que ainda não. – colocou o dedo indicador sobre o queixo, como quem estivesse pensando. Logo em seguida sua gargalhada traspassava o aparelho celular.

Conversaram por mais algum tempo, distraindo um pouco Regina, porque era quase impossível estar com Zelena e não se distrair com todas as suas pérolas e alegria que contagiavam qualquer pessoa, mesmo que por uma chamada de vídeo.

Por fim, a ligação fora encerrada e um pedido para que a morena aproveitasse e, claro, contasse-lhe tudo depois fora feito.

.

♡♡♡

 

Robin procurou na internet algum lugar para levar Regina, achou um que era bastante recomendado.  Teria que confiar nas avaliações positivas, já que não conhecia nenhum lugar ali. Esperava surpreendê-la e a hipótese disso não acontecer causava calafrios no loiro.

Foi teimoso em insistir que a apanharia em casa? Sim. Teria que apelar para o bom e velho aplicativo de localização. Mas, não perderia de forma alguma a oportunidade de agradá-la.

Definitivamente, ele não estava reconhecendo-se, nenhuma mulher o arrebatara desse jeito. Claro que ele tinha seus namoros; seus desejos, mas, com a morena era uma necessidade a mais, uma necessidade de agradá-la, de deixá-la confortável. Ele até poderia não estar reconhecendo-se, mas também pouco se importava com isso.

Robin deu alguns telefonemas e tudo estava encaminhado para mais tarde. Dissera para a morena que não precisava necessariamente ser um encontro, mas a verdade é que ele queria muito que fosse.

O nervosismo já tomava conta de seu corpo, como se fosse um adolescente que vai pela primeira vez a um baile com a garota mais bonita da escola.

 

♡♡♡

 

O tempo parecia acompanhar e compadecer-se da aflição dos dois, resolvendo apressar seus ponteiros. Quando Regina deu por si, já estava na hora de começar a arrumar-se, já que não queria atrasar logo hoje.

Apressou-se até seu quarto, seguindo até o banheiro, onde tomou um banho quente para relaxar e espantar toda a tensão sobre seu corpo. Passou sua loção preferida no corpo e seguiu para o quarto. Tudo que ela usaria já estava devidamente separado em cima da cama.

Ela escolhera um vestido preto de alcinhas, justo e que modelava perfeitamente seu corpo, com o comprimento um palmo acima do joelho, ele tinha uma abertura ate a metade das costas. Fez uma maquiagem leve nos olhos e nos lábios tinha seu inseparável batom vermelho. Deixou os cabelos soltos e colocou a jaqueta de couro preta que estava separada junto com as outras coisas, já que era noite e com certeza faria frio, e também pela abertura no vestido. O scarpin escolhido era de solo envernizado e por último, mas não menos importante, passou seu perfume preferido, tinha um cheiro suave de maçãs.

Assim que terminou de arrumar-se seu celular a alertara sobre uma nova mensagem.

Só poderia ser ele. E era.

Mensagem On

Robin Locksley (20:00): Já estou aqui embaixo.

 

Regina Mills (20:01): Não quer subir?

 

Robin Locksley (20:01): Acho melhor esperar aqui mesmo.

 

Regina Mills (20:01): Okay! Estou descendo.

 

Mensagem Off

 

Regina pegou sua bolsa, verificando se não estava esquecendo-se de nada, seu celular, as chaves de casa e saiu. Qualquer um que a visse, notaria nitidamente que estava nervosa, suas mãos suavam e seu corpo estava escorado sobre as paredes de metal, alheia a tudo ao seu redor.

Assim que as portas do elevador se abriram e o barulho despertou-a do transe, ela pôde vislumbrar a figura do loiro esperando-a no hall de entrada do prédio. Seus olhos percorreram por toda a extensão de seu corpo, ele vestia uma calça jeans escura e uma camisa azul marinho com uma jaqueta. Seu coração palpitou mais forte, ele estava lindo.

