Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 8
Discutindo o recrutamento de Mary Crystal




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Discutindo o recrutamento de Mary Crystal

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6 de Abril de 2012, 06:13 AM

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Manhattan – Nova York

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Ao amanhecer, sob os raios dourados do sol, onde tudo fluía mais bonito, como numa linda paisagem pintada num quadro, o silêncio quebrava-se em ondas diluídas pelo som da agitada Nova York em mais uma manhã gloriosa.

Mary Crystal Ellis, Segundo-Tenente da Força Aérea Americana, apelidada carinhosamente por sua família de Kiara Castelani (nome italiano, com o sobrenome de seu falecido avô), tomava uma xícara de café ao lado da janela de seu quarto, observando o magnífico cenário de Midtown Manhattan, no último andar do hotel em que estava hospedada. Dali era possível vislumbrar o Empire State Building no meio dos prédios, adornado pelos raios solares no momento em que os fotógrafos chamavam de: Hora dourada.

A brisa fresca de mais uma manhã de primavera adentrava pela janela e oscilava as cortinas do quarto.

A loira se encontrava sem sono, motivo de ter acordado tão cedo.

Amber, que não tinha visto a amiga chegar na suíte de madrugada, saía do banheiro com um roupão, segurando uma xícara de café, caminhando para se sentar próxima de Kiara na mesa ao lado da janela.

Ela lançou um olhar sugestivo para Mary, que no mesmo instante a fitou de volta enquanto tomava um gole de seu café.

— Você quer saber o que aconteceu ontem à noite?

— Sim, porque a única coisa notável naquela festa era você dando uns amassos no Capitão América. – Amber apoiava o cotovelo direito na mesa, esperando a resposta da loira.

— Você soube da explosão, certo? – Mary a indagava.

— Só fiquei sabendo quando cheguei aqui e liguei a TV. Todas as emissoras estavam noticiando.

— E o Harry?

— Deve estar desacordado por aí, se recuperando da ressaca com os amigos. Ele provavelmente não soube de nada, porque provavelmente saiu antes da explosão.

— Ótimo. Não ia querer que ele estivesse desesperado me procurando.

— Você já avisou seus pais sobre o ocorrido?

— Sim. Eles ainda se preocupam, mas sabem que eu não seria morta num ataque desse nível.

Amber franziu o cenho por um momento, observando a reação um tanto calma de sua amiga.

— Eu jurava que aquela sua brincadeira com o Capitão América iria acabar em algum motel do Brooklyn Heights. – A garota sorria maliciosamente de canto, provocando-a.

— Impossível. Ele não é esse tipo de homem. – Mary bebericava um pouco mais de seu café enquanto mirava a janela.

— E o que aconteceu depois da explosão?

— Eu e ele fomos sequestrados e levados pra uma fábrica antiga no Red Hook. Atirei em quase todos os caras, mas pelo que entendi, era só mais um grupelho de idiotas que se consideram herdeiros da máfia e vieram atrás de mim pra fazer pressão, só que... A SHIELD chegou no local para nos resgatar logo depois.

— Hmmm... Um tanto suspeito, hein?

— Sim. Nick Fury estava lá.

— Certeza que isso foi armado por ele. – Amber afirmava com convicção. Ela não tinha boas impressões sobre o diretor da SHIELD.

— Também acho e no começo até pensei que o palhaço do Capitão estava envolvido, mas no final ele não estava... quer dizer... ele meio que estava, só que indiretamente.

— Como assim?

— O Fury quer que eu trabalhe numa missão com eles.

— E você aceitou?

— Recusei. Não vou me juntar aqueles espiões de meia pataca. Tô fora!

— Uau, mas que dia hein!?

— Nem me fale... no afã de descobrir quem tinha me sequestrado, eu atirei no Capitão América duas vezes.

— O quê!?

— Isso mesmo... mas não me arrependo... – Mary sorriu maquiavelicamente de canto.

— Você o beijou e depois atirou nele!? Não sei como ainda me espanto com sua bipolaridade... – Amber se encontrava boquiaberta naquele instante.

— Você sabe que ajo por instinto. – A loira deu de ombros, com uma expressão cínica, se levantando da mesa.

