Rain escrita por Aiwa Schawa


Capítulo 9
Dia 9




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Voando

Dia 18 de julho.

A RAIN fez sua reunião, a última daquele verão.

O motivo da nossa inatividade era a própria inatividade.

—Agora o doutor pensa que desistimos, por isso preciso que fiquem observando todas as câmeras a todo momento, essa noite ele irá chamar os militares e sairá da cidade, nesse momento iremos intercepta-lo. Iremos capturar o doutor e força-lo a nos dar o código dos papeis.

—Espera, espera, como vamos lidar com a facção das sombras?

—Outra chave, eles desistiram, a história é longa e nos falta tempo, porém o importante é que o doutor abaixará a guarda, confiando neles, assim teremos uma chance de fazer a captura.

Arc trouxe nossa grande arma, uma rede de pesca.

Os detalhes já haviam sido decididos para cada possível localização de pouso, bastava que esperássemos então.

As 11 da noite, um helicóptero foi avistado, largamos tudo e corremos ao local do pouso.

Lá, havia 3 guardas ao redor do helicóptero e um piloto sentado, iriam ir embora assim que o doutor pusesse os pés na aeronave.

Nós fizemos uma jogada para compensar quanto tempo tínhamos perdido para alcançar o local.

Um de nós, eu, chamou a atenção dos militares com algumas pedras, eles foram cautelosamente até lá, nesse momento, 4 de nós aproveitaram a chance para pôr um mecanismo simples pelo chão que o soldado estava.

Porém, isso em si fez algum barulho, apenas suficiente para soldados cautelosos notarem.

“Ainda bem que planejei para isso”

—Gah! —Minha voz veio de um ponto e foi escutada de outro, um comunicador de via única, para caso algo desastroso acontecesse.

Nem tiveram tempo de decidir o caminho, me afastei novamente da cena e os outros terminaram sua armadilha, com isso, tudo parecia pronto.

O homem de jaleco apareceu, o professor.

Ele tinha vindo sozinho, realmente acreditando que as sombras o defenderiam de um ataque.

Algumas armas de paintball a postos...

O doutor subiu, assim fizeram os soldados, a hélice começou a girar, antes que ele pudesse fechar as portas.

Uma pessoa da agência, eu, corri até o helicóptero.

Os soldados entraram em posição, armas à sua frente, porém o doutor foi rápido, ele percebeu algo.

Contra mim, 4 sombras vieram de todos os cantos, uma delas até subiu no helicóptero e pôs o corpo a frente dele, como se realmente fosse seu objetivo o de protege-lo.

Após Arc e Bomil mexerem um pouco, conseguimos transformar armas de paitball em réplicas apenas pecáveis em forma, o que não era notável graças a escuridão a qual o doutor propositalmente provocou, para que as sombras pudessem lutar com tudo, sem imaginar o quanto isso iria lhe prejudicar.

Fogo vinha a cada disparo, silenciadores de mentira e o barulho das hélices os impediria de questionar a ausência de som por alguns segundos.

E o motivo da preparação, assim que o helicóptero já havia começado a voar...

Claro, não é surpresa alguma dizer que as 4 sombras eram apenas os membros da RAIN, Yuki sendo quem foi para o helicóptero, sua pose não era uma proteção, ele estava sendo preso.

Bastou se jogar para trás e Yuki caiu junto do doutor ao chão.

Para assegurar a captura, a rede estava logo abaixo, os membros no chão puxaram as cordas e a rede se levantou.

Ao cair, Yuki sofreu danos mínimos e saiu da rede, o doutor.

Armas de paintball servem decentemente como substitutos de armas com bala de borracha.

O doutor foi enfraquecido e enrolado pela rede.

—Agora! Corram!

Ele foi carregado pelo que parecia ser seus verdadeiros aliados por isso, eu não estava fugindo.

O helicóptero podia nos seguir pelo ar, mesmo no escuro, ele tinha holofotes, o doutor parecia ser importante suficiente para receber tal tratamento.

Assim entra a fase 2.

Fuga

Uma sacola grande cheia de travesseiros dos hotéis, a pôs nas costas e corri para a frente do helicóptero, para eles, eu havia feito a captura.

Corri para a floresta, eles não podiam atirar sem arriscar acerta o que parecia ser o doutor.

“Agora preciso apenas terminar isso”

Joguei o peso fora e continuei minha corrida.

Havia um caminho coberto pelas arvores sim, por ele atravessei até não ouvir o som de helicópteros mais.

Os militares deviam ter descido por uma corda para fazer a busca, talvez querendo dividir-se para ir atrás de ambos grupos, no entanto os outros tinham um caminho ainda mais discreto que o meu, as montanhas realmente estão nos ajudando.

Sai da floresta sem me encontrar com sequer um soldado, voltei para a vila e desci até o esconderijo.

Todos estavam lá, o doutor foi amarrado propriamente.