Quando suas orbes encontraram-se, Regina sentiu como se seu estômago estivesse sendo povoado por várias borboletas. “Então é desse jeito que as pessoas ficam quando dizem estar com elas no estômago?” Pensou.

Ela caminhava em sua direção a passos lentos, e a cada um que dava seu coração errava uma batida. Os olhos não perderam contato durante o curto trajeto, muito pelo contrário, pareciam imãs atraídos completamente um pelo outro. Mais alguns passos e já encontravam-se de frente um para o outro.

— Oi. – disse ainda sem desviar o olhar, em um sussurro beirando quase a timidez, dando um sorriso de canto, coisa que o loiro achava encantadora.

— Oi! Você está linda, Regina. – sorriu. Ele dera um passo à frente, diminuindo a distância entre eles e envolvendo-a em um abraço aconchegante, sentira medo que ela recusasse tal contato ou que estivesse começando errado, mas tinha que abraçá-la naquele momento.

E lá estavam eles, os corpos encaixados na mais perfeita combinação, ambos de olhos fechados apreciando aquele gesto. O loiro inalou seu perfume de maças. “linda e cheirosa” pensou ele. Assim que desfizeram o abraço, voltaram a conectar suas íris.

— Trouxe isso. – Robin tirou a mão que estava escondida atrás do corpo e uma bela rosa vermelha pôde ser vista. Imediatamente um sorriso nascera nos lábios da morena, iluminando-a ainda mais.

— É linda, Robin! Obrigado! – ela agradecia tanto pela rosa, quanto pelo elogio dado há alguns segundos atrás. Pegou-a da mão do loiro e aproximou de seu nariz sentindo o perfume da flor. - Não precisava ter se incomodado. – disse por fim.

— Não foi nenhum incômodo. – um sorriso tímido brincava no rosto de ambos. – Vamos?

— Vamos. – os dois começaram a andar, um ao lado do outro, em direção ao veiculo.  – Você não está nada mal. – ao proferir as palavras, Regina soltou uma gargalhada da reação do loiro.

— Obrigado, vou levar como um elogio, bom... Eu acho. – fez graça.

— Achou certo. – deu-lhe mais um sorriso.

Robin parou em frente à porta do carona, abrindo-a para que Regina entrasse. Ela agradeceu com mais um sorriso. Suspeitava dizer que esses não seriam os únicos da noite. Assim que ele deu a volta no carro e entrou em seguida, colocaram o cinto de segurança e o loiro deu partida.

Robin seguia com total atenção nas ruas, já que não conhecia quase nada do lugar, e não queria errar o caminho. A voz da morena tirou-o de sua concentração.

— Não vai falar mesmo aonde vamos? – perguntou-o, olhando em sua direção. Seus olhos denunciavam curiosidade, e ele dera um sorriso de canto ao perceber que, mesmo em pouco dias, já conseguia decifrá-la.

— Sinto desapontá-la, mas não. Surpresa. – disse-a, tirando a atenção da estrada por alguns segundos para olhá-la, vendo que logo após a resposta ela tinha um bico formado nos lábios, coisa que fez Robin sorrir e achar uma graça. Ponto para Regina Mills. –Não fique com esse bico.

— Não tem bico nenhum aqui. – mostrou-lhe a língua. Quem os visse diria que eram duas crianças de cinco anos fazendo birra uma para outra.

Conversaram durante todo o percurso, uma conversa leve e agradável. Eles estavam tão confortáveis com a presença um do outro que pareciam até velhos amigos. Talvez não precisassem de muito para se tornarem. Como dizem por aí, o tempo não importa quando o que se sente é verdadeiro. E o que está crescendo aqui meus amigos, é a forma mais subliminar dele.

Depois de algum tempo no veículo e com medo de que tivesse errado o caminho, Robin estacionou o carro. Deu a volta na sua BMW preta, abrindo a porta para ela.

— Muito obrigado, senhor cavalheiro. – piscou para ele. Robin estendeu-lhe a mão, ajudando-a descer.

