Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 9
Discussões violentamente implacáveis




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Discussões violentamente implacáveis

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8 de Abril de 2012, 07:01 AM

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Manhattan – Nova York

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Mary Crystal, Amber e Harry se preparavam para voltar para suas respectivas bases.

As duas pegariam um voo para Colorado Springs e Harry para San Diego.

A licença dos três havia finalmente terminado e era a hora de voltarem ao trabalho.

Eles se encontravam fardados. Mary e Amber com as respectivas fardas da força aérea e Harry com a da marinha.

Por regras, as mulheres tinham de amarrar seus cabelos num coque baixo.

Os homens tinham de pentear os cabelos para trás.

As regras nos órgãos de defesa eram extremamente rígidas.

— Tudo certo, garotas? Vamos nessa? – O marinheiro carregava duas malas e as chamavam para que saíssem da suíte do hotel e pudessem descer para a recepção.

Mas naquele momento, o telefone de Mary tocava.

No visor do aparelho, o nome da secretária do chefe do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Kiara não entendia o motivo daquela ligação repentina, mas atendeu imediatamente.

— Sim, senhora secretária?

Bom dia, Segundo-Tenente Ellis, tudo bem?

— Sim, e com a senhora?

Está tudo bem. O motivo da minha ligação é para comunica-la que sua licença de um mês foi estendida por tempo indeterminado, então não será necessário que retorne a base de Colorado Springs.

Os olhos da loira arregalaram de imediato...

Como assim a licença dela havia sido estendida?

— Desculpe, senhora secretária, mas por que minha licença foi estendida?

São ordens superiores, Marcy Crystal. Não fui informada sobre o motivo. Apenas fui designada de reporta-la.

— Ordens superiores? De quais superiores? Do Senhor Presidente?

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Do Conselho Mundial de Segurança.

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Naquele momento, a garota sentiu uma forte compressão no estômago. Por que o Conselho Mundial de Segurança não lhe deixaria voltar para a base?

Kiara apenas continuou a falar com a secretária, sem demonstrar o quanto estava abalada com tal aviso.

— Entendido, senhora secretária. Obrigada por me reportar.

Obrigada, Segundo-Tenente Ellis. Tenha um bom dia.

E então, a ligação foi encerrada.

Naquele instante, os olhos verdes da garota se tornaram mais cintilantes, numa espécie de brilho funesto e ameaçador.

— Kiara, o que aconteceu? – Amber a questionava, preocupada.

— O Conselho vetou o meu retorno a base de Colorado Springs. – Revelava, ainda muito chocada.

— O quê!? Mas por quê!? – Dessa vez era Harry quem a contestava, abismado.

— Eu não sei... mas tenho um palpite... – Mary revelava, com o semblante áspero e alarmante.

— Que palpite? – Amber a indagava, assustada por vislumbrar o olhar assassino no rosto da amiga.

Nick Fury... – A Segundo-Tenente replicava, com muita sanha em sua voz.

— O Diretor da SHIELD? Por que ele faria isso? – Harry replicava, desacreditado. Não fazia sentido.

— No dia do meu sequestro, quando a SHIELD chegou para nos resgatar, ele mencionou sobre uma missão onde eu deveria participar. Disse que era importante, mas recusei. Com certeza ele armou isso pra me forçar a participar dessa missão.

— Que missão é essa Mary? – Amber inquiria, um tanto chocada com o que sua amiga revelava.

— Eu não sei detalhes, mas... não importa. Eu vou agora mesmo atrás dele. – E então, Mary Crystal saia da suíte pisando duro, com muito ódio e determinada a exigir que Fury fizesse o Conselho retirar sua licença.

Ao ver o quanto sua irmã se encontrava descontrolada, Harry resolvia ir atrás dela.

— Amber, você sabe que não podemos deixa-la ir sozinha. Pode acontecer algo horrível se ela se irritar.

— Eu sei. Vamos impedi-la.

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A garota pegou um táxi que a deixou na frente da Torre Stark.

O local estava sendo reformado, com trabalhadores espalhados pelos arredores, além de funcionários da prefeitura que trabalhavam na reconstrução de partes de Manhattan, destruídas na batalha contra Loki.

