Corações Indomáveis Reylo escrita por Lyse Darcy


Capítulo 18
Capítulo 18 Resoluções Bem Estabelecidas




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A brisa noturna estava fria, um homem caminhava pela estrada escura, a única luminosidade era uma lua minguando. Os passos que davam eram apressados, sua mente revirava em ódio, precisava extravasar essa emoção. Ir ao bar mais perto para tomar algo realmente forte. Talvez num copo de whisky lhe daria alguma ideia, uma forma de ir à desforra. O pirata não podia sair assim ileso, vitorioso. Todavia como poderia fazer algo a um filho de Han Solo? Tinha a carta, testamento em suas mãos, o papel ainda continha as manchas de sangue do falecido. Ter o papel em sua posse, não impediu de que a senhora da Millenium, fosse a um cartório de notas, testemunhar em juízo que Kylo Ren era filho de seu finado esposo, ainda com o apoio de Ben Solo.

Estava totalmente imerso em sua ojeriza, acrescentou a isso a jovem intrometida em assuntos que não lhe correspondia, se não fosse uma senhorita, fecharia aquela boca mexeriqueira uma vez para sempre. Contudo, por ser tutelada de Skywalker os assuntos deveriam ser resolvidos de outro modo. Uma lufada de ar atingiu seu rosto, então ajeitou seu casaco desgastado. Avistou a taberna, apertou o passo para se aquecer no interior do estabelecimento.

O local era decadente, os frequentadores seguiam o mesmo nível. As mulheres que frequentavam o salão era de pouca moral, perambulavam entre as mesas esperando algum homem lhe oferecer uma bebida, garantindo assim algum valor para levar para as suas famílias paupérrimas. O odor do perfume barato que as cortesãs usavam estava impregnado por todo o estabelecimento, misturado ao tabaco e a bebida de duvidosa origem. O recinto estava repleto de clientes e mulheres perdidas.

Boba Fett, se sentou no balcão com a cabeça baixa, não desejava que nenhuma garota se aproximasse, não estava com o pensamento em aliviar as tensões daquele modo, queria continuar sentindo a sanha contra o pirata e a noviça intrometida. O taberneiro se aproximou do homem.

— Me dê a bebida mais forte que tenha em seu estoque.

 — É para já. — O sujeito se afastou, a fim de servir a dose.

 — O dia não foi fácil, não é? — O indivíduo sentado ao lado falou irônico, bebendo logo em seguida um gole de sua cerveja.

— Não estou com paciência para papo furado! — Falou cortante.

— Ora, ora… Para que ser tão animoso. — Apoiou a caneca no balcão. — Estou em missão paz. — O outro apenas bufou. — Só estou tentando ser cortês. — Estava meio alto.

— Desculpe, cara mais não sou o sujeito certo para conversar.

— Para mim é o tipo exato! — Sorriu torto.

Nesse momento uma dose de aguardente foi colocada na frente de Fett que se virou para reparar o ébrio que tentava manter o diálogo, logo percebeu que era o delegado de Chandrila. Como um homem da lei estaria num ambiente tão duvidoso? Se inclinou no balcão virando o pequeno copo de uma vez. Fez uma leve careta ao sentir o líquido abrasivo queimar sua garganta, porém era prazerosa a queimação que a bebida proporcionava.

— Mais uma dose. — Acenou para o dono do bar.

— É por minha conta. — Completou. — Duas doses aqui para solenizar o encontro. — Arrotou involuntariamente.

— Tudo bem, já está saindo. — O homem caminhou até a prateleira com várias garrafas de todos os tipos e formas. Voltou com o objeto virando deixando escorrer o líquido pelas pequenas taças.

— Deixa a botelha conosco! — O delegado agarrou o objeto da mão do taberneiro, que fez pouco caso se afastando da dupla.

Boba Fett nem se incomodou com a atitude arrebatada do bêbado.

— O que o capitão Héctor James iria querer comigo? — Falou com desconfiança. Tragando o álcool rapidamente.

— Falarmos amenidades. Sobre o tempo, economia, política... — Fez uma careta ébria.

— Sem problemas, conversemos. — O administrador nem se importou com o sujeito. Virando um pouco o tronco.

—Administra a fazenda Millenium. Não é?

