Sempre foi Você escrita por dannyoq


Capítulo 9
Vocês são como meu papai e minha mamãe?




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Ainda atordoada pela aproximação e o efeito do álcool, Regina adentrou o apartamento livrando-se de suas roupas, deixando-as pelo caminho. Tudo que ela queria e precisava era de um banho. Precisava colocar as ideias no lugar e seus sentimentos nos eixos. Se é que isso era realmente possível.

Os rastros de seus pertences ficaram no piso de porcelanato, e agora ela tinha apenas seu conjunto de lingeries preto no corpo. Inalou a rosa que ganhara do loiro mais uma vez, colocando-a em cima de sua mesa de cabeceira, caminhou até o banheiro, adentrou o box e ligou o chuveiro.

Era como se aquele silêncio e aquelas gotas de águas que caíam com certa força em seu corpo tivesse o poder de colocar ordem no caos, e ali, naquele momento, fechou os olhos e não pode deixar de sorrir mais uma vez depois de um banho de lembranças de uma noite intensa e da ansiedade por um novo encontro.

 

A música ressoava por todo ambiente. A melodia mais calma acelerava o coração. Regina e Robin permaneciam mergulhados na conexão que os deixavam alheios aos demais, os corpos estavam encaixados como um quebra-cabeça e balançavam em um ritmo só deles. Suas respirações estavam completamente descompassadas e eles tentavam mantê-las ritmadas, coisa que não funcionou. Regina tinha o rosto apoiado no vão do pescoço do loiro deixando uma leve carícia ali enquanto sua respiração quente causava arrepios em Robin. Os dedos dele deslizavam pela pele macia das costas da morena em um afago gostoso. Eles permitiram sentir-se. Sentir a música, sentir os toques. Era tudo que ambos precisavam.

 

Já não havia mais porque mascarar as coisas. Aquilo foi um encontro, um encontro de duas pessoas que sentem. Um encontro de dois corações que querem tanto bater no mesmo ritmo que temem essa coleção de novas sensações ainda sendo descobertas. Terminou o banho, vestiu sua roupa de dormir e dirigiu-se a cama; essa seria uma noite feliz e ela não podia evitar sentir-se assim, sim ela já estava se acostumando com a forma como Robin a fazia bem.

A presença dele acalmava-a e ela não sabia explicar como isso acontecia, só sentia.

Após essa lembrança que a trouxe paz, ela adormeceu...

 

 

Robin seguia para o seu apartamento com o pensamento ainda preso na despedida que tiveram, no sorriso que ela dera antes de sumir pelo corredor, aquele tal que poderia dizer nunca ter visto mais lindo. Ela estava iluminada. Pensara no quase beijo que deram. Só em imaginar que seus lábios se tocaram, mesmo que pouco, a respiração do loiro já se encontrava no caminho do descompassamento. Claro que ele queria aquilo, mas também não invadiria o espaço dela.

Como ele dissera antes, com Regina é diferente. Deliciosamente diferente.

Sua mente estava tão atordoada que nem percebera que já estava a poucos metros de seu apartamento.

Sempre que Regina Mills habitava seus pensamentos era assim, coisa que estava acontecendo com certa frequência nessa semana. Estacionou o carro na garagem e subiu para seu apartamento. Tudo que ele precisava era entender tudo que tinha acontecido ali, eles juntos.

♡♡♡

 

 

Regina estava deitada no sofá, com o corpo inerte, enquanto os olhos visualizavam toda branquitude do teto. Vestia roupas confortáveis, estava deitada apenas recuperando suas energias, já que tinha certeza que precisaria dela para logo mais. A última noite não saia de sua cabeça e a dúvida de quando veria o loiro novamente deixava-a aflita.

Lá estava ela, sentindo coisas por um cara que nem sabia se veria de novo. Ótimo, Regina Mills! Ótimo! Porém, ao contrário do acontecimento do parque, eles agora tinham o número um do outro, então não estavam totalmente no campo do desconhecido, não é?

O barulho agudo da campainha tirou-a de seu mundo paralelo, fazendo-a levantar e caminhar até a porta. Assim que abriu esta, deu de cara com suas duas figuras preferidas. Uma um tanto quanto miniatura, mas que ela amava com todo seu ser. 

