Corações Indomáveis Reylo escrita por Lyse Darcy


Capítulo 26
Capítulo 26 Um Anjo Amigo




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O bosque estava frio, a luz do dia não penetrava a densa copa das árvores que deixava o ambiente sombrio, uma menina se espreitava entre os arbustos espionando um homem que caminhava com passos incertos parecia estar preocupado, olhava para todas as direções, não desejava ser seguido, a criança se encolheu quando o sujeito olhou na sua direção. Ele não a viu continuando com passos mais rápidos agora.

Chegou na cabana descuidada que uma vez escondeu o seu avô, Ayla esticou o pescoço para enxergar melhor o que ele estava fazendo, não conseguiu, pois, já havia sumido dentro da choupana. A jovenzinha ficou intrigada ao ver que Boba Fett ainda utilizava o lugar, só não sabia com que objetivo, uma vez que desde que o ancião foi resgatado nunca mais ouviu falar sobre pessoas sendo castigadas ou aprisionadas, assim sua curiosidade só aumentou. Continuou escondida para saber o porquê dele estar ali.

Alguns minutos depois Fett saiu para a varanda, com as mãos na cintura numa postura altiva, seus olhos percorriam todo-o-terreno em volta da edificação decaída, um vento inesperado varreu seus cabelos para trás deixando sua face sinistra amostra. O som do farfalhar das folhas se movendo ao sabor da brisa. Acendeu um charuto, o final do fumo se iluminou num vermelho incandescente, sugava o tabaco com intensidade, soltando a fumaça pela boca e nariz, o odor fétido alcançou as narinas de Ayla, que precisou segurar um espirro para que o homem não a descobrisse em seu esconderijo.

A garota se debateu agachada para não fazer nenhum ruído segurava sua boca e nariz. O sujeito caminhou até o arbusto em que a menina se ocultava, voltou a soltar a fumaça dos pulmões, com isso um barulho de folha sendo pisoteada soou atrás dele, então ele correu para verificar a origem do som. Com isto o sujeito se afastou, então a garota pode soltar o ar que prendia com toda a sua força. Permaneceu ali quieta por algum tempo até não ouvir e nem sentir a presença de mais ninguém.

Tudo estava tranquilo, não sentia mais o cheiro incômodo do charuto do homem, não ouvia nenhum movimento dentro da casa e nem nas redondezas, se ergueu só na altura suficiente para examinar se havia algum perigo à sua volta. Notando que ela estava sozinha saiu de dentro do arbusto. Limpou o vestido desgastado das folhas secas que se impregnavam nele.

Esticou a sua coluna, pois estava a um tempo considerável, encolhida. Caminhou rapidamente para dentro da cabana abandonada, piscou algumas vezes para que seus olhos se adaptassem com a pouca luz do ambiente. O local era assustador lhe arrancavam arrepios ao se lembrar que poucos dias atrás seu avô estava ali acorrentado. Soltou um suspiro.

O ambiente era um esconderijo perfeito para esconder coisas ou pessoas, a menina logo se deu conta que se tratava de um objeto, pois não tinha ninguém ali trancafiado, ficou aliviada por constatar isto, mesmo sendo muito nova, Ayla era muito inteligente, sabia que o sujeito malvado escondia alguma coisa ali.

Procurou por todos os cantinhos do lugar cada fresta de madeira podre, não tinha nada escondido. A menina coçou a nuca, estava desanimando em sua tentativa de buscar o objeto que Boba escondia, os cômodos estavam todos destruídos, a escuridão era opressiva, o odor bolorento a fazia espirrar. A menina se ergueu para tentar alcançar umas prateleiras acima dela, era muito pequena, então não conseguia alcançar naquela altura. Foi até um banco velho todo corroído por cupim, testou para ver se o móvel aguentaria o seu peso. Colocou seu pé diminuto nele. Rangeu, mas mesmo assim a garotinha subiu nele, com um barulho de ruptura a menina se precipitou ao chão, soltando uma tábua do assoalho.

Ayla se recuperava do susto por ter caído tão repentinamente, alisava o seu joelho ferido, pensava numa desculpa para dizer ao surgir em casa com uma ferida tão grande e a saia rasgada, foi nesse momento que ela abaixou a vista, observou que debaixo da madeira que ficou fora do lugar devido ao impacto de seu peso, no vão tinha um envelope, ela esticou o braço e com as mãozinhas hábeis, pegou o papel do buraco. Não conseguia ler ou ver com clareza, mas sabia que era uma carta estava manchada, provavelmente era importante para o capataz. Então, porque o homem desejaria esconder o tal papel envelhecido naquela cabana? A menina tentava criar uma teoria.

