Rain escrita por Aiwa Schawa


Capítulo 18
Dia 19




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Navegador

Dia 2 de dezembro 00:38.

—Nossa missão... aqui está...

Derrubamos a porta da cabine e nos encontramos de frente ao professor, mais uma vez. Só mais uma vez, mais nenhuma vez.

—Parabéns. Toda a tripulação do navio não fez mais do que alguns buracos em um de vocês, gostaria de terminar isso aqui e aceitar minha derrota, porém essa é a atitude de um homem que apenas busca algo para seu próprio bem! Minha missão é por toda a humanidade, por isso!... —As portas se trancaram sozinhas, as janelas foram cobertas por painéis de metal, então do teto, muitos modelos semelhantes ao que vimos no convés, metralhadoras antiaéreas adaptadas, apontaram para nós— Não posso deixar nada para a sorte, vocês não vão sair daqui vivos.

—Ridículo, nós somos crianças tão excepcionais assim? Hahaha...

—E não têm ideia do que estão fazendo. A única forma de meu objetivo ser alcançado, necessita de que vocês morram, é apenas isso.

“Ainda temos 30 segundos”

—Professor, pode nos explicar então? Diga por que temos de morrer.

—É pelo futuro. Garanto que suas mortes terão valor, será um sacrifício mais do que justo.

—Hum...

—Você já sabe o que está acontecendo... vejo isso nos seus olhos.

—Sim... então por que todos nós? Não tem sentido nisso.

— (Fils, o que você sabe?!)

— (Não posso explicar agora)

—Você está certo. Tenho uma oferta então. Ligue para seus amigos e diga que eles estão livres, se vocês dois aceitarem morrer aqui, os outros serão mandados de volta para casa.

“Arc, Dravo, vocês dois são meus amigos e aliados, contudo o maior peso... é Bomil”

Fiz um contrato com ela, não iria deixar ninguém mais se ferir, eu mesmo não faço parte do contrato, minha morte é um meio de alcançar esse objetivo.

Antes contei que se ela morresse, não me arrependeria de morrer junto, nem um pouco. Assim... só há uma coisa a que possa fazer.

Peguei meu telefone, liguei para Dravo.

Após meros segundos, ele atendeu.

—Professor, a Yuki pode ser poupada também? Sinto que sou o alvo principal, sou o líder da RAIN também.

—Você sabe muito bem que não, os dois são alvos iguais, aqueles três são os únicos o qual posso poupar, eles apenas estavam no lugar errado e na hora errada.

—Certo... Dravo, o professor acabou de nos fazer uma oferta...

—Me deixe ouvir —Aumentei o volume, afastei o telefone do meu ouvido e encarei o professor.

—Como... qual foi a oferta?

—Ele acabou de nos prender. Portas trancadas, painéis de metal, metralhadoras por toda parte, contudo o fiz perceber o seu real alvo, não são vocês. Somos nós dois, Yuki Rots e eu, Fils Leich.

—Espera... não vai...?

—Se nós dois aceitarmos morrer aqui, vocês três podem sair do navio, não serão mais perseguidos também.

—Ah... não faça isso! Ainda podemos te salvar, mesmo se não pudermos... não morra por mim! Vou vingar os dois se morrerem aí, então sobrevivam... de alguma forma...

—Aprecio muito sua amizade... porém... onde estão as bombas?

—Todas a postos.

—Bombas!? —“Só percebeu agora a armadilha? Nunca disse que iria aceitar a oferta”

AGORA!

ATIRAR!

—Desculpe, professor, porém não posso deixar a Yuki morrer por uma escolha minha.

Não importava o quão rápidas aquelas balas fossem, não seriam mais rápidas do que uma explosão.

Artista

Aquilo era um último recurso, apenas usaria se não tivesse nenhuma outra escolha, tal qual ocorreu agora.

