Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 7
Máscaras caindo




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Máscaras caindo

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5 de Abril de 2012, 11:47 PM

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Em algum lugar de Nova York

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Steve sentia uma dor aguda e latejante no topo de sua cabeça...

Finalmente, depois de um tempo, sua consciência era recobrada e aos poucos seus olhos começaram a abrir...

Lentamente...

A visão desfocada se resumia a um local escuro... uma sala sem janelas, com alguns caixotes nas laterais do cômodo.

Quando o Capitão finalmente conseguia focalizar a visão a frente, um pouco tonto e lutando para entender onde estava e o que tinha acontecido, ele avistou Mary Crystal sentada em um dos grandes caixotes do local, segurando uma pistola na mão direita enquanto olhava para cima.

A garota se encontrava com os cabelos presos num rabo de cavalo baixo, o vestido rasgado na parte de baixo, uma jaqueta escura manchada de sangue e num tamanho muito maior do que se corpo, além de estar descalça.

Ela estava bem...

Sua expressão era pesada. A Segundo-Tenente parecia completamente furiosa naquele momento.

O loiro virou o rosto para analisar melhor o local, ainda se sentindo um tanto desnorteado após recobrar a consciência e então...

Notava o corpo de um homem vestido de preto, estirado, com a perna baleada e próximo a porta.

Havia sangue espalhado pelo chão... muito sangue...

Aquilo acendeu o sinal de alerta no Capitão e então, ele imediatamente tentou se levantar.

Sangue escorria de sua testa por conta de uma contusão no local...

Quando conseguiu se colocar de pé, apoiando-se na parede, a primeira coisa que fez foi...

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O que aconteceu...?

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Esperando que a Segundo-Tenente respondesse sua pergunta e lhe explicasse porque estavam ali, ela apenas...

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Apontou a arma rapidamente na direção dele.

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A feição da loira era de pura aversão e desprezo. Seus olhos o miravam com muita cólera. Era assustador...

Por que ela estava apontando uma arma na direção dele?

— O que você...-

— É melhor não se mexer, Capitão América... – A garota segurava a pistola com precisão, mirando em sua cabeça.

Os olhos de Steve alargaram de surpresa e assombro.

— Por que está apontando essa arma na minha direção...?

Ela arqueou uma sobrancelha... externando uma expressão nebulosamente ameaçadora.

Quem era aquela mulher...?

— Eu é que devia fazer as perguntas aqui... então... – A garota pausou o que dizia, apenas para enfatizar o que viria a seguir

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Por que o Fury te mandou atrás de mim?

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O Capitão não entendia aquela pergunta. Por que ela estava citando Nick Fury na conversa?

— Do que está falando? Ninguém me mandou atrás de você...

— Claro... e a máfia não mandou Lee Harvey Oswald atrás de John F. Kennedy. – A loira ironizava, ainda apontando a arma em sua direção.

Steve a fitava desacreditado...

Quem era Lee Harvey Oswald? Quem era John F. Kennedy? Do que ela estava falando?

— Eu não estou entendendo nada do que você está dizendo, então me diga por que estamos nesse lugar e por que está apontando essa arma pra mim?

— Eu é que pergunto, Capitão... por que estamos aqui? – Ela devolvia a pergunta, deixando-o ainda mais confuso.

— Eu não entendi a sua pergunta.

— Não se faça de desentendido... quem armou tudo isso!? Foi o Fury!?

— Como conhece o Diretor Fury?

— Eu é quem faço as perguntas aqui, Capitão. – Ela permanecia com a arma apontada na direção de Steve e o mesmo continuava sem entender aonde ela queria chegar.

— Senhorita... eu não tenho ideia do que está acontecendo. Fomos atacados por um grupo terrorista e agora estamos presos nesse lugar, com você... apontando uma arma na minha direção. Eu preciso saber o que está acontecendo para nos tirar daqui. – Steve olhava ao redor, tentando bolar um plano para que os dois saíssem dali.

Mary Crystal suspirou, totalmente impaciente.

— Por que você acha que preciso da sua ajuda pra sair daqui? Você realmente se acha um sublime e honrado herói, não é mesmo...?

Notando que a loira se encontrava irritada, o Capitão mais uma vez se direcionou a ela, tentando entender seu raciocínio.

