Corações Indomáveis Reylo escrita por Lyse Darcy


Capítulo 12
Capítulo 12 Navegar é preciso¹.




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O dia não chegou a penumbra ainda era o manto que cobria à terra, contudo o trabalho já era intensa entre os marujos. Caminhavam de um lado para o outro carregando o navio de provisões. Barris de água potável, alimentos frescos, bebida alcoólica, pólvoras. Tudo era supervisionado de perto por Kylo Ren. Acendeu um charuto, a luminosidade mostrou por um instante seu rosto. Homem estava taciturno. Sorveu o fumo com intensidade para manter viva a chama, depois soltou a fumaça pela boca e narinas.

O Darkness flutuava tranquilo no cais, recebendo as mercadorias. A embarcação era imponente, a madeira era negra as velas eram também escuras, altas e amplas, tinham um tamanho considerável, com o propósito de apanhar os ventos de modo eficaz, com um símbolo pirata que ele fazia questão de manter. Os detalhes dos acabamentos e entalhes eram vermelhos davam a embarcação um ar de ser perigoso. O dono sentia orgulho de seu barco, era precioso, pois foi através de muitos sacrifícios e trabalhos não tão honestos que conseguiu obter essa magnífica nau.

Os mantimentos precisavam ficar bem alocados no porão, com o propósito de haver espaço para as mercadorias que iriam retornar. O homem sorvia o fumo com vontade. O cheiro acre do charuto invadia seu nariz. O seu imediato se aproximou.

— Todos os víveres estão a bordo.

— Ótimo, — fixou um olhar sério ao homem — aguardemos o vento de proa para iniciarmos a nossa jornada. — O outro anuiu.

Os raios da aurora despontavam vermelhos contra o mar, um espetáculo de cores. As nuvens estavam carregadas ao longe, contudo, não agitavam as águas, pois o aguaceiro não seria na região. Os nautas estavam envolvidos cada um em suas funções pelo convés, nenhum deles ficava desocupado, Ren não permitiria. Um grumete, limpava o assoalho para que ninguém escorregasse, um homem forte esticava as aderiças para soltar a vela principal. O vento que Kylo aguardava começou a soprar forte, movendo os seus cabelos negros revoltos. Então, falou alto.

— Aproar ao vento! — O homem ao lado repetiu as ordens.

O prático começou a retirar o Darkness do porto. Mais uma vez o capitão ordena.

— Levantar ancoras!

O subcomandante repete as ordens, assim toda a tripulação entrou em movimentos frenéticos. Cada um imbuído em suas funções, fazendo do modo mais rápido e eficiente, queriam mostrar diligencia diante de seu temido capitão Kylo Ren.

O barco menor levava o maior para o mar aberto. A manobra do rebocador tinha que ser preciso. Não cabia espaços para hesitações, ou falhas. Qualquer ordem equivocada poderia ser difícil de corrigir e ainda comprometer a segurança do navio e das instalações portuárias. Contudo, o homem que fazia isso era um sujeito muito experiente, sendo bem-sucedido todo o procedimento. Quando este alcançou as águas profundas se desatracou do Darkness, Kylo Ren mais uma vez se fez ouvir.

— Siga o curso! Aproar ao vento!

Nesse instante os corsários mais uma vez esticou as cordas, soltou os cabos das velas, Ren olhou sua bússola, verificou onde a agulha magnética apontava certificando o curso que a embarcação seguiria. O vento de proa era forte como ele havia previsto. Notou que os seus homens trabalhavam com aplicação, foi para a sua cabine fazer os registros da navegação. Verificar as cartas náuticas. Deixou o leme com Tomie, seu imediato.

Ao chegar ao compartimento, todo decorado muito confortável com janelas que deixavam o ambiente todo iluminado, o cheiro do mar o deixava tranquilo, sentia a liberdade quando alcançava mares profundos. Se sentou a uma mesa, apoiou o objeto que indicava o curso a seguir. Com um compasso foi calculando no mapa uma estimativa de sua viagem. Era muito importante, para se medir o quanto de provisões seria dividido entre a tripulação.