A isso ela retirou a folha de dentro do envelope colocou dentro do bolso de sua saia encardida, lembrou que tinha uma lista de atividades que seu avô lhe deu, então substitui os papéis, devolvendo o objeto para o mesmo local. Encaixou o piso no mesmo modo que os demais. Ajeitou as saias, respirava com descompasso como se estivesse numa corrida. Saiu do casebre com a mão no peito, o sangue bombeava em seus ouvidos, com isso um ruído fez seu sangue congelar nas veias. Prendeu o fôlego.

Um sentimento de terror tomou a sua mente, sabia que não tinha para onde correr. Fechou os olhos com força fazendo uma breve prece, ao abri-los avistou uma lebre correndo pelos arbustos. Suspirou de alívio, o pensamento que lhe ocorreu foi correr para bem longe dali. A menina levantou as saias puídas encaminhou o mais rápido que pode para a sua casa, precisava esconder aquele papel de qualquer maneira, mesmo que não soubesse do que se tratava, intuía que era alguma maldade que o capataz iria fazer com alguém, ela só pensava em proteger as pessoas da vilania do capataz.

(…)

A conversa que vinha da cozinha estava acalorada. Pisava suavemente torcendo para que o assoalho não rangesse sob seus pés, fazia careta para continuar nas sombras, logo em seguida riu consigo ao pensar no porquê estava fazendo isto, uma vez que a casa era sua não tinha a necessidade de se portar assim.

O pirata queria entender o que causava tanto atrito entre os jovens em seu lar, na presença dele ou de Rey se portavam educadamente, no entanto, quando estavam a sós sempre ouviam eles trocando farpas era engraçado de ver eles se estranhando, mas, hoje, por exemplo, foi muito distinto dos outros dias. Então ouviu Bea esbravejar.

— NÃO É JUSTO COM O SENHOR DESTA CASA!

— Fale baixo, menina tola, assim os patrões irão nos ouvir. — Joaquim tentava controlar a menina num tom conciliador.

 — Seria melhor que eles nos ouvissem. — Cruzou os braços com um ar zangado. — Assim se esclarecem estas mentiras e enganos.

— Acredito que este assunto não nos diz respeito.

— Mas acha isto justo? — A menina tinha uma voz estridente.

— Jogue fora, talvez tenha vindo sem querer nas coisas da patroa. — Deu de ombros.

— Penso que não, trouxe com ela para se consolar. — Sentou com força no banco. — Essas mocinhas ricas são muito falsas. Ela me enganou direitinho. Que raiva!

Neste momento Kylo Ren não disfarçou a sua presença. Entrou com um rosto sombrio, olhava a menina com um olhar intenso, que fez a menina arquejar de medo. Queria entender o que se passava naquele cômodo, percebeu que o problema não tinha relação entre eles, mas sim com ele e sua esposa. Circulou entre os jovens que estavam estáticos esperando, Joaquim sentiu um arrepio assustador ao ver o rosto do homem, nunca o tinha visto tão ameaçador, se encolheu ao sentir os olhos escurecidos do pirata pousar em sua pessoa, queria poder fugir dali imediatamente, a isso ouviu a voz grave dele reverberou no ambiente.

— O que precisa ser jogado? — Não desviou o olhar do menino.

— Não é nada de importante senhor Ren. — Interferiu a menina, a voz saiu fraca.

Kylo Ren, levantou a mão com o dedo indicador erguido com autoridade estava de costas a menina, pois continuava fixo no rapaz. Bea se encolheu com a postura de autoridade do homem. A garota de tranças com um rosto angustiado negava com a cabeça para que o menino não falasse nada para o patrão estava arrependida de ter perdido a cabeça.

Se sentia tão mal com toda aquela situação deveria ter jogado aquela maldita foto desde o dia que a viu no meio das coisas de Rey, no dia que encontrou entre os lençóis que a sua patroa pediu para tomar sol, sentiu raiva da mulher por ter a foto de outro em seus pertences. Guardou para mostrar a mulher e pedir uma explicação. Agora a situação tinha fugido ao controle. Ela conhecia o pirata muito bem, entendia que ele não deixaria esta história sem descobrir tudo que eles guardavam. A voz do patrão a roubou dos seus pensamentos.