— Não há de que, senhorita. – levou uma de suas mãos até a base das costas dela, guiando-a até a entrada do lugar. Ambos estremeceram com aquele pequeno contato, mas não o desfizeram.

Caminharam daquela forma até a entrada do bar, Robin estava ansioso para saber o que ela iria achar do lugar, e assim que os olhos dela bateram no espaço, a animação fez-se presente e um sorriso no rosto dele surgira de imediato. O ambiente era bastante aconchegante. tinha varias mesas espalhadas por todos lugares, e um palco mais ao centro. Escolheram sentar em um lugar mais afastado, para que pudessem conversar sem que o barulho atrapalhasse-os.

— Eu não acredito que você me trouxe aqui. – ela falou, enquanto olhava tudo ao redor. Estava encantada por toda a decoração e muito mais porque fazia algum tempo que não ia a um barzinho com música.

— Eu te falei que costumo cumprir com minhas promessas. – mais um sorriso. –Então, você gostou?

— Eu amei Robin! Parece que você adivinhou, porque faz tempo que não venho a um lugar assim. – parou de falar olhando para um pequeno palco que tinha mais ao centro do ambiente. – Oh deus! Tem karaokê. – seus olhos brilhavam.

— Confesso que fico mais tranquilo em saber que você gostou. Como não conheço muito daqui ainda tive que apelar para a sorte. – ela apenas sorriu e afirmou com a cabeça. – Podemos ir lá depois, se você quiser. – disse, apontando para o palco.

— Mesmo? – parecia uma criança prestes a ganhar seu brinquedo preferido.

— Sim. – sorriu, deixando suas covinhas aparentes.

— Tô parecendo uma boba, né? Você me convida para um enc... – olhou-o. – Para sair e fico agindo como uma criança de dez anos. Desculpa. – acanhou-se.

— Você não tem que pedir desculpa em absolutamente nada, quero que você sinta-se livre pra ser o que quiser, de verdade. Sem julgamentos aqui. – falava em alguns tons mais altos, mas sem deixar de ser suave, devido à música alta que tocava no espaço.

Ao ouvir todas aquelas palavras, o coração de Regina esquecera como se faz para bater em ritmo. Ele poderia ser mais fofo do que já estava sendo? O que ele não sabia, ainda, é que ela sentia-se livre pra ser o que quisesse ao lado dele.

Fizeram seus pedidos de bebidas ao garçom. Robin optou por uma que não tivesse muito teor alcoólico, visto que, estava dirigindo. A morena escolhera uma marguerita. Logo o garçom estava de volta com os drinks escolhidos. Continuaram conversando, vez ou outra, algumas gargalhadas misturavam-se com a música tocada. Assim que seu copo encontrou-se vazio, Regina pediu novamente a mesma bebida.

Ela sentia-se feliz e queria aproveitar.

— Você lembrou que disse que me traria em um bar para dançar, estou impressionada. – seu semblante estava suave, talvez pela bebida, talvez, pelo momento.

Eles olhavam-se. Olhares que gostariam de decifrar.

— Eu não esqueceria nada que se referisse a você, Regina. – tomou um gole do drink. – Pode apostar.

Antes que ela pensasse em respondê-lo uma música começou a tocar e ela logo se animou. A bebida já estava deixando-a mais alegre que o normal, mas ela não importaria-se com aquilo naquele momento, ela só queria dançar na companhia de Robin.

— Robin! Nós precisamos dançar essa música. – falou já tirando a jaqueta que vestira, deixando o decote do vestido mais visível, Robin não pode deixar de reparar naquilo; ela estava perfeita, mas logo tratou de focar no rosto da morena. – Vem! – levantou, puxando-o. Ele reparou também no detalhe das costas, Deus! Respirou fundo, voltando para a realidade.

— Estou indo, apressadinha. – o loiro falou rindo, indo logo atrás dela.