— Imagino a cara do Capitão por ter levado dois tiros... – A garota ainda estava abismada com o que Mary lhe dizia. Mas aquilo era muito típico dela.

— Eu não tô nem aí para a cara que ele fez! Essa loucura já encheu o saco! Ainda bem que estamos voltando pra Colorado Springs daqui a dois dias! Zerei minha cota de paciência aqui em Nova York! Eu deveria estar rindo de tudo isso lá em Los Angeles, na praia, segurando meu coquetel de frutas enquanto observo aqueles lindos surfistas sarados de Malibu desfilarem com suas enormes pranchas na beira do oceano! – Os olhos da loira brilhavam de excitação enquanto se jogava na cama, imaginando como seria maravilhoso se seus devaneios se tornassem realidade.

 E Amber ria de sua amiga e seus desejos adolescentes.

— Primeiro: Você estourou sua cota de paciência desde que nasceu. Segundo: Desista de Los Angeles por enquanto. E terceiro: Você beijou o Capitão América! Sabe quantas mulheres no mundo matariam e morreriam por isso!?

— Marilyn Monroe era uma delas. – Kiara sorriu de modo maligno ao imaginar a cara da atriz e modelo dos anos 50, se tivesse presenciado tal cena.

— Exato! Você fez algo que deixaria até a Marilyn Monroe com inveja, então pare de reclamar, vai! – Amber jogava uma almofada na cabeça da amiga que ainda sorria ao pensar que foi tão ousada em agarrar o Sentinela da Liberdade na maior cara de pau.

— Acho que por um lado você tem razão... não posso negar que eu simplesmente AMEI me aproveitar dele...! – Mary mordia o lábio inferior, se recordando do quão emocionante foi beijar o maior ícone americano e também porque Steve Rogers era um homem incrivelmente atraente. Com toda certeza, ela estava no lucro.

— Você não presta, sabia!?

— Sabia, ahahaha!!! – E então, Mary Crystal gargalhou freneticamente.

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Longe dali, o Menino de Ouro da América corria pelo Prospect Park, um parque perto de sua atual residência, que basicamente era um simplório apartamento no Brooklyn.

Logo quando o Capitão América foi achado no Alaska e descobrira estar no século 21, ele optou por não permanecer na base da SHIELD em Manhattan. Precisava de tempo e espaço, então Fury logo resolveu seu problema.

Morar em seu antigo bairro lhe fazia ter a sensação de se sentir em casa.

O Conselho Mundial de Segurança não havia autorizado que o Super Soldado saísse da base em Manhattan, mas Fury sempre descumpria tais ordens, agindo do modo como julgava melhor.

Aparentemente Steve ainda estava alistado, mesmo depois de quase 70 anos, já que não havia morrido em missão.

Oficialmente, ele estava de licença administrativa, até que sua situação fosse resolvida.

Mas aquele era o menor de seus problemas...

Como se não bastasse toda a loucura dos dias anteriores, seu sono que já era leve, praticamente desapareceu após descobrir que sua versão do futuro esteve no passado. Naquele passado que para ele era o presente.

Dormir não era uma tarefa fácil para os militares, mas o loiro tinha muito mais dificuldades, pois viveu o terror da Segunda Guerra Mundial e agora estava diante de algo muito mais apavorante e ameaçador... e a resposta se encontrava apenas no futuro... um futuro que ele não sabia se teria acesso ou se havia mudado pelo fato de todos os Vingadores descobrirem que suas versões posteriores estiveram naquela época atrás das joias do infinito.

Steve Rogers possuía TEPT (Transtorno de Estress Pós-Traumático), que basicamente era uma perturbação mental que se desenvolvia em resposta a algum evento traumático. No caso dele, a Segunda Guerra Mundial havia lhe causado tal dano.

Só que... ele não tinha a menor ideia que sofria de TEPT...

Após seu sequestro na noite anterior e do desencontro que ele, a SHIELD e a misteriosa Mary Crystal Ellis tiveram, o loiro retornou ao seu apartamento, cuidou de seus ferimentos (causados pelas balas de raspão que a Segundo-Tenente lhe acometeu) e então tentou dormir...

Mas o Capitão falhou miseravelmente...

Nos primeiros dez minutos de um suposto cochilo, ele teve um pesadelo e acordou assustado...