— Por que está me fazendo essa pergunta? — Estava cético com todo aquele assunto.

— Deve ser interessante o trabalho, — se aproximou mais. Boba pode sentir o hálito de álcool rançoso do sujeito — ter patrões tão importantes.

— NÃO sou mais o administrador do local — Aguçou sua raiva ao se lembrar sobre o que lhe aconteceu mais cedo na propriedade dos Solo.

— O que se passou para perder o seu posto? — Riu de modo maldoso. — Não precisa dizer. Contudo, acho que tenho o emprego certo para a sua pessoa.

— Não estou sem o meu cargo de capataz. — Deu um último gole da bebida, se levantando impaciente. Caminhou para a saída.

— Espere, vou te acompanhar. — Colocou uma nota de alto valor no balcão se levantando meio cambaleante na direção do sujeito irritado.

Boba Fett olhava a frente, o breu da noite dominava a paisagem, Héctor parou ao seu lado, trôpego.

— Calma parceiro, jamais pensei em te ofender.

— Estou sem paciência para assuntos que não me levam a nada.

— Concordo. — Respirou fundo o ar frio, com o propósito de equilibrar sua sobriedade. — Apesar disso, me conte o que fez para lhe rebaixarem na fazenda?

— Kylo Ren aconteceu… — Tinha um brilho de ódio nas írises do homem. — Com uma mocinha que é muito intrometida.

 James riu pelas narinas.

— Vamos me conte os detalhes, talvez possa ajudar.

— Não preciso de ajuda. Quero vingança. — Cuspiu um muco viscoso na terra.

— Exatamente isso que lhe ofereço. — Deu um tapinha no ombro largo do sujeito. — Uma oportunidade de revidar o que o pirata fez a você.

Boba Fett ponderou a proposta do delegado. Avaliava os motivos que o homem teria em ofertar uma ajuda tão generosa ao mesmo tempo, tão perigosa ao seu posto de oficial da lei. Embora estivesse receoso em aceitar tal apoio, tinha medo que tudo fosse uma armadilha forjada para o cercar em suas próprias palavras. Teria que ter muita cautela, a proposta era muito interessante, mas precisava se certificar quais eram as intenções de Héctor James.

— O que ganharia com toda essa história? — Encarou o delegado. — Qual benefício teria?

— Justo querer saber o que ganho com tudo isso. — Olhou a sua volta com cautela. — Podemos ter essa conversa particularmente. Tenho certeza que o arquiteto de tudo vai gostar de saber que pode contar com o seu apoio.

— Quem é o sujeito? — Começava despertar a sua curiosidade.

— Shiuuu! — Colocou o dedo indicador na boca desajeitadamente. — Fale baixo, ninguém precisa nos ouvir.

— Vamos à minha casa, fica aqui perto, lá podermos conversar com mais privacidade.

Os dois seguiram lado a lado rumo à residência do capataz. Boba Fett estava começando a se interessar no que o outro tinha para propor, mais ainda conhecer a identidade do indivíduo que por certo queria também ver a ruína de Kylo Ren.

O casebre do homem era descuidado. James tropeçou num cesto com ferramentas. Gritou algumas palavras chulas que fez Fett soltar uma gargalhada. James não ficou contente com a reação do homem.

— Fique parado enquanto, acendo o lampião. — Caminhou com passos precisos, o ambiente lhe era familiar. — Sente um pouco, farei um café forte para nós.

— Não preciso! — Soou ríspido.

— Falaremos de assuntos sérios sóbrios, do contrário nem começaremos. — Héctor de má vontade anuiu.

O aroma do café invadia as narinas do delegado, que ansiou por beber o líquido quente e amargo. Fett apanhou duas canecas de barro, depositando a bebida e logo em seguida oferecendo o outro copo ao visitante, que agradeceu a gentileza.

— Conte como pode me ajudar em minha vingança?

— Posso contar alguns pontos, mas os detalhes, deixarei que o mentor desse plano lhe conte.

— Quem é o sujeito?

— Não posso revelar agora. — Estava receoso.

— Tudo bem conte o que pode sobre o assunto, deixa que julgo se será interessante para mim ou não.