Regina já estava no meio da pista de dança a espera do loiro, de olhos fechados ela mexia-se no ritmo da musica, quando um moreno alto a abordou. De inicio ela não prestou muita atenção no rapaz, mas quando ele dirigiu a palavra a ela, ela olhou-o com um rosto indecifrável.

— O que uma mulher tão linda como você faz aqui sozinha? – ele chegou um pouco mais perto e sua voz preencheu os ouvidos dela.

— Dançando? – ela falou com desdém.

— Posso juntar-me a você? – perguntou.

— Não tô interessada, obrigada. – respondeu-o, virando o corpo ficando de costas para ele.

Robin que estava indo em sua direção com um sorriso bobo no rosto por toda a alegria dela, sentindo-se feliz por estar compartilhando esse momento com ela, parou instantaneamente. Quando viu a cena, sentiu uma pontada no coração, mas ele não era nada dela para sentir isso, era? Não tinha o direito. Mas, quando viu que ele tocou-a no braço e ela puxou-o de volta para si, uma raiva tomou conta de si. Voltou a andar, apressando os passos.

— Tá tudo bem por aqui? – ele perguntou, com um tom de voz mais sério. Ele revezava o olhar entre os dois, quando Regina iria se pronunciar, o rapaz fora mais rápido. 

— Desculpa cara. Não sabia que ela estava acompanhada. – o moreno pronunciou-se, as palavras dele o tiraram do sério.

— Primeiro que não é a mim que você tem que pedir desculpas, e sim a ela. E mesmo que ela estivesse sozinha, não te dá o direito de invadir o espaço se ela não te der permissão. – os olhos de Robin estavam escuros de raiva, odiava ter que presenciar atitudes como esta, ainda mais com Regina. –Agora some daqui, antes que eu mesmo encarregue-me disso. - Não precisou dizer outra vez, da mesma forma que ele surgiu, ele fora embora.  – Você esta bem? – seu olhar voltara para ela. Seus olhos percorriam por todo o seu corpo e rosto a fim de achar alguma coisa.

— Estou sim. – ela só conseguia admirá-lo ainda mais. – Vem, vamos dançar. Não vamos deixar esse babaca estragar nossa noite. – pegou em sua mão, para enfim começarem a dançar.

Alguns segundos depois eles já estavam dançando. Alheios a tudo e a todos, só o mundo deles existia no momento. Robin a girava no ritmo da música e suas gargalhadas poderiam ser ouvidas por quem estivesse perto.  Dançaram com total sincronia até o final da música, seus rostos externavam a mais pura felicidade.

Eles estavam de fato felizes.

♪♫ Dive – Ed Sheeran ♫♪

Uma música mais calma começou a tocar, como se alguém soubesse que eles precisavam dançar aquele ritmo, que poderia ser o começo para que uma faísca nascesse ali.

Agora só os casais encontravam-se na pista de dança. Robin buscou o olhar de Regina, como quem pedisse permissão. E a resposta estava ali, em seus olhos. Estes que estavam mais escuros, e ele poderia adicioná-los a uma de suas cores preferidas. Todos os tons de suas orbes assumiam sua preferência.

Nenhum dos dois saberia dizer o que sentiram no momento, mas precisavam daquilo... Queriam aquilo. Eles aproximaram-se, Robin acolheu o corpo dela ao dele, e o encaixe mais uma vez estava ali. Era inegável toda a tensão que cercava-os. O loiro depositou uma mão na cintura dela e a outra estava nas costas, seus dedos tocavam a pele desnuda dela. Regina por sua vez tinha as duas mãos envolta do pescoço dele e com as pontas dos dedos deixava um afago em seus cabelos e o rosto estava apoiado em seu peito.

Ambos estavam de olhos fechados, sentindo todo aquele momento. Estavam mais uma vez alheios a qualquer coisa, só se importavam com o ali... Com o contato de seus corpos, tão próximos, tão deles.

