Corações Indomáveis Reylo escrita por Lyse Darcy


Capítulo 11
Capítulo 11 O Encontro




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O sol entrou festivo por entre as frestas das cortinas do quarto de Rey, a luminosidade tocou suas pálpebras que a fez despertar num bocejo lento e preguiçoso, piscou algumas vezes até o ambiente se fazer nítido diante dos seus olhos.

Seu quarto estava do mesmo modo que o deixou há um tempo. Andou pelo cômodo tateando os móveis como se tivessem uma memória táctil ali. Suspirou pesado, já estava se sentindo melhor desde que chegou em sua casa há uma semana, pouco via a sua irmã. Sentia que ela a evitava sistematicamente, sempre envolta em suas armações.

Se aprontou rapidamente, mesmo estando fora do convento, ainda insistia em usar o hábito de noviça. Saiu do seu aposento silenciosamente, não queria ser impedida de sair para ver o mar. Fazia muito tempo que não sentia a brisa salina em seu rosto.

Os passos foram silentes, o jardim estava lindo sortido de cores e aromas, as flores eram de verdade um consolo, sentiu que seu trabalho no quintal havia surtido efeitos positivos. Se encheu de orgulho ao ver o ambiente repleto de lírios, jacintos, rosas, tulipas, crisântemos e as suas favoritas, orquídeas. Aproximou-se da planta inalando seu odor adocicado, essa espécie era muito delicada, exigindo um cuidado específico, para que não morresse. Assim Rey sussurrou para ela:

— Seja forte minha linda. Vou ser forte também, ninguém vai me deixar murchar. — Assim saiu para a rua.

O dia estava luminoso, o céu azul com nuvens brancas suspensas. Inspirou o ar salgado sentindo uma enorme felicidade de estar ali novamente. Estava distraída andando pela areia, se afastava cada vez mais de sua casa.

Sentia a água fria alcançar os seus pés, não levantava muito a borda de sua túnica, como era próprio de moças recatadas, assim o tecido estava todo molhado, mas ela nem se importava, sentir as texturas junto com a sensação de liberdade era o que mais apreciava. As gaivotas voavam longe, fez com as mãos, formato de concha para visualizar a ave melhor! Tudo era vívido com muitas cores.

Com isso se assustou. Deu um pulo. Se dando conta que estava num penhasco que se precipitava ao mar. Uma queda ali era fatal, porém Rey estava apenas caminhando, decidiu ficar ali por um momento para descansar. Contemplou a vista dali que era deslumbrante, o oceano tinha um azul profundo, a vegetação era rasteira. Ela se recostou em uma rocha afim de ficar confortável. Começou a refletir.

Os seus pensamentos estavam nebulosos, não conseguia organizar as ideias isso a deixava aflita, a certeza que tinha era que precisava ser corajosa. A firmeza de espírito era a sua arma, sua irmã, seu antigo noivo, tudo que isso acarretava precisava deixar para trás. Seja o que Desirée estivesse ocultando não desejava saber, muito menos tomar partido, sentia muito por Ben Solo, contudo, nada podia ser feito. Nem desejava fazer.

O vento movimentou o véu branco da garota. Era branco, pois não havia feito os votos, se deu conta que a bainha de seu vestido estava quase seco. Com isso, colocou as meias até a batata de sua perna, vigiou tudo ao redor para se certificar que estava sozinha, depois fez o mesmo na outra. Calçou os sapatos. O lugar todo estava quieto, só se ouvia o sussurro do vento nos seus ouvidos. Tudo era paz.

O ambiente era favorável, continuava em sua contemplação. Os questionamentos que inundavam seu ser sempre a afundava mais em desalento: “Porque meu Deus, estou aqui? Me sentindo sozinha? Estou perdida, quem devo confiar? Por que Deus eles me escolheram para ser a noiva? Ele escolheu Desirée, por quê? Ela é minha irmã, deveria estar feliz, mas ao invés disso sinto uma grande angústia.” O seu cérebro estava agitado. Sua meditação a deixava afastada de tudo à sua volta, o mundo inteiro tinha se derretido diante de si. Se levantou para continuar a admirar a paisagem, naquele momento só existia ela e os seus tormentos.