—Que fácil, nem tenho raiva suficiente para fazer um interrogatório sádico.

O professor subestimou a RAIN de tamanha forma, foi o maior desrespeito por qual já passamos desde nossa formação, ele iria pagar, todo seu conhecimento será nosso antes de amanhecer.

Informação

Numa breve consideração, decidimos que apenas eu e Navire cuidaríamos das perguntas pessoalmente, as outras ficaram escondidas, ainda ouvindo.

O doutor estava acordado desde o princípio, ele apenas estava atordoado por um longo período de tempo.

Seus olhos clarearam, sabia que a hora havia chegado.

—Boa noite, doutor.

—Bom dia, doutor.

—O que? Navire, essa hora é muito ruim para você fazer isso.

—Mas eu estou certo, nunca há hora errada para estar certo.

—Não, não, ainda não passou de meia-noite, acabei de checar no meu telefone.

—Você tem que entender, o que importa é com quem estamos falando, ele acabou de acordar, precisamos falar algo apropriado para isso.

—Incorreto, o que nosso inimigo pensa é irrelevante.

—Você não pensou no que ele pensava ao formular seu plano?

—Incorreto, usei o que ele fez ou faria para planejar nossas ações. Sua fala é absolutamente errônea, não há justificativa.

—Mas vi no relógio e já passou das 12. Eu juro... por essa cadeira.

—Incorreto. Não posso aceitar o juramento por uma cadeira que um prisioneiro está sentado.

—Você não compreende a história por trás dela, não é? A 500 anos havia um caçador, porém ele não feria a natureza, ao contrário, ele mantinha o equilíbrio, se uma espécie estivesse sobrepondo outra, ele iria colocar equilíbrio. Quando o caçador estava prestes a morrer, ele foi até a floresta para esperar sua morte, seu último desejo foi morrer sentado, não deitado no chão, ou em pé parar virar uma estátua, assim a própria natureza deixou-se ser ferida e fez uma arvore cair, a qual o caçador usou seus últimos esforços para torna-la numa cadeira, está a qual nosso prisioneiro senta neste momento.

—Aceito seu juramento.

—Ei... isso é só um jogo para vocês, não é?

—Olá idiota, para você também deve ser, depender de uma facção das sombras? Dar escuridão aos seus inimigos? Vir com apenas 3 soldados? Andar sozinho até o local de pouso? Para fazer um trabalho tão ruim, você devia nem se importa com o que aconteceria —Ele tentou se soltar, em vão, tínhamos posto várias cordas por garantia.

—Vamos começar as perguntas, certo Leich?

—Ainda não.

—Hum? Como não.

—Temos que escolher quem vai ser o policial bom e o policial mau.

—Ah sim, isso é óbvio...

—Eu sou o policial bom!

—Eu sou o policial mau!

Voltamos ao prisioneiro antes que ele se irritasse de novo.

—Agora, olha aqui seu inventor de meia-tigela! Nós temos muitas perguntas e você só sai daqui quando nos dar respostas! —“Sim! Essa é clássica! ”

—Lembre-se, nós não estamos contra você, nos diga tudo e você sai sem problema, posso ver que, diferente de nós... você tem uma contagem de corpos alta suficiente para virar um monumento, não é?

—Me soltem, vocês sabem o que fizeram?! Isso é um crime, não apenas contra as leis desse país, contra a humanidade!

—Cale a boca! —Dravo ergueu sua mão, segurando um copo de vidro.

Segurei o braço dele.

—Ei, nós não somos do tipo de policias que usam violência física.

—Ah... certo, certo.

Ele jogou o copo na parede ao lado do doutor.

—Na próxima isso vai ser na sua garganta, por isso dê bom uso a ela e nos diga tudo.

—...vão. Não podem fazer nada se querem as informações que tenho, posso ficar assim o dia todo, eventualmente eles irão me achar.

—Ei, Dravo, temos que conversar.

Nos afastamos e começamos a sussurrar.

—Olha, eu pensei que seria fácil, mas ele está resistindo e eu não quero ficar mais tempo fazendo um prisioneiro, estamos parecendo vilões assim.

—Alguma ideia para ele falar de uma vez?

—Hum... sim, acho que isso pode funcionar.

Voltamos para falar com ele.

—Ok, vamos fazer assim, só dá o código para esses documentos, depois que lermos tudo vamos devolver, todo mundo pode ganhar.

—Podem continuar tentando, isso tudo não me diz a nada, esses papeis são inúteis sem o código, até vocês decifrarem ele, vou ter completado meu plano.

—Certo, gente, ele não vai cooperar. Preparem a dinamite.

—O que...?

—Última chance, não vejo vantagem alguma em te soltar sem conseguir informações e tendo você contra nós, vamos explodir esse lugar, até levantarem os escombros, você já vai ter morrido a tempos de fome ou sede.

—Você não mataria... você nunca matou ninguém, foi isso que você disse.

—Você achou que eu disse isso.

—Ah...