Mary Crystal desceu do veículo e caminhou para frente da recepção da torre.

Harry e Amber saíam de outro táxi logo depois.

— Como ela sabe que o Fury está na torre Stark? – Amber o questionava.

— Se ele está trabalhando com os Vingadores, é bem obvio que esteja aqui, não acha?

Do outro lado, a garota exigia da recepcionista que o Diretor da SHIELD descesse para falar com ela.

— Senhorita, se acalme. Eu estou verificando se o Diretor Fury realmente está aqui.

— Ele está. Peça por favor para ele descer! – Seu tom era autoritário e descontrolado.

— Só um momento, senhorita...

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Naquele instante, JARVIS avisava Tony Stark que a Segundo-Tenente pedia para Nick Fury a encontrar no saguão da torre.

— Hey, Fury, o JARVIS disse que a filha do presidente está lá embaixo e exige que você fale com ela. – O bilionário o avisava.

— Peça para que ela suba até aqui. – Fury respondia e a inteligência artificial comunicava a recepcionista.

Naquele momento, todos os Vingadores estavam no andar principal da torre para mais uma reunião.

Steve Rogers, que se encontrava com seu uniforme azul após ter voltado de uma micro missão que lidava com pessoas que tentaram roubar as armas e artefatos dos cadáveres do exército Chitauri, não tinha ideia que o plano de Fury funcionaria e a filha do Presidente viesse instantaneamente procurar pelo Diretor.

No térreo, a recepcionista dizia a garota para que a mesma subisse, autorizando sua entrada, mas Mary Crystal se recusou.

— Eu não vou subir! Peça para ele me encontrar aqui embaixo! – A loira estava fora de si e Amber e Harry apenas a observavam de longe, pois temiam piorar a situação caso a Segundo-Tenente ficasse ainda mais nervosa.

— Certo, senhorita, só um momento... – A recepcionista estava assustada com a reação agressiva da garota e avisava JARVIS sobre o Diretor encontra-la no saguão.

E então, a inteligência artificial avisava Tony.

— Acho melhor você descer e acalmar a fera. Ela disse que não vai subir. – O Homem de Ferro advertia o Diretor, que percebia não ter escolha a não ser ceder.

— Diga que estou descendo. – E então, Fury caminhou rumo ao elevador do salão.

— Essa garota parece ser um pouco autoritária... – Banner dizia o que achava da filha do Presidente como primeira impressão.

“Se fosse apenas autoritária, estava ótimo.” – Steve pensava, se recordando do quanto Mary era perigosa quando se sentia ameaçada.

Os ferimentos de bala em seu braço e ombro que o digam...

O Capitão estava apreensivo e Tony percebia sua feição de inquietação.

— Vem cá, o que rolou nesse tal evento afinal? Fiquei sabendo que um grupo explodiu o local e algumas pessoas de machucaram gravemente. – O bilionário indagava Steve, Natasha e Clint.

— Pergunte ao Capitão. Ele pode te dizer com mais... detalhes. – Natasha sorria, e resquícios de deboche podiam ser facilmente notados em sua expressão.

— A sua sorte é que o evento era fechado e ninguém filmou ou bateu fotos, caso contrário, o Capitão estaria em maus lençóis. – Clint insinuava coisas que deixava Tony ainda mais curioso. – Com certeza estaria estampado nas capas de alguns jornais o mais novo casal americano: A filha do presidente dos Estados Unidos e o Capitão América.

— Como é que é!? Alguém pode me explicar? O Capitão deu um trato na filha do presidente? – O Homem de Ferro mostrava total perplexidade.

— Acho que foi o contrário... – Natasha revelava, deixando o gênio das Indústrias Stark abismado.

— Tony, é melhor nos concentrarmos no nosso trabalho, não acha? – Banner sugeria, mais interessado nas funções de sua missão na Torre, já que Steve parecia desconfortável com aquele assunto.

— Eu vou descobrir... – E então, Tony lançou um olhar insinuante na direção do loiro que optou por ignorá-lo.

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Fury saia do elevador, já avistando Mary Crystal ao lado do balcão da recepção, o aguardando.

Era possível notar o quão furiosa se encontrava, apenas com o olhar feroz que era lançado em sua direção.