— Aonde quer chegar, senhorita? Fomos sequestrados, estamos presos e tudo o que faz é me intimidar com perguntas desconexas enquanto me ameaça com uma pistola? – Ele a encarou, sem se deixar atemorizar pela postura misteriosa e perigosa que a mesma esbanjava naquele momento.

— Pela última vez... responda, antes que eu estoure seus miolos... – E então, a garota pulou de cima do caixote, ficando de pé, e segurou a arma com mais precisão, prestes a atirar.

Steve engoliu a seco. Ela estava mirando em sua cabeça e teria de tomar cuidado, pois estavam a quatro metros de distância. Era uma distância muito longa para conseguir desarmá-la.

— Eu já disse que não sei o que está acontecendo. Esperava que você me dissesse.

E então, sem esperar por aquilo, o loiro apenas ouvia Mary disparando em sua direção...

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Com a bala pegando na parede, bem ao seu lado...

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Os olhos dela se mantiveram fixos nos dele...

A frieza que os olhos esverdeados expressavam era algo assustador...

Ela não estava brincando...

O Capitão suspirou, no ímpeto de manter a calma e não agir precipitadamente.

Aquela garota de fato, podia mata-lo. Precisava ser extremamente cauteloso no que diria.

— Abaixe essa arma... você está sendo irracional nesse momento.

— Não vou abaixar até que me diga porque estou aqui.

— Eu já respondi essa pergunta, então seja coerente e pense que não há lógica alguma que eu esteja envolvido nisso.

— Esse seu argumento não vai funcionar. Não estamos no século 20, Capitão Rogers. Sua palavra aqui não vale absolutamente nada.

— Desculpe, mas se não sermos racionais e não trabalharmos numa confiança mútua, vamos continuar nesse impasse e não sairemos daqui.

— Eu não sei... será que devo confiar em você?

— Você sabe que pode...

— Eu acho que não... tenho certeza que o mais sensato é estourar os seus miolos e dar um fim em mais um falso herói. – E então, ela segurava a arma, mirando diretamente nele.

É claro que deveria derrubar o maior ícone americanista... toda aquele civilidade e moralidade era de revirar o estômago.

Steve não sabia mais o que dizer para convencê-la do contrário.

— Você está nos fazendo perder tempo. Temos que sair daqui e descobrir o que está acontecendo.

Mary revirou os olhos em resposta.

— Essa encenação toda está me dando nojo. Abre o jogo... agora... – Insistia, deixando-o cada vez mais sem paciência.

— Que encenação...? Não existe encenação alguma!

— EU NÃO ESTOU BRINCANDO! QUEM TE MANDOU VIR ATRÁS DE MIM!? - Ela gritava, desvairadamente.

Steve a encarava, perplexo.

Aquela garota era suspeita desde que dançaram juntos na festa. Ela parecia estar atuando um personagem e Steve possuía um instinto apurado para essas coisas. Ele conseguia pressentir quando as pessoas usavam máscaras em sua frente.

— Pela última vez, senhorita Mary Crystal... ninguém me mandou atrás de você... – Ele a encarou com ímpeto.

Os dois se defrontavam intensamente... era como se estivessem digladiando um contra o outro, apenas através do olhar.

— Eu não acredito em você! – E então, a Segundo-Tenente atirou mais uma vez...

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No braço do Capitão América...

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Steve agarrou o braço direito, notando que a bala pegara de raspão, já que rasgara parte da farda e o local lesionado começava a sangrar.

Os olhos dela o miravam com furor. A postura de Mary Crystal soava agressivamente violenta.

Ela ainda apontava a arma na direção dele, sem baixar um milímetro sequer.

Chocado e sem reação, Steve não tinha outra escolha senão sair da defensiva e se arriscar, mas ele sabia que a pontaria da Segundo-Tenente era excelente e se ela acertasse em sua cabeça, não haveria mais chances.

No entanto, quando decidira agir, o homem que se encontrava caído na porta e completamente ensanguentado recobrava a consciência e passava a se mexer.

O loiro o analisava enquanto o mesmo parecia tentar sair daquela posição e fugir.

Mary Crystal sorriu e agora, sua arma mirava nele.

O Capitão observava que a garota abrira uma brecha, mas ainda assim, era completamente arriscado tentar desarmá-la.

Quando o homem despertou e olhou para frente, ele a encarava assustado e então...

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Kiara Castelani...