Dançavam no ritmo da música, sentindo-a, vivendo um momento apenas deles. Robin inalou o perfume daqueles cabelos negros, e ele poderia dizer que a partir de agora, ou para sempre, aquele seria seu cheiro favorito. Tudo em Regina se tornava favorito para ele, e aos poucos ele ia descobrindo isso.

O desejo era que o tempo da música fosse eterno, nenhum dos dois queriam desfazer o contato, mas também não tinham coragem para admitir. Ambos não queriam apressar as coisas, tinham medo... Mas, o que eles não prestaram atenção ainda, é que talvez, o tempo quisesse adiantar os ponteiros. Eles não decidiam nada ali, a única coisa que poderiam fazer era sentir, porque o resto... O resto, o senhor destino tomara conta.

Ficaram abraçados até os últimos segundos da música, a respiração dos dois já estavam um tanto quanto descompassada, e assim que a música chegara ao fim eles separaram-se, buscando com o olhar um ao outro, como sempre acontecia quando precisavam de respostas.

Logo outra musica um pouco mais agitada pode ser ouvida. Eles dançaram mais algumas músicas e voltaram para a mesa que estavam, com sorrisos que insistiam em brincar em ambos os lábios.

— Até que você não dança mal. – ele queria que o clima entre eles voltasse a ser leve. – Nem pisou no meu pé. – Ela tinha um olhar de incredulidade para ele, que só gargalhou diante de sua expressão.

— Você também dá para o gasto. – mostrou a língua para ele.

Pediram mais bebidas e continuaram o papo. Robin agradecia por a conversa entre eles não tivesse seguido para o caminho do estranho. Talvez, eles estivessem conectados demais para que isso acontecesse.

As horas passaram e eles nem se deram conta. O bar já não estava tão lotado e o palco já poderia ser utilizado para o karaokê. Algumas pessoas já tinham aventurado-se por lá, e Robin percebeu que os olhos de Regina brilhavam, ela realmente queria muito fazer aquilo. No minuto seguinte a tal percepção, já estavam de mãos dadas indo em direção ao palco.

A próxima musica que iria tocar seria “Wonderwall, do Oasis”, Robin começou a cantarolar as primeiras estrofes, incentivando para que ela fizesse o mesmo.

— Today is gonna be the day/ That they're gonna throw it back to you/ By now you should've somehow/ Realized what you gotta do/  I don't believe that anybody/  Feels the way I do about you now...

(Hoje será o dia/ Em que eles vão jogar tudo de volta em você/ Neste momento você já deveria de algum modo/ Ter percebido o que deve fazer/ Eu não acredito que alguém/ Sinta o mesmo que eu sinto por você agora...) — sua voz era incrivelmente rouca e gostosa de ouvir, um arrepio invadiu sem permissão sua espinha, ela estava mais encantada do que antes. Ele olhava para ela a cada palavra dita. Eles estavam, mais uma vez, em um momento só deles.

— And all the roads we have to walk are winding/ And all the lights that lead us there are blinding/ There are many things that I/ Would like to say to you/ but I don't know how...

(E todas as estradas que temos que percorrer são tortuosas/ E todas as luzes que nos levam até lá nos cegam/ Há muitas coisas que eu/ Gostaria de dizer a você/ mas eu não sei como...) — aos poucos Regina fora deixando a timidez de lado e acompanhou Robin na música.

— Because maybe/ You're gonna be the one that saves me/ And after all/ You're my wonderwall...

 (Porque talvez/ Você será aquela que me salva/ E no final de tudo/ Você é minha protetora...) – Robin cantou mais um trecho da música diretamente para ela.

Eles divertiam-se em cima daquele palco improvisado, fazendo caras e bocas. Talvez estivessem alheios demais para darem conta do que a canção queria dizer, talvez, dissesse tudo. Estavam livres, livres de qualquer pensamento ou problemas. Naquele mini palco só existiam eles. Robin e Regina. Duas pessoas, dois corpos... Duas almas, talvez, predestinadas.

— Eu não acredito que fizemos aquilo. – a voz de Regina pode ser ouvida um tanto animada.