— E então...? – O Diretor terminava de se aproximar da Segundo-Tenente, que se segurava para não sacar a arma que carregava e dar um tiro na testa dele ali mesmo.

— Por que o Conselho Mundial de Segurança vetou o meu retorno para a base!? O que você disse a eles!? Eu sei que você é quem está impedindo que eu volte ao meu trabalho!!! – Ela bradava com cólera, pouco se importando com as poucas pessoas que transitavam por ali.

Fury observava a garota perdendo as estribeiras na frente de todos, mas ele já conhecia o jeito de ser dela e já sabia como lidar com a mesma.

— Eu te disse que precisava da sua ajuda numa missão muito importante e você me deixou falando sozinho.

— Não estou interessada na sua missão!

— Então sinto dizer que sua licença continuará estendida por muito mais tempo.

A loira arregalava os olhos, abismada com a cara de pau do Diretor da SHIELD.

— Você não tem o direto de fazer isso comigo... – Ela abaixava o tom, mostrando fortes indícios de que perderia totalmente a calma.

Já ciente daquilo, Natasha, Clint e Steve foram acionados por Hill, para que ficassem de olho nos dois até que aquela conversa acabasse.

Os três terminaram de descer pelo elevador, enxergaram Mary e Fury, mas permaneceram longe.

O Capitão América examinava a Segundo-Tenente naquele instante.

Ela estava fardada, com o cabelo preso num coque baixo e carregava uma arma presa num coldre à cintura.

Era estranho saber que aquela garota era uma piloto da Força Aérea, além de filha do Presidente dos Estados Unidos.

Se fosse julgar por sua delicada aparência, diria que ela parecia mais com uma atriz de Hollywood e modelo do que uma aviadora.

Mary e Fury continuavam debatendo.

— Anos atrás você queria que eu fosse uma agente da SHIELD, e como disse não, desde sempre vem prejudicando a minha vida!

— Você está enganada. Mas depois do incidente com o Tesseract, eu sabia exatamente que você estava curiosa demais para descobrir sobre coisas que não eram da sua conta.

— Está falando projeto PEGASUS!? Você não me deixou trabalhar nele! Eu não tive acesso a nada! Mas agora a questão é: Por que tanto medo? Estava receoso que descobrisse algum segredo sujo!?

— Você sabe que não podia trabalhar nesse projeto. – O Diretor insinuava coisas que somente ele, o Conselho Mundial de Segurança, ela, seu irmão e seus pais sabiam.

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Um incidente que ocorrera a muitos anos...

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— Você é muito baixo, Fury... – O olhar de Mary Crystal era de pura ferocidade e cólera.

De longe, Steve observava a garota fechando o punho direito e seus olhos alargaram, porque era obvio que ela atacaria o Diretor da SHIELD.

— Agente Romanoff... – Ele insinuava que precisavam se aproximar, mas a ruiva não assentiu.

— Relaxa, Capitão... conhecemos a personalidade da filha do Presidente. Ela não fará o que você está pensando.

— E por quê...?

— Porque não fará. Temos certeza. – Clint respondia no lugar de Natasha, deixando-o confuso.

Do outro lado, Fury tentava convencê-la a se juntar a missão que envolvia a SHIELD e os Vingadores.

— Vamos deixar nossas divergências do passado de lado por enquanto, Kiara. Apenas me ouça-

— Eu não vou te ouvir! Eu tenho que voltar para a Força Aérea hoje! Mande o Conselho suspender a minha licença!

— Isso não será possível. Preciso de você. É um caso de vida ou morte, para todos, incluindo você.

— EU NÃO TÔ NEM AÍ!

— Tem que estar... se o mundo acabar, como vai pilotar seu caça? Eu sei que isso é o que mais gosta de fazer.

Ela revirou os olhos em resposta, furiosa diante das palavras baixas do Diretor.

— Você tem o seu grupinho de super-heróis pra salvar o mundo, então me deixe em paz voando com meu caça!

— Não posso. Suas habilidades são essenciais pra essa descoberta.

— Que descoberta!? Por que eu preciso participar desse circo!?