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A loira arqueou uma sobrancelha.

Porque ele mencionava o sobrenome “Castelani”?

Steve ficava sem entender. Por que aquele homem se dirigia a ela daquela forma?

Aquela garota tinha outro nome ou aquele era seu verdadeiro nome?

Ela suspirou e balançou a cabeça em resposta.

— Agora tudo faz sentido... mas não vou desistir da minha teoria, então... – Ela apontava precisamente na direção do homem caído. – Me diga agora! Quem mandou vocês atrás de mim!? Foi aquele porco do Dominick Cirillo!? – Mary vociferava, descontroladamente.

O homem começava a rir, mesmo gravemente ferido.

O Capitão não entendia absolutamente nada, mas permanecia calado, apenas analisando a situação.

O homem voltava a dizer coisas ainda mais desconhecidas...

Só que em outro idioma...

Sei una bambina viziata che non capisce la situazione in cui si trova. Arrenditi se non vuoi che la tua famiglia soffra. (Você é uma garotinha mimada, que não entende a situação em que está metida. Renda-se, se não quiser que sua família sofra.)

Steve não entendia uma palavra sequer... mas reconhecia aquele dialeto...

Era italiano...

O loiro agora voltava o olhar para Mary Crystal que encarava o homem com muita aversão e desprezo.

Non mi interessa! Non avrai mai accesso a nulla nascosto da mio nonno e sai perché? Perché tutti i file sono stati masterizzati! Non c'è più niente per te, sporchi topi! (Eu não me importo! Vocês nunca terão acesso a nada do que meu avô escondeu, e sabe por quê? Porque todos os arquivos foram queimados! Não restou mais nada para vocês, ratos imundos!)— Ela bradava em alto tom e com muita sanha em sua voz.

O diálogo misterioso e em outro idioma, fazia com que Steve Rogers chegasse apenas a uma conclusão...

Aquela garota não era apenas um membro da Força Aérea, mas parte de algo muito mais nefasto do que poderia supor, no entanto, a questão agora era... o quê...?

O homem voltou a rir e a confrontou novamente.

Quando verrà il momento, avremo tutto ciò che nascondi e non puoi far altro che piangere... bambina... (Quando o momento chegar, teremos tudo o que você está escondendo, e você não poderá fazer nada além de chorar... garotinha...)

O olhar de Mary queimava colericamente e ela apenas fez o que seus instintos lhe imploravam...

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Ela atirou na outra perna do tal homem que lhe afrontava com palavras de deboche...

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— Aaaaaah!!! – Ele gritava de dor... um grito agonizante e excruciante.

A Segundo-Tenente se aproximou dois passos e o fitou com extrema frieza.

— Vamos ver quem vai chorar no final... eu ou vocês...

Mary enfatizava tais palavras em inglês americano, deixando Steve Rogers ainda mais sobressaltado.

O Super Soldado ainda segurava o braço ferido...

Estava perplexo diante das recentes ações daquela... garota...

— Me diga o que está acontecendo, senhorita Mary. – O loiro exigia, mas a loira virou a arma em sua direção mais uma vez.

— Não se meta, Capitão América. Agora se afaste. Vou abrir essa porta e nos tirar daqui. – E então, ela virou a pistola e atirou na fechadura.

Ela passou por Steve e chutou o corpo do homem com muita força para o lado, apenas para que ela e o loiro pudessem passar e cruzar a porta.

E então, ao fazerem isso, os dois saíram por um corredor completamente escuro.

Era obvio que alguns homens sairiam dali, mas ela estava preparada.

O Capitão a seguia, repleto de perguntas e indagações sobre ela e sobre o que estava acontecendo.

— Você não vai dizer o que está acontecendo? Agora está convencida de que não tenho nada a ver com isso?

— É melhor ficar quieto. Ainda tenho minhas suspeitas sobre você.

— Quem é Dominick Cirillo?

— Alguém que você não conhece. – Ela respondia, ríspida.

— Quem é o responsável pelo nosso sequestro? – O Capitão continuava suas indagações e a garota apenas sorriu.

— Se quer mesmo saber, há três palpites: Os atuais herdeiros da Cosa Notra, a SHIELD ou a HYDRA.

Os olhos do loiro arregalaram.

— O quê!?