A privação era motivo de preocupação muitos motins aconteciam por causa da má distribuição de alimentação e bebida para os homens a bordo. Contava com a inteligência de seu cozinheiro, que era um homem muito sensato, conseguia controlar bem o abastecimento, também nenhum ali se atreveria a burlar as leis em alto mar por roubar uma porção que não lhe correspondia.

Nesse momento, batem à porta, então entra na cabine do capitão o assistente da cozinha com uma travessa com vinho, presunto, pão negro, um caldo quente e fatias de queijo. Colocou numa mesinha perto, o homem levantou a vista do que estava fazendo ao sentir o cheiro agradável da refeição se lembrou de seu estômago.

— Os marujos estão se alimentado? — Kylo era um capitão muito rígido. No entanto, tratava a todos na embarcação com muita justiça, se os seus tripulantes trabalhassem como se devia, recebiam o merecimento apropriado segundo a hierarquia do navio, contudo, se mostrassem indolentes ou ladrões tinham as suas punições segundo o delito que cometessem.

— Todos já comeram. — Afirmou o assistente.

O Darkness seguia o curso, o grupo executava as suas atividades. A previsão de chegada do navio se mantinha, isso era muito positivo. Kylo Ren caminhava por toda a tripulação verificando as condições do barco, as cordas a quilha, as velas, principalmente elas precisavam ser constantemente costuradas por causa da velocidade dos ventos, os marujos encarregados desse trabalho ficavam atentos a qualquer fadiga dos tecidos. O homem na gávea sempre atento para que a embarcação não encalhasse em algum banco de areia não mapeado ou sofresse naufrágio por colidir em algum rochedo.

Todos os trabalhos em alto mar eram de vital importância. Ninguém poderia descuidar do barco, mas apesar de a vida ser muito dura e restritiva, os marinheiros a noite se distraiam com canções de marujos, danças típicas histórias das famílias que ficaram em terra. Tudo regado a muita cerveja, pois a água potável deixava de ser em pouco tempo por causa do ar salino, assim eles misturavam o líquido salobre com a bebida alcoólica para ser mais fácil de consumir. O rum era sempre racionado, pois, era muito precioso.

As frutas eram as primeiras a se acabarem, mas os limões eram algo muito importante para manter o escorbuto longe de todos, então era a que mais se prolongava no porão. Misturavam o fruto cítrico ao álcool, os marinheiros apreciavam tal bebida, o alimento que mais durava eram os biscoitos, duros, mas muito resistentes a maresia. As galinhas que colocavam muitos ovos permaneciam vivas, as outras paravam no prato do capitão e seguia a ordenação no navio.

A lua iluminava o convés, poucos marujos estavam circulando, os turnos de dormir havia começado. As velas içadas absorviam o brilho lunar pálido. Kylo Ren estava próximo do homem que estava ao leme. Tomie se aproximou de seu capitão.

— O vento diminuiu a sua potência. — Trazia o astrolábio consigo.

Ren pegou o instrumento o posicionando para aferir, afim de determinar a latitude e longitude em que o Darkness se encontrava naquela vastidão de oceano, após isso fez anotações breves em sua caderneta, para quando chegar na cabine anotar no diário de bordo.

— Sim as rajadas estão cessando. Olhou para o céu. Pela madrugada iremos guinar a estibordo içando a estai. — A vela secundária que auxiliava a principal. — Os ventos do norte logo nos alcançarão. Poderemos ganhar muitos nós em velocidade.

Assim as ordens de Kylo foram seguidas. O curso do navio fora recalculado. Contudo, esse desvio para alcançar ventos mais potentes, não alteraram de modo significativo o tempo de viajem.

O dia chegou com o sol a pino, a pele dos homens estavam muito avermelhadas e irritadas pelo sal. O banho de água doce era um luxo que eles não tinham. Apenas quando alcançavam ilhas de apoio, conseguiam abastecer os porões e tomar banho de água potável. Beber um bom rum descansavam apenas um momento. Ren advertia a sua tripulação em terra não se envolverem em brigas. Pois, se assim fizessem eram deixados para trás, todos tinham muito respeito pelo seu capitão, obedeciam suas ordens com fiel devoção. Tinham ciência de que o homem era muito leal a sua tripulação e esse vínculo era muito forte tanto em terra quanto no mar, a vida e a morte os uniam.