— Kiara, pare de ser infantil! Eu não posso te explicar os detalhes aqui, mas é algo que aconteceu no futuro e tem a ver não somente com o Tesseract, mas com os artefatos semelhantes a joia do espaço, então é imprescindível que você nos ajude. Depois disso, você pode voltar para a base e fazer o que sempre fez.

A loira suspirou, completamente irritada, sem saber o que responder. Não desejava se submeter às ordens de Nick Fury nem sob tortura, mas ele tinha tanta influência sobre o Conselho Mundial de Segurança, que podia deixa-la inativa em sua carreira militar por anos. Era baixo da parte dele e ninguém podia ajudá-la a anular aquela decisão.

Nem mesmo seu pai, que era o Presidente dos Estados Unidos, já que jamais pediria isso a ele e também porque na maioria das vezes, sempre concordava com as decisões de Nick Fury sobre qualquer assunto.

Mas seu furor era tão gigante que não conseguia ceder. Não se tornaria um fantoche do Diretor da SHIELD nem sob tortura.

— Ótimo, você acaba com a minha carreira e eu dificulto os seus planos! Não vou participar dessa missão, mesmo que o mundo acabe, porque eu vou adorar ver o planeta ser destruído, apenas para que pessoas como você sejam apagadas da face da terra! – E então, Mary Crystal se afastou, saindo dali, dando as costas para o Diretor.

Fury observava a Segundo-Tenente deixar o local, mas ele não parecia intimidado com as palavras inflamadas e cheias de ódio da garota.

Ele fazia o caminho de volta para o elevador e ao se juntar a Natasha, Clint e Steve, olhou nos olhos do Capitão, já prestes a dizer algo que deixaria o loiro nervoso.

— Capitão, preciso que vá até lá e fale com ela. Talvez você possa me ajudar a convencê-la.

— Eu!? Por quê!? Você sabe que no dia em que fomos sequestrados, ela atirou em mim, me ameaçou de diversas formas e disse que não queria me ver nunca mais.

— Eu tenho os meus motivos do porquê escolhi você para persuadi-la. Apenas faça o que eu digo. Tenho certeza que dará certo.

Steve lançava um olhar desconfiado para Fury.

— Você apenas diz isso, mas esconde tudo nas entrelinhas. Não vê que seria mais fácil se me dissesse o porquê eu conseguiria convencê-la?

— Eu prefiro não explicar os motivos. No futuro você vai entender. Agente Barton, Agente Romanoff, vamos subir. Precisamos checar alguns dados com Stark e Banner, e Capitão... – Ele olhava nos olhos azuis de Steve, que se encontravam apreensivos – Conto com você para fazer Mary Crystal mudar de ideia. – E então, o Diretor saia do local com Natasha e Clint logo atrás.

A Viúva Negra tentava conter um sorriso inconveniente no rosto, como se estivesse achando tudo aquilo muito divertido.

E Steve Rogers apenas permaneceu ali, parado, irritado e desejando voltar para a Segunda Guerra Mundial do que ter de enfrentar aquela odiosa e detestável garota mais uma vez.

Mas sua determinação era mais forte do que seus sentimentos.

Naquele momento, o Capitão América avistava Mary Crystal ao lado de um rapaz com uma farda da Marinha e outra garota com a farda da Força Aérea.

Quem eram aqueles...?

Harry tentava acalmar sua irmã, que se encontrava demasiadamente exaltada.

— Fica tranquila. Vamos ligar para o papai anular essa decisão do Diretor Fury. – O rapaz segurava a mão de sua irmã, no ímpeto de deixa-la mais calma.

— O Conselho Mundial de Segurança assinou embaixo, Harry. Eles não vão me deixar voltar pra Força Aérea e não quero que envolva o papai nisso. Ele é Presidente dos Estados Unidos. Suas funções como pai vem em segundo lugar. Não quero a ajuda dele.

— Ok, certo... mas vamos dar um jeito.

— Eu pensei que você ia rir da minha cara ou me repreender. – Ela exibia um sorriso melancólico e Harry apenas segurava sua mão com mais força.

— Eu riria da sua cara e te repreenderia se você estivesse fazendo alguma infantilidade. Mas isso é algo sério. Eu sei o quanto a carreira na Força Aérea significa tudo pra você. Você trabalhou duro...