— Bea, não adiante mandar Joaquim ficar quieto. — Falava com ela, mas ainda continuava a mirar o garoto trêmulo diante dele.

— Fale menino, antes que arranque a sua língua. — Se inclinou mais em um tom ameaçador. — O que vocês querem jogar fora? — O menino tirou a boina da cabeça seus movimentos eram incertos, tentava esconder a sua tremedeira. — Diga de uma vez! — O homem estava ficando impaciente.

— É apenas um retrato. — A menina falou para que Ren não fizesse nada com o garoto. Ela pensou que por ser filha do seu imediato teria alguma vantagem diante da fúria do capitão. Kylo voltou o seu tronco na direção da menina de tranças. Ela era mais firme que Joaquim, ao menos não tremia, encarava o patrão com valentia.

— Retrato? — O homem baixou o tom. — Vá buscar quero ver ele!

— Como disse, senhor não há nada nele.

— Traga logo, decidirei o que tem ou não. — Apontou o corredor para que a garota fosse até o objeto. — O que está esperando para me dar esta tal fotografia?

A menina caminhou devagar até o seu quarto, sabia que Kylo Ren a seguia de perto, não quis esperar na cozinha e Joaquim vinha mais atrás.

Tudo estava como um horrível pesadelo a menina queria acordar, então, começou sentir medo pela sua patroa, não conseguia prever o que seria dela quando retornasse da Igreja, orava em sua mente para que Deus e os anjos a protegesse. A isso, abriu a porta do seu aposento era simples, mas tudo estava no lugar bem-arrumado, foi até o seu criado mudo e puxou o objeto da gaveta com mãos vacilantes. Ren puxou com raiva dos dedos da garota.

Mirou a imagem, incrédulo com o que via diante de si. Girou o objeto entre os dedos para ler o que tinha no verso. “Meu amor será eternamente seu!” R.S. Engoliu em seco, amassava o papel em suas mãos imensas com muita ira. Encarou os dois que assistia a tudo mudos, girou os pés saindo como uma tempestade do quarto sem emitir nenhum som. O rosto que Bea avistou foi de um sujeito transtornado.

Caiu pesada na cama convulsionando em lágrimas, um medo sombrio congelou seu sangue nas veias. Estava perdida, pela primeira vez não sabia o que fazer. Com isso sentiu o colchão se mover, Joaquim sentou perto dela pousando a mão nos seus ombros em consolo.

— Disse a você jogar fora aquela maldição. — Suspirou. — Os patrões estavam tão bem e apaixonados.

A garota nada dizia, apenas se chacoalhava em um pranto que não cessava, estava se sentindo culpada por todo o transtorno que estava prestes a cair sobre o casal. No que lhe concerne o rapaz sentia muito mais, pois sabia que a vida de Kylo estava prestes a mudar drasticamente e, não teria mais a sua esposa ao menos para o consolar. Sentia o remorso da menina reverberando em suas costelas, pois o que ele havia feito sem dúvidas era muito mais sério e prejudicial que uma foto simplória que parecia mesmo ter vindo por acidente nas coisas da mulher, pois via como o casal era atencioso e amoroso um com o outro, era evidente que a patroa não amava a outro se não ao marido. Meneou a cabeça ao ouvir a voz baixa e rouca da menina.

— Não tive a intenção de fazer este estrago. — Soluçava.

— Claro que não. — Afagou a menina para a animar. — Mas deveria ter me ouvido.

— Sim. — Limpou o nariz, o encarou. — Às vezes sou cabeça-dura, — sorriu fraco. — minha mãe sempre fala que causarei a guerra do juízo final com o meu gênio.

— Acredito que daqui a pouco ouviremos as trombetas soarem. — Ela deu um empurrãozinho de leve no ombro dele.

— Pare de brincar o assunto é sério.

Então ficaram paralisados ao ouvirem ruídos na cozinha, parecia alguém cantarolando e mexendo nas panelas. Eles se encararam confusos.

— Ele não foi atrás dela? — Joaquim falou primeiro e ela apenas afirmou com a cabeça.