—Ei, eu que sou o policial mau, não rouba meu papel.

—Já acabou o interrogatório, ele é nosso inimigo, o inimigo é executado.

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!

—Grite o quanto quiser, estamos no subsolo, ninguém pode te ouvir.

Apesar de se debater, tudo que conseguiu foi derrubar a própria cadeira.

—Olha essa corda solta... já sei.

Me ajoelhei perto da ponta de uma das cordas, peguei uma vela.

—Não... não!

Queimei a ponta.

—Ótimo, é igual um pavio, vai ser mais rápido, depois de você morrer a dinamite vai explodir com todos nós bem longe da cena, é um crime perfeito.

—Está certo, eu digo o que vocês querem! Só apague o fogo!

—Não, não... conte tudo antes que o fogo chegue em você, te daria pelo menos um minuto para isso.

—Ah... ah...

—Não desperdice tempo, ele não volta.

—Meu objetivo é justo! Vocês precisam entender, estou tentando ajudar o mundo, ajudar a todos! Eu posso ter matado pessoas por isso, matei muitas, tantas que já não lembro de cada uma, tantas a ponto das pilhas irem além dos maiores palácios da história, dos maiores monumentos!...

—Interessante.

—E... e... o código é... ele está no meu bolso. Podem levar.

Peguei dele, passei para Bomil.

—Confere?

—Sim, está tudo como imaginei.

—Ótimo —Me levantei, afinal o fogo não tinha nada especial, ele estava passando por uma corda muito grossa também, apagou logo quando olhamos para o outro lado, é perfeito.

—Dravo, o que ele disse é absolutamente verdadeiro? Tudo?

—Absolutamente.

—Ok! Vamos todos, não vamos poder usar esse esconderijo de novo, provavelmente.

Eles foram logo a saída.

—Ei, o que sobre mim? Me solte.

—É... estou com algum ressentimento... ah, que seja, só use essa faca de cozinha para isso —Joguei ela para perto do chão que ele caiu.

—Vocês não entendem mesmo o que está havendo, não é? Nem fazem ideia de o quão importante meu papel nesse mundo é.

—Mas vencemos. Quem escrevera a história não será você.

—Eu serei o vencedor no fim, você vai ver, no dia que entender...

—Pode continuar fazendo ameaças sozinho, preciso ir.

Nossos esforços finalmente levaram a algum lugar, por sorte, em parte.

Porém... como podem ver, não estamos nem na metade da história.

Pilhas

Estávamos indo ao hotel, quando...

—Foi ele! Atrás dele!

“O que? Como eles fizeram isso?! ”

“Claro, o doutor deve ter algum invento para esse tipo de situação, ele chamou os militares.

—Vocês 4! Corram! Vou segurar os militares.

Era 3 contra 1, vencer dependeria de mais do que um milagre, seriam vários.

Por isso fugir era bem mais fácil.

Corri contra os militares, eles não tinham armas em punho.

Fui muito ousado, até demais, cheguei tão perto que pode tomar um soco no rosto de um militar.

Era como uma rocha sendo jogada no meu rosto, já que não eram tiros, a dor ficou comigo por bem mais tempo.

“Só mais um tempo, preciso segurar os 3 por mais alguns segundos”

Peguei pedras no chão e joguei neles enquanto dava passos para trás, como não podia ser evitado, tropecei nos meus próprios pés e cai.

“Agora já era...”

—Diga a localização do doutor, vou contar até 2 —O oficial puxou sua pistola e apontou no meu olho.

—Ele está nas ruinas da cafeteria!

—Ah... obrigado.

“Eles não podem curar nada muito além do que seria recuperado normalmente”

Fiz uma virada rápida com a cabeça e a bala passou de uma bochecha à outra.

Elas foram cortadas, um buraco passou de um lado a outro, alguns dos fragmentos dos meus dentes foram juntos e cortaram todo o interior da minha boca.

—Pronto, arquivo queimado, cuidarei do corpo, você dois vão resgatar o professor.

—Sim senhor!

—Sim senhor!

Enquanto o oficial tinha virado para ver os dois descendo a vila até ir as ruinas, me levantei e fugi da rua.

—O que?! AAAAAAAHHHHH!!!

“Devo ter conseguido tempo suficiente”

Voltei a correr por precaução, nunca se sabe quando algo estranho pode aparecer e vir te dar problemas.

E então, após passar por outro longo caminho, cheguei no hotel.

Subi até a cobertura, onde decidimos fazer a reunião.

—A tempo, já estou transcrevendo esses papeis, começando do começo:

—Vamos nessa, o mistério vai chegar ao fim!

—Dia 15 de abril de 1929 —“Isso é próximo da grande depressão”— os próximos meses serão de bastante caos, mas creio que as preparações para isso foram mais do que necessárias.

—Ok, isso confirma que ele pode prever o futuro, ou pelo menos uma certa faixa delel.