Ela prometera que levaria Henry ao parque hoje e descumprir uma promessa feita ao pequeno não estava em seus planos. Estava morrendo de saudades daquele pingo de gente que só trazia amor para sua vida. Regina e Henry sempre foram apegados, desde o nascimento do garoto.

Killian passou em seu apartamento para deixá-lo, afirmando que mais tarde retornaria para buscá-lo. Ao ver Regina, a criança correu em sua direção, agarrando-a pelo pescoço.

A morena despediu-se do mais velho e foi entrando com o menino ainda em seus braços.

— Oi meu amor. A titia estava morrendo de saudades sua. – falou ainda em meio ao abraço.

— Eu também “tava” morrendo de saudade titia. – falava com sua vozinha infantil. – Nós podemos ir ao parque? – perguntou com os olhinhos castanhos brilhantes.

— Claro que podemos. Eu prometi, não prometi? – ele fez que sim com a cabeça, contente que a tia iria cumprir com a promessa. – Vou só trocar de roupa, fica aqui bem quietinho que a tia já volta. – ligou a TV e colocou em um canal de desenhos infantis e logo Henry já tinha o foco voltado para o desenho e a morena seguiu até o quarto para trocar-se.

Mesmo que Henry fosse um anjo de criança, não queria deixá-lo sozinho, então trocou-se o mais rápido possível. Regina optou por um short jeans, uma camiseta leve e nos pés uma sandália baixa, voltando para a sala em seguida.

O pequeno encontrava-se na mesma posição que ela tinha o deixado e a morena sorriu com aquilo. Foi até o balcão da cozinha e pegou algumas coisas que havia separado para levar.

— Vamos? – falou em um tom um pouco mais alto para ter a atenção dele. Assim que a olhou e viu que já estava tudo pronto para saírem, o garoto começou a pular de animação.

— Sim! Sim! – pulava no sofá.

— Vai com calma aí ou você vai ficar sem energia para brincar no parque. – falou já aproximando-se.

— Eu tenho muita energia titia. – falou entre gargalhadas, ainda pulando.

— Okay potinho de energia, vamos embora. – disse sorrindo para o menino, aproximando-se dele.

Pegou tudo que precisava e saiu de mãos dadas com seu pequeno. Ele não parava de falar um minuto sequer. Chegando ao carro Regina colocou-o na cadeirinha e seguiu até o parque.

O dia estava com uma temperatura ótima, perfeito para o passeio. Não demorou muito até chegarem ao local desejado e assim que percebeu, os olhinhos de Henry ganharam um brilho a mais, fazendo o coração de Regina aquecer, ela fazia de tudo para ver aqueles olhinhos brilharem como nunca.

Entraram no parque e andaram um pouco de mãos dadas até acharem um lugar para sentarem. Era uma grande área verde, perfeita para as famílias brincarem com seus filhos, ou apenas para descansarem entre tantas árvores que existiam ali. Regina forrou uma toalha na grama e colocou todas as coisas que trouxera sobre ela.

Henry já brincava a todo vapor e gastava toda a energia que aquele pequeno corpo carregava. Dava voltas nas árvores, corria até Regina e pulava arrancando gargalhadas da tia. Foi até ela, puxando-a para que se levantasse. A morena logo atendeu ao pedido do sobrinho e os dois recomeçaram a brincadeira. Ambos caíram na grama e Regina começou a fazer-lhe cosquinhas em sua barriga, a risada gostosa do menino poderia ser ouvida a metros de distância.

— Socorro, titia! Eu vou morrer de tanta cosquinha. – falava em meio às gargalhadas, as bochechas da criança já adquiriam um tom mais vermelho por conta de toda a farra que faziam.

— Tudo bem, vou te dar uma trégua. – parou com as cócegas e sentou-se ao lado dele, tentando controlar a respiração ofegante.

Quando pensou que ele pararia um segundo para descansar, o garotinho de cabelos negros, iguais aos dela, começou a correr mais uma vez. Balançou a cabeça ao imaginar que não teria sequer um segundo de descanso.

— Vem titia! – gritou para que ela ouvisse. - Você tá muito molenga. – corria ainda mais com suas perninhas curtas.

— Ah, é? Deixa eu te pegar pra você ver quem é a molenga aqui. – devolveu já levantando-se e correndo atrás dele.

— Você não me pega, eu sou mais rápido! – falava orgulhoso da tia não tê-lo alcançado ainda.