— É isso mesmo que você ouviu, no entanto, isso não comprova sua inocência e ainda desconfio que o circo foi armado por Nick Fury, então a partir de agora, pare de me fazer perguntas ou vou atirar em você de verdade. – Ela fazia tais afirmações enquanto olhava atentamente para todos os lados.

Steve não acreditava no que estava ouvindo. Sabia que a HYDRA havia sobrevivido por conta do que descobrira junto com os Vingadores sobre suas versões do futuro, mas...

Nos primeiros anos da década de 40, ele se recordava de ler em alguns jornais e também de ouvir rumores de muitos moradores do Brooklyn sobre um grupo intitulado Cosa Nostra que cometia diversos crimes e estavam infiltrados na sociedade sem serem descobertos...

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A Máfia...

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A população Nova-yorkina especulava sobre os membros da Cosa Nostra, que surgiu por conta das ondas imigratórias para a América, vindos diretamente da Sicília e outras regiões do sul da Itália.

Então os boatos eram reais...? Esse grupo realmente existia? Céus, o que ele havia perdido nos quase 70 anos que ficou congelado?

E a outra questão agora, era...

Por que esses grupos em específico estariam atrás daquela garota?

Confuso, a única coisa que Steve conseguiu dizer naquele momento diante de tantas perguntas que se fazia, foi...

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Quem é você afinal, senhorita Mary...?

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Ela olhou para trás, apenas para fita-lo...

A loira o encarou seriamente...

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Aprenda, Capitão... se quer saber a verdade sobre alguém, essa deve ser a última pessoa a ser consultada...

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E então, antes que Steve pudesse assimilar as palavras dela, a garota apontou a arma para frente a atirou num homem que se aproximava dos dois.

O Capitão não havia notado a presença de um deles ali. Estava muito chocado e distraído com o que ela lhe dizia.

De alguma forma e não entendendo a razão, aquela garota lhe tirava totalmente a atenção e a concentração...

E isso não devia acontecer...

Quando o loiro olhou para trás, notava o homem ao qual ela atirou, caído no chão.

— Eles vão vir atrás de nós e as minhas balas estão acabando. Esteja preparado para tomar vários tiros, porque todos estão armados.

Steve se espantava com a tranquilidade que Mary lhe advertia sobre o perigo que os cercaria.

— Você diz isso como se fosse algo completamente normal. Temos que nos proteger e traçar um plano antes de sairmos nos arriscando.

— Desculpa, eu estou acostumada a trabalhar sozinha. Não sei o que são essas coisas de traçar planos ou reagrupar. Eu apenas penso e materializo. Não perco tempo com estratégias. – Replicava, áspera.

— E como você conseguiu se tornar uma Segundo-Tenente da força aérea americana com esse tipo de pensamento?

— Todas as minhas missões foram solo. Eu não preciso de ninguém. Trabalho muito melhor sozinha, então guarde suas lições de moral pra si mesmo e me siga, ou fique aqui e trace o seu grande plano sozinho. Eu vou seguir adiante. – E então, Mary continuou seguindo em frente, já pronta para outros ataques.

A coragem dela era de se admirar, mas ao mesmo tempo, sua insensatez poderia lhe custar a vida.

E ele não podia deixa-la continuar com seu plano suicida...

Onde tinha visto mesmo aquele filme...? Ah sim, Tony Stark... as atitudes irresponsáveis dela lembravam o Homem de Ferro.

A Segundo-Tenente estava prestes a cruzar outro corredor, e Steve a impediu, tocando fortemente seu ombro.

— Espere, senhorita, é perigoso. Me deixe ir na frente. – Ele tentava convencê-la, mas tudo o que teve em resposta foi um meio sorriso de escárnio.

— Ah, por favor. Não venha querendo bancar o herói pra cima de mim.

— Você está se arriscando dessa forma!

— Cala a boca e não fique no meu caminho! – E então, ela segurou o pulso dele, afastando-o com extrema violência.

Ela cruzou o corredor e seguiu em frente.

Steve a observava, desacreditado com as palavras grosseiras que lhe foram direcionadas.

Toda aquela requintada educação que a loira mostrou na festa, era apenas encenação?

Céus, quem ela era afinal...?

A garota cruzava o corredor, sozinha e ao notar homens se aproximando muito de longe, ela rapidamente passou a atirar, nocauteando um a um.

