O Mistério de Vesta escrita por Sir Death


Capítulo 2
Prefácio


Notas iniciais do capítulo

Prefácio? Logo após o prólogo? Onde estão os capítulos então?

Calma, calma, tudo vai se encaixar logo, só relaxem e divirtam-se, no geral, boa leitura a todos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784918/chapter/2

“Como eu sempre me meto nessas furadas?”

Do alto das enormes torres da Catedral Diabólica Nosso Senhor Mefistófeles dos Últimos Lamentos, os enormes sinos argênteos enegrecidos pela longa exposição ao enxofre local batiam anunciando o tão aguardado evento: o casamento da _____________ com o Neto Pródigo.

De fato, quando os morcegos alçaram voo do campanário, os convidados e curiosos resolveram entrar para ocupar seus devidos lugares, alguns bem trajados, outros nem tanto e alguns até armadurados, todos que estavam ali aguardavam ansiosamente o evento há mais de meses, os tempos atribulados acabaram por adiá-lo por diversas vezes, a muito contragosto da noiva e total indiferença do noivo.

Falando nele, era a vez de Animus se preparar para marchar até o altar onde um Lorde das Profundezas o aguardava entusiasmado, eram poucos os que realmente se casavam naquele lugar, talvez porque não fosse um hábito local. Antes, no entanto, entraram a comissão de padrinhos e madrinhas e alguns diabretes que filmavam e transmitiam tudo para os Nove Infernos de Gehenna.

De todas as praças públicas do plano os diabos podiam observar Animus, esplendoroso em sua armadura de escamas de dragão negro, desfilar pelo tapete prateado acompanhado de uma belíssima dama que vinha representando seu nem-um-pouco-bem-vindo pai. Caminharam cadenciadamente até seus devidos lugares. Ele, de pé, retirou o elmo revelando seus longos cabelos trançados com linhas de prata que lhe caíam suavemente sobre seus olhos rubros e apáticos, pousando a peça de metal sob o braço, fitando o arco de entrada da catedral. Ela apenas sentou-se na cadeira mais perto do noivo e o encarou desconsertada, estava lindo como nunca dantes.

E fez-se silêncio sepulcral.

E então começaram os cochichos.

E alguns convidados puseram-se a mudar de lugar para alternar os parceiros de conversa.

E então que casamentos não se realizam apenas com os padrinhos, noivo e convidados, além do padre, também era necessário a noiva, correto? Pois esta já estava atrasada em demasia, apesar de que…

— O que é atrasada demais para uma noiva? — uma voz suave cochichava para Animus, vendo-o um tanto “Irritado?”.

— Não sei, mas com certeza ela já está atrasada o suficiente. — Nem aquela voz seria suficiente para lhe acalmar naquele momento — E não, não estou irritado… —, comentou num sussurro, quase sem mover os lábios ou desviar o olhar atento, estava — Determinado. Isso. Estou determinado. —.

Sua acompanhante estranhou a escolha de palavras e a gota de suor que lhe escorria pela têmpora direita, “Já o vi lutar contra demônios sem sequer perder o fôlego…”, algumas memórias lhe percorriam a cabeça, talvez aquilo fosse realmente “Determinação…” no fim das contas. Nunca lhe havia passado pela cabeça ver Animus suando num dos cantos mais frios dos Infernos, de fato, uma terra congelada não é o lugar onde se espera suar, mesmo trajando uma armadura completa.

— Ela não vem, não é? Aquela cabeça dura idiota…

— Se rebaixando à palavras chulas? — um riso no canto dos lábios era inevitável — Alguém aqui está mais do que determinado…

Finalmente o noivo voltou-se para sua companhia, desviando o olhar e quase levantando a voz — Tudo bem, estou ansioso, é isso que queria ouvir? Pronto, falei… Que inferno! —. O último comentário foi a gota d’água para a mulher, o riso de canto de boca rapidamente transformou-se numa gargalhada, chamando a atenção de quase todos. Coincidência ou não, antes que Animus pudesse reclamar ou repreendê-la, uma lufada de ar gélido adentrou pelas enormes e pesadas portas de mogno queimado fazendo balançar, nos argênteos castiçais, as místicas e azuis chamas das velas. Por fim um toque de corneta soou, anunciando a presença de alguém que, pela pompa exacerbada, deveria ser alguém ainda mais importante que a noiva. — Por que ele veio? — o homem definitivamente sabia quem havia chegado, seja pelas honras, seja pela aura ou mesmo pelo cheiro de quem se aproximava e determinação definitivamente já não era o que ele sentia com isso.