Se levantaram para ir até onde a sua patroa estava, ao chegarem perto dela ficaram lívidos ao se darem conta que ela não fazia ideia da tormenta que estava prestes a cair. Ela sorriu para os garotos que continuaram a encarar a mulher. O sorriso dela se desmanchou sendo substituído por um lábio contraído e olhos alerta para a dupla. Caminhou dois passos até eles, apoiou o tacho na mesa. Cruzou os braços com desconfiança.

— O que foi que aconteceu aqui? Brigaram de novo?

Eles simplesmente menearam suas cabeças. A postura deles começou a assustar a jovem, os encarou com mais cuidado, notou notas de pavor nos olhos de Bea e de incerteza nos do de Joaquim. Voltou a inquerir a dupla reticente.

— Desembuchem logo, — Girou em torno dos meninos, igual ao seu esposo, momentos atrás. — Digam logo, estou perdendo a minha paciência.

Com isto a menina se jogou nos pés de Rey. Chorava desesperadamente, as lágrimas começavam a molhar a sapatilha da mais velha que começava a se preocupar com o estado que a menina se encontrava. Tentava fazer ela se levantar, mas era impossível de ergue-la para encarar seu rosto.

— Bea, se levante, por favor. — Se abaixou na altura da garota chorosa. — Não chore. Alguém lhe bateu? Quebrou alguma coisa? — Levantou o queixo dela avistando um rosto vermelho e olhos que transbordavam angustia. — Sabe que pode me contar tudo, não irei brigar com você. — Encarou a Joaquim. — Muito menos você. — Ela doou um lenço para a sua ajudante. Ela aceitou limpando a face de modo grosseiro. Se sentou no chão. Soltou o ar dos pulmões com todo o peso que estava carregando.

— Me perdoe, senhora. — Assoou seu nariz emitindo um ruído engraçado. — Não tive a intenção que ele soubesse … Sentia raiva da senhora… Ele exigiu ver … Devia ter jogado fora… Porcaria como sou burra! — Bea falava tudo de modo atropelado as ideias iam lhe escapando não conseguindo formular qualquer frase que fizesse sentido para a mulher que tentava entender o redemoinho de palavras que brotavam na boca da menina.

— Respire fundo, meu bem, fale de vagar, pois, assim não consigo lhe entender.

— Ela mostrou um retrato de um homem ao patrão. — Joaquim flexionou suas pernas, com o intuito de ficar na altura das mulheres.

Rey ainda não conseguia entender o que estava acontecendo naquele cômodo. Tudo parecia insano, porém alguma coisa dentro de si, indicava que não era algo positivo. Encarou o garoto percebendo que ele estava mais calmo, poderia esclarecer o que estava de fato acontecendo ali.

— Que fotografia é esta? — Estava preocupada. Ele respirou fundo sentando ao lado de Bea passou a relatar os acontecimentos.

— Tudo começou quando Bea ao tirar os lençóis do baú encontrou algo que não devia … — Então Joaquim contou tudo a sua patroa até momentos antes dela chegar. Rey ficou pálida ao ouvir o relato do menino, estava perplexa pensando em como a foto de Ben Solo foi parar em suas coisas. Todavia o que era mais urgente neste momento era saber ondo seu esposo havia ido. Conhecia muito bem a sua natureza intempestiva. Se levantou subitamente.

Rey olhou para a dupla paralisada de tristeza. Enxugou uma lágrima teimosa que molhava sua bochecha. A menina falou com um semblante carregado de culpa.

— Me perdoe, por favor, sei que fiz algo realmente muito ruim.

— Não pense nisto agora, descanse depois conversamos. — Caminhou em direção da porta, antes de sair voltou para falar com o rapaz. — Cuide dela, faça ela tomar alguma coisa. Joaquim assentiu.

 — Onde a patroa vai, caso alguém pergunte.

— Diga apenas que saí. — Com isso saiu da vista da dupla.

Ao sair à rua sua mente estava em um imenso turbilhão, não conseguia organizar as ideias, a única certeza que tinha era que não tinha nenhuma culpa por aquilo que estava acontecendo. O suposto retrato ela não sabia precisar como havia parado em um dos seus baús revirava as suas memórias para tentar lembrar, mas era um grande vazio. Mesmo tendo a consciência tranquila sabia que o seu imprevisível esposo estava em algum lugar de Chandrila quebrando algum móvel alheio.