Ao ver que ele estava indo rápido demais, Regina tentou alertá-lo, mas fora tarde demais.

— Henry! Não corre assim, você vai acabar... – gritou. –Caindo.

Henry corria para longe de Regina, mas sua velocidade fora desproporcional ao seu tamanho e quando olhou para trás em busca de estabelecer contato com a morena, acabou esbarrando em alguém. Por sorte, o moço estava atento e segurou-o antes que pudesse cair.

— Calma aí, rapazinho. – falou abaixando-se para ficar na altura da criança.

— Desculpa moço. Eu “tava” brincando de correr com minha titia. – Henry falou em um sussurro, como quem quisera chorar por ter feito algo errado.

— Hey, campeão. Não precisa chorar, hm? Está tudo bem. – disse, analisando-o para ver se o garoto tinha se ferido. –E onde está sua tia? –Henry apontou na direção que Regina vinha e o loiro estagnou no mesmo momento.

Não poderia ser, poderia? “Era coincidência demais” pensara ele.

Regina caminhava a passos largos e como o moço estava sendo encoberto por Henry não deu para ver seu rosto. Ela chegou depressa e nem se deu conta de quem era, estava nervosa por pensar que o menino havia se machucado.

— Amor, você tá bem? – olhou-o de cima a baixo, procurando por algum ferimento. – Eu te disse para não correr assim, Henry! – pronunciou preocupada, mas sem elevar a voz.

— Tô sim, titia. O moço não deixou que eu caísse. – só após ouvir as palavras dele, Regina notou que tinha alguém parado diante deles.

Assim que seus olhos foram ao encontro do homem, o coração da morena dera leves sobressaltos.

O tempo parou por alguns segundos, ou minutos, nenhum dos dois saberia dizer.

— Robin? – falou um tanto quanto surpresa.

Ela não esperava reencontrá-lo tão rápido assim, mas, a verdade é que não poderia ser melhor. Ambos os corações estavam descompassados e lá estavam eles, mais uma vez com as orbes conectadas. Elas já conheciam o caminho por si só.

— Eu? – sorriu. As palavras do loiro quebrara o silêncio em que ambos permaneciam mergulhados.

— Devo preocupar-me em estar sendo perseguida? – depois que passara a surpresa de saber que fora ele quem Henry “atropelou”, ela falou com um tom de brincadeira.

Estava feliz por vê-lo ali.

— Ah, claro. Eu coloquei um dispositivo GPS em você. – sorriu mostrando as covinhas. Henry que estava entre os dois não entendera nada daquilo e resolveu se manifestar puxando a calça de Robin, ganhando a atenção dos adultos.

— Moço! A mamãe e a titia falam que eu não devo falar com estranhos. – colocou o dedinho indicador no queixo como se estivesse pensando. – Mas, se a gente se apresentar não seremos mais estranhos, certo? E a titia está falando com você, então eu também posso falar com você. – disse por fim, concluindo o pensamento.

Regina sorriu abertamente ao ver o quanto ele era inteligente.

— Você é um garotinho muito inteligente. – afagou os fios castanhos do mais novo. -E a sua mãe e sua tia estão certas, não se deve falar com estranhos. Mas, como conheço sua tia podemos ser amigos, o que me diz? – perguntou.

Quando Regina contara sobre o garotinho, não imaginaria que ele seria uma figura daquelas, e nem que em tão pouco, se afeiçoaria tão rápido. Talvez esse seja o mal dos Mills. Serem totalmente encantadores.  E pelo visto o garotinho o ganhara também.

— Sim! Eu quero ser seu amigo. Meu nome é Henry. – disse eufórico, esticando o seu bracinho para que Robin apertasse sua mão. Fofo!

— Muito prazer Henry. – apertou a mãozinha do pequeno de leve. – Meu nome é Robin, sua tia fala muito de você.

— Mesmo? – disse com um tom de animação, ele tinha os olhinhos curiosos voltados para ela. Que apenas afirmou com a cabeça. – Robin, você quer ficar com a gente? – ele voltou à atenção ao loiro, logo em seguida seu rosto voltara-se para a morena. –Ele pode titia? Por favor!

— Claro que pode meu amor. Se ele quiser, é claro. – suas orbes castanhas estavam mirando a sua cor favorita. Henry também o olhava com tamanha expectativa.