O pesadelo um tanto desconexo, basicamente era uma mistura dos eventos da Segunda Guerra com os acontecimentos da batalha de Nova York contra o exército Chitauri.

Ele tentou desesperadamente repousar, mas a única coisa que conseguiu foi se virar de um lado para o outro de cinco em cinco minutos em sua cama... até o sol raiar...

Mesmo estando um clima mediano, com mínimas de 15 graus, Steve não conseguia dormir coberto e o máximo de roupa que sempre vestia nessas horas era uma calça confortável de moletom.

Aquela noite em específico, por conta dos pesadelos e suas crises de TEPT, o Super Soldado havia suado mais do que o comum.

Já sabendo que não conseguiria dormir, ele levantou, tentou ordenar seus pensamentos por pelo menos dez minutos e então, saiu da cama...

A primeira coisa que Steve fazia todas as manhãs quando se levantava era...

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Pegar sua bússola, com a foto de Peggy Carter dentro...

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Olhar para o rosto dela logo de manhã, lhe acalmava... e lhe acalentava de alguma forma... mesmo sabendo que aquela Peggy que conheceu não era mais a de 1942.

Ao fechar o objeto com a foto da mulher ao qual ainda era apaixonado, o loiro passou pela mesa repleta de papeis, pinceis, canetas, lápis e tinta nanquim.

Desenhar era um de seus hobbies e uma verdadeira terapia quando sua mente se encontrava acelerada e não conseguia se acalmar.

O computador que Fury havia mandado instalar em seu apartamento, ainda estava ali, sem nunca ter usado...

E não sabia quando iria estreá-lo, já que não tinha a mínima ideia de como o manusear, ainda que tivessem lhe dado instruções básicas.

E então, depois de dois minutos, Steve correu para o banheiro, tomando um banho demorado...

Ao sair do chuveiro, vestiu trajes simples, que se resumiam em uma camiseta branca, calças e tênis esportivos, resolvendo fazer o que mais lhe acalmava e relaxava...

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Correr...

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Ele trancou o seu apartamento e saiu para mais uma corrida matinal...

Uma hora e meia depois, o loiro sentia o suor escorrendo de seu corpo...

E por fim, passou a desacelerar o ritmo que antes começava veloz e ininterrupto...

Ser um Super Soldado possuía inúmeras vantagens e desvantagens. E o fato de não se cansar tão facilmente, lhe dava o privilégio de conseguir correr por mais tempo para afastar aqueles pensamentos infernais de sua mente.

O sol já havia raiado faz tempo e lá estava ele, correndo rapidamente...

Sua sorte era que haviam poucas pessoas ali, lhe dando muito mais liberdade de correr numa velocidade sobre-humana, sem ser alvo de olhares curiosos.

A respiração de Steve se encontrava ofegante e os fios de seus cabelos loiros grudavam na testa por conta do suor que escorria por sua pele.

Ele passava as costas da mão direita pela testa, tentando enxugar o suor que escorregava de seu rosto.

Sua camiseta estava úmida e colada em seu corpo, realçando os músculos perfeitos do peitoral, abdômen, costas e braços, expondo toda a beleza de seu bíceps.

Enquanto corria, várias coisas passavam por sua mente atordoada...

Steve Rogers passou os últimos dois anos de sua vida (antes de aterrissar no gelo) sendo o super-herói musculoso, mas os vinte e quatro anos anteriores haviam sido gastos com todos os seus problemas de saúde.

Ele estava constantemente dentro e fora do hospital durante sua infância e adolescência. Sua pobre mãe passou inúmeras noites cuidando dele por conta das doenças que o mesmo possuía.

Sarah Rogers fazia o que podia para mantê-lo saudável... ele se recordava de a mesma sempre estar de joelhos, orando e pedindo a Deus que o sofrimento de seu filho cessasse. Ela tentou tudo que pudesse minimizar o quão miserável ele se sentia, e Steve apenas se recordava de ver o rosto de sua mãe, tentando esconder a dor e a ansiedade por conta da imensa preocupação em vê-lo nas situações mais deploráveis.

Quando Sarah morreu, ele passou a lutar sozinho...

Às vezes, Bucky o visitava e avaliava sua casa para se certificar que ele tinha o suficiente para comer.