Os três plantaram inúmeras bombas e tomaram controle de vários controles do navio, quando fomos descobertos no convés, era parte do plano, criamos uma distração e tiramos todos os tripulantes de dentro e os trouxemos ao convés, eles então se separaram para fazerem suas partes.

Usando bombas caseiras, pólvora das armas e combustível do navio e um dos submarinos, uma explosão forte suficiente para romper um buraco no chão do navio foi feita.

E também suficiente para tirar minha consciência, talvez por já ter perdido tanto sangue.

Acordei depois...

“Aqui é... apertado, não posso dar 3 passos numa direção sem bater em algo, há fios e luzes por todo canto, preciso me abaixar para andar, a luz é fraca, como se a energia estivesse sendo economizada, também como se estivéssemos sequer com a luz da lua”

Não devia ter gasto tanto tempo pensando nisso, sabia muito bem onde estava.

O último passo do plano, escapar usando o submarino que não explodimos.

Estava com a camisa verde, tinha jogado o paletó fora durante a corrida até a cabine afinal.

Mesmo essa camisa estava rasgada, tinha faixas nos meus braços e uma no meu estômago, olhando lembrei, respectivamente, dos tiros de munição antiaérea e da espada que me cortou.

Dia 2 de dezembro 01:33.

Bomil estava comigo, numa cadeira próxima a cama, era bem ruim claro, foi feita para militares ficarem por apenas dois ou três dias, não era um submarino que milionários excêntricos compram para explorar o mar vermelho.

—Essa cama é ainda pior do que imaginei, é apenas 1% melhor do que dormir no chão.

—Por que acha que estou na cadeira?

—Er... você ia me deixar na cadeira se a cama fosse melhor?

—Não, claro que não.

—Ah...

—Mas essa cama cabe duas pessoas se você espremer um pouco, digo, ela foi feita para soldados, talvez seja apenas estereótipo, porém não consigo imaginar um soldado sem ele ter pelo menos três vezes a minha silhueta.

—Sim, sim, espera como?!

—Indo para algo sério...

—Hum... —Tentei me sentar, meu corpo estava funcionando, apenas um pouco mais lento— Diga, acha que meu plano foi muito arriscado?

—Queria agradecer...

—Não precisa, só fiz meu trabalho como líder... fiz menos do que isso.

—NÃO!

Jestiv me segurou, tinha envolto seus braços ao meu redor e apertado, estava doendo um pouco por causa de todos os cortes e buracos no meu corpo.

—Ouvi sobre aquela oferta, obrigado por não ter cedido a ele.

—Incorreto. Está agradecendo por não ter lhe salvado? Digo, se tivesse o feito, você não teria mais que lidar com nada disso, não precisaria estar num submarino, se escondendo do exército francês e de um cientista maluco.

—E você não estaria vivo, então do que adiantaria? —Ela me soltou, me encarou.

—Devo me desculpar então, pois se Yuki pudesse ser poupada também, teria aceitado aquele trato, foi um péssimo movimento do professor.

—Acho que preciso fazer algo também, você me falou sobre viver, devia lhe dar uma lição também, ou melhor, uma ameaça.

—Estou com um pouco de medo.

—Você disse que se eu morresse, você iria morrer junto? Sim?

—Correto, portanto morrer para lhe proteger é apenas lógico.

—Irei prometer o mesmo então, se você morrer, irei morrer junto.

—Por favor retire o que disse, eu imploro, pode ser egoísta, pode ser estupido, contudo, estou pedindo do fundo do meu coração para retirar essas palavras.

—Não posso, se as retirar, você vai usar a próxima chance de morrer, não posso deixar isso acontecer.

—Correto, aceito isso. Não que tenha sido convencido por esses argumentos, apenas notei no seu olhar uma determinação impetuosa, ela é além do que posso destruir.

—Ótimo!

—Onde está Dravo? Preciso falar com ele um pouco, é oportuno.

—Está logo fora do quarto, vai acha-lo rapidinho.

—Com licença então.