— Kiara, nós vamos reverter essa situação. Apenas fique calma e não se exceda, porque se fizer alguma besteira, isso pode complicar ainda mais as coisas. – Amber aconselhava a amiga, que mostrava uma feição melancólica.

— Você tem razão, mas não sei se posso te prometer isso.

— Não importa. Vai dar tudo certo, maninha, relaxa...

Ela ficava em silêncio. Desejando que Nick Fury morresse.

— Harry, precisamos ir ou vamos perder o voo. – Amber olhava para o relógio.

Mary Crystal os fitava com muita tristeza... Tudo o que mais queria era voar para Colorado Springs junto com sua amiga.

— Volte pro hotel que estávamos e se comporte. Não faça nenhuma besteira e nem tome decisões de cabeça quente. Seja racional. Agora precisamos ir. – O rapaz beijava o topo da cabeça de sua irmã, despedindo-se dela.

— Quando eu chegar na base, eu te ligo, ok? – Amber abraçava a amiga, prestes a sair dali com Harry.

— Ok... – A loira replicava tristemente.

— Confie em mim. Nós vamos reverter isso, tudo bem? – O marinheiro assegurava a irmã, que lhe lançava um olhar melancólico, meio choroso...

— Tudo bem... – Ela retorquia, completamente decepcionada.

— Se cuida, maninha... – E então, Amber e Harry se afastaram, acenando para Kiara, prestes a saírem da Torre.

Mary observava seu irmão e sua amiga saírem do local e pegarem o mesmo táxi que os levaria para o aeroporto.

Ela suspirou fundo, tentando se acalmar, no entanto, era impossível...

Se alguém aparecesse na sua frente naquele exato momento, com certeza faria picadinho dessa pessoa.

Porém, quando a garota resolveu sair dali, foi surpreendida por alguém cercando seu caminho, impedindo-a de ir, e essa pessoa era ninguém mais e ninguém menos que...

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Steve Rogers...

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Mary Crystal o avistava no mesmo instante, fitando-o de cima em baixo, com seu uniforme tão azul com a estrela no meio... tão clichê... tão americano... tão heroico...

Ela preferia ver Hitler e Stalin juntos, de mãos dadas ali, do que o Capitão América...

Céus, que ridícula aquela postura americanista tão azul...

Seus olhos também eram azuis e combinavam perfeitamente com o traje extravagante...

O Capitão América parecia tentar ser forte como o preto, pacífico como o branco, mas acabava tão opaco e vazio como o cinza.

Sim, porque Kiara tinha suas próprias conclusões sobre ele, coisas que somente um exímio observador notaria.

Steve Rogers escondia uma aura densa e nebulosa por baixo da aura patriótica e heroica que todos avistavam nele.

— Olá, Capitão! Como posso estar a serviço do maior falso super-herói que existe!?

O loiro apenas sorriu diante da primeira ofensa dela.

— Senhorita Ellis, não precisamos começar uma discussão, então me poupe de seus deboches.

— Ah, desculpe se feri seus sentimentos, senhor marionete do Fury. O que deseja dessa pobre e desempregada Segundo-Tenente?

— Desempregada?

— Sim. Seu chefe fez questão de me dar uma licença ilimitada.

— Eu não sabia disso...

— Você nunca sabe de nada, não é mesmo...? – Ela provocava, deixando-o desconfortável.

A luz do sol que escorria pelas paredes de vidro da torre, tocava a pele da garota, deixando-a mais clara e brilhante...

Os olhos do Capitão percorriam o corpo dela...

Steve se sentia levemente fascinado quando a vislumbrava com a farda da Força Aérea. Ela era tão pequena, mas ao mesmo tempo tão imponente...

Os broches, insígnias, condecorações e uma medalha, além seu nome cravado na placa no peito, mostravam que de fato, ela era uma militar ativa...

Mary Crystal parecia ter uma carreira brilhante...

E então, os olhos do loiro percorriam agora os traços do rosto da garota, até que se depararam com o contorno dos lábios primorosamente esculpidos.

Tentadores... e os faziam se recordar da noite dos veteranos...