Após uma curta estadia na ilha prosseguiram a viagem que levaria Kylo Ren a uma guinada em seu destino.

(…)

Os preparativos do casamento seguia sem grandes dificuldades. Todos estavam envolvidos, especialmente Leia, estava muito animada com o casamento de seu filho amado, não disfarçava o seu entusiasmo que era contagiante. Rey sempre colaborava de modo prático e eficiente, Betina apenas fazia para apoiar a sua amiga.

Desirée ao contrário, se mostrava distraída, afastada de todos os preparativos, se esforçava em disfarçar seu desinteresse pelo casório. Seus pensamentos iam sempre em direção a Kylo Ren. Calculava uma maneira de ir até à cabana de Maz Kanata para encontrar alguma erva ou feitiço que a auxiliasse a enganar Ben Solo em sua lua-de-mel. A velha tinha que ter uma saída para aquele contratempo, não poderia perder nesse jogo tão perigoso que iniciou, sentia que faltava muito pouco para conquistar tudo que era seu por direito, segundo a sua mente fria e egoísta.

Já havia passado um mês desde que seu amante tinha saído em viagem. Não houve despedidas, nem mesmo entrado em contato, não sabia o que pensar a respeito, por outro lado, sentia um grande alívio por ter a falsa sensação de calmaria, também um enorme vazio por não saber onde ele estava e o que acontecia ao pirata.

Uma voz feminina retirou a noiva de seus devaneios.

— Prefere flores-do-campo, querida? — Sua sogra quis saber.

 — Sim acredito que será esplendido. — Disfarçou a apatia.

— Uma ótima escolha, pois tem muitas nessa época do ano. — Rey falava alegre. Desirée virou os olhos.

A cada escolha, arrumação, Leia não poupava elogios para a noviça que se sentia cada vez mais envergonhada. Sua irmã mais jovem, contudo, ficava extremamente irritada, acreditava que ela queria provocar. Todavia, isso se dava pelo simples fato de que a nubente não tomava a frente em absolutamente nada, era sempre mandona, ou apática.

A medida que os dias iam passando, o casamento se materializava deixava Desirée muito arredia. Combinou com Lireth ir à cabana da anciã quanto antes.

O caminho para a casa de Maz era muito sombrio e de difícil acesso. A dama de companhia da jovem tinha verdadeiro pavor de seguir por aquele caminho, a mata fechada não permitia que a luz do sol adentrasse. Seguiam um caminho muito estreito, quando chegaram ao local. A residência continuava do mesmo modo quando a jovem a viu pela primeira vez. Respirou fundo e bateu a porta.

— Pode entrar. — A voz estava abafada.

A garota girou a maçaneta e observou a velha baixinha, estava mexendo algo borbulhante em seu caldeirão. Sem olhar a mais jovem, se adiantou.

— Veio buscar mais ervas? — A mulher sabia bem o que a menina atrevida queria.

 — Não por agora, ainda tenho o suficiente. — Suspirou. — Quero outra coisa.

 Maz Kanata se virou para mirar a face da pessoa que estava brincando com o destino.

— Sim, de fato, você precisa de algo diferente. — Avaliava as feições belas da consulente. — Você não ouviu o que disse, seguiu com seu plano, não foi? — A jovem desviou a vista. — Agora quer fazer um arremedo em suas ações.

— Ora sua intrometida. — Caminhou para perto da porta. — Não tem o direito de se intrometer em meus assuntos.

— Precisa de minhas ervas? — Concluiu.

— Pago muito bem por isso, não se arrependerá.

— Tenho certeza que pagará. — A senhora a olhava de modo estranho. — Tudo tem um preço, não escapará de quitar suas dívidas com a vida.

Desirée sentiu um arrepio ao ouvir a mulher falando num tom de profecia, pigarreou.