Nossa exploração pelos papeis continuou por mais algum tempo, era certamente uma vitória para o nosso lado.

As informações não estavam indo muito além do que já era de nossa suspeita, porém as confirmações traziam um sentimento positivo.

Passamos por todos os papeis e finalmente:

—E assim... a RAIN resolveu mais um mistério, dessa vez um bem maior, uma conspiração abrangendo todo o mundo a décadas.

Sem nenhuma perda, foi exatamente como antes, não havia um grande vilão desejando destruir o mundo, apenas pessoas guardando segredos. Nós apenas nos divertimos revelando as respostas desses segredos.

E após isso, não há mais o que contar das férias de verão, melhor seria avançar no tempo um pouco.

Turbulência

—É... parece que nosso tempo finalmente terminou —Estava carregando todas as malas, o avião ia decolar em breve.

—Foi um bom tempo que passou, um grande desafio que a RAIN atravessou.

—Na próxima vez, vou estar bem mais perto do fim do ensino médio, vou cuidar de me tornar um adulto de verdade e dar algumas lições para vocês.

—Obrigado por tudo, entendi o que preciso fazer dessa vida daqui em diante.

Com o adeus temporário de nossos companheiros, subimos no avião.

Até os perdemos de vista, os 3 acenaram para nós.

“Que drama... nós vamos nos ver de novo em só mais alguns meses, nas férias do final de ano”

—Fils, o que você conclui? Quais são suas palavras para o epilogo?

—Não há epilogo aqui. Nós nos envolvemos em coisas bem maiores do que nós, porém isso sempre foi rotina, aconteceu várias vezes antes.

—Você prefere dizer que esse não é o fim?

—De forma alguma...  Vamos ver o que acontecerá no final desse ano.

No voo, em meio aos sonhos e nuvens.

“Sonhos... não falei disso com a Arc ainda”

Uma falha monumental, uma representação do caminho que a RAIN estava seguindo até seu fim no final do ano.

Bruxas

Dia 30 de outubro.

Muitas aulas.

Um tempo estressante, uma fonte de tédio.

Não digo que escolas são apenas isso, ao contrário, elas são as bases de nossa sociedade, não importa como tentemos ver, sem elas, nosso mundo seria irreconhecível.

No entanto, há pessoas que não podem se encaixar, pessoas que nasceram no lugar errado.

Esse poderíamos dizer ser o meu caso, meus país não tem um nome, porém eles esperam que eu os traga um, vou a melhor escola possível, pois para mim, não é difícil, melhor, é fácil conseguir notas máximas.

E assim faço, se eles ficam felizes com isso, farei para sempre, no entanto é algo temporário.

“Depois disso? Para onde devo ir? ”

Me faltava um sonho, um grande objetivo, para mim, a vida era apenas resolver o que estava logo a minha frente.

Se alguém parece estar em apuros, iria pular para salva-la, se um mistério me despertou curiosidade, iria resolve-lo.

Contudo, disso não geraria um nome para minha família, não podia cumprir minha missão com isso. Assim estava num beco sem saída.

Minha decisão? Não houve uma. Isso seria adiado até o último momento, assim que perguntassem, iria apenas responder o mais adequado e seguir a mentira.

Isso de lado.

Fui para uma sorveteria com Bomil, era para algo de prioridade máxima.

—O dia das bruxas é amanhã. Cadê nossas fantasias? —Ela abriu a grande emergência.

—Não faço ideia, fiquei o mês inteiro decidindo qual seria o tema e esqueci de sair para comprar.

—Nós temos que ir agora então. Não perdemos um dia das bruxas desde que nos conhecemos, preferiria perder o natal do que o dia das bruxas nesse ponto.

—Sim. Também penso isso, nós vamos de imediato.

Pagamos a conta e corremos para o centro da cidade.

—Vai ser bem fácil Bomil. As lojas vão estar cheias de fantasias, você já decidiu seu tema?

—Uma fada, óbvio.

—Não usou isso no anto retrasado?

—Sim, só não usei no ano passado porque a repetição ficaria muito clara.

—Você quer trabalhar num banco? Essa lógica parece tão fria, mais fria do que esse inverno.

—Diga seu tema também, aposto que está repetindo o fantasma do ano passado.

—Vou ser um bruxo! Com manto preto e chapéu pontudo, se possível uma varinha mágica.

—Ah... entendi, entendi, vamos combinar, bruxos e fadas são bem próximos, não é?

—Bem, ambos usam magia, mas diria que a relação deles é mais antagônica, digo, bruxos normalmente são maus e quebram o equilíbrio da magia, enquanto as fadas mantêm o equilíbrio.

—Que pensamento fechado, veja o que você pode fazer com poderes mágicos, não o que seu arquétipo é determinado a fazer.

—Mas se não estiver no arquétipo, a fantasia inteira perde o sentido, digo, eu poderia usar manto e chapéus pretos, talvez passar um pouco de glitter dourado na minha pele, assim pareceria um bruxo do bem, mas estou sem condição de escolher cores, pegarei o que estiver mais barato.