Rey estava tão envolvida em suas questões que não notou que havia se aproximado uma pessoa de modo calmo. Observava atentamente o rosto aflito da noviça, estava indeciso, não sabia se interrompia aquela prece tão fervorosa ou se afastava dali.

Continuou a examinar aquela figura angelical, seus lábios se moviam, contudo, não ouvia nenhum som. Seus olhos estavam fechados queria poder descobrir a cor deles. Apostava que seriam claros, ou exóticos. As sardas na face só a fazia mais bela aos olhos do homem que a estudava.

Não desejava ir embora, Kylo Ren estava profundamente atraído ao mesmo tempo, curioso em saber quem era ela. O que seria tão angustiante que a consumia? Porque aquela bela jovem estaria fazendo ali? O pirata foi se aproximando vagarosamente, notou que a jovem, embora uma bela mulher, usava hábito. Tencionava não assusta-la.

— Olá, irmã, como vai? — Resolveu interromper.

Ao ouvir a voz grave tão perto, se assustou, quase se precipitou entre as pedras. Contudo, sentiu que alguém havia a segurado firmemente. Rey fitou firmemente o rosto do homem que a sustentou. Permaneceram estreitados num breve instante. No entanto, sentiu um arrepio percorrer por toda a sua espinha, nunca tinha visto um homem tão envolvente. O olhar dele era profundo, não se desviou deles, porém se sentiu desconcertada se afastou do homem.

Ambos se encaravam por um momento, onde só se ouvia o vento sibilando e as ondas do mar quebrando na enseada. Se avaliavam como que para aprender como seu oponente iria agir. Ren a mirava dos pés à cabeça, os gestos sutis da noviça não lhe passavam despercebidos, conhecia quando uma pessoa se sentia acuada. Farejava o medo nela, contudo, seu temor, ocultava de modo eficaz. A garota sem se dar conta, abalava os pensamentos do pirata. Com a intenção de quebrar o arroubo que a situação causava. Brincou.

— Pensei que estivesse aqui para tentar alguma imprudência. — Riu sardônico. — Não poderia deixar que uma mulher tão bela fizesse algo tão temerário.

Rey ouviu aquelas palavras e se sentiu indignada, inspirou o ar para os pulmões de modo pesado, expelindo eles com toda a força. Se afastou do homem de modo ágil. Odiou como o desconhecido a julgava sem nem ao menos a conhecer, apresentava suas opiniões de modo altivo. A indignação da jovem a fez corar. Aos olhos de Ren ela estava cada vez mais bela, o deixava mais interessado em conhecer.

— Quem é você para invadir a privacidade de outros? — Estava furiosa. — Apenas aproveitei o silêncio para orar! — As bochechas dela estavam muito quentes. — Não que isso seja da sua conta!

O pirata a fitou com um semblante descontraído, caminhou lentamente circundando o corpo pequeno e esguio da noviça. Sua vista percorria todo o ambiente, não lhe escapava nada, especialmente a garota a sua frente que a cada instante que interagia com ela se mostrava ser uma criatura rara.

— Claro que não é da minha conta. — Sorriu para a jovem corajosa a sua frente, pois o respondia de modo decidido e desafiante, ninguém o responderia daquela maneira. Desse forma esse encontro se tornava cada vez mais inusitado, conhecer aquela jovem estava se tornando um delicioso desafio, assim voltou a provocar. — Perdão, irmã, não queria invadir sua privacidade.

Rey bufou ao sentir que o homem estava zombando com as suas razões, que de fato ele nem conhecia. Estava raivosa.

Ren se sentou numa pedra dobrando uma de suas pernas longas para junto do corpo, a outra deixou pender ao chão. Sua postura era relaxada. O ambiente todo parecia se encaixar na postura imponente do homem.

— Fico curioso. — A olhou deixando Rey desconcertada. — Gostaria de saber porque alguém tão bonita como a senhorita esteja querendo fazer os votos? Por algum caso estaria querendo tentar os santos padres e monges?