Na maioria das vezes, Steve mostrava que estava bem, mas haviam noites assoladas por dores e complicações entre uma doença ou outra.

Naquela época, ele sempre esteve sozinho enfrentando seus problemas de saúde, sofrendo na escuridão, sem saber se viveria para ver o amanhã.

Ele jamais incomodaria seu melhor amigo... jamais lhe diria o quanto sofria enquanto passava a imagem de forte em sua frente, mas Bucky conseguia enxergar muitas coisas nas entrelinhas, coisas que Steve nem sabia, porque o Sargento tinha noção que se ele soubesse, se entristeceria.

Depois do projeto Renascimento, o Capitão agora era atormentado por pesadelos repetidos em que acordaria um dia, o soro teria desaparecido e ele voltaria a ser o homem pequeno, fraco e doente de antes.

Os pesadelos se intensificaram quando começou a lutar contra HYDRA durante a Segunda Guerra Mundial. Um pesadelo típico que começava numa incursão com todo o seu esquadrão e no meio de um tiroteio, o soro se desgastava. Ali, o Capitão América não era mais capaz de proteger seus companheiros e, um por um, era ceifado para a morte... diante dele...

A carga de carregar o mundo nas costas, era a tarefa mais difícil que existia...

Todos os seus medos passavam diante de seus olhos enquanto corria pelo parque.

Steve balançou a cabeça para afastar os pensamentos. Tinha certeza que a transformação era permanente. No entanto, ainda se lembrava das palavras de Tony Stark ressoando em seus ouvidos...

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“Nasceu de um laboratório de experiências, Rogers... o que você tem de especial...? Saiu de um mero frasco...”

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Steve tentou não pensar nisso. Ele tentou não lembrar daquelas palavras de novo e de novo, sempre que via Tony em sua frente.

Era difícil, no entanto...

Quando se recordava das imagens e áudios sobre a confiança mútua de suas versões do futuro, se questionava sobre o que Steve Rogers e Tony Stark de anos à frente passaram para agirem com tanta cumplicidade e companheirismo, juntos...

O Capitão diminuía o ritmo de sua corrida, parando em frente ao lago que havia no meio do parque, entre as árvores...

Ele ouvia os pássaros cantando e vislumbrava os raios solares batendo no reflexo da água...

O loiro respirava de forma ofegante, apoiando as mãos nos joelhos e recuperando o ar de seus pulmões...

Ainda abalado com seus próprios pensamentos... sequer se recordava direito do ataque no evento da noite anterior e muito menos da garota de cabelos loiros ao qual o beijou e o acertou com dois tiros...

Talvez porque aquilo fosse totalmente irrelevante e tudo o que sua mente pensava era em descobrir o que de fato havia acontecido no futuro...

Enquanto recuperava o fôlego, sentiu seu telefone vibrar no bolso da calça.

No visor:

Agente Maria Hill.

— Sim, Hill...

— Capitão, o Diretor está te esperando na Torre Stark às nove e meia. Ele convocou outra reunião com todos os Vingadores.

— Estarei aí no horário. – E então, o Capitão encerrou a ligação.

Naquele momento teria de voltar para casa, tomar banho e se dirigir para Manhattan.

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Duas horas depois, lá estava ele, no andar principal da Torre.

O Diretor da SHIELD juntamente com Maria Hill, Natasha Romanoff e Clint Barton se encontravam com Tony Stark, Bruce Banner e Steve Rogers.

O espião dizia sobre as condições atuais da SHIELD, que tinha apenas uma semana para descobrir onde a HYDRA se escondia, além do paradeiro de vários agentes, membros de grupos especiais, da S.T.R.I.K.E. e também do secretário Alexander Pierce.

Por ora, o Conselho Mundial de Segurança permitia que os Vingadores agissem em conjunto com Nick Fury e seus maiores agentes de elite.

— Olha só, Fury, pouco me importa o que vai acontecer com a SHIELD daqui pra frente. Eu não consigo dormir faz dias, porque estou me coçando pra saber o que o meu eu do futuro veio fazer aqui! – Tony, que se encontrava descontrolado, replicava de forma agressiva.