Não que me falte dinheiro, mas estava tentando economizar para o futuro.

—Vai ser o mais adequado? Certo...

—...

Encontramos as fantasias, um chapéu e manto branco com dourado, além da varinha mágica.

Claro, a fantasia de fada estava incluída nisso tudo.

Resolvi passar na casa dela para ler um livro que havíamos comprado a duas semanas, depois voltaria para casa.

—O que está achando?

—A escrita está muito boa, por que ele ainda insiste em colocar ilustrações ruins em vez de descrever os personagens? Tenho certeza que ficaria melhor.

—Talvez porque ele quis fazer designs detalhados, olhe todos os adornos.

—Hum... sim, deve ter sido isso.

—Ei, Fils...

Bomil tirou a lente de contato, fechei o livro.

—Ah sim, estando na sua casa, deveria conversa direito.

—Isso também.

—Essas paredes, seus olhos... isso me lembra do dia em que nos conhecemos...

—Foi a o que? 8 anos atrás?

—Mais ou menos...

A bastante tempo:

Estou coagido a não dar certos detalhes.

Estava fugindo, não necessariamente de algo, não necessariamente de alguém.

Corri pelas ruas de Berlim, sem parar, pois, aquilo foi a coisa mais assustadora que já vi.

Em tanto desespero, corri até desmaiar, meus músculos não aguentavam mais.

Estava do outro lado da cidade, caído no meio da rua, num canto deserto logo após o sol se pôr.

Para mim, seria justo essa história terminar em tragédia, contudo, tal coisa não veio a ocorrer. Tudo graças a Bomil, foi nesse dia que a conheci, ela me viu, chamou ajuda, fez o que pode, apenas uma criança ajudando outra, isso mostra a verdadeira natureza humana.

Aqueles que nascem para destruir e matar são acasos, erros ocasionais, pois humanos nasceram para ajudar uns aos outros, é nossa natureza num nível além da genética, faz parte do código, mas não do nosso DNA, da nossa alma.

—Minhas memórias desse dia são bem vagas. Você lembra algo mais?

—Não...

—Hum, deixa. Penso que a origem e o caminho não importam, o que importa é o presente, os resultados.

—Mas se não entendemos o passado como um todo, podemos cometer erros no presente, digo, se nós apenas olharmos para o agora, sem ver os passos, muita coisa vai ser obscurecida de nós.

—Hum, ok, você está certa mesmo, nada está errado.

—É mais sobre falhas e sucessos. O resultado de algo depende do que estávamos tentando conseguir, o “sucesso” pode não vir da exata forma que esperamos, porém ele sempre vem de uma forma “similar”

—Isso tudo é muito além do que posso entender, se não posso expressar algo numa equação, não convoluta e bem organizada, também não poderei entender.

—Como você quer ser um magico então?

—Não existe mágica, tudo é ciência, se soubermos todos os elementos em posição para uma suposta “mágica” ocorrer, poderemos explica-la de forma cientifica, numa equação de preferência.

—Mágica é ciência?

—Mais, se ela existir, a mágica será a forma mais bela de ciência, algo natural, a arte de manipular a própria realidade, poderíamos explicar toda a magia numa equação tão bela quanto a identidade de Euler.

—Euler é seu matemático favorito, não é?

—Sim, o que você acha?

—Acho uma formula muito triste, unir tantos elementos, o número imaginário i, a constante pi, 1, a própria identidade de Euler, e, para no fim o resultado ser 0.

—Isso... vendo dessa forma, realmente parece um calculo triste.

—Irracionalidade... imaginação... identidade, tudo isso sendo igual a zero, não, menos que 0, deve ter sido difícil escrever essa formula.

—Talvez até, é difícil dizer, contudo, no entanto... é também bom pensar em como tudo está unido, pois mesmo que tudo termine em zero, a formula ainda é dita como a mais bela da matemática, talvez ela seja o que comprova o que você diz. Se olhasse apenas para o resultado, apenas veria zero, que iria fazer todos os outros elementos serem insignificantes, portanto...

—Lembrar do passado é lhe dar significado.

—Gostei da forma de pôr isso.

Dia 31 de outubro.

O dia das bruxas chegou.

Era sábado, não perdi tempo algum, vesti logo minha fantasia e fui as ruas.

As decorações, chapéus de bruxa, aboboras, luzes assustadoras.

“A cidade vai ficar tão bonita ao anoitecer”

Se sozinho, ainda poderia vagar por toda a cidade com minha fantasia, apenas me divertindo com brincadeira e usando o feriado como um sábado normal, no entanto tinha alguém comigo.

Caminhei para a casa de Bomil, bati na sua porta.

—Abre-te-Sésamo! —A porta... acho que já estava aberta.

“Que descuido”

Entrei na casa logo.

—Vamos Bomil! O dia chegou!

—Sim! Sim!