Então seu sangue gelou ao cogitar na hipótese dele ter ido ver o seu irmão, meneava a cabeça em negação o coração estava congelado, ribombando pesado nas costelas, caminhou rapidamente até a casa do advogado talvez Kylo estivesse lá, pelo menos teria apoio. Bateu a porta de modo desesperado, tinha pressa em saber onde o pirata havia se escondido.

Um rosto espantado apareceu no vão da porta.

— Rey! O que faz aqui? — Fez um gesto para a jovem entrar. Avaliou o estado emocional que a garota se encontrava.

— O que foi que aconteceu, minha filha. — A conduziu até o sofá. — Quer algo para beber.

— Água, por favor, preciso me acalmar.

O homem foi até a cozinha, preocupado com o estado de nervos que a menina aparentava, entregou o copo a jovem que agradeceu a gentileza do senhor, pegou o copo com mãos trêmulas. Ele se sentou de frente a ela cruzou os dedos enlaçando os seus joelhos, esperava a jovem desabafar o que tinha em sua mente. Avaliava silenciosamente a postura da garota que tentava mostrar que estava bem, contudo seus olhos denunciavam preocupação. Então ela depositou o vidro no tampo da mesa.

Se levantou para que as palavras que ia começar pronunciar tivessem espaço para vagar no ar daquele cômodo. Suspirou num gesto cansado deixou seus ombros caídos. Esfregou as têmporas.

— Vejo que Kylo não esteve aqui.

O homem ficou confuso com a afirmação da garota.

— De fato não esteve. — Se levantou para a encarar. — O que foi que aconteceu.

Rey narrou o que os seus ajudantes haviam contado, acrescentando que não havia trazido foto nenhuma para o seu novo lar, que não sentia mais nada por Ben Solo há muito tempo, nem pensava nele de nenhuma maneira. Chewie apenas mexia a cabeça sinalizando que estava atento ao que ela contava ao homem.

Ele esfregou a sua espessa barba com preocupação, notava a aflição, o desespero, indicavam que a garota era sincera, lhe entregou um lenço para enxugar o choro copioso. Analisava toda a situação, conhecia o pirata muito bem, como era impulsivo e poderia acabar magoando a garota com grosserias e suspeitas infundadas. Caminhou de um lado a outro como se estivesse pensando numa estratégia de defesa.

Acreditava que encontrar o homem raivoso antes que algo mais sério e sem solução pudesse acontecer era a primeira medida a ser tomada, o advogado, pensava onde ele poderia estar. Com isso ele sentou junto de Rey falando mansamente.

— Irei buscar teu marido. — Suspirou. — Tentarei colocar um pouco de juízo naquela cabeça teimosa. Sugiro que volte para a sua casa e espere lá por notícias. — Sorriu minimamente. — Fique tranquila, minha filha, tudo irá se resolver tenha fé.

Então eles se despediram em frente à casa de Chewbacca, o senhor seguiu até a casa de Ben Solo, ao passo que Rey retornou para a sua casa com o coração despedaçado. Sentia muito medo pelo que poderia acontecer ao seu marido. Também se preocupou com Ben, não desejava que nada de ruim ocorresse a ele. Caminhou fazendo uma oração silenciosa.

 (…)

— Vamos Tomie me deixe entrar! — O advogado tinha um tom ríspido. — Não quero saber o que seu patrão lhe ordenou.

O imediato abriu a porta com um rosto preocupado. O senhor passou por ele com agilidade.

— Me diga onde seu capitão idiota está?

— Está no quarto nos fundos do escritório. — Ele olhou desconfiado. — Como o doutor descobriu ele aqui?

  — Fui à casa de Ben. — Meneou a cabeça, girou o tronco indo em direção ao cômodo. — Não havia ninguém por lá. Uma senhora disse que estavam na fazenda. — Então ouviu um berro ébrio a sua frente.

 — O maldito está escondido na sua toca, como um cão sarnento. — Esbravejava raivoso.

— Trancou ele aí? — Geoffrey inqueriu cético. — Como conseguiu? Esquece o ponto não é este. Abra a porta.

 O homem arqueou a sobrancelha com desconfiança.

— Vamos, faça o que pedi!

Atendeu a petição do advogado rodando a chave e ouviu o rangido dos ferros por falta de óleo, avistou o pirata sentado na beira da cama numa postura derrotista as costas arqueadas com o rosto escondido nas suas palmas das mãos. Parecia muito abatido.