— Fizemos sim. – ele confirmou. - Você canta bem, Mills. – ele agora ria.

— Não seja palhaço. – deu-lhe uma tapa no braço. – O cantor aqui é você. Robin, você canta maravilhosamente bem. – concluiu, ainda encantada com a voz dele.

Robin estava totalmente apto para dirigir, não tinha ingerido nada que pudesse afetar sua capacidade de direção, e se não estivesse apanharia um táxi. Colocaram o cinto de segurança e o loiro dera partida. Agora que já sabia o caminho, fez o percurso até a casa de Regina com mais tranquilidade.

Foram o resto do caminho em silêncio, não um silêncio que incomodava, pelo contrário, talvez ambos precisassem colocar os pensamentos em ordem. Vez ou outra, Robin olhava-a de soslaio e ela tinha um sorriso contido nos lábios.

Mais alguns minutos e o loiro estacionara o carro em frente ao prédio da morena.

— Bom... Chegamos. – disse, tirando-a de seus pensamentos.

— Chegamos. – pronunciou com uma voz beirando o sussurro, e que se eles não estivessem em meio ao silêncio nem daria pra ser ouvido. Ficaram em silêncio por mais alguns instantes. Quando Regina iria sair do carro a voz de Robin foi ouvida.

— Deixa que eu abro pra você. – e assim fora feito, ele deu a volta no carro, abrindo a porta para ela. – Não se esqueça da rosa.

— Pode deixar. – pegou suas coisas e a rosa que ganhara na ida em mãos e saiu do carro.

Eles estavam de frente um para o outro, seus olhos estavam alinhados mais uma vez naquela noite. Eles não precisavam dizer nada quando tinham aquelas duas cores conversando entre si. Suas íris já se conheciam o suficiente para terem uma conversa silenciosa, sem necessidade de palavras.

— Obrigado por essa noite, Robin. Eu não me sentia assim... Livre, há muito tempo. – Regina quebrou o silêncio entre eles.

— Eu que agradeço por essa noite maravilhosa e por sua companhia. – respondeu Robin.

A distância entre eles fora diminuída, suas respirações já se encontravam descompassadas mais uma vez. Os corações já batiam acelerados. Robin envolveu-a em mais um abraço, dessa vez de despedida. Apertou-a um pouco mais contra si, como quem não quisera que ela saísse de seus braços, e de fato, esse era o desejo do loiro. Regina apenas devolveu o abraço na mesma intensidade. Quando seus corpos afastaram-se, sentiram falta do calor um do outro.

Azul e âmbar estavam mais uma conectados. Robin levou uma mão ate o rosto de Regina, deixando uma caricia, presenciando ela fechar os olhos em reflexo. Ela descobrira que amava aquele toque. Chegou mais perto e suas respirações já estavam próximas demais, sem desfazer o contato entre suas orbes o loiro a beija na bochecha. Mas, como se estivesse se perdido no caminho, os lábios do loiro vão parar no canto da boca da morena, ambos fecharam os olhos no mesmo instante e um beijo casto fora depositado ali.

A essa altura não existiam mais corações batendo de maneira ritmada, ambos estavam totalmente descompassados. Afastaram-se com relutância, não queriam dar fim a aquele momento, mas não poderiam estendê-lo. 

— Bom, acho que já está na minha hora, não quero mais tomar seu tempo. – disse, tentando normalizar a respiração. - Obrigada pela noite e pela rosa.

— Mais uma vez, foi um prazer. E você não toma meu tempo, pelo contrário. – sorriram. - Cuida-se!

Ele permaneceu encostado na porta do carro vendo-a adentrar o prédio. Ele amara a noite e mal poderia esperar por um novo encontro.

Robin perguntava-se, diariamente, o que Regina Mills estava fazendo com ele? E depois daquela noite, ele não se importaria em descobrir.

Regina olhou mais uma vez para trás, dando um sorriso daqueles que iluminavam a alma e sumiu corredor a fora.

 


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