Mais uma vez, o homem foi atrevido, a noviça o olhava atônita. Tentava controlar suas emoções negativas em relação ao sujeito. Era muito bonito, contudo, sua grosseria extrapolava a tudo que ela já havia presenciado. Desviou o olhar dele, mirou o mar para serenar, no entanto, não teve o êxito necessário.

— Não seja ridículo? — Seus olhos dardejavam raiva. — Não tenho a intensão de fazer tal coisa tão vil. Além disso, não sou nenhuma mulher tentadora. Tenho uma irmã que é bela por nós, duas.

O pirata se endireitou ao ouvir que sua interlocutora tinha parentes, saber quem eram poderia ser uma pista para descobrir com quem estava conversando, sem fazer a jovem se afastar, apreciava o momento compartilhado com a desconhecida tão linda quanto valente.

— Quem seria a sua irmã?

A noviça o encarou desconfiada, por causa do homem demonstrar curiosidade por sua parente, contudo, se apercebeu que foi ela quem trouxe a luz o assunto.

— Minha irmã é a Desirée, chegou a pouco de Coruscant.

Kylo Ren se levantou, se afastando um pouco para digerir a informação que acabou de receber. Descobriu a identidade da jovem com quem conversava há algum tempo. Deu as costas para ela, com o propósito de esconder seu abalo. Agora sabia que o nome dela é Rey, ex noiva de Ben Solo. Riu irônico ao se dar conta ao perceber como a vida era estranha. Teve o privilégio que os deuses ofertaram de se apresentar a ela. Todavia não queria afasta-la. Precisava ser cauteloso.

— Hum! Conheço a sua família. — Alisava o queixo.

 — Como assim, você a conhece? — O mirava curiosa.

— Os Skywalker são famosos. — Soou irônico.

Rey ficou agitada com o atrevimento do sujeito. Ganhou a distância segura caso o homem se atrevesse a agarra-la.

— Quem é você? — Estava resoluta. — Qual é o seu nome?

O pirata tornou a se sentar, para mostrar a garota que não pretendia fazer nada de inconveniente para uma moça que se mostrava tão virtuosa. Todavia não conseguia disfarçar o humor ao ver ela tão na defensiva diante da situação. Sentia o conflito da jovem que, ao passo que queria fugir dali. Algo nela demonstrava que queria ficar ali com ele. Isso o deixou envaidecido.

— Ah! Irmã, se eu responder as suas perguntas, acredito que não continuaríamos esse diálogo tão agradável. — Realmente foi sincero. Queria ficar ali um pouco mais, conhecendo a garota destemida a sua frente.

— Se você não falar irei embora assim mesmo! — Ofegou. — Não é correto uma dama permanecer conversando sozinha com um cavalheiro.

O homem riu. Levantou tranquilo de onde estava. O encontro ficava cada vez mais interessante. Quanto mais ela o desafiava mais vontade sentia de provocar a noviça, sabia que de algum modo ele perturbava.

 — Claro, irmãzinha, está coberta de razão. Contudo, me permita fazer uma pequena ressalva. — Nesse instante se aproximou do ouvido de Rey sussurrando. — Só que não sou um cavalheiro.

A garota engoliu em seco. Nunca havia estado tão perto de um homem. O cheiro dele penetrou em suas narinas, isso a agradou muito. O hálito de rum com algo a mais em seu pescoço a fez vibrar por inteiro. A presença poderosa do sujeito a desestabilizou por uns instantes. Então se afastou um pouco para recuperar o fôlego.

Ele disfarçou o sorriso, aquilo tudo foi muito diferente. Sentir uma sensação agradável em estar com uma quase desconhecida. Estava sendo muito fascinante estar na presença dela.

— Meu nome é Kylo Ren… Demônio… Pirata… Como a irmãzinha preferir me chamar.

O homem quis instigar a jovem com essa apresentação provocadora. Teve resultado. Ela ao saber seu nome, arregalou os olhos ficando pálida. Sem pensar em nada, apenas ganhar distância caminhou de costas se afastando do pirata, como se estivesse diante de uma assombração.