O Capitão América estava impressionado. A pontaria dela era incrível.

E sua obstinação e coragem de seguir sozinha, prestes a enfrentar o perigo de frente também era algo de ser admirado, isso se ela não fosse uma pessoa completamente insensata.

Era indigno segui-la, por conta da loucura de não traçar nenhum plano. Estava acostumado a estar na linha de frente e liderar as missões mais perigosas.

Era estranho se deixar ser guiado por alguém que ele não conhecia e desconfiava de suas reais intenções, ainda que a pessoa fosse uma garota que aparentava ser apenas uma pessoa fraca e indefesa.

E mesmo que Mary Crystal fosse uma garota corajosa e habilidosa, ele não tinha coragem de deixa-la sozinha.

Ela caminhava com cautela, passo a passo, com precisão, atenta a qualquer ofensiva que pudesse surgir.

Enquanto a loira avançava, a audição apurada do Super Soldado pressentia a vibração de algo estrondoso e então...

— Cuidado! – Ele correu na direção dela e a jogou contra o chão.

Uma explosão acontecia, detonando toda a entrada.

Parte do teto desmoronou e eles agora estavam presos.

Mary se levantou rapidamente, averiguando a situação e notando que não teriam como sair dali, já que a saída estava bloqueada pelos escombros.

— Mas que droga! Eu tinha certeza que essa era a única saída desse lugar! – A garota gritava, enfurecida.

— Fique calma. Vamos procurar do outro lado. – Steve tentava em vão, aliviar a situação, no entanto, quando os dois estavam prestes a sair dali, uma voz do outro lado dos escombros ecoava forte.

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Capitão, você está aí!?

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A voz do Gavião Arqueiro repercutia do outro lado e aquilo apenas fez com que os olhos de Mary Crystal arregalassem.

— Estamos aqui! – Steve gritava de volta, ainda segurando o braço baleado.

Na concepção do Super Soldado, provavelmente a SHIELD havia desvendado todo o mistério, descoberto a localização dos sequestradores e estavam ali para resgatá-los.

Como sabiam das excepcionais habilidades do loiro, era obvio que naquele momento os dois estivessem perto da entrada, que não conseguiria ser aberta de outra forma além de uma explosão, porque o portão de aço que fechava o local, possuía mais de 30 cm de espessura.

Era arriscado, porém necessário.

Mas naquele momento, Mary passava a desconfiar ainda mais da situação.

Como o Gavião Arqueiro sabia que os dois estariam ali?

A garota mais uma vez apontou a arma na direção de Steve o ameaçou deliberadamente.

Os olhos azuis do Soldado arregalaram.

— O que está fazendo?

— Por que um agente da SHIELD sabia a nossa exata localização!?

— Se acalme, senhorita-

— Se afaste! – Ela segurava a pistola com precisão nas duas mãos e mais uma vez mirava em sua cabeça.

— Eles provavelmente vieram nos resgatar. Não há o que temer...

— Há o que temer quando os salvadores são agentes da SHIELD!

— Por que tanta desconfiança com a SHIELD?

— Pare de mentir como se não soubesse o que está fazendo aqui! Me diga agora, o que o Fury quer de mim!? – Ela bradava, de modo descontrolado.

— Eu não sei do que está falando...

E então, repentinamente num movimento efêmero, porém notado pelo Capitão...

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Mary atirou pela terceira vez em sua direção, mas dessa vez Steve conseguiu desviar e a bala pegava de raspão... em seu ombro...

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Os olhos do Capitão América alargaram e sua fúria finalmente acendia.

— O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO!? EU NÃO SOU SEU INIMIGO!

— EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ!

— Pela última vez, senhorita... abaixe essa arma... – Steve se preparava para desarmá-la, ainda que a pontaria da mesma fosse precisa e ela atingisse pontos vitais de seu corpo.

— Diga agora...! O que ele quer comigo!?

Do outro lado, Clint e outras pessoas tentavam retirar os escombros do meio do caminho, para finalmente liberarem a entrada.

Naquele meio tempo, Steve e Mary se defrontavam fatalmente.

A garota sorriu de canto, ostensivamente.

O loiro deu um passo para frente e ela mirou sua cabeça novamente.

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Não se mexa, seu covarde... se me contar, não atiro em você de novo, mas você tem cinco segundos...

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E então, ela manobrou o gatilho, pronta para atirar.