Numa escorregada pelo corrimão, Bomil, a fada, chegou voando em cena.

—Planejamento é tudo, você realmente pareceu ter voado.

—Obrigado, preparou seus truques?

—Sim, você vai ver.

Passamos por toda a cidade, indo dos polos até o centro, enquanto o tempo passava.

Ao chegarmos no centro, Mitte, pensei que nunca fomos à biblioteca estatal de Berlim nesse feriado, por isso essa era a oportunidade perfeita.

Nada novo.

—Estávamos esperando muito. Essa biblioteca é muito grande, decorar por uma noite seria jogar dinheiro público fora, não é? —Estava tentando racionalizar a tragédia.

—Sim...

—Ao mínimo todos aqui que vejo estão com fantasias, vamos olhar rápido e sair antes que escureça de vez.

—OK!

Tinha vários artefatos interessantes, uma delas sendo o que chamam de bíblia de Gutenberg, é uma das 42 cópias que existem no mundo, se lembro bem sua importância vem de ter sido um dos marcos do início da era de impressão de livros, está escrita em latim, a versão da biblioteca que visitamos está incompleta.

—Imagino qual era os preços de livros antes de poderem apenas imprimir, quando escribas tinham de passar dias, semanas, até meses num livro longo como esse, escrevendo a mão, em papel e usando uma pena e... tudo.

—Por um lado, faz sentido imaginar que eles seriam caros, mas isso seria apenas se aplicássemos a lógica de oferta e demanda atual ao século XV.

—Você é boa em qual matéria? A única coisa que posso fazer é usar as lógicas matemáticas atuais, meu conhecimento das lógicas do passado é quase zero.

—Sou boa em línguas, alemão, francês, inglês, todas elas.

—É, para nossos propósitos, também não é super-útil.

—Novamente é um caso de o processo importar tanto, ou mais que o resultado, será que mesmo demorando tanto tempo para fazer uma cópia de um livro? As pessoas estavam dispostas a dar-lhes por um preço baixo, equivalente ao que temos hoje? Ou eles eram caríssimos e reservados para serem repassados entre as famílias nobres?

—Sei que a igreja detinha muito dos livros da época, a segunda opção corrobora mais com essa narrativa, boa parte dos grandes pensadores e cientistas da Europa medieval tinham relações com a igreja, assim, acesso a todo o conhecimento.

—Sim... um dos primeiros livros a ser impresso foi uma bíblia... a conexão está feita.

—Está tarde já, vamos continuar nossa jornada... a viagem ao centro da terra!

—Centro de Berlim...

Saímos da biblioteca, continuamos fazendo o nosso caminho, era tranquilo e podíamos conversa a vontade, tínhamos um mapa da cidade decorado como a palma da mão.

O sol finalmente sumiu de vista...

Noite

 

Assim que saímos, algo chamou minha atenção, era um... não.

“Não era nada... acho que vi coisas”

Continuei caminhando com Bomil, porém senti de novo que havia alguma coisa atrás de nós.

Olhei para trás, era uma sombra.

As roupas e o armamento, claramente era uma sombra solitária.

“O que?! Eles deviam ter desistido faz tempo! O que?...”

—Jestiv! Cuidado!

Ela abriu fogo ao se aproximar suficiente.

Pulei por cima de Bomil, ela voou comigo por uns segundos, as balas rasparam pelas minhas costas.

—Vamos! Para a biblioteca!

Já estávamos perto suficiente, nos levantamos apressados e cambaleamos até entrar.

Antes de ser tarde, fechei a porta no homem que nos perseguia.

—Continua!

Corri com ela, minhas feridas se regeneraram enquanto subia as escadas.

—Vamos para uma escada!

—Mas vai ser muito alto!

—Não se preocupe com esse detalhe, só vamos!

Deu para ouvir a porta caindo, os passos eram rápidos e audíveis, podia sentir a aproximação a quase o dobro do nosso passo.

Num espelho, ele já estava prestes a nos alcançar, porém estava rápido demais e não podia atirar enquanto corria.

Vi uma cadeira, dei um chute nela para tentar fazê-lo tropeçar.

Foi nessa virada curta, nela entendi quem estávamos enfrentando.

Mesmo num canto tão iluminado, a sombra não escondia seu rosto, pois ele não estava mais reconhecível, o rosto foi queimado a ponto de sequer poder diferencia-lo de uma máscara.

A sombra que derrotamos nas férias de verão com um sinalizador, ele quase me matou, porém Yuki atirou no rosto dele, por causa da chuva, o mesmo não morreu, apenas se feriu a esse ponto.

Ele chutou a cadeira para o andar de baixo sem mudar o passo de corrida, o homem tinha enlouquecido, não estava nos perseguindo pela missão estranha das pessoas do futuro, era por vingança.

“Maldição... Yuki poderia acabar com ele uma segunda vez, mas não sei se eu poderia fazer isso, ainda mais com alguém tão insano”

“Vamos despista-lo e então pediremos ajuda, é um plano”

Chegamos próximos a janela.