Então Héctor James passou a contar os planos do prefeito ao capataz da Millenium. Excluindo alguns detalhes que sabia que o arquiteto do plano não se agradaria em saber que terceiros ficassem sabendo, o homem meneava a cabeça em discordância do locutor em alguns momentos, porém continuava a ouvir a sua narrativa, que tinha tudo para dar errado, havia várias lacunas. Todavia atribuiu a embriaguez do homem. O acautelamento em esconder os detalhes.

— Acredito que não funcionará!

— Como diz que irá fracassar? — Ergueu a voz com uma nota de desdém.

— Aquele pirata, filho da puta, tem muita sorte! — Cuspiu as palavras.

— O que tem que haver, ele ter sorte, com os nossos planos? — Falou preocupado.

— Ele tem uma blindagem!

— Como assim, estar protegido?

— Ele tem o sobrenome Organa Solo. É o meio-irmão de Ben Solo!

— Como? Não pode ser! — Estava atônito. — Ele é apenas um contrabandista desclassificado?

— Creio que você e seu sócio estão enganados quanto as origens desse pirata escorregadio.

— De que modo soube tal informação? — Se levantou começando andar em círculos.

— O próprio vira-lata me disse isso!

— Quando foi isso? — Parou diante do capataz. — Hoje, quando foi rebaixado? Deixa adivinhar?

— Quero retaliação. Ele me humilhou, juntamente com aquela falsa noviça!

  — Claro que deseja isso. — Riu maléfico. — Vamos ter nosso momento, mas antes nosso colaborador mais importante, precisa saber desse novo detalhe.

Com isso a dupla seguiu a conversa, todavia Boba Fett não revelou ao delegado o seu trunfo mais importante, a carta testamento de Han Solo. Não confiaria uma informação tão valiosa com homens que poderiam se tornar seus aliados, como também inimigos e, para completar a identidade de um deles estava encoberta nas sombras. Assim preferiu se preservar, tal documento o ajudaria em algum momento preciso.

 (…)

Rey se aprontava para o momento mais tenso em seu dia, nem mesmo enfrentar o capataz da fazenda com um facão na mão a amedrontava tanto como ter que encarar todos na mesa de jantar. Afrontar os membros da família a afligia, pois, sabia que sua irmã e seu marido seriam um desafio à parte. Suspirou, ajustando o vestido ao seu corpo. Sentou diante de um espelho ajeitando sem muita vaidade os seus cabelos castanhos lustrosos, passando uma fita de cetim azul-céu. Encarou seu reflexo com convicção: “Sou forte. Posso enfrentar Desirée.” Falava como uma litania, para juntar suas forças para não sucumbir as maldade da garota que enganou a família por tanto tempo.

Ouviu uma batida a porta, pediu que aguardasse, foi até lá a abrindo encarou o advogado com um semblante preocupado.

— Rey, sei que é muito irregular estar aqui solicitando uma reunião com uma jovem solteira, porém é muito importante conversar contigo antes do jantar.

— Sim doutor Chewbacca, podemos conversar na sala de costura. — Sorriu tímida. — Me acompanhe, por favor. — Ambos seguiram até o local onde poderiam conversar em particular.

— O que poderia me dizer de tão importante para ser em privado.

— Por favor, só Chewie, nada de doutor. — Sorriu paternal. Com isso prosseguiu. — Menina, desejas noivar com Kylo?

— Sim quero esse compromisso. Por que vi nessas últimas horas qualidades boas nele.

 — De verdade? — Caminhou pelo local.

— Bem, no começo pensava como a maioria. O via como o famoso pirata, sendo um humano frio, o mais perigoso que poderia conhecer. — Se sentou, começando a mexer na caixa de linhas. — Mas depois de hoje, pude conhecer um pouco dele, percebi quem era ele de verdade. Kylo mostrou que tem sentimentos, foi generoso com o ancião Tekka e sua netinha. Mostrou ser sensível à dor dos que o rodeia. Me auxiliou em libertar tal senhor. Um homem assim não pode ser mau.

— Desculpe se estou entrando em sua privacidade. — Com o dedo polegar e indicador como pinça segurou a ponte do nariz. — Você o ama?

Desviou o rosto, tímida, com a voz baixa tentou responder do melhor modo que avaliava ser possível. — Penso que se ele um dia chegar a ter algum afeto por mim… — Respirou fundo, depois soltando o ar de seus pulmões. — Poderia sentir o mesmo por ele.