Steve a observava com furor... seu semblante externava irritação, impaciência e ira...

Era hora de contra-atacar, então a única coisa que conseguiu responder foi...

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Eu posso fazer isso o dia todo...

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A garota arregalou os olhos, esboçando um sorriso ameaçador.

— Ooh, é mesmo...? Se eu te transformar numa peneira depois de atirar 50 vezes seguidas, o soro ainda será capaz de curá-lo a tempo de morrer...?

— Por que não experimenta...? – Os olhos de Steve Rogers brilharam, num fulgor gélido e ao mesmo tempo abrasador. Ele não estava mais disposto a convencê-la do contrário e levaria quantos tiros fossem necessários, mas não permitiria que aquela garota suspeita, com intenções misteriosas, continuasse lhe coagindo com uma arma.

Mas enquanto se encaravam, finalmente a entrada era aberta por outra explosão, só que de menor proporção, e então, O Gavião Arqueiro e outros agentes atravessaram os destroços, indo de encontro aos dois.

— Capitão, Senhorita Ellis, vocês estão bem!? – Clint Barton os indagava, averiguando se ambos não estavam machucados.

Steve estava com ferimento de balas no ombro e no braço e Mary parecia bem fisicamente.

A loira observava os agentes se aproximando, mas atentou para a figura que se encontrava logo atrás...

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Nicholas Joseph Fury...

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Que havia saído de Washington DC e voado de jato para Nova York em menos de duas horas.

A garota o encarou com cólera... sanha... fereza...

E então...

Passou a caminhar rapidamente na direção dele, ainda empunhando a pistola.

Os agentes nada fizeram além de observar Mary Crystal indo rapidamente na direção do Diretor da SHIELD, até que então...

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Ela ficou frente a frente com Nick Fury e apontou a arma em sua testa, a poucos centímetros de distância.

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Os agentes imediatamente miraram suas armas na direção dela.

Fury acenou para que os mesmos abaixassem as armas e relutantemente, eles lhe obedeceram.

Steve e Clint observavam a cena do outro lado... abismados...

Por que aquela garota estava ameaçando Fury com uma arma?

Poucos segundos depois, ela resolvia falar...

— Por que mandou o seu soldadinho de chumbo atrás de mim...? – O olhar esverdeado da Segundo-Tenente despontava um fulgor aterrorizante, no entanto, Fury não parecia se intimidar.

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Porque era obvio que ele se apaixonaria pela bailarina, não é mesmo...?— O espião redarguiu, com uma expressão pesada, fazendo menção ao famoso conto de fadas de Hans Christian Andersen.

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Mary Crystal esboçou uma feição de pura perplexidade.

— Então você assume!?

— Não, eu não estou assumindo nada. Estou apenas sendo irônico, já que essa é a sua única forma de comunicação e o que você sabe fazer de melhor.

— Eu não acredito em você!

— Um grupo intitulado “Eredi D'oro” (Herdeiros Dourados) sequestrou você e o Capitão porque queriam algumas coisas que seu avô deixou por aí. Isso é tudo o que sei. – Fury respondia as questões da garota e ela revirava os olhos.

— E quem garante que não foi você quem os pagou para fazerem isso?

— Você acha que se eu quisesse algo que seu avô deixou, não pediria diretamente a você?

— PARE DE SER CÍNICO, FURY! – A Segundo-Tenente gritava com o Diretor, deixando todos os agentes ao redor em alerta e Steve e Clint totalmente desconectados.

Sobre o que eles falavam afinal?

— Pela última vez, Kiara... não armamos nada. É ano de eleição e seu pai é um alvo. Há grupos da oposição que sabem sobre as ligações dele com a família Castelani.

— Sua palavra não é digna de confiança! EU NUNCA VOU CONFIAR EM VOCÊ!

— Pode não confiar em mim, mas existem outras formas de extrair informações sigilosas. Essa com certeza não é a forma que eu usaria.

— Você realmente acha que não vou acreditar que não mandou esse palhaço fantoche fantasiado de azul e vermelho com uma estrela branca atrás de mim!? Você e várias pessoas querem tudo o que meu avô deixou para trás! – Mary se referia sobre Steve e mencionava sobre arquivos deixados por seu avô, que eram procurados por várias pessoas com intenções hostis.