— Tony, se acalme. Você melhor do que eu, sabe que precisamos tomar decisões com a cabeça fria, então relaxa. – Bruce Banner tocava o ombro do bilionário, já entendendo como lidar com as crises que o mesmo vinha tendo no decorrer dos dias após a batalha de Nova York.

— Eu não acredito em uma palavra que esse sujeito diz! – O Homem de Ferro apontava o dedo na cara de Nick Fury.

Steve, que se encontrava no canto com os braços cruzados, resolvia se pronunciar.

— Diretor Fury, o Stark tem toda razão. Você está omitindo vários pontos importantes de todos nós, a começar por ontem. Por que não me disse nada a respeito da senhorita Ellis naquele evento...? – O Capitão o questionava, com um semblante irritado.

— Eu não sabia que a Mary estava lá e ia te dizer sobre ela na hora certa, porém, não imaginava que iam tentar sequestrá-la. Isso foi um imprevisto.

— Isso realmente foi um sequestro verdadeiro ou armou tudo isso? – O loiro parecia ter as mesmas indagações que Mary Crystal naquele momento.

— Não armei nada, Capitão. Você está enganado.

— A partir de agora você não pode esconder nada de nenhum de nós, ou quando imprevistos acontecerem, não sei se serei capaz de reverter a situação. – Steve exigia, ainda irritado com o incidente do dia anterior.

— É mesmo? E o que você diria se eu tivesse lhe dito para encontrar com a neta de um dos maiores mafiosos de Nova York dos anos dourados? Você realmente entenderia? – Fury revelava, deixando-o atônito.

— Neta de um mafioso? Do que está falando!? – O loiro mostrava perplexidade e choque diante das últimas palavras de Fury.

Mary Crystal Ellis era neta de um mafioso?

— O Presidente Matthew Ellis é casado com Beatrice Nelita Ellis, cujo antigo sobrenome era... Castelani.

— Eu não estou entendendo. Explique com detalhes. – O Capitão pedia, e assim o Diretor fazia.

— Beatrice é filha de Lorenzo Castelani, Consigliere do Don da família Gambino nos anos cinquenta, sessenta e setenta. Traduzindo: Lorenzo Castelani foi o braço direito do chefe da família Gambino por três décadas. A família Gambino era uma das cinco famílias mais poderosas da máfia americana de Nova York. Ele foi preso em 1975 e passou apenas quinze anos preso. Cumpriu o resto da pena em liberdade após negociar com o FBI um acordo de delação que encurralava todas as outras famílias que dominavam a cidade.

Steve estava com os olhos mais arregalados do que de costume. Aquela revelação era muito grave...

— Está me dizendo que o Presidente atual é genro de um mafioso?

— Sim, mas não faça julgamentos precipitados. Não estou colocando em dúvida a conduta do Presidente dos Estados Unidos. A única ligação que ele teve com Lorenzo foi o casamento com sua filha, que nada tinha ver com a máfia.

— E como tem certeza disso?

— Já viu o código de regras da Cosa Nostra? Eles eram homens muito honrados dentro de seus próprios códigos de valores. Muitas esposas e filhos sequer sabiam que seus maridos faziam parte da máfia. – Fury concluía, fazendo com que o Capitão risse diante de suas últimas palavras.

— Você acha mesmo que há algo benevolente na máfia? Isso soa muito engraçado, Diretor Fury... mas talvez não seja tão espantoso para o senhor, já que espiões têm condutas semelhantes às dos mafiosos.

— Se acalme, Capitão. Estou apenas explicando o contexto dos acontecimentos de ontem.

— Isso não anula o fato de que aquela garota é perigosa. Ela atirou duas vezes em mim a queima roupa!

Quando Steve terminava de dizer que Mary Crystal atirou nele, Tony Stark começou a gargalhar do outro lado.

— Quer dizer então que o Capitão América levou bala da filha do Presidente!? Quem é essa menina afinal?

O loiro ignorava as piadas do bilionário e voltava a questionar Fury.

— Ela atirou em vários homens e até ameaçou um na minha frente.

— Ameaçou? O que ela disse a ele?

— Eu não sei. Eles falaram em italiano por um tempo.

E então, no meio de todo aquele diálogo tenso...

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Tony Stark começava a rir mais uma vez...