— Não estou aqui para debater, senhorita. Vim pedir desculpas pelo que aconteceu na noite em que nos conhecemos. Não há porque nos tratarmos como inimigos, certo? – Steve decidira usar a requintada e impecável educação que sua mãe lhe dera, ainda que tivesse tomado dois tiros da Segundo-Tenente, sido ofendido e ameaçado das formas mais grosseiras que existiam.

E então...

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Desculpas não aceitas. – Mary redarguia, friamente impassível.

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Steve resistiu ao desejo de suspirar audivelmente. Tinha de ser extremamente paciente naquele momento. Não poderia entrar numa discussão com ela.

— Senhorita... porque não conversamos num lugar mais isolado?

— Claro. Vamos lá... – No mesmo instante, Kiara começava a caminhar para fora do saguão enquanto desabotoava a parte de cima de sua farda, no intuito de retirá-la.

Já que não viajaria, não tinha porque sair se exibindo com ela por aí.

Ele a observava empenhada não somente em tirar a parte superior, mas também a inferior de seu traje.

Enquanto a Segundo-Tenente andava para um local isolado no térreo da torre, Steve percebia que naquele momento, ela se livrava totalmente de suas vestimentas superiores, vestindo apenas uma blusa tomara que caia, deixando os ombros totalmente a mostra e também parte de suas costas.

A pele alva da garota parecia ter a maciez de um tecido de cetim, além do incrível perfume que lembrava uma mistura inebriante de lavanda, mel e gardênias com notas amadeiradas e florais, reforçando sua incrível feminilidade.

O Capitão ainda não estava habituado com a ousadia das mulheres do século 21, que pareciam expor com muita naturalidade partes do corpo que as mulheres da década de 40 não exibiam.

Mary Crystal se virou, encarando-o impetuosamente.

— E então? O que você quer falar comigo? – O semblante áspero e rígido dela o intimidava levemente.

— Bem... – Steve pigarreava desajeitadamente. – Fury te adiantou alguma coisa sobre um acontecimento que pegou a todos nós de surpresa? – Acrescentava, desviando o olhar para os lados, pois temia que sem querer acabasse espiando o decote da garota.

— Mais ou menos. Eu não dei chance. Por quê?

— Porque o Diretor Fury disse que pode nos ajudar a descobrir algumas coisas importantes.

— Ah claro, ele diz o que quer... estamos num país livre, principalmente graças a você.

— Senhorita, como disse antes, minha intenção não é entrar numa discussão e sim expor alguns pontos sobre o problema que estamos prestes a enfrentar e-

— Eu não tô nem aí. Já disse para o Fury que não vou fazer parte disso. – Ela o interrompia, com uma feição intransigente.

Steve suspirava, irritado.

— Com todo respeito, senhorita Ellis, mas é algo que envolve o futuro do nosso planeta.

— E daí? Eu não me importo. – Kiara cruzava os braços, o encarando de forma penetrante e audaciosa.

O loiro a encarava impaciente. Aquela garota era tão inconsequente e egoísta.

— É incrível como as aparências enganam. – Ele confessava, já deixando parte de sua exasperação sair através das palavras que tentava guardar em sua garganta.

— É mesmo? Você pode enganar a todos com essa sua postura de homem santificado, mas não passa de uma fraude. Eu tenho certeza absoluta que há muita coisa escondida atrás desse seu rostinho de bom moço.

— Por que está dizendo isso!? Você me enganou primeiro naquela festa! Não me disse quem era!

— Eu te enganei!? Eu disse meu nome! Como isso seria alguma enganação!?

— Não tinha ideia que tipo de pessoa você era... e nem que era filha do Presidente dos Estados Unidos, além disso, o Diretor Fury nos disse sobre a ligação que seus antepassados possuíam com a máfia!

— Ah, ele já te passou a minha ficha completa? Eu já imaginava!

— Você é herdeira de um mafioso! Eu nunca imaginaria isso... posando como boa garota, e por trás uma pessoa terrível...!

— Falou o ícone mais íntegro e honrado da história do mundo! Cuidado! Posso te sujar com meu caráter corrompido!

— Pare de esbravejar, senhorita Ellis... as pessoas vão perceber que estamos discutindo. – Steve exigia que ela abaixasse o tom.