— Vai ser um prazer juntar-me a vocês, pequeno. – confirmou o pedido do menino e olhou para a morena, dando-lhe um sorriso que fora retribuído instantaneamente.  Afagou os cabelos lisos do garoto bagunçando-os de leve.

— Eba! Vem, vamos brincar! – saiu puxando sua mão.

— Agora é com você. – Regina gritou para que ele escutasse, gargalhando de como seu sobrinho arrastara Robin.

Eles voltaram para onde Regina e Henry estavam há alguns minutos, antes de acontecer tudo aquilo. Regina estava sentada na toalha quadriculada, observando-os. Sorria com a interação deles, só conheciam-se há algum tempo e já estavam totalmente entrosados.

Talvez, esse fosse o segredo dele com os Mills. Qualquer um que os visse, brincando e rindo sem parar, poderiam dizer com convicção que faziam parte do mesmo circulo familiar.

Robin corria atrás de Henry, e o menino estava adorando tudo aquilo, adorava uma bagunça.

Assim que o cansaço atingiu-os, os dois aproximaram-se do lago de águas turvas que tinha no parque.

— Robin? – Henry chamou-o, tirando a concentração do loiro do movimento que as pedrinhas que eles jogavam sobre o lago faziam, voltando suas íris azuis à figura ao seu lado.

— Sim, pequeno. – o olhou.

— Eu posso te chamar de tio Robin? – tinha expectativas em seus olhos, olhos esses que Robin notara que eram exatamente como os de Regina, carregavam uma imensidão consigo.

— Claro que pode! Vou adorar ser tio de um garotinho tão especial como você. – Henry ao ouvir suas palavras jogou-se em seus braços, abraçando-o, fazendo o loiro devolver-lhe o abraço.

— Eu vou adorar um titio também. – confessou. - Amo a titia, mas ela é um pouco lentinha para brincar. – falava em sussurros, como quem contara um segredo que ninguém poderia ouvir. – Não conta para ela.

Robin gargalhou com a inocência do garoto. – Não vou contar não. – afirmou, ainda sorrindo para o garoto.

— Vamos contar isso para ela, Tio! – ao ouvir aquilo, Robin sentiu uma coisa nova, mesmo que fizesse pouco tempo que se conhecessem, ele já nutria um carinho muito especial por seu novo e único sobrinho, ele realmente era do jeitinho que Regina o descrevera.

— Quem quer ir de cavalinho até lá?

— Eu! Eu! – foram até onde Regina estava, que se encontrava com um sorriso enorme, observando-os de longe.

Lá vinham os dois em sua direção com os maiores sorrisos do mundo e só fez com que ela abrisse mais ainda seu sorriso.

Ver Henry feliz deixava-a imensamente feliz e saber que o motivo dessa felicidade era o loiro de olhos azuis que invadia sem permissão seus sonhos aumentava ainda mais essa imensidão.

— Então os meus meninos cansaram? – ao se dar conta do que acabara de falar Regina podia afirmar que suas bochechas ganharam um tom avermelhado.

— Eu acho que ele ainda não. – sorriu para ela ao escutar o que ela acabara de falar, evidenciando suas covinhas. Assim que Robin colocou-o no chão, Henry começou a falar todo eufórico com a novidade.

— Titia, eu tenho uma novidade. – começou a contar com toda a animação.

— É? – ele fez sinal positivo com a cabeça. – Então me conte.

— O Robin agora é meu titio também, igual você. – contou com um enorme sorriso enfeitando seu rosto.

— Sério meu amor? Que legal! – ele meneou a cabeça em confirmação, pulando em seus braços. - Tenho certeza que o Robin vai ser o melhor tio para você. – proferiu as palavras intercalando seus olhares entre Robin e Henry. –Agora sentem-se aqui para poder repor um pouco as energias do tio Robin, ele tá com uma cara de cansado. – riu da expressão do mais velho.

— Hey! Não tem ninguém cansado aqui.  – fingiu falsa ofensa. – Henry, você não acha que a sua tia merece um pequeno castigo por falar isso? – tinha um sorriso cúmplice com o seu novo sobrinho.

— O que titio? – perguntou curioso, colocando o indicador no queixo.

— Ataque de cócegas! – falou mais alto. Regina arregalou os olhos, não esperava ouvir aquilo.