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— Quer dizer então que já não basta estarmos no meio da SHIELD e da HYDRA, agora teremos que lidar com a máfia? Isso não estava no roteiro! – O Homem de Ferro começava a gargalhar de nervoso.

— Essa garota não representa um perigo para a segurança do país? E como ela pode estar num órgão do governo americano como a Força Aérea? – Steve questionava Fury mais uma vez.

— Uma coisa não tem nada a ver com outra. Ela não teve ligações diretas com as famílias e com nenhum outro membro da máfia. A única coisa que Mary Crystal possui são arquivos e informações que seu falecido avô deixou na Sicília.

— Que tipo de arquivos e informações?

— Não sei... mas há uma que precisamos saber e esse é um dos motivos do porquê precisamos da ajuda dela.

— E o que é?

— Um mapa das prováveis bases da HYDRA espalhadas pelo mundo. Se eles estão foragidos, precisamos ir atrás de cada lugar onde podem estar.

— Como a SHIELD não tem essa informação?

— Não sabemos de tudo como presume, Capitão.

— E por que desde o início não me deixou ciente sobre ela?

— Tivemos que viajar para Washington DC e hoje era o dia que te mandaria atrás dela, mas... infelizmente vocês se conheceram nas piores condições...

— É, o senhor não tem ideia...

— De qualquer forma, aqui está a ficha dela. Dê uma olhada depois. Romanoff e Barton vão te auxiliar sobre algumas coisas quando encerrarmos essa reunião.

— Você ainda quer que eu vá atrás dela? – O loiro não parecia contente com o que Fury lhe dizia.

— Sim. Você é o único que pode cumprir essa missão.

— Por que de todos os seus agentes, eu? Aliás, eu não sou um agente da SHIELD.

— Capitão... não devia contestar as minhas decisões... eu vejo e ouço tudo em todos os lugares, e sei exatamente que essa missão é você quem tem que fazer, então apenas me ouça e faça o seu papel.

— Com todo o respeito, Diretor, como disse antes, não sou um agente ou espião. Sou um soldado e acho que já cumpri com todas as minhas obrigações no exército e com o mundo, então no momento, o meu interesse se mantém apenas na iniciativa Vingadores. – O Super Soldado encarava Nick Fury de modo áspero e severo.

— É isso caí, Capicolé! Coloca o pirata em seu devido lugar! – Tony concordava com o loiro, o chamando de um apelido que o deixaria irritado se fosse antes, mas naquele momento, Steve nem se importava de ser alvo das piadas do Homem de Ferro.

Os Vingadores tinham a prioridade de descobrir o que havia acontecido no futuro. Até mesmo Natasha e Clint pensavam da mesma forma, compartilhando o mesmo interesse de Steve.

— Capitão... saber sobre a localização das bases da HYDRA é um dos motivos pelo qual preciso que Mary Crystal esteja presente. Ela não fará parte apenas de uma missão, mas de várias.

Dessa vez, todos os Vingadores encaravam Nick Fury, perplexos.

— Podemos saber por quê, Fury? – Dessa vez era Banner quem o contestava, totalmente desconfiado.

— Ela possui algumas habilidades que serão úteis na descoberta sobre o que aconteceu no futuro. – O Diretor revelava, deixando-os ainda mais receosos.

— Que tipo de habilidades? – Steve inquiria, não entendendo aonde Nick queria chegar.

— Habilidades que não posso revelar. Isso tem a ver com dados sigilosos da NASA e do projeto PEGASUS.

Após dizer tais palavras, Tony chutou uma das cadeiras que se encontrava no meio do salão, e a colisão da cadeira no chão, fez um enorme estrondo, fazendo todos se assustarem com o barulho.

— Olha aqui, Fury, é melhor abrir o jogo com todos nós, ou vamos te expulsar da iniciativa Vingadores, entendeu!? – O bilionário se colocava frente a frente com ele, encarando-o com muita intensidade.

— Stark... há coisas que não podem ser ditas. Não tenho permissão do Conselho para revelar.

— E por quê...? – O Capitão indagava, ao lado de Tony.

— Porque isso pode colocar até mesmo a terra em risco.