— Ele quem?

— Hêlêl.

A resposta foi curta, ríspida e irritada. 

Ao fim do toque de corneta, passadas pesadas foram ouvidas do lado de fora da catedral, todos os diabretes se voltaram para a figura que chegava, era a primeira vez que _____, a acompanhante de Animus, podia o contemplar por inteiro. O senhor dos Lordes das Profundezas era definitivamente uma figura imponente em sua majestosa e pesada túnica negra com fios de prata na costura e uma excêntrica gola de penas de corvos gigantes, por baixo, era visível uma cota de malha de aço frio coberta em alguns pontos específicos por chapas reforçadas. Seu rosto era misterioso, inexpressivo, extremamente familiar para Animus, que encarava em fúria seus olhos completamente negros, como quem não teme ser sugado para a mais angustiante escuridão.

— O que houve? Acharam que não viria? — A voz irônica passeava entre o ameaçador e o amistoso, com um toque misterioso no ar, ergueu então o braço e apontou para o órgão — Seria bom começar a tocar logo, não? —. Era realmente um homem muito chamativo, tanto que foi só quando voltou a abaixar o braço e uma jovem e delicada mão lhe abraçou os músculos por cima da manta, que todos notaram a presença da noiva ao seu lado — Não é uma grande honra que o senhor de todo o plano venha lhe entregar pessoalmente sua noiva no altar ? —, ela estava deslumbrante em seu vestido carmim, a longa cauda se estendia pelas escadarias quase que sem fim, o tecido cravejado de pequenos rubis cintilava com a iluminação e parecia ter vida própria de tão belo, por fim, uma tiara dourada lhe enfeitava a cabeça sustentando o espesso véu que escondia sua real exuberância, ainda assim, mesmo com todo o corpo coberto em tecidos, ________ conseguia arrancar olhares desejosos e nem um pouco discretos de cada um dos convidados, estes pareciam devorá-la com seus olhos famintos.

De certa forma, aquilo causou algo que poderia ser considerado ciúmes em Animus e, lógico, tal expressividade numa figura tão neutra não passaria despercebida aos olhares atento de sua acompanhante, “Uma verdadeira raridade…”.

Passado o deslumbre imediato e com certa urgência, o diabo sentado junto ao instrumento se preparou para iniciar a marcha nupcial, porém, antes mesmo de conseguir tocar a primeira nota, seu corpo foi desfeito instantaneamente, como se simplesmente tivesse deixado de existir, o que era bem verdade. A voz agora neutra e grave voltou a preencher o recinto — Esse vestido é mais antigo que você, minha criança, foi feito para outra cerimônia que nunca aconteceu, infelizmente para você, eu preferiria ver ___________ morta a vê-la casada com alguém da sua laia. —, então levou a destra ao braço da noiva e a empurrou para frente sem pudor, ela cambaleou alguns passos e cairia no chão se Animus não tivesse vencido os vinte metros que os separavam em uma investida rápida demais para olhos destreinados. — Isso não está certo… — O homem então desviou o olhar para o vazio e o encarou com determinação e um breve sorriso de canto de boca antes do próprio tempo congelar e tudo se desfazer, sobrando apenas a si mesmo, encarando o nada — Diretamente nos olhos… Você é muito determinada, minha criança, não se encara o verdadeiro inferno de Gehenna nos olhos… Achou que te daria tudo de graça? Não, não daria, ainda não é chagada a hora, pequena Vesta… vamos… seu lugar não é aqui… não comigo… não agora...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso, vou começar a história mesmo, juro, tanto que adiantarei o título do próximo capítulo: I... isso "I" de primeiro, podem comemorar, soltar fogos e tal...

Não esqueçam de deixar seus comentários e talz, é importante saber o que estão achando, suas teorias, suas dúvidas etc.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Mistério de Vesta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.