— Vocês não se atrevam! – disse, semicerrando os olhos em direção aos dois a sua frente. Robin ainda tinha um sorriso travesso brincando em seus lábios finos e ela sabia que ele não estava brincando. Levantou-se rápido, correndo para longe deles. Pouco mais que alguns segundos depois, os dois que ficaram para trás estavam correndo para alcançá-la. – Robin! Para! – gritava para que parassem, mas no fundo estava divertindo-se com tudo aquilo.

Logo atrás as gargalhadas de Henry poderiam ser ouvidas, ela sabia que não conseguiria fugir por muito mais tempo, Robin era muito mais veloz que ela.

— Pega ela, titio! – Henry continuava gritando sem parar de correr.

Alguns segundos e mais alguns passos depois, Regina sentiu alguém agarrar sua cintura, tinha sido pega. Debateu-se nos braços do loiro, mas não teria como escapar.

— Você me paga, Robin! – gargalhavam juntos.

Ele jurava que nunca cansaria de ouvir aquele som, soava como uma sinfonia para seus ouvidos.

Eles não prestaram atenção na grama, e que onde estavam existia um leve desnível. Tudo fora rápido demais. Em um segundo eles estavam de pé sobre o solo, no segundo seguinte já tinham tomado um tombo. Rápido em relação ao tempo, mas para eles tudo acontecia em câmera lenta.

Robin ainda tentou protegê-la para que não se machucasse, dessa forma, a morena caiu por cima de seu corpo. Seus corpos chocaram-se um contra outro, e lá estavam eles, mais uma vez encaixados, apenas de uma forma diferente. Mesmo com esse imprevisto, eles não deixaram de sorrir, muito pelo contrário, gargalhavam ainda mais.

Assim que as gargalhadas sessaram, restando apenas o silêncio. Eles olhavam-se, olhares esses que estavam presentes desde o primeiro encontro deles, nesse mesmo lugar. Sorriam com os olhos e sabiam reconhecer isso. Não precisavam de palavras.

Robin tinha as duas mãos pousadas na cintura da morena e aquele contato fizera com que eles lembrassem mais uma vez da noite anterior, de como eles reagiram com os simples toques. Eles trocavam olhares intensos, tudo neles exalava intensidade.

Era incrível a forma que eles conectavam-se. O mundo tornava-se uma tela em branco quando eles estavam assim... Se olhando, decifrando-se. Eles tinham os rostos tão próximos que poderiam sentir suas respirações quentes um sobre o outro, e estas já estavam totalmente descompassadas.

Robin quebrara a conexão em que suas orbes estavam e encarou os lábios carnudos da mulher, que possuía uma cicatriz que a deixava muito mais encantadora, para não dizer sexy.

Henry chegou correndo, caindo por cima deles, tirando-os daquele transe particular.

— Você está bem? – perguntou-a. Recebendo um aceno e um sorriso que poderia iluminar qualquer coisa em resposta.

— Você conseguiu. Correu bem rápido. – o menino proferia suas palavras, contente.

— Okay seus pestinhas, agora vamos comer! – saiu de cima de Robin, ajudando-o a levantar em seguida.

Ainda tentavam entender o que tinha acontecido há alguns segundos, suas pernas estavam um pouco trêmulas e seus corações pareciam apostar uma corrida.

Estavam mais uma vez sentados sobre a toalha, agora cada um segurara um sanduíche nas mãos.  Conversavam sobre coisas que envolviam Henry, seus desenhos preferidos, jogos e tudo que a criança gostava.

Robin fazia de tudo para que o pequeno se sentisse confortável em sua presença. E, tendo em vista o jeito que o garoto se comportava do seu lado, ele estava tirando essa lição de letra. A voz infantil do miúdo garoto fora ouvida e diante de suas palavras, Regina poderia afirmar que o ato tão simples que era respirar não estava sendo uma tarefa cumprida com perfeição naquele exato momento.

— Titia, você e o tio Robin são como o meu papai e minha mamãe? – o garoto perguntou na maior ingenuidade possível, dando mais uma mordida no sanduíche, tendo seus olhinhos castanhos voltados para a figura da mulher.

— Assim como, querido? – ela olhou para Robin que tinha o mesmo semblante de confusão estampado em seu rosto.

— Namorados, ué!  – respondeu como se fosse à coisa mais óbvia do universo. Regina estava estática, parecia ter perdido o dom da fala.

Fora Robin quem dera uma explicação ao garoto.