— Eu sei... mas os herdeiros também querem... a máfia não se dissolveu por inteiro, Mary Crystal...

— Tem razão... existem várias ramificações da máfia por aí... incluindo a máfia dos agentes secretos, intitulada SHIELD, não é mesmo, Fury?

— Você sabe de coisas que nem mesmo eu sei. Preciso de sua ajuda porque estamos lidando com acontecimentos que abordam o tempo e o espaço. Não é um jogo, Kiara, é um futuro desconhecido que abrange algo perigoso no futuro. – Fury mencionava sobre coisas que ninguém ali sabia, além dos Vingadores, coisas sobre a viagem no tempo e as joias do infinito, mas a garota não parecia interessada.

Tudo o que ela queria, era apenas jogar algumas verdades na cara dele.

— Aah, e foi por isso que você me barrou do projeto PEGASUS!? O que você esconde, Diretor Fury? O que você não quer que ninguém descubra!? Isso tem a ver com o incidente de 1995 que ninguém além de você e o conselho mundial de segurança sabem!?

— Não tenho nada a esconder sobre essa época, mas você tem sempre algo pra esconder. Sabia do ataque a Nova York e não nos alertou!

— Aah, mas não era você que já estava com tudo sob controle com a tal fase 4!?

— Como sabe sobre a fase 4!? Sonhou com isso também!?

A loira deu de ombros, rindo.

Steve e Clint continuavam sem entender o diálogo. Era tudo misterioso demais e somente Fury e Mary entendiam.

Parecia uma série de indiretas com acontecimentos que ambos sabiam mas não diziam com clareza, porque várias pessoas estavam ali.

— Você diz na minha cara que sou um agente secreto que escondo tudo, mas olhe só pra você, filhinha do Senhor Presidente, parece uma deusa onipresente que sabe de tudo e não expõe nada!

— Devo tudo isso graças a você, Diretor Fury! Era isso que você queria que eu dissesse não é!? É por isso que você me queria como agente da SHIELD anos atrás!? Pra me controlar!? Pra saber sobre coisas que aconteceriam no futuro não é!?

— Ah, não me venha com isso agora! Você seguiu o seu caminho e ninguém ficou contra suas decisões! – Fury retorquia com fúria. Mary Crystal o tirava do sério exatamente como Tony Stark. Ela era uma pessoa incontrolável que lhe fazia perder as estribeiras.

Steve e Clint ainda ouviam a discussão misteriosa entre ambos, mas algo no meio daquilo havia chamado totalmente atenção do Super Soldado...

Fury a chamou de... “filhinha do senhor presidente”.

O Capitão então se aproximou dos dois e logo desferiu a pergunta para Nick Fury.

— Por que a chamou de “filhinha do Senhor Presidente”? – Steve indagava o Diretor da SHIELD.

A loira revirou os olhos e Clint respondia a pergunta no lugar do Diretor.

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Essa garota é filha do Presidente Matthew Ellis, Capitão.

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Ele alargou o olhar, perplexo.

— O quê...? – O loiro mostrava assombro diante daquela revelação.

— Você não sabia? – O Gavião Arqueiro indagava o Super Soldado, que parecia extremamente chocado em descobrir a identidade real dela.

Steve então encarou Nick Fury com furor naquele instante.

— Por que não me disse que essa garota estaria no evento?

O Diretor hesitou um tempo antes de responder.

— Eu não tinha ideia que ela também estaria lá.

— Não me vem com essa, Diretor Fury, você sabia ou não?

— Não tinha certeza...

— Você tinha que ter me falado! – Era notável que o Capitão se encontrava irritado e a garota apenas começava a rir de sua cara...

— Quer dizer então que o seu fantoche não sabia quem eu era e nem que eu estaria na festa dos veteranos? Não conseguiu domesticar seu animalzinho a tempo, Fury? – A loira sorria presunçosamente, achando hilário o quanto Steve Rogers soava patético e descolado de tudo sobre tudo.

O Capitão virou o rosto e a encarou impaciente.

— Está achando engraçado essa situação, senhorita... Mary Crystal Ellis...? – Ele enfatizava seu sobrenome, já que acabara de descobrir que ela era a garota que Fury lhe designou a procurar, mas que não tinha ideia...

— É hilário como um reles fóssil que caiu de paraquedas no século 21 esteja se achando alguém importante, não é mesmo...? – Ela aproximou dois passos dele, o encarando com fúria.