— Bom dia senhor Ren, preciso ir. Tenho muito o que fazer!

Ele olhou para o mar, voltou a encarar a noviça.

— Foi um prazer te conhecer Santa Rey, lembranças aos seus familiares. — falou de modo mordaz. Todavia ficou decepcionado com o fim abrupto daquela conversa inesperada que estava o deixando tão envolvido.

Fez uma pequena vênia para a noviça, que já estava caminhando dando totalmente as costas ao pirata. Meneou a cabeça e rumou para a sua casa.

O trajeto até ela não era muito longe, contudo, parecia que tudo ficou distante, mas precisava fazer muitas coisas em sua residência. Havia muitos preparativos para a sua viagem que seria longa. Não obstante, isso era necessário para ajeitar sua vida para poder por fim se casar com uma verdadeira dama.

(…)

 Rey retornou para a sua residência, na proteção de seu lar pode avaliar aquele encontro estranho e magnético. Foi rapidamente para o seu quarto, não queria que ninguém a visse tão corada e agitada. Queria se refrescar se livrar do peso que o hábito lhe infligia.

No silêncio de seu aposento retirou o véu deixando exposto os seus cabelos castanhos que caíram em cascata até seus ombros. Suspirou aliviada ao sentir o ar fresco alcançar seu pescoço. Tirou a túnica ficando apenas com as roupas de baixo. Colocou um robe, seu objetivo era tomar um banho repousante.

Com isso bate à porta, Betina que demonstrava uma nota de preocupação.

 — Menina, está aí?

— Pode entrar, irmã!

A religiosa adentrou no cômodo seu semblante mostrava um pouco de apreensão. Foi caminhando no recinto sem perceber o quanto a mais jovem estava ofegante, no entanto, sua, cisma surgia por causa da irmã mais nova de Rey.

— Minha querida, onde esteve essa manhã?

— Caminhava pela praia para meditar e orar um pouco. — Se afastou para que a mulher não visse seu rosto corar, não queria compartilhar com ninguém aquele encontro tão inusitado.

— Não faça isso. — Aconselhou bondosa. — Ainda está se recuperando. Precisa ser prudente.

A garota sorriu para a amiga que mostrava genuína preocupação. Notou que sua ida ali tinha a ver com outros assuntos.

— O que está te incomodando? — Se sentou na cama. Convidou Betina a fazer o mesmo.

— Desirée, está agindo muito estranho, sai toda hora com sua dama de companhia. — Bufou. — Para mim, está aprontando alguma coisa.

— Acho que é apenas sua impressão, irmã. — Foi amável com a religiosa. — Além disso, você tem cismado muito com ela. Está nos preparativos de seu casamento é normal estar sempre saindo, ou confidenciando algo com Lireth.

— Pode até ter razão, criança. — Tentou se convencer. — Todavia, escreva o que digo. Desirée ainda vai surpreender a todos vocês.

Às duas riram juntas. Conversaram sobre o que fariam no resto da tarde. Assim Betina se retirou deixando Rey sozinha para tomar seu banho e pensar no tudo que havia sentido ao encontrar Kylo Ren.

Aquele homem a impressionou muito a deixando muito curiosa. Desejou poder conhecer mais sobre aquele homem misterioso. Não obstante, afastou aquele pensamento insensato de sua mente.

O restante do dia da noviça foi muito pacato com atividades amenas, não pensou em Ren em mais nenhum momento. Aproveitou em cuidar do jardim que era o lugar favorito dela. Cortou, aparou, tirou ervas da aninha. Ficou exausta com tanto esforço.

A noite muito cansada se deitou em sua cama quente e aconchegante. O cansaço a fez pegar no sono imediatamente. Assim sonhou com um pirata misterioso.


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Notas finais do capítulo

Olá a todos!
Obrigada pelo apoio e carinho pela fic ... Amo ler suas impressões ...

Fiquem em casa se puderem... Leiam Fanfics ... Lavem as mãos
Beijos na alma...



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