— Kylo? Está tudo bem? — Caminhou até o sujeito se sentando ao lado dele. Ele sabia que não estava nada bem, mas precisava iniciar a conversação de um modo seguro. Pousou sua mão conciliadora no rapaz, no entanto, o pirata aproveitou o momento de descuido dos dois homens saindo abruptamente do aposento.

— Irei me vingar daquela mulher! Atacarei onde mais lhe dói.

— Garoto, pare de agir como uma criatura parva. — Chewie foi atrás do homem enraivecido.

Geoffrey foi até o bar onde o pirata costumava ficar. Encontrou o sujeito agarrado a uma garrafa de rum, ele franziu o cenho ao testemunhar como seu amigo estava se comportando de maneira tão patética. Tirou a mulher que alisava o ombro avantajado do sujeito de perto lhe dando alguns trocados, se sentou perto do ébrio.

— Agora terá que me ouvir!

Ren apenas ergueu um pouco a cabeça que pesava como uma bigorna. Piscou para acomodar a visão diante do advogado que o encarava. Ajeitou a coluna na cadeira que rangeu com o atrito no assoalho.

— Não quero saber de nada que tenha a me dizer, seu velho louco!

— Age como um néscio. — Grunhiu com impaciência. — Tudo isto por causa de uma fotografia estupida.

— Esta imagem ordinária, é o símbolo de que não devo confiar em ninguém! — Riu desdenhoso.

— Por Deus! Parece uma criança mimada! — Espalmou a mão no tampo da mesa com energia começava a demonstrar impaciência com o homem obtuso ao lado. Kylo esboçou um movimento para se levantar, mas Chewie foi mais rápido o puxando para baixo o fazendo soltar todo o seu peso no assento causando um barulho surdo. — Disse que você irá me ouvir. — O pirata girou os olhos, no entanto, permaneceu parado escutando o que o mais velho tinha para argumentar. — Em primeiro lugar Rey não tem nenhuma culpa em relação a este mal-entendido.

— Penso que é um velho intrometido, que não sabe nada sobre esta mulher, parece uma bruxa, me enfeitiçou mesmo amando outro homem. E vejo que lançou em você também.

— Entendeu tudo errado, meu filho, ela ama você! — Passou os dedos pelos cabelos volumosos. — Ela me contou como você ficou sabendo desta foto.

Ren girou o tronco na direção do homem com um ar incrédulo. — Ela te disse?

— Não seja cínico!

— Rey com certeza falou o que era conveniente a pessoa dela.

— Já pensou que alguém poderia ter colocado este retrato nas coisas de sua esposa para causar esta divergência entre vocês? Raciocine, homem, tudo isto me soa muito artificial. Como Bea poderia achar algo tão secreto de modo tão fácil? Para fechar meus questionamentos se era algo para ela venerar em segredo não estaria num diário ou baú com as suas preciosidades, não num lugar onde seus ajudantes tinham acesso, até mesmo permissão para mexer?

Kylo Ren ficou parado pensando nas questões levantadas pelo advogado eram muito pertinentes, não fazia sentido aquele objeto estar nas coisas de sua mulher. O que viveram este tempo não era um engano ou falsidade, ela era real, o que mostrava para ele era sempre sincero, tinha uma postura leal, por momentos íntimos compartilhados podia sentir o amor que ela lhe ofertava, enxugou o canto dos olhos, se levantando vagarosamente.

— Onde está indo Kylo? — Chewie arqueou a sobrancelha.

— Vou tomar um banho para espantar a bebedeira. Irei conversar com a minha esposa.

— Não vá brigar com ela!

— Claro que não, irei pedir perdão! — Então saiu do bar.

Chewbacca soltou um suspiro de alívio por ter cumprido com o seu objetivo. Tinha certeza que o retrato era um plano mal feito de Desirée. Preferiu não acusar sem provas, contudo, acreditou que o pirata chegou a mesma conclusão. Com isso ele pagou a conta que ficou em aberto. Caminhou vagarosamente para a porta da frente. Então viu uma dupla muito suspeita reunida numa sala privada da taverna. Desviou a vista, mas a sensação ruim não conseguiu se livrar.


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Notas finais do capítulo

Só tenho que agradecer ... sempre ... todo o apoio e carinho ...
Beijos na alma de todos!



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