 – Não, campeão. Sua tia e eu somos apenas amigos. – “Amigos” aquelas palavras martelavam na cabeça de ambos, mas eles eram amigos, não eram?

— De onde você tirou isso garoto? – ela perguntou-o, tentando voltar ao normal e não demostrar o quanto aquilo tinha a atormentado.

— Da minha cabeça, tia. - proferiu simplesmente. -Se vocês dois são meus tios, pensei que seriam como a mamãe e o papai, um casal. É casal que chama, não é? – questionou-os. Eles menearam a cabeça em confirmação, ainda sem acreditar na pergunta feita pelo garoto.

— Você é uma figura. – afagou os cabelos lisos do menino, dando um sorriso amarelo.

— Mas, então, quer dizer se vocês não são iguais a eles, o tio Robin não vai ser mais meu tio? – questionou um pouco desapontado.

O loiro deixou seu sanduíche de lado, pegando o garoto no colo. Regina permanecia em silêncio, observando a cena.

— Hey garoto. – Henry olhou-o. – Mesmo que sua tia e eu não sejamos namorados, isso não significa que não posso ser seu tio, hm? – Robin olhou para Regina, que sorriu sem mostrar os dentes. Vendo aquele momento de ternura dos dois, ela tinha certeza que ele seria um bom pai. – E somos uma dupla, não somos?

— Somos sim, Tio! – envolveu os bracinhos envoltos do pescoço de Locksley, que depositou um beijo em seus cabelos.

— Okay, quem quer tomar um sorvete? – levou suas íris azuis até a figura de Regina, pedindo aprovação.

— Eu quero! Pode ser de chocolate? – os dois riram da animação do garoto.

— Pode ser do saber que você quiser campeão.

— Então vamos guardar as coisas. – Regina Disse, já de pé, olhando para os meninos. – Tem uma sorveteria na saída do parque.

Guardaram todas as coisas que Regina trouxera, seguindo para fora do parque. Henry entre eles de mãos dadas, qualquer um que os vira poderia muito bem dizer que se tratava de mais uma família que viera trazer o filho para se divertir no parque.

Chegaram à sorveteria e Henry logo correu para escolher uma mesa. Logo a garçonete do local - uma moça magra, de cabelos longos e ondulados; e muito simpática veio atendê-los.

— Boa tarde! – disse sorridente. – O que vocês vão querer?

— Boa tarde! – respondemos todos ao mesmo tempo.

— Eu quero um sorvete de chocolate moça, por favor! – Henry adiantou-se, fazendo seu pedido. – É o meu preferido! – confidenciou com os olhinhos brilhantes.

— O meu pode ser de chocolate também. – disse a morena.

— E o meu pode ser de baunilha, por favor!

Ela anotou os pedidos e não deixava de sorrir com as coisas que Henry fazia. Ele era uma criança muito serelepe.

— O filho de vocês é uma graça. – falou, intercalando seu olhar entre os adultos e Henry, sorrindo. Antes que pudéssemos falar alguma coisa, ele foi mais rápido.

— Eles não são meu papai e minha mamãe não, moça. – disse achando graça da confusão. – São meus titios, os dois, juntos. – disse, dando ênfase nas ultimas palavras.

— Oh, perdão! – ela parecia um tomate humano.

— Sem problemas. – disseram juntos.

— Mas de qualquer forma os filhos de vocês serão lindos. – saiu para pegar os sorvetes que pediram.

— Se puxarem a você tenho certeza que serão. – ele piscou para Regina.

Quando foi que ele ficou bobo daquele jeito?

— Que bobo você.  – mostrou-lhe a língua.

— Vocês vão ter um bebê, titia? – Henry perguntou feliz, pensando que ganharia um primo. Os mais velhos gargalharam diante daquela pergunta.

— Não, meu amor. Não tem nenhum bebê. – sorriu para ele, achando graça de sua carinha. - O senhorzinho está bem impossível hoje, hein?

Logo a moça trouxe os sorvetes, coisa que ocupou um pouco a boca do garoto. Passaram mais algum tempo no lugar entre conversas, risadas e mais alguns pedidos de Henry.

Robin fizera questão de pagar a conta, mesmo a contragosto da morena. Quando Regina avisou-o que estava na hora de ir, o garoto não queria ter que se separar do novo tio.

— Você pode ir pra casa da titia com a gente, não pode tia? – Ele esperava que ela dissesse sim.