— Quero alguma erva potente, para convencer uma pessoa de algo.

— Quer enganar seu amante?

— Não, — falou irritada — como pode pensar algo assim? — Voltou a caminhar em círculos, o casebre estava muito quente tinha muita fumaça no ambiente. — Preciso que meu noivo, não saiba que já estive com um homem. Ele precisa acreditar que sou virgem.

A feiticeira analisava a situação da jovem a sua frente, sabia precisamente a grande armadilha que ela estava envolvida, não cabia mais volta. Então falou com muita calma.

— Precisa de uma erva que o faça dormir, mas que ele pense que esteve com uma mulher, tenha uma sensação de prazer.

— Sim é disso que preciso!

— Venderei a erva para você, mas escute bem o que estou a te dizer. — Segurou as mãos dela com firmeza. — Conseguirá enganar seu noivo, nesse dia. Todavia seu amante, não ficará com você. Ele não te amará para sempre. Outra já entrou em seus pensamentos.

— Me largue! — Berrou. — Tudo isso é mentira de uma velha bruxa.

Pegou as ervas que precisava, jogando o dinheiro ao chão saindo correndo pela floresta desejando com todas as forças que o que a mulher havia dito eram só crendices que Kylo seria sempre dela. Por todo o caminho chorou amargamente.

(…)

Ben observava sua futura esposa muito alterada, mas julgava que isso acontecia por causa da proximidade das bodas, afinal de contas todas as noivas ficavam nervosas com esses assuntos. Procurou não pensar muito em tudo isso.

Rey, por outro lado, sempre estava serena em todos os aspectos sempre, era proativa nunca se negando a oferecer uma ajuda ou apoio a quem pedisse sua atenção. Chegou próximo da futura cunhada.

— Como está a sua saúde?

— Estou bem melhor! Obrigada, — desviou a vista do rapaz. — em breve estarei pronta para retornar ao convento.

— Por que tem que voltar para aquele lugar? — Sua curiosidade era sincera.

— Continuo aqui a pedido de sua mãe. Ela deseja que fique até o casamento de vocês. — O fitou envergonhada.

— Entendo, sempre se doando.

Nesse instante, Desirée se aproximou da dupla com ciúme do que via, sua irmã sempre era boa, atraía as atenções mesmo sem querer.

— O que vocês estão conversando?

— Nada importante, meu amor, apenas sobre a organização da festa. — Beijou o dorso da mão da noiva.

— Se não se importa, preciso resolver alguns assuntos pendentes na cozinha. — Rey nem esperou uma resposta, caminhou para longe deles.

— Minha irmã é muito sonsa.

— Não fale assim de sua irmã, não tem porque ter zelo por mim. — A puxou para mais perto roubando um beijo suave em seus lábios.

— Ben, aqui não, alguém pode nos ver!

— Não me importo. — Riu travesso. — Vamos nos casar em breve.

Ela sorriu para o noivo, mas por dentro queria sair dali fugindo, só pensava em Kylo Ren e em seu toque, mesmo o rapaz a sua frente ser lindo se desdobrando em carinho atencioso, nada disso fazia a garota afugentar os seus desejos por outro homem.

Todavia o casamento era a sua única saída para continuar na boa sociedade, não suportaria viver as margens das boas famílias ao lado de um pirata sem nome. Então, afugentou pensamentos românticos, beijando seu noivo com um desejo que ele nunca havia experimentado nela. Se encantou mais com o feitiço da jovem. A ela estava disposta a tudo para manter os dois homens sob seu domínio.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo ...
Obrigada por todo o apoio
Beijokas e até a próxima!


Ps. Escolhi esse título do poema de Pessoa pela brincadeira de sentido... Navegar é algo que precisa ser feito e é com exatidão ... enquanto que a vida sempre nos prega peças ... como a vida dos personagens.

Nota¹: Poema de Fernando Pessoa que utilizou essa frase celebre do poeta italiano Petrarca transformava a expressão para “Navegar é preciso, viver não é preciso.” Esta é a origem da frase citada no poema: "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra (cf. Plutarco, in Vida de Pompeu)



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