Me levantei, fui falar com ele sobre esses desenvolvimentos recentes.

Embuste

Dia 2 de dezembro 01:39.

—Boa noite.

—Bom dia.

—O que... incorreto! Devem ser além de uma da manhã! Estamos na madrugada, portanto é boa noite!

—Contudo, como antes, dizer boa noite implica que o dia já acabou, contudo você acabou de acordar, ainda temos muito caminho pela frente até derrotar o professor.

—Correto, mas nada justifica você responder dessa forma, a lua está acima de nós, portanto é boa noite.

—Desculpe, porém também houve que todos os relógios desse navio estavam adiantados em cerca de 8 horas.

—Incorreto, não vi relógio algum nesse navio, mesmo se tivesse, não há forma alguma deles estarem num fuso como esse.

—Eu juro... pela minha honra como um caçador de fantasmas!

—Rejeitado, você não é um caçador de fantasmas coisa nenhuma, você é no máximo um vigarista, definitivamente não pode mexer com nada sobrenatural.

—Juro... pela minha honra como vigarista!

—Aceito.

Nos afastamos dos corredores apertados e fomos para salas apertadas.

—Dravo, você estava do lado de fora do quarto, então escutou a nossa conversa?

—Não, estava apenas passando na hora.

—Hum... isso complica as coisas...

—Eu ouvi.

—Ah... entendi, então... agora o que posso fazer?

—Não é bom estar tendo seu amor correspondido? Finalmente me alcançou, na verdade, já que você está junto dela agora mesmo, você me ganhou por alguns meses.

—Não, não! Pare de inventar coisas, digo... —Nesse momento de hesitação em falar, o silêncio me levou a uma conclusão de ouro.

—Antes estava apenas provocando, contudo, esse silêncio e esse rosto me diz uma coisa, você, como um péssimo mentiroso, estava prestes a negar minha afirmação, contudo isso tecnicamente seria uma mentira, portanto você se impediu de a contar, iria dizer “não tenho sentimentos assim” se dizer isso seria uma mentira...

—Não precisa falar tudo isso no meu lugar, já percebi, já percebi...

—Finalmente, não entendo o problema que vê nisso.

—É... não diria um problema, só não faz o meu estilo sentir algo assim, ainda mais depois daquelas conversas do verão... sentir isso me faz sentir...

—Não se preocupe, olhe para mim, sou de fato, como você disse, um grande vigarista —Pensando no que ele fez no aeroporto... com certeza sim— Contudo, se há um sentimento, um conceito o qual jamais poderia falsificar de maneira alguma, é o amor.

—Fale mais, qual o sentido dessa metáfora?

—O sentido dela é não ser uma metáfora, é apenas fato, dizem que a mentira tem pernas curtas, não vai muito longe, isso em si é uma mentira, há pessoas que passam toda a sua vida acreditando em uma mentira, entretanto, o amor nunca pode ser falsificado. Pelo menos não de forma perfeita, lembra da pergunta que lhe fiz no verão?

—Sobre o valor de algo falso contra o de algo verdadeiro?

—Sim, disse que os dois tem o mesmo valor por serem indistinguíveis, contudo, isso é apenas para algo geral e para lhe dar uma lição. Se tivesse especificado exatamente o objeto como amor... diria sem hesitar que o verdadeiro tem mais valor, pois é impossível falsificar amor!

—Então... é amor mesmo.

—Com certeza, não necessariamente como o meu amor, porém definitivamente amor.

—Mas essa promessa... ela é horrível para mim.

—Pare de desejar morrer, isso foi a mensagem que ela queria passar.

—Incorreto, não desejo morrer, de forma alguma.

—Não mesmo, você deseja morrer de uma forma heroica, salvando alguém, assim você vai estar sem arrependimento nos seus últimos segundos, vai sentir que compensou por qualquer coisa que tenha feito em vida.

—...

—Contudo esse não é o caminho, não para nossa vitória, isso é.


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