— Está incomodado com meu tom de voz!? Quer discrição, sério!? Você usa vermelho, branco e azul! Não são cores discretas numa batalha! E você basicamente tem um alvo gigantesco na forma de uma estrela estampada no peito, ou seja, um verdadeiro palhaço de circo! Então realmente sou eu quem estou chamando atenção das pessoas aqui!? Tem certeza!?

O semblante do loiro nublou. Sua expressão carregada mostrava que toda a paciência que ainda lhe restava, se esvaiu.

Nem mesmo ele entendia porque aquela garota lhe tirava do sério com menos de cinco minutos de conversa.

— Já conheci mulheres como você, senhorita Ellis... – O Capitão dava um passo para frente, mostrando que não estava intimidado com as ofensas que ela lhe desferia.

— Não creio que tenha conhecido uma mulher como eu... - Ela sorriu, obstinada e fatalmente ufana.

— Eu gosto de discutir as coisas do andar de cima e não do subsolo, se me permite...

— Uii, estou fazendo o ilustre Capitão América baixar ao nível do esgoto? Deveria me desculpar? – Ela manteve os braços cruzados e também deu um passo para frente, desafiando-o.

— Como chegou ao posto de Segundo-Tenente com essa personalidade?

— Você acha que sabe sobre o cenário militar atual? Está desatualizado quase 70 anos, Capitão!

— O que uma garotinha como você sabe? Passou quatro anos na Força Aérea e acha que entende tudo? Não tem ideia do que é viver o terror de uma guerra e guerras se vencem com estratégias, não com jargões e deboches!

— Pra começar, foram seis anos e não quatro, e você foi tão bom estrategista que ficou preso no gelo depois disso! Não imagina o que aconteceu por aqui depois que 'salvou' o mundo. As tensões pioraram e muito!

Steve quis rir... não conseguia levar a sério as provocações infundadas daquela garota.

— Posso ter saído do gelo a pouco tempo, mas nada superou a segunda guerra... as tensões aumentaram entre duas potências nucleares, no entanto, o maior perigo foi superado! – O loiro rebatia violentamente os argumentos dela, num ofensivo.

— Aah, claro, porque Hitler era o único perigo, não é!? Soube da Cortina de Ferro que a União Soviética fez pra separar o leste europeu da Europa ocidental!? Soube quem eram os inimigos dos Estados Unidos depois de Hitler!? Vocês realmente achavam que a URSS era alguma aliada!? Não tem ideia do que aconteceu aqui na sua ausência, então pare de se achar o superman do século 20! – A garota retorquia, com demasia impetuosidade em sua voz. Jamais ficaria atemorizada diante das palavras dele.

Steve não conseguia mais se conter... pela primeira vez se via diante de uma situação em que teria de fazer ataques pessoais a alguém, tamanha irritação.

— Você não tem ideia de nada, senhorita Ellis... é só uma garotinha mimada, que prefere incitar conflitos, mas não os abrandar. Acha tudo engraçado e faz piadas de coisas sérias. Você é o pior tipo de pessoa que existe e devia se sentir envergonhada por isso!

— Sério!? Sabe, estou adorando ser essa pessoa que você detesta... – Ela mais uma vez o desafiava com o olhar, e o loiro não conseguia conter a imensa ira que preenchia todos os seus sentidos.

Mary Crystal era pior que Tony Stark...

Tais sentimentos tão odiosos eram facilmente sentidos pela vibração de seus olhares, que colidiam da forma mais tempestuosa que existia.

Mas... em meio a calorosa discussão, ele se perdia em frações de segundos num devaneio... em que o perfume de pétalas de gardênia pairava no local, e Steve sentia a lembrança dos dedos dela tocando sua nuca, quando dançaram na festa dos veteranos.

Ele nunca ficou tão próximo de uma mulher antes, como naquela festa...

Como conseguiu se sentir fatalmente atraído por ela? Céus, aquela garota era alguém horrível...

— Como é que a Natasha te chamou mesmo...? Ah... uma típica millennial... alguém que nasceu e cresceu na virada do século e acha que tem entendimento suficiente para compreender o passado. Sinto dizer, mas essa geração não compreende nada, senhorita Ellis. – O