— Filha o que posso dizer sobre Kylo, — coçou a barba — não é um homem fácil. Sofreu muito. Lutou muito. Você tem razão em dizer que tem um bom coração, mas também pode ser obstinado. Todavia não quero que pense que estou te desencorajando, muito menos te forçando a dizer os seus verdadeiros motivos por que se decidiu a fazer isso. Contudo, peço que pondere. Uma vez que, Ren poderá te fazer muito feliz… — Se aproximou da garota pousando delicadamente sua mão na dela. — … mas também muito infeliz. — O advogado queria que a garota soubesse com clareza todos os pontos envolvidos naquela união. Então se afastou saindo da sala que conversaram. Rey ficou ali parada absorvendo aquela conversa sincera que teve com o amigo do pirata.

No quarto dos recém-casados, Ben Solo caminhava de um lado para o outro como um animal enjaulado. Estava muito alterado. Desirée se aproximou dele com muita cautela.

— O que houve meu querido esposo, por que está tão agitado?

— Não sabe o que acabo de me inteirar?

— Com certeza não sei. — Abraçou o rapaz pelas costas. — Me diga talvez possa te ajudar.

— Meu meio-irmão, está noivo de Rey!

— Quem é seu meio-irmão? — Tentava se situar no assunto.

— Kylo! — Se desvencilhou do toque. — Ele é filho do meu pai!

Se sentou para se apoiar, suas pernas vacilaram. Estava perplexa. Como não contaram a ela um fato tão importante. Agora tudo estava perdido.

— Desde quando vocês sabem isso?

— Desde sempre, tínhamos esse conhecimento. — Bufou. — Agora ele nos enganou e está noivo de Rey.

— NÃO! — Sua voz era esganiçada. — Impeça esse absurdo, não podem permitir que algo tão insultante aconteça!

— Acredita que não tentei demover sua irmã de tal ideia?

— Com ela não, é uma idiota! Com o meu pai, poderá impedir isso. — Enxugou uma lágrima raivosa. — Ele tem que colocar aquela sonsa no seu lugar.

— Creio que não precisa ser tão dura com sua irmã. — Olhou a esposa com carinho. — Todavia, Luke ficou com eles numa conversa privada.

— Devia ter ficado com eles. Impedindo que essa loucura se alastre mais. – Mostrava uma agitação em sua voz, um quê de desespero. 

— Desirée, não se atormente tanto, minha querida. — Foi ao guarda-roupa, pegando um casaco próprio para o jantar. Vestiu alisando a lapela com cuidado. — Todavia, não poderia ficar, pois, pediram uma reunião particular. Contudo, iremos jantar em paz, depois verei o que posso fazer para impedir tal aborrecimento.

— De verdade que fará isso?

— Sim meu amor, falarei com Luke sobre as desigualdades desse enlace. — Desirée, assim que ouviu as palavras do marido, sorriu maldosamente se abraçando a Ben.

— Muito obrigada! Meu céu, agora me sinto melhor para jantar com todos.

— Tem certeza, querida? — Ela anuiu e foi se arrumar para o jantar.

(…)

Leia estava com o seu irmão numa conversa acerca dos últimos acontecimentos que se desenrolaram na fazenda Millenium, enquanto esperava os demais para se juntarem para o jantar. A mulher estava impactada com os eventos que se passaram tão perto de si, sem que tomasse ciência.

— Como Rey está? Pobre criança deve ter se sentido muito, assustada.

— Pelo contrário, nunca a tinha visto tão segura de si. Decidida!

Nesse momento se aproximaram dos gêmeos, Chewie e Kylo. Conversavam alegres, quando avistaram a dona do local os hóspedes se inclinaram num educado cumprimento.

— Sintam-se à vontade, em minha casa. — Sorriu. Chewie beijou o dorso da mão da senhora.

— Continua linda!

— Obrigada, sempre foi muito gentil! — Desviou o rosto na direção do mais moço.

— Sou Leia. — Estendeu o braço para o saudar. Ele aceitou e se inclinou roçando seus lábios na mão dela. — Veja como cresceu! A primeira vez que lhe vi era um rapazinho. — Kylo sorriu.