Pulei com a descarga de energia a qual os robôs do futuro me davam após a cura, agarrei Bomil e atravessei a janela, todos os cacos me acertaram.

Depois na queda, a repentina mudança de velocidade foi o que mais me afetou, ela ainda podia correr.

—Jestiv, continue correndo, ele não vai parar! Chame Yuki quando estiver segura!

—Não vou te deixar! Você está muito ferido, se levanta! —A sombra, da janela, ele mirou em nós.

Num segundo movimento repentino, mudei de posição com Bomil e tomei os tiros no lugar dela.

“A cura já começou, melhor conseguir continuar”

—Vamos... assim que ele pular...

Imaginei, ele pulou daquela altura para garantir nossa morte.

Nos levantamos e fizemos uma corrida para o ponto mais populoso a nossa vista, a queda não seguraria ele por mais do que 5 segundos, isso era todo nosso tempo.

Acompanhar Bomil com ferimentos era difícil no começo, até as máquinas trabalharem e meus tecidos se regeneraram numa velocidade impressionante, ao chegarmos naquele ponto, não havia mais marcas.

Era a torre, Berliner Fernsehturm nós corremos para dentro, estava vazio o elevador.

Num pulo nosso, entramos nele antes da porta fechar, joguei minha varinha no botão para ele subir.

O elevador fechou na cara da sombra, então começou a subir.

Ouvimos ele atirar, porém a porta segurou os tiros tempo suficiente para não estarmos mais em perigo.

—Bomil, não disse antes, mas resumidamente, meu metabolismo está muito mais rápido, os tiros já foram curados naturalmente, vamos pedir ajuda aos seguranças para que ele não possa nos atacar lá.

—É... certo

O elevador abriu, pulamos para fora.

Estava cheio de pessoas fantasiadas, era o dia das bruxas ainda, ele só foi arruinado para nós.

Havia seguranças no elevador.

—Segurança! Chame a polícia! Todos se abaixem, tem um louco nos perseguindo!

Talvez tenham acreditado, talvez não, logo fui com Bomil para longe do elevador, ela estava ligando para Yuki, talvez apenas uma dica dela pudesse nos salvar agora.

—YUKI! Uma sombra está nos perseguindo, fomos para o topo da torre, diga alguma forma de derrota-lo, essa sombra não liga para luz e é superforte, por favor nos dê alguma fraqueza, alg...

Ela parou de surpresa, Bomil estava encarando o lado de fora, eu não tinha visto nada saindo do elevador.

Olhei para fora.

A sombra tinha escalado a torre, menos de um minuto depois de subirmos de elevador.

—AHH!

Ele tinha a arma nas costas, seria ela a arma para nos matar.

Bomil me puxou para o lado, um segundo mais tarde e teria parado na linha de fogo da sombra.

Ouvi gritos, não parece que alguém foi acertado, mas percebi o quanto estarmos lá colocava todo mundo em risco.

—Bomil, tenho uma ideia, só acredita em mim, certo?

—Sim, sim.

Corri para outra janela, a sombra iria atirar em mais 1... 2... 3...

Ouvi os tiros, viramos na hora precisa e a janela estourou.

—Vamos escalar! Se esse louco consegue! Podemos fazer o mesmo!

Continuamos correndo, mas então...

Na pressa, não pude mudar de direção a tempo, fui muito para uma direção na hora que a torre girou.

Quase cai, mas fui segurado.

Bomil me puxou pela mão.

“Dessa altura... vou morrer de uma vez, a cura não pode me salvar disso”

Agarrei na base com a outra mão e escalei apressado, a pressa, sendo inimiga da perfeição, não fez aquela escalada ser eficiente.

A sombra já estava na nossa frente, a alguns metros, apontando sua arma.

—É AGORA!

Apontei meu pulso contra ele, o truque de mágica mesquinho teria de servir.

Um jato de água foi contra a sombra, minha precisão foi melhor do que pensei, foi bem nas mãos dele.

Com elas molhadas, perdeu a pegada da arma e ela escorregou.

—Vamos!

Demos um salto e começamos a escalar, até o topo real da torre.

—Normalmente... turistas não podem subir até aqui em.

—Não somos turistas!

Conseguimos subir, mas...

“E agora? ”

—Bomil, não tenho nenhum plano, preciso que você faça o que te contei, só assim poderemos ter esperança de sobreviver.

—O que?...

—Grite, puxe toda a vontade de viver que você tem na sua alma, expresse isso da forma mais pura possível, talvez assim haja esperança...

Pude ouvir ele agarrando as paredes, estava subindo.

—Não tenho mais planos, aquele era o único truque de mágica útil comigo, poderíamos descer e continuar esse joguinho pelo resto da noite, poderíamos tentar enfrenta-lo, arriscar tudo, fora isso, não faço ideia do que podemos fazer.