— As suas ofensas estão muito longe de me atingir... senhorita...

— Claro, não atingem porque você ainda não viu o meu pior lado, mas... as balas que disparei contra você, te atingiram muito bem, não acha...? – Ela sorriu diabolicamente cínica e por um segundo, Steve teve vontade de esmagar aquele sorriso ufano dos lábios dela.

— Sabe... senhorita... fui ensinado a ser um homem cortês com as damas e foi somente por isso que não reagi.

— Ooh, temos um cavalheiro aqui? Sabe, Capitão, até uma vírgula faz diferença, mas a sua opinião não, então enfie essa sua cortesia no-

— Kiara, seja civilizada! Você é filha do Presidente dos Estados Unidos! Mantenha a decência ou fique quieta! – Fury a interrompia, exigindo o mínimo de respeito para com todos, mas ela não parecia estar disposta a isso.

— Eu não sou obrigada a ser educada com um bando de espiões que trabalham para sabe-se lá quem com intenções cujos objetivos eu não tenho ideia! Não coloque meu parentesco com o Presidente no meio! Você me conhece, Fury, e sabe muito bem que não sigo ordens de ninguém!

— Pare de se comportar como uma criança, Kiara! Precisamos nos focar! Viemos resgatá-la e precisamos de sua ajuda com algo importante, algo que pode destruir o planeta se não desvendarmos alguns enigmas.

— Aah, eu quero mais é que se dane! Não peça a minha ajuda pra evitar um futuro apocalipse, porque vai ser maravilhoso se o mundo acabar!

— Você não sabe o que está dizendo... – Fury a rebatia, desacreditado de suas respostas inconsequentes.

— Eu sei exatamente o que está acontecendo e não vou ser sua bola de cristal, Fury... - Ela o olhava de cima para baixo, com uma expressão fria e gélida... totalmente intimidante.

O Capitão América estava abismado com tanta loucura, leviandade e irresponsabilidade por parte dela.

Por algum motivo, Fury precisava de Mary e se aquilo ajudaria na missão que todos tinham de desvendar a tal viagem no tempo que os Vingadores do futuro fizeram, era totalmente infantil da parte dela dar uma resposta tão inconsequente.

Aquela garota era louca... disso ele não tinha dúvidas.

— Deveria reconsiderar, senhorita Mary... – Steve requeria, mas tudo o que a garota externou, foi um olhar de puro desprezo, arrogância e vanglória.

— Eu não quero nunca mais ter que olhar pra sua cara, Capitão Rogers... – Replicava, com muito rancor.

— Por quê...? – Ele a contestou, confuso.

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A vantagem de ser inteligente é que podemos fingir que somos imbecis, enquanto o contrário é completamente impossível...

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E então ela o fitou de baixo em cima, numa postura ufana e totalmente desdenhosa, como se o maior herói americano não passasse de um reles homem desatualizado que merecesse apenas ser desprezado.

Mary Crystal virou de costas, jogou a pistola no chão e passou a caminhar lentamente, descalça, saindo dali...

Ela deu de cara com Maria Hill e esbarrou fortemente no ombro dela.

Todos que observavam a Segundo-Tenente se afastar, não tinham ideia que sua personalidade era tão odiosa e arrogante.

Steve Rogers odiava aquele tipo de pessoa e ele achava que Tony Stark era a pessoa mais desprezível que havia conhecido, mas...

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Aquele posto era agora tomado por Mary Crystal Ellis...

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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam da real personalidade da Mary? Eu disse que ela seria uma odiosa badgirl. E se você é do tipo que curte mocinhas boazinhas e meigas, sinto muito, mas essa história não é pra você. Me empenhei bastante pra trazer alguém que fosse o extremo oposto do Steve, como protagonista. Será um grande desafio fazer esses dois se apaixonarem, por serem tão diferentes um do outro, e tenho confiança de que não vou decepcionar ninguém. Quem leu minhas histórias anteriores, sabe do que estou falando.

Em breve, teremos discussões muito violentas entre os dois. Todo mundo sabe como o Steve age quando não confia em alguém, e essa pessoa pode ser homem, mulher, velho, criança... ele é ignorante sim. Se você acha que não, preste atenção na trilogia do Capitão América e nos quatro filmes dos Vingadores.



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