— Fico feliz de saber que finalmente aceitou o nome que seu pai sempre lhe ofertou.

— Tive os meus motivos. — Falou seco.

— Entendo… — Leia avaliava o homem à sua frente. — … Fez por Rey. Isso é surpreendente, uma jovem encantadora.

— Diria mais que isso, madame. Ela é valente e muito bondosa. — Ren completou.

— De fato, ela é uma moça única.

Desirée vinha de braços dados com seu esposo, com um olhar provocador para Kylo, que devolveu com fria indiferença, ela ficou profundamente ofendida. Entretanto, se controlou para não atrair indevida atenção. Precisava ter um encontro a sós com o pirata que a ignorava no recinto.

— Kylo, quero que conheça a minha esposa. — Ben tentou ser cortês. A mulher estendeu o braço ao convidado. Que apenas se inclinou na direção dela.

— Encantado. — Disse de modo duro. Se afastando da dupla.

Ren ao se virar, vislumbrou Rey adentrando no local, estava tão graciosa, flutuava pelo salão. O pirata caminhou até a jovem que sorria afável. Tomou sua mão com carinho, suavemente beijou sua mão. A ex-amante, bufou ao ver aquela cena melosa. Pensava num meio de acabar com tudo aquilo de uma vez. Girou os olhos ao ouvir sua irmã.

— Senhor Ren, quero que conheça minha amiga de convento. — Apontou na direção da freira. — Irmã Betina é uma pessoa que me auxiliou muito nos dias que fiquei no convento.

— Um imenso prazer em conhecer os amigos de minha noiva. — Sorriu afável para a religiosa, ela olhou para a garota com um sorrisinho engraçado.

— Noivo? Quando foi isso?

 — Longa história, depois conto a você. — A jovem se adiantou.

Nesse ínterim. Leia convidou o grupo a se sentarem à mesa, pois o jantar estava servido, Kylo Ren conduziu a jovem até o seu assento afastando o móvel com cuidado, era muito cuidadoso com Rey, cada atenção, cada gesto dispensado a sua noiva fazia Desirée, se retorcer em ódio. Sua vontade era arrancar os cabelos daquela sonsa, por ter se metido entre ela e Ren. Respirava fundo para se controlar, quando seu marido lhe dirigia a palavra sorria dissimuladamente.

O jantar transcorria de modo polido, as conversas eram superficiais, como se todos estivessem querendo evitar o tema que era mais incômodo para uma parcela dos participantes à mesa. Desirée chamou atenção do grupo de modo frívolo e vazio.

— Ben e eu iremos a Itália para assistir às Óperas, Teatros e Saraus, não é, querido?

— Sim meu amor a levarei Europa. — Sorria ditoso para a sua esposa.

— Quanto a você Rey, quer viajar em lua-de-mel? — Leia quis inserir a jovem na conversa. A mais jovem fez uma cara feia para a outra. A ex-noviça desviou o olhar.

— Não, tia prefiro ficar em Chandrila, o povoado é muito bonito. — Fitou seu noivo. A encarava com muita intensidade, ela ficou rubra, desviou o rosto evitando o encarar.

A conversa continuou com assuntos triviais, comiam e bebiam, Kylo se sentia entediado com toda aqueles temas tão insignificantes e sem um objetivo real, calculava um modo de sair daquela sala de jantar, contudo prestava atenção a cada palavra que as irmãs falavam. Avaliava a atitude de cada uma à mesa.

“Como pude me iludir com Desirée, uma mulher tão fria e superficial? Nada nela é real tudo é forjado em mentiras e enganos. Agora a sua irmã, será que é igual ou distinta? Se apresentou a mim com tanta coragem e bondade. Defendeu pessoas indefesas. Uma mulher assim não pode ser traiçoeira.” A mente de Kylo Ren ponderava as qualidades das tuteladas de Skywalker, enquanto às duas respondiam aos questionamentos da tia delas. Percebeu o quanto era afortunado por um golpe aleatório do destino poder se comprometer com uma jovem tão valiosa.

Ao final da refeição, Ben pediu para que os homens se reunissem para fumarem charutos, acompanhado de um bom conhaque. Todos aceitaram o convite, o pirata estava saturado de tudo aquilo. Todavia tinha que se mostrar civilizado diante de seu futuro sogro.

Na biblioteca da casa os homens se acomodaram em poltronas confortáveis. Com isso, Ben Solo pegou uma caixa do fumo distribuindo por todos que recolheram o objeto e acendendo, a fumaça tomou todo o ambiente, beberam o conhaque de boa qualidade. Kylo cruzou as pernas longas, esperava ver o que iriam conversar, porém, já fazia uma ideia qual seria o tema. Por conseguinte, seu irmão falou.

— Temos um assunto para esclarecer. — Tragou o cigarro. Soltando a fumaça pelas narinas. — Esse noivado, não deve ir à frente, você é meu meio-irmão, mas entenda esse casamento é desigual. Minha esposa também pensa o mesmo que eu.

O pirata riu sem vontade, a ironia daquele teatro era o sacrifício que Rey estava fazendo para aquela família que não mereciam o coração e a alma tão pura e generosa da moça, com isso se levantou se dirigindo ao tutor de sua noiva. Deu as costas ao seu irmão.

— O noivado está acertado entre nós? — O encarou com uma certeza férrea.

 — Sim meu jovem, estamos combinados. — Com isso, olhou o irmão com austeridade.

— Então não temos nada a esclarecer. — Se afastou do grupo. — Se me dão licença preciso descansar. — Deixou a todos no cômodo estupefatos.

 (…)

Rey estava em seu quarto se aprontando para se recolher sua amiga Betina havia acabado de sair, conversaram sobre seu noivado inesperado, preferiu não contar os reais motivos para firmar compromisso com o pirata. Contudo, a freira ficou muito feliz em saber que a garota iria casar com um homem tão bonito e sério. A ex-noviça apontou que não eram os motivos que a fazia o aceitar. A religiosa se dispôs a ajudar no enxoval, às duas riram e papearam, depois se despediram.

Desirée, esperou a mulher sair do quarto de sua irmã entrando nele sem pedir licença.

— O que pensa que está fazendo?

— Acredito que me preparando para dormir. — Desconversou.

— Não seja sonsa. — Falou com desprezo. — Acha que vai separar Kylo de mim? Acha que ele me esqueceu? Esse noivado é um grande erro. Desista dele.

— Por favor, não quero ter essa conversa com você. — Rey se levantou. Indo em direção à porta. Desirée a impediu.

— Ele quer a mim, não a você. — Riu com maldade. — Acha que depois de me ter irá querer alguém sem sal e desinteressante? Kylo é um homem quente, crê que se satisfará com uma noviça fria? Você é muito ingênua se acha que ele me trocaria por alguém tão tola.

Rey tomou uma postura ereta, caminhou até o espelho. Observando o reflexo de ambas com muito cuidado. Ouvia as palavras da mais nova tentando controlar sua raiva. Ela continuou.

— Por favor, maninha desista desse noivado é uma loucura. Kylo é muito violento. — Nesse momento começou a chorar. — Pode ser muito perigoso para você. Se é para que não o veja mais te juro que farei isso. Jamais o verei novamente, mas me prometa que não se casará com Ren.

— Jamais desistiria de meu compromisso com Kylo Ren!

— Entenda ele não te quer… — Falava em desespero. — Faz isso para me fazer ciúmes. Não seja imbecil. Retire sua palavra para esse noivado sem propósito!

— Perde seu tempo Desirée com seus argumentos. De nenhuma maneira, romperei meu enlace com Ren! Não me importa se ele está fazendo para lhe causar dor. Ele tem seus motivos. — Se impôs ficando bem perto da irmã. — EU tenho os meus motivos para o aceitar. Saiba que ficarei muito feliz em ajudar ele nisso em lhe causar dor de cotovelo. Além do mais, independente do que me diz. O seu amante escolheu a mim, não você. — Foi até a porta. Apontando a saída. — Nada vai impedir de nos casarmos! Agora queira se retirar.

— Rey não comemore antes do tempo, vou impedir essa loucura. Espere! — Saiu do local muito consternada.

Desirée foi ao seu aposento para que Ben Solo não desconfiasse do que estava tramando. A garota tinha uma ideia fixa. Precisava encontrar Kylo, conversarem a sós. Teria que ter a oportunidade de o convencer que estava cometendo uma insanidade. Decidiu que de madrugada procuraria seu amante para uma conversa vital, ao menos para ela.

(…)

Ao lado da garota seu marido dormia um sono profundo, o rapaz nem desconfiava o que sua esposa maquinava. Estava inquieta não conseguia aquietar seu coração que batia pesado, não poderia perder Kylo, o amava intensamente. Mesmo casada com um homem belo e carinhoso, não conseguia tirar o pirata de seus pensamentos. Assim se levantou com todo o cuidado, foi até o cabideiro vestiu um roupão pesado de veludo vinho. Saindo em busca do seu objetivo.

A casa estava silenciosa, apenas algumas velas estavam ainda bruxuleando sua luz dourada. Caminhava nas pontas dos pés até a ala dos quartos de hóspedes, para ir até ele. O seu corpo todo estremecia em expectativa de encontrar com o seu verdadeiro amor.

Então observou pela janela um vulto que estava encostado numa árvore, expelindo fumaça pela boca e narinas. Sorriu ao perceber quem era, correu para o encontro de Kylo. No ar frio da madrugada se encolheu no seu traje de tecido pesado. Ela tocou o ombro do homem que apontou uma faca em sua direção.

— Calma Ren, sou eu, seu amor! — Sorriu marota.

O pirata devolveu a arma branca no seu flanco novamente. A olhou dos pés à cabeça com um semblante que não podia ser avaliado. Se afastou da mulher com uma postura firme.

— O que faz aqui fora, não é próprio de uma mulher casada! — Foi ríspido.

— Quero conversar com você!

 — Não tenho nada para falar contigo.

Ela caminhou até o sujeito depositando sua mão no ombro dele.

— Vim lhe chamar a razão. — Engoliu a saliva. — Não pode se casar com Rey. Ela não te ama!

— Me diz que estou louco? — Tirou a mão dela bruscamente.

— Não precisa despertar minha inveja. Sou sua Ren! — Choramingou. — Podemos continuar de onde paramos. Peço a Ben para morar na vila e seguiremos nos vendo! Esse casamento é um absurdo.

— Uma proposta totalmente descabida. Não quero uma amante, necessito uma esposa decente!

— Ela não será uma mulher para você. Te despreza, sente asco de sua profissão.

— Então, não será diferente da irmã! Que preferiu se casar com um aristocrata ao invés de cumprir a sua palavra! — Tragou o charuto expelindo a fumaça no rosto da mulher. — A mim não importa se tem amor ou não, me casarei com uma jovem virtuosa e íntegra. Isso que me importa.

— Está cometendo um terrível engano. Vai se arrepender!

— Não me interessa saber o que pensa ou avalia sobre mim e minhas escolhas. Quero apenas que fique bem longe de mim e de Rey. — Se aproximou de Desirée em tom da ameaça. — Se souber que você ousou perturbar a sua irmã com conversas venenosas, eu mesmo lhe mato com minhas mãos! — Se afastou com passos largos da mulher.

— Espero que sejam tão infelizes como sou! — Ergueu a voz. Assim se encolheu junto a árvore num choro desesperado, todo o seu corpo convulsionava em espasmos seu rosto ficou totalmente vermelho. O desespero tomou conta de sua alma, não acreditava que tinha perdido Kylo Ren para a sua irmã, estava inconformada. As lágrimas molhavam o roupão recolheu as pernas na camisola apoiando sua cabeça nos joelhos. O único pensamento que lhe ocupava em meio ao dessabor de ser colocada para trás foi: “Ele não pode se casar com Rey!”


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Notas finais do capítulo

Oi Leitores Amados!
Esse capítulo foi repleto de acontecimentos ... Boba Fett começa a se aliar com inimigos de Kylo isso será muito ruim para o nosso pirata ...
Desirée não perdeu tempo em destilar seu veneno ... mas me parece que quem se envenenou foi ela ... Ren e Rey estavam muito bem resolvidos ... porém ela não desistirá fácil ...

Obrigada do fundo do meu coração por todo o carinho e comentários fofíneos que recebo ... o apoio de todos vocês me deixa muito feliz ...
Sintam-se abraçados ... Beijokas de caramelo



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