— Aah claro, não existe desculpa melhor do que essa pra escapar das nossas suspeitas, não é mesmo!? – O Homem de Ferro o contestava mais uma vez, irritado com respostas genéricas que não revelavam um por cento da verdade por trás.

— Eu tenho motivos suficientes pra isso, Stark...

— Precisamos entender seus motivos agora... – O Super Soldado respondia no lugar do bilionário.

— Eu não posso simplesmente dizer.

— Precisa nos dizer, e precisa ser agora. – Steve insistia, mostrando uma postura intransigente.

— Não posso. Não por enquanto.

— Se quer que todos nós continuemos nesse caso, precisa dizer.

— Não está em posição de dar as ordens, Capitão. Você está tão interessado quanto eu em entender porque quatro pessoas do futuro vieram parar no nosso tempo e em nossa realidade, então, se quisermos descobrir tudo isso e evitarmos o pior, é melhor seguir as minhas ordens.

— Esse é o problema, Fury. Não vamos seguir suas ordens enquanto não explicar o porquê devemos deixar a neta de um mafioso entrar na missão de desvendar nosso futuro. – Tony finalizava, ao lado de Steve, que compartilhava do mesmo pensamento.

Nick Fury respirou fundo e pensou apenas em dizer o que poderia, sem comprometer os dados sigilosos dos projetos e experiências que a SHIELD atuava em conjunto com outros órgãos do governo americano e de outros países.

Não tinha permissão de dizer nada a respeito em especial do projeto PEGASUS, ao qual levaria diretamente a pistas sobre o motor de velocidade da luz ao qual Carol Danvers esteve diretamente envolvida junto com a Doutora Wendy Lawson.

— Certo, se querem saber, eu direi, mas entendam que não posso dar mais do que essa simples informação...

— Diga... – Steve pedia para Fury prosseguir.

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— A filha do presidente possui fortes ligações com a joia do espaço e talvez consigamos pistas sobre as demais joias do infinito por causa dessa conexão que a mesma tem com o Tesseract. Podemos chegar ao cerne de todo o porquê da viagem no tempo.

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— Que tipo de conexão ela tem com o Tesseract? Desde quando isso é possível? – Tony contrapôs, tentando entender as palavras do Diretor.

— Eu não posso dar detalhes. São dados sigilosos. Eu disse que daria apenas uma informação simples e isso é a única coisa que posso dizer. Se não estão convencidos, então descartamos a ideia e vocês podem agir como quiserem. Eu me coloco a disposição de quando precisarem de mim. – Fury dava um ultimato, deixando-os ainda mais receosos.

— Acho melhor ouvirmos o Fury. Temos que atacar com todas as nossas armas. – Natasha afirmava, concordando com a sugestão de seu chefe.

— Eu também compartilho da mesma ideia. – Clint completava, também assinando em baixo da decisão do Diretor.

— O que você acha...? – Tony indagava Steve.

— Eu não sei...

— Você a conheceu... ela representa algum perigo?

— Não exatamente, mas... não consigo confiar plenamente nela... – O loiro completava, totalmente receoso se era a decisão certa recrutar a Segundo-Tenente para uma série de missões daquele nível.

— Certo, então não temos escolha. Cap, vá atrás dela e a traga para essa missão. Se ela fizer algo que julguemos suspeito, a cortamos da equipe. – Tony tomava sua decisão.

— Trazê-la pra missão? Ela disse claramente que não vai colaborar. Como eu poderia convencê-la? – O loiro se recordava da garota dizendo que jamais se juntaria a SHIELD.

— Não é preciso. Eu tenho um método de trazê-la para o nosso lado sem maiores esforços. – Fury revelava, causando certo espanto no Capitão.

— Como...?

— Os meios não importam. Mas preciso que você esteja na linha de frente para trazê-la pro nosso lado. Posso contar com você, Capitão? – Fury contestava, deixando Steve um pouco apreensivo.

Aquela garota lhe causava calafrios...

— Eu não sei se consigo... – O loiro confessava, um tanto inseguro ao se recordar de como Mary Crystal era uma incógnita.

— Tem que conseguir.

— Por que não a agente Romanoff? Ela não é boa com persuasão?

— Tem que ser você, Capitão.

— Por quê?

— Há um forte motivo por trás. Apenas peço que confie em mim. – Fury finalizava, sem dar detalhes, como de costume.