— Claro que ele pode meu amor. – começou a pular antes mesmo que a morena terminasse de pronunciar suas palavras. – Mas, a gente já abusou muito do tio por hoje.

— Por favor, tio Robin! Aceita, eu prometo que a gente não abusa mais. Podemos brincar com meus brinquedos. – Henry juntou as mãozinhas como quem fazia uma prece.

Quem resiste a uma carinha daquelas, pedindo daquele jeito?

— Vocês não abusam, pelo contrário. – sorriu. Pegou ele no colo e foram seguindo até o carro da morena. – Vamos bagunçar a sala da sua tia um pouco. – os ouvidos de ambos foram preenchidos com a euforia do pequeno.

Acomodaram Henry na cadeirinha e seguiram em carros separados até o apartamento de Regina, e como este não era tão longe dali, não demoraram a chegar.

Regina adentrou o apartamento com o pequeno nos braços e Robin logo atrás com as coisas da morena em mãos.

— Eu vou dar um banho nele, tá? – disse ela.

— Não se preocupe comigo, Regina. Pode dar banho nele. – tranquilizou-a.

— Não sai dai, hein, tio Robin. Eu já volto. – o menino disse. Realmente ele não queria que o tio fosse embora.

— Fique a vontade. – disse por fim, sumindo no corredor com Henry.

Robin passava seus olhos por toda a sala, a decoração era muito a cara dela. Parou em alguns porta retratos e analisou um por um. Tinha fotos dela mais nova e fotos com Henry; ele sorriu mais ainda por ver essas fotos. Tinha delas com um rapaz, que ele poderia chutar que era seu irmão e outra com um casal que deveriam ser seus pais. Sorria em ver o quanto ela era feliz com sua família, que ao contrário dele que nunca tivera um momento verdadeiramente feliz com a sua quando seu pai estava junto, ou pelo menos ele não lembrava.

Regina dava banho em Henry, que ainda estava todo elétrico, nem parecia que ele tinha passado o dia correndo no parque.

— Você gostou mesmo do tio Robin não foi amor? – o perguntou no meio da conversa.

— Muito, titia. Eu quero que ele seja meu titio pra sempre. – ela sorriu com aquela resposta. – Ele também gosta de você. – soltou, fazendo espuma com o shampoo em seus cabelos.

— Gosta, é? – tinha curiosidade na voz.

— Hurum. – respondeu simplesmente.  Sorriu. – E você?

— Quando é que o senhor ficou tão esperto assim, hein? – olhou-o, dando de ombros.

 

Após o banho, voltaram pra sala e Henry trazia consigo uma caixa cheia de brinquedos. O loiro continuava no mesmo lugar de antes, admirando as fotos.

— Desculpe, não quis ser curioso. – disse um pouco sem graça.

— Tudo bem, Robin. – sorriu para tranquiliza-lo.

— Tio, eu tenho um monte de brinquedos. Vem brincar! – chamou-o.

— Pode ir se acostumando. – sorriu com o chamado do menino.

— Pode apostar que sim. – disse, indo sentar-se próximo ao garoto.

Eles brincavam com todos os brinquedos da caixa, não percebendo o tempo passar. Estavam concentrados demais ali, os três brincando juntos. O contar das horas não se fazia nenhum pouco importante no momento.

Divertiam-se esparramados no tapete da sala. Gargalhavam com as peripécias de Henry. O dia tinha sido tão leve que nenhum dos dois, ou dos três, se importaria de prorrogar a brincadeira por mais algum tempo. O barulho da companhia despertou-os, fazendo Regina levantar-se e ir até a porta.

— Boa noite, tampinha. – Regina revirou os olhos, dando passagem para que ele adentrasse ao apartamento. Deixou um beijo no topo de sua cabeça. –Cadê o Henry? – ela apenas apontou para a figura dos dois sentados no tapete, montando um quebra-cabeça.

Killian estranhou a figura do homem brincando com seu filho, já que nunca o tinha visto ou escutado falar, mas ao ver o sorriso no rosto de Henry, seus pensamentos se esvaíram como fumaça.

— Papai! – correu em direção que eles estavam, pulando nos braços do pai.

— Oi, garotão! – o pegou nos braços. – Como foi o dia? – perguntou olhando para ele.

— Foi muito legal, papai! O tio Robin passou o dia todo com a gente. – falava tudo apressadamente. – A gente brincou no parque, tomou sorvete. Ele aceitou ser meu titio também. – contou ao pai tudo que fizera no dia e o quanto estava contente em ter o loiro como tio. Killian olhou em direção a Robin, que já se encontrava de pé.

— Sério, campeão?! Seu dia foi muito maneiro. – voltou a olhar o pequeno. –Fico feliz por ter ganhado um tio.

— Killi, esse é o Robin, Robin esse o Killian, meu irmão. – Regina apresentou-os.

— Prazer, Robin. – Killian esticou o braço livre e eles cumprimentaram-se. -Obrigado por brincar com meu garotão, estou vendo que você conquistou esse garoto aqui.

— O prazer é meu, Killian. E não precisa agradecer, esse rapazinho e eu nos divertimos muito, não é Henry? – voltou sua atenção ao garoto.

— Sim! – falou com empolgação. – O tio Robin é namorado da tia Regina, papai. Eles são meus titios. – Killian olhou para Regina, que mais parecia um papel de tão branca. E mais uma vez naquele dia, Henry havia os deixado sem graça.

— Amor, eu já te expliquei que nós não somos namorados. – ela tratou logo de corrigi-lo.

— Tá! Tá! Mas, ele continua sendo meu titio. – eles riram.

— Tudo bem, filho. Mas, você não pode sair falando essas coisas por ai. – fora a vez de Killian se pronunciar.

— Desculpa. – proferiu com uma vozinha mais baixa.

— Tudo bem, campeão. – Robin deu um sorriso para ele, que sorriu de volta. –Acho que tá na minha hora.

— Eu te levo até a porta.

Despediu-se de Henry, prometendo que veriam-se mais vezes, e logo em seguida de Killian. Seguiu até a porta com a morena ao seu lado.

— Desculpa o Henry, ele é bem rápido pra idade dele. – começou a falar.

— Você não tem nada que se desculpar, ele é uma criança maravilhosa. – sorriram juntos. –Eu amei passar o dia com vocês.

— Eu também. Obrigado pelo dia incrível, Robin! Henry adorou te conhecer.

— Foi um prazer mais uma vez poder passar um tempo com você, Regina. – disse. – E agora com o Henry também. Quando você me contou sobre ele não imaginaria que ele era tão especial e muito menos que nos daríamos tão bem.

— Ele é sim. – sorriu boba. – Mas, só com quem conquista a confiança dele.

Eles estavam de frente um para o outro. Regina sorria feito boba ao lembrar-se da criança e Robin estava apenas contemplava-a. O sorriso dela ascendia algo dentro de seu âmago que ele ainda não saberia dizer o que era, só que gostaria de vê-la sorrir mais vezes.

— Então é isso.

— É.

E lá estavam eles, despedindo-se mais uma vez em menos de vinte e quatro horas. E como no dia anterior, seus corpos reagiam ao contato.  Robin acolheu-a em um abraço apertado, deixando um beijo em seus cabelos, não queria ter que errar o caminho da bochecha outra vez. Ou queria. É, ele queria. Desfizeram o contato, com os olhares ainda conectados.

— Eu te ligo!

— Vou ficar esperando. – ficou parada no batente da porta esperando até que ele entrasse no elevador. Assim que o fez, o loiro acenou para ela, fazendo-a sorrir, fechando a porta em seguida.

— Namorado? – a voz de Killian despertou-a.

— Amigo! – o corrigiu.

Killian sorriu meneando a cabeça em negação. Estava refletido nos olhos dela que existia algo a mais, ou só ela não enxergava? Resolveu não insistir no assunto, quando ela quisesse contar, contaria-o.

Ele demorou mais alguns minutos ali, mas logo foi embora, já que Emma esperava-os em casa. Regina despediu-se do sobrinho, que agora dava sinais de cansaço. Antes de irem, Henry reforçou que queria brincar mais uma vez com o titio Robin, tirando um sorriso genuíno da morena. Ela também queria isso. Levou-os até a porta, despedindo-se por fim do irmão.

Voltou para a sala jogando-os no sofá, pensando e principalmente, sentindo toda felicidade desses dois dias que passara com o loiro.

Seu corpo estava extremamente esgotado, mas sua alma estava leve como há muito não estivera.

Suspirou com tudo aquilo e sorriu.

Sorria com a alma.

Simplesmente sorria.


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