—Ah... eu sei...

—O que?

—VIVER! VIVER! VIVER!

Ele estava cada vez mais próximo.

—Sim, agora mais duas vezes!

—3 Sequências de 3?

—Exato! Vão ser nove no total!

—VIVER! VIVER! VIVER!

Estava já vendo suas mãos.

—Ele deciciu nos matar, sua existência agora é apenas isso, não seria mais um assassinato, seria misericórdia.

—SIM! VIVER! VIVER! VIVER!

Finalmente, a sombra subiu, estávamos em pé, o plano seria que eu fosse de frente, como uma distração, ela iria tentar uma investida para derruba-lo.

Não tínhamos nada para melhorar nossas chances, no entanto, em minha mente, isso estava ótimo.

Mesmo se morresse, levaria ele junto, fora isso, devia ter uma chance de 50% de todo mundo vencer essa, uma chance de 50% é tudo que podia desejar naquele momento.

Viver

—Ei vocês, pensem menos em viver e mais em matar, por favor.

—Como?...

Outra pessoa subiu aquela base, com um objeto de metade do seu tamanho em mãos.

—Não é bem o ideal, porém vai ser suficiente.

“Um super-jato d’agua! ”

Ao acertar a sombra, ele deu passos para trás, escorregou da base e por fim, caiu.

Não na outra base, ele rolou de lá por causa do molhado do meu primeiro truque, então caiu de mais 300 metros, bem além do suficiente para matar alguém instantaneamente.

—Ei... é você mesmo?

—A quanto tempo, preferia ter te visto só no inverno.

Yuki Rots, ela estava bem na nossa frente.

Matar

Ela se livrou daquele canhão de água, disse que só serviria para essa situação de lutar numa torre sem barreiras.

A polícia nos questionou, entenderam que éramos vítimas e não puderam ligar a queda dele a nós, diretamente ao menos.

Sequer foi um assassinato sem intenção, foi apenas uma coincidência para eles.

Visita

 

Yuki ter aparecido foi obviamente uma surpresa, voltamos para casa de Jestiv para ter respostas.

—Certo... só diz o que você está fazendo por aqui, realmente não faço ideia.

—Ah Fils, que maldade, nunca considera os sentimentos dos outros? Estava com saudade, então fui numa viagem do ocidente até o oriente para encontrar todos os membros da RAIN.

—Ao mínimo não parece que foi algo sério.

—Não pense isso, mas em resumo, desde as férias aprendi a como enganar a maldição, por isso consegui viajar pelo continente, então fui caçada por aquela sombra também, a todo momento ele aparecia e sumia, nunca tive a chance de derrota-lo de uma vez, portanto, vim até aqui, onde vocês dois estavam.

—Você trouxe ele para cá?

—Sim, desculpe por isso, fiquei muito surpresa assim que recebi a ligação, ainda pensei que teria tempo para visita-los antes do ataque, o que não aconteceu.

—Por isso você foi até lá, demos nossa localização e Rots veio ao resgate.

—Se vocês morressem teria sido minha culpa, isso não poderia aguentar, além de que... no final o plano realmente funcionou.

—Funcionou?

—Graças a sua ideia da água, entendi como derrotar a sombra finalmente, agora ela está em algum necrotério, misturado a outros corpos não identificados. Hahaha...

—Ufa... isso foi uma noite estressante em...

—Espera, Jestiv, que horas são por aqui? —Olhei no relógio.

—São 9 da noite.

—Vamos aproveitar, vocês já estão fantasiados, ainda temos 3 horas do dia das bruxas para nós.

—Falando dessa forma, realmente.

Depois daquela batalha sangrenta e uma morte inevitável, talvez aproveitar o feriado fosse irresponsável, porém é disso que essa história trata, nós éramos jovens, idiotas, irresponsáveis e arrogantes, tudo isso já havia nos colocado no caminho que trilharíamos no futuro.

Cinema

Lembrei de algo decente, os filmes de terror.

Um deles estava em inglês, fomos assistir ele para que Yuki não fosse deixada de lado.

Para um filme passando na noite do dia das bruxas, ele era bom, a direção obviamente causava tensão, mas os diálogos eram muito acima da média dessa categoria, consegui genuinamente simpatizar com os personagens, eles não eram muito originais, porém não se prendiam a um único arquétipo.

—Não seria o ideal se tivesse vindo só com uma de vocês ver esse filme? Digo, pagar de corajoso com você, Yuki, não me levaria a lugar nenhum, mas com a Bomil iria.

—O que você quer dizer idiota?

—Foi você que tomou mais sustos até agora, enquanto a Yuki nem pulou direito.

—Nós vimos coisas piores na vida real, oras.

—Mesmo assim, esses ângulos são muito bons.

—Nem sei do que vocês estão falando, esse filme não dá m- WA!

—Falei... —“Ainda bem que metade da sala ficou vazia, temos ela inteira para nós 3”


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