— Isso é muito difícil e não sei se terei essa capacidade, mas farei o meu melhor. – E então, o Super Soldado se convencia de entrar numa missão ao qual não se sentia apto, mas se comprometendo em fazer o que podia.

— Capitão, não quero te desencorajar, mas essa garota é uma bruxa. Ela não cede nunca. Pensamos que ela mudaria para a melhor depois de passar alguns anos na Força Aérea, mas estávamos enganados. – Dessa vez era Maria Hill quem o advertia, causando mais desânimo no loiro.

— Dizem que essa menina parece a Arlequina... – Natasha completava, deixando Steve ainda mais confuso.

— Arle... quem...? – O loiro não entendia a referência...

— Eu nunca vi o rosto dessa garota antes. Como ela é...? – Tony se mostrava curioso, já que estavam falando tanto da filha do Presidente.

— Não existem muitas fotos e notícias dela e nem de seu irmão por aí, mas nós temos alguns arquivos aqui. Vocês querem ver? – Natasha segurava uma pasta, insinuando que muitas coisas a respeito de Mary Crystal se encontravam ali.

— Eu quero. – Tony foi o primeiro a entrar na fila e pegar a pasta da mão da ruiva.

Quando o Homem de Ferro começou a folhear o que via, se espantava com cada página.

— Você a conheceu, Capitão? – O bilionário o indagava, ainda com os olhos muito abertos ao visualizar as fotos da garota.

— Sim... – Steve não se orgulhava de tê-la conhecido naquelas circunstâncias e ainda ter se deixado levar pelo falso aspecto de garota meiga.

Esperava que ninguém perguntasse sobre detalhes de como os dois se envolveram na festa dos veteranos...

— Ela é Segundo-Tenente, Piloto e Bacharel em Ciência da Computação, mas... parece só uma bonequinha de porcelana, isso é incrível... – Tony dizia em alto tom, suas primeiras impressões sobre Mary Crystal.

— Se a conhecesse de verdade, veria que as aparências enganam. – O Capitão confessava, arrependido por ter ido naquele maldito evento.

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— Você que o diga, não é mesmo, Capitão...? – Natasha lançava uma pergunta um tanto insinuante e Steve captou certa indireta no ar...

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Será que ela sabia o que havia acontecido no evento?

Bruce, que agora visualizava o conteúdo da pasta junto com Tony, olhava o currículo da garota.

— Uau, ela parece ser genial. Aqui diz que essa garota trabalhou por um tempo em duas áreas distintas da Força Aérea além de pilotar.

— Quais? – O bilionário perguntava.

— Na ala de enfermaria numa missão no Afeganistão por um ano e também na projeção de novos softwares de supervisão de determinadas aeronaves. – O cientista redarguia, deixando Steve levemente surpreendido.

Aquela garota era uma caixinha de surpresas...

Tony pegou uma das fotos da pasta e passou a caminhar na direção do Super Soldado.

— Então a sua primeira missão como agente da SHIELD é seduzir a filha do presidente? Que missão difícil, hein, Capicolé...? – O Homem de Ferro ergueu a foto da garota na direção do loiro.

Uma foto muito bonita...

— Em primeiro lugar, eu não sou um agente da SHIELD, em segundo, não quer ir no meu lugar? Você me faria um grande favor...

— Não. Eu dispenso. Estou comprometido com outra loira, tão poderosa quanto a filha do Presidente, mas essa missão veio num momento oportuno, não acha, Cap? Quem sabe você não desencalha de vez? São quase 70 anos de teia de aranha acumulada aí embaixo, certo...? – Tony tocava o ombro de Steve, fazendo piadas sobre sua vida sexual na maior cara dura, e o loiro apenas desferia um olhar severo em sua direção.

Mas de uma coisa Steve Rogers estava certo...

De todas mulheres que haviam na face da terra...

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Mary Crystal Ellis era a última ao qual se apaixonaria.

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Notas finais do capítulo

No próximo, o nosso improvável ‘casal’ vai se reencontrar e ter uma discussão muito violenta. É a primeira de muitas. Pra quem ama um barraco, vai se divertir. Já peguem a pipoca quando lerem o próximo.

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