Na vila o cotidiano estava tranquilo todos estavam concentrados em suas tarefas. Na feira livre o burburinho era constante entre as pessoas que transitavam pelas ruas, a brisa agitava as folhas das árvores dando um frescor ao lugarejo. Todos eram muito hospitaleiros e receptivos, porém nada escapava dessa pequena população, concernente ao recém-noivado de Rey, tutelada de Luke Skywalker com o pirata Kylo Ren. Este último ponto da fofoca era a mais interessante de todas as conversas.

Como poderiam imaginar que o rapaz mais amado e, ao mesmo tempo, temido fosse filho ilegítimo de Han Solo. Os grupos se reuniam para debater as várias teorias do porque nunca a viúva e seu filho tivessem mencionado algo tão importante. Acreditavam que sempre esperavam o tempo certo para a revelação, no entanto, não entendiam as causas de Rey antes noiva de Ben Solo, agora estava comprometida com o seu meio-irmão. A jovem que caminhava ao lado de seu tutor e noivo rumo à igreja não se importava com os sussurros que os rodeava. Então, fez um gesto ao seu prometido para que este pegasse a sua mão de modo respeitoso. Assim ele o fez.

— Está nervosa? — Falava só para ela ouvir.

— Não, porque estaria? — Sorriu gentil. Pouco conhecia de seu futuro esposo. Apenas conhecia uma pequena fração de seu coração, mas algo dentro dela desejava conhecer mais. Ansiava em saber o que ele mais gostava. O que lhe desagradava? Queria o fazer afeiçoar a ela de alguma maneira. Se ruborizou ao se dar conta pelos caminhos que seus pensamentos a conduzia.

— Sei que és uma senhorita muito corajosa! — Devolveu o gesto amistosamente, alisando com as pontas dos dedos gentilmente o dorso de sua mão pequenina coberta numa luva fina de renda. Ambos sentiram a eletricidade do toque atingir seus corpos. Desviaram a vista no mesmo instante. — Chegamos a igreja. — Ela concordou com ele.

Luke olhou para a dupla que seguiam um pouco mais atrás. Diminuiu o passo para que estes se aparelhasse com ele.

— Tem certeza, jovens no passo que irão dar? — Levantou uma sobrancelha inquisitiva para a sua tutelada.

— Tenho pai! — Mostrava convicção.

— Nunca deixaria uma jovem com tantas qualidades para trás. — Mostrava amabilidade para com a garota ao seu lado. Skywalker sorriu e adentraram na igreja.

Na sacristia o trio aguardava o padre Kenobi que terminava com uma senhora que estava no confessionário, fazia as suas últimas confissões. O religioso lhe dispensava mandando a mulher fazer algumas orações e petições. Assim a mulher se despediu de Kenobi. Ele por seu turno, foi ao encontro de Luke e uma dupla curiosa de se ver junta.

— Bom dia! — Riu afável. — Desculpe faze-los esperarem tanto.

— Não precisa se justificar. Aliás, nem marcamos uma hora com o padre. — O tutor tentava se explicar.

— Muito bem então! Sentem-se. — Fez um gesto para que o grupo se acomodasse. No entanto, Kylo permaneceu em pé, numa postura alerta. — O que trazem vocês até mim?

Luke se ajeitou na cadeira. — Viemos aqui para marcar a data do casamento de Rey.

— Que felicidade ficar sabendo! — Olhou para a moça com alegria. — Ainda bem que tomou juízo, com essa história de ser freira! Quem é o rapaz afortunado? — A tutelada piscou um par de vezes na direção do padre.

— Kylo Ren é meu noivo! — Apontou na direção do pirata. Kenobi sorriu envergonhado pela falha que cometeu com o rapaz.

— Sim felicito aos noivos. — Tentou emendar, observando o homem alto numa postura rígida. — Quando vão querer realizar o casório?

— O mais próximo possível, o tempo que corra os proclamas. — Kylo se adiantou.

— Tão rápido! — O padre se espantou.

— Não precisamos esperar. Até porque não tenho muitos amigos ou parentes. — Olhou para a noiva. — Rey, o que prefere?

— Opto como você, acredito que seja melhor assim, não precisamos esperar.

— Tenho mais uma coisa que preciso dizer. — Fitou seu futuro sogro. — Não quero nenhum dote. Minha noiva já é o meu prêmio, uma moça muita valorosa.

— Isso é muito irregular meu jovem. Como irá sustentar minha filha?

— Tenho muitos recursos, não se preocupe. Cuidarei muito bem de sua tutelada.

— Acredito que tenho uma data perfeita para a cerimônia, — fitou o pirata com cautela. — É batizado meu filho na Santa Igreja? — Tentou desviar da conversa embaraçosa de valores monetários, mas a julgar pelo semblante do nubente percebeu que o tema era mais delicado que o primeiro.

— Não sou batizado em nenhum credo. — Se aproximou de Rey a olhando como se estivesse esperando um auxílio. A noiva entendeu o seu pedido silencioso.

— Ele pode ser batizado quanto antes. — Sorriu ao padre. — O senhor sempre me disse que todos somos filhos de Deus.

— Sim minha querida é verdade. Podemos providenciar o batismo dele, no domingo após a missa. — Fitou o grupo. — Acredito que queira fazer isso de modo privado.

— Certamente, será muito melhor desse modo, agradeço a sua discrição.

— Nesse caso, estamos de acordo, colocarei as datas no livro da Igreja. A agenda será cumprida, porém tem outro detalhe que preciso saber. Seu sobrenome será Ren?

— Não será, — Luke se adiantou. — Minha irmã testemunhou no cartório de notas que este rapaz é filho do Han Solo. Portanto, o seu nome de agora em diante é Kylo Ren Organa Solo.

— Entendo… — A resposta se perdeu no ar. — Então querida filha, será uma Organa Solo de todos os modos. Sorriu paternal para a jovem à sua frente, pois a vida foi irônica com a garota, o que parecia perdido, na verdade não estava, agora tinha um marido, que demonstrava que se importava com a futura esposa.

A reunião com o padre não durou muito tempo, apenas falaram sobre os detalhes do casório, Kenobi o pouco contato que teve com o pirata, notou que o rapaz tinha muita personalidade, indicava em sua postura que admirava muito a jovem que iria contrair núpcias. Isso fazia o religioso ficar de certo modo tranquilo com uma notícia tão repentina. Ao concluir todos os planos do evento o trio se despediu do religioso, rumando para a sua casa.

(…)

— Espere um momento já vou atender… — Que gente mais apressada falou a cozinheira. Ao abrir a porta se espantou. — Senhorita Desirée… perdão… Senhora…

— Vim ver meu pai, ajudar nos preparativos do casamento de Rey tenho certeza que irá precisar de muito apoio. — Sorriu de canto de boca. — Lireth ponha minhas malas no meu antigo quarto. — Se voltou para seu esposo dando um beijo em sua bochecha. — Obrigada, amor por me trazer em casa. Tenho certeza que ficarão surpresos com a minha visita.

A empregada os deixou sozinhos na sala, retornando para as suas tarefas.

— Sem dúvidas, carinho, vão apreciar muito a sua disposição em auxiliar. — Roçou os lábios nos dela, que desviou rapidamente do afago.

Nesse momento, entrou na residência um grupo muito animado. Rey ria de uma estória que Kylo contava sobre o Darkness. No entanto, quando ergueu a vista seu sorriso se dissolveu ao encarar sua irmã, que tinha um olhar pesado sobre o casal.

— Veja querido como estão animados, a que se deve tal alegria. — Desirée falou cinicamente. O marido concordou cegamente.

Rey e Kylo desviaram o olhar ignorando sem disfarçar a indagação da mulher à sua frente, mas seu tutor nada percebeu respondendo com empolgação.

— Estávamos falando sobre algumas anedotas de marinheiros. Nada muito importante. — Cumprimentou seu genro, depois beijou sua filha mais jovem. — Que felicidade vê-la tão cedo. Vão ficar na vila?

— Não ficarei muito tempo. — Ben se adiantou. — Vim trazer minha esposa que queria ficar perto de sua irmã num momento tão importante. Deixarei ela sob seus cuidados. Se não se importar.

— Claro que não me importarei. — O tutor estava emocionado. — Vai ser excelente ter minhas meninas perto de mim. — Seu semblante era festivo.

Kylo olhou para sua noiva, observando o olhar aflito da garota, sabia o que se passava em sua mente, que eles tinham que se preparar para os truques que Desirée iria elaborar. Focou no rosto de Rey que o encarou também, nesse momento ela pode perceber que ele estava do lado dela, e isso a aliviou, seu semblante ficou luminoso para o pirata que se sentiu recompensado em saber que essa mulher confiava nele. Ficou muito grato.

— Devo deixar vocês agora. — Beijou o dorso da mão de sua futura esposa. Desirée estendeu a mão que ficou no ar, o pirata não a cumprimentou, apenas inclinou a cabeça na direção do casal visitante. — Precisarei me ausentar uns três dias para comprar os móveis para a nossa casa. Voltou a olhar nos olhos da sua prometida. — Me deseje boa viagem.

— Sim lhe almejarei uma tranquila viagem. — Sorriu lindamente. A isso Kylo Ren deixou a casa de Skywalker. Indo aprontar o seu deslocamento.

— Onde vocês estavam? — A invejosa mostrava curiosidade.

— Conversando com o padre Kenobi com relação ao casório de Rey. — Luke falava animadamente.

Rey ficou alheia à conversação que se desenvolvia bem à sua frente, não tinha interesse nenhum em estreitar laços com a sua irmã que tinha uma aparência muito peculiar de quem estava aprontando alguma coisa, agora conseguia ver que por trás daquela aparência angelical. Escondia um verdadeiro demônio espreitando o momento certo para atacar. Assim a voz maliciosa alcançou seus ouvidos.

— Maninha estou aqui para lhe ajudar com todos os preparativos. Quero muito ser útil. — O rosto da jovem estava debochado.

— Agradeço a sua prontidão. Todavia creio que não será necessário, o casamento será simples. — Seu rosto estava sério, mostrava firmeza.

— Ah! Rey esse momento é muito importante para uma jovem. — Luke deu umas batidinhas em sua mão. — Será muito bom compartilhar com sua irmã mais nova. — Ela sorriu ao tutor sem alegria.

— Sim o senhor tem razão, mas agora irei me retirar estou muito cansada. — Se levantou delicadamente, Ben acompanhou o movimento para que a dama se retirasse. Assim que saiu voltou a se acomodar na poltrona.

— Queiram desculpar a Rey, estamos desde cedo na igreja, precisa descansar.

— Não se preocupe, Luke compreendemos. — O genro estava sendo compreensivo. — Viemos sem avisar. Então, fique tranquilo.

— Sim papai não se incomode. Sabemos como nossa Rey às vezes é birrenta.

— Amor, não seja tão dura com a sua irmã.

— Tem razão querido, — Beijou a bochecha do marido — não serei tão severa com ela.

Assim a conversa transcorreu de modo natural Ben Solo estava empolgado em estar casado com Desirée. Que não correspondia com o mesmo entusiasmo do rapaz! Luke também estava contente, afinal de contas suas tuteladas estavam bem, brevemente às duas estariam casadas isso era muito bom, havia cumprido seu propósito fazer com que suas meninas encontrassem seus caminhos.

Desirée estava um pouco agitada queria ir atrás de sua irmã, sentia uma necessidade irracional para incomodar a paz de espírito da garota, se agitou no sofá, nesse momento se levantou rapidamente.

— Vou me refrescar um pouco vou deixar os homens conversando assuntos mais masculinos. — Seu esposo se levantou beijando sua têmpora que sorriu docemente ao rapaz o deixando com o seu tutor.

O corredor era cumprido foi caminhando com passos leves para não denunciar que estava se aproximando, abriu a porta avistando Rey em sua escrivaninha escrevendo alguma coisa. Olhou para a mulher ousada que entrava em seu aposento sem ser convidada.

— Olá, irmãzinha, está escrevendo para quem? — Tinha um sorriso malvado no rosto.

 — Não é de seu interesse! — Selou a carta.

— Claro que não tem relevância.

Rey se afastou da irmã colocando o envelope dentro de um pequeno baú, nesse momento viu de relance uma foto antiga de seu esposo, sorriu quando uma ideia maliciosa surgiu em sua cabeça. Analisou a ingênua se afastando indo em direção a varanda. Que olhava as palmeiras que bailavam no ritmo do vento.

— O que você quer aqui, Desirée?

 — Estou aqui para lhe ajudar. Não ouviu?

— Me poupe de seu cinismo. — Se aproximou numa postura combativa. — Sei muito bem porque está aqui em casa. Já lhe adianto, para não perder o seu tempo. — Apontou o indicador no rosto da mais nova. — Nada que faça me fará tirar a minha palavra quanto ao casamento!

— Claro maninha, sei que é uma mulher de palavra. — Deu dois passos atrás. — Não pensaria outra coisa. — Ficou em um silêncio perturbador, com o intuito de desestabilizar a mais velha.

— Diga de uma vez o que quer me falar!

— Oh! Uma grande notícia que tenho para a nossa família. — Se sentou na beirada da cama alisando o ventre, de um jeito atrevido.

— Não me diga que está grávida!

— Sim estou. Não é emocionante? — Olhava com um brilho maligno nos olhos.

— É do seu esposo? — Rey tinha um bolo na garganta, não conseguia nem pensar em outra possibilidade.

Desirée se levantou calmamente sabendo o quanto estava magoando a sua irmã, a possibilidade que o filho que carregava em seu ventre pudesse ser do seu futuro esposo. Com isso se pronunciou bem devagar.

— Provavelmente não é de Ben, — A olhou com falsa tristeza. — Consegue perceber a situação?

— Está mentindo! — Caminhava de um lado para o outro. Colocou a mão na testa. — Não pode ser verdade!

— Estou dizendo a verdade maninha! — Começou a chorar copiosamente. — Não pode se casar com o pai do meu filho!

— Não obstante, você não pode ter certeza que ele é o pai. — Uma lágrima teimosa rolou em seu rosto. — Isso seria terrível, se seu esposo soubesse, uma verdadeira humilhação para ele, para a nossa família. Não pode ser tão egoísta!

— Não serei se me prometer não casar com Kylo Ren. — Enxugou a face avermelhada. — Assim não contarei a ninguém sobre nada disso, jura para mim só isso que peço!

Rey chorosa deu as costas para a mulher que ria sarcástica, foi até a mesa abrindo o pequeno baú retirando a foto de Ben do recipiente de madeira, escondendo o objeto entre a saia espessa da vista da irmã. Continuou avaliando a sua vitória sobre a boba que chorava tristemente. Foi mais fácil do que julgava ter feito a sonsa se dobrar.

— Rey me dê a sua palavra que irá romper esse compromisso.

— Sim afirmo que não continuarei com esse noivado. — Se virou encarando a víbora a sua frente. — Desde que você me diga que não contará nada sobre sua abominação contra Ben Solo. Ninguém saberá sobre tal maldade.

— Prometo! — Sua face estava alegre nesse momento.

— Então, não temos mais nada que conversar. — Abriu a porta para que ela se retirasse. — Saia do meu quarto. Preciso ficar sozinha.

A garota saiu vitoriosa do aposento da noiva triste. Balançava o retrato de Ben Solo como se fosse um tesouro. O mundo de Rey desabou ao ouvir que seu futuro marido podia ser o pai da criança que aquele ser egoísta carregava. Ela se recostou na cama com as lágrimas rolando por sua face aquecida. Não queria pensar em mais nada.

(…)

A manhã era quente, a brisa balançou as cortinas do quarto, o sol iluminou as pálpebras de Rey que despertou, com muita dor de cabeça, seu rosto estava muito inchado. Tudo por causa de uma noite inteira de choro e tristeza. Desirée era a causa de todo o seu sofrimento. Saiu do colchão totalmente, resolvida.

Se arrumou rapidamente, tinha urgência em colocar a cabeça no lugar, saiu para a rua sem que ninguém a visse. Precisava conversar com Geoffrey Chewbacca. Ele seria o portador perfeito para as más notícias que ela trazia. No caminho sua cabeça girava, não conseguia perceber nada que passava ao seu redor, o único intento seu era chegar em seu destino.

 No escritório do advogado a garota se desmanchou falando tudo que a sua irmã havia contado a ela. Falando o porquê não poderia seguir com o noivado. Para proteger a reputação de Ben Solo e a boa moral da família. Chewie ouvia tudo com ouvidos atentos e com muita sensatez.

— Minha jovem não pode ser precipitada. — Entregou um lenço a ela. — Espere Ren voltar assim juntos encontrarão uma solução plausível.

— Não posso continuar, doutor! — Sua voz e espírito estavam quebrados. — Não posso me casar com o pai do bebê de minha irmã.

— Entendo, minha jovem, mas quero que pense. Talvez seja alguma cilada da parte de Desirée. Não anuncie, ainda o fim do compromisso. — Caminhou pelo seu escritório. — Espere que seu noivo chegue, então você anuncia a sua decisão.

— Sim Chewbacca, farei o que está me dizendo. — Enxugou as lágrimas, tentou esboçar um sorriu para o mais velho.

O homem esperou que a jovem se recuperasse um pouco, assim a levou até a sua casa, não permitiria que a prometida de Ren andasse por Chandrila sem uma companhia adequada. Ao deixa-la na porta de sua residência se despediu e aconselhou a jovem a ficar tranquila, não dar ouvidos a sua irmã. Assim sumiu pela rua.

Durante o dia evitou a companhia de Desirée. Sempre que cruzavam o mesmo ambiente se desviava, não desejava ter nenhum contato com tal pessoa venenosa. Nesse instante, entrou Lireth informando que havia uma visita na sala.

— Quem é a pessoa? — Rey estava quase saindo do cômodo.

— Sua amiga, Rose, disse que precisa falar urgentemente contigo.

— Por favor a leve ao meu quarto. — Olhou de soslaio para a mulher invejosa ao seu lado. — Não quero que nos atrapalhe. — Saiu do local com a cabeça erguida. No quarto sua amiga estava sentada junto a escrivaninha.

 — Vim assim que recebi sua carta. — Sorriu. — Está noiva? Como pode ser?

— Bom isso é uma longa história… — Com isso passou a narrar a amiga tudo que aconteceu com ela desde que conheceu Kylo Ren e seu noivado repentino, para proteger Ben do escândalo, concluindo com a chantagem que Desirée acabava de fazer para pressionar ela de romper o compromisso.

Rose ouvia a tudo estarrecida, as coisas que sua amiga havia passado eram extremamente complexas. Admirava a garota por enfrentar tamanha dificuldade com o rosto erguido queria poder ajudar.

— Não acredito que essa cobra fez tudo isso! — Se aproximou da amiga a abraçando. — Tem certeza que está bem?

— Estou bem, porém muito insegura de prosseguir esse noivado.

—Acredito que você não deva se precipitar. — Sorriu para a amiga. — Espere seu noivo chegar. Ouça o que tem a dizer. — Rey achou curioso o conselho da jovem, foi igual ao do advogado, refletiu acerca da coincidência. Às duas seguiram conversando outros pontos a respeito dos preparativos do casamento. Sua melhor amiga estava a apoiando para que sua irmã mais nova não fosse vitoriosa nesse momento. Rey confiava em Rose, nesses assuntos, pois Desirée seria um apoio totalmente incerto.

Os dias que Kylo Ren voltaria com os móveis para a sua nova casa estava perto de chegar, ele não tinha a menor ideia do que lhe aguardava ao chegar em Chandrila.

(…)

Uma batida insistente despertava Chewie de seu descanso. Olhou o relógio na parede e riu consigo, sabendo que só uma pessoa o despertava assim sem se preocupar com as formalidades de uma visita. Vestiu seu roupão rapidamente, calçando seu sapato, indo atender o homem apressado.

— Bom dia, Ren! — Sorriu afável.

— Cheguei agora mesmo com a mobília da nossa casa. — Estava agitado.

— Percebi. — Falou incerto. — Todavia quero que tenha muita calma com o que tenho para lhe contar. — Chewie colocou o amigo para dentro. O rapaz cruzou os braços.

— Não me diga que Rey quer romper o compromisso? — Começou a caminhar com impaciência, escovava os cabelos com os dedos. Sentia uma raiva esquentar o seu sangue.  

— Ela está sendo pressionada!

— Deixa adivinhar novamente… — Ria sem humor. — Sua doce irmã a coage!

— Seja prudente Kylo. — Tentou controlar o humor do pirata. — Tente resolver esse assunto com bom senso.

Antes que Chewie terminasse de contar todos os pontos envolvidos na questão saiu intempestivamente rumo à casa de Luke Skywalker. Seu sangue fervilhava ao pensar na mulher venenosa que um dia foi a sua amante. Não poderia permitir que humilhasse a sua noiva dessa maneira. Então estancou ao ver Rey no jardim, tão serena em meio as flores. Seu semblante ficou sereno. Se aproximou suavemente.

— Bom dia!

A garota se levantou de pronto muito, nervosa. Queria fugir dali. Não queria que Desirée os visse juntos.

— Não é bom que nos veja aqui sozinhos. — Tentou desconversar.

— Chewie me falou que quer acabar o nosso noivado. — Ficou de frente a jovem para avaliar o seu rosto, viu que estava assustada, escondia algo. — Por que quer fazer isso?

— Ele não lhe disse?

Não sabia de tudo, pois tinha saído antes. — Quero ouvir de você!

— Ocorre que é algo muito sórdido. Não tenho coragem de lhe falar.

— Por favor, Santa Rey, conte o que Desirée lhe disse! — Tentava controlar o seu humor diante da garota com um semblante choroso.

— Não me chame assim! — Fechou o rosto. — Quero que saiba que não gosto!

— Então, não aja desse jeito, — Se aproximou. — Quero que conversemos, — Alisou seu ombro. — Que sejamos sinceros um com o outro. Me diga qual foi a mentira da vez.

Rey se afastou da carícia que o noivo fez, deu as costas para ele. Sua voz saiu quebrada. — Ela disse que espera um filho seu. — Falou mais para si. Estava muito envergonhada das coisas que sua irmã era capaz de fazer.

— O que foi que a cobra lhe disse. Anda Rey me diga!

— QUE ESTÁ GRÁVIDA DE UM FILHO SEU!

— Você acreditou nela? — Trincava os seus dentes, se Desirée aparecesse ali, a mataria com certeza.

— Não teria porque não acreditar. — Ergueu o queixo. — Afinal de contas foram amantes!

— Sim… — Encurtou o espaço entre eles mais uma vez. — Disse muito bem fomos… Não somos mais há muitos meses. — Encarou sua noiva. — Se estiver esperando uma criança com certeza é de seu marido e não meu. Estive muito tempo fora de Chandrila, não poderia seguir me encontrando com sua irmã.

Rey estava se sentindo mortificada, Desirée sempre a colocava em situações embaraçosas. Nunca teria uma conversa tão íntima com um homem. Tentava controlar o choro de vergonha por estar tão exposta diante de Kylo. Nesse momento surgiu a dona da conversa complicada entre a dupla.

— Olá! Vejo que estão tendo uma manhã difícil — Tinha um sorriso maldoso. — Vou deixar os dois sozinhos. Com isso Ren a puxa com muita força a garota que logo perdeu a alegria do rosto. Quando viu o rosto sombrio e a postura ameaçadora do pirata.

— Como pode estar grávida de mim, sendo que não temos mais nada!

— Não disse nada a ela. Está mentindo! — tentava se soltar do aperto. Que deixava seu braço vermelho. — Ela não te ama, quer uma desculpa e usa a mim como pretexto.

— Você me disse Desirée que espera uma criança que é filho de Kylo.

     — Claro que não, é muito sonsa. — Chorava de modo fingido. — Se não quer casar com Ren diga a ele. Contudo, não use meu nome. Você o despreza e sente nojo dele. Diga a ele!

Kylo Ren olhou de uma para outra fixando seus olhos intensos em Rey. Como se esperasse uma resposta.

— Não vou terminar o noivado! — Se endireitou. — O que você disse sobre mim, é mentira! Não tenho nojo dele.

— Agora que se esclareceu esse mal-entendido. Que o pai dessa criança não sou eu! — Soltou a mulher enfurecida. — Não há nenhum motivo para o fim do noivado. — Olhou a jovem envergonhada. — Seguimos com o nosso compromisso?

— Sim, continuamos noivos!

Desirée saiu do meio deles mais uma vez derrotada, cheia de ódio pela dupla que ficou no jardim. Antes de sair.

— DESEJO QUE SEJAM TÃO DESGRAÇADOS COMO EU!

Rey se desmanchou em lágrima, com isso Kylo se aproximou da jovem que estava muito abatida. Ele a abraçou com muita ternura e de modo consolador sussurrou.

— Não se preocupe, Rey estarei sempre aqui, nunca ficará sozinha… — Beijou sua cabeça castamente. — Mas me jure que irá se casar comigo! Não como a sua irmã me fez um dia… Prometa com sua lealdade e generosidade…

— Juro com a minha alma. — Então eles permaneceram ali por algum tempo, em meio as flores, abraçados sentindo o calor cúmplice de seus corpos. Rey começava a sentir que estar perto de seu noivo a fazia se sentir mais forte. Se sentia querida. Apreciou o que começava a surgir em seu coração. Um sentimento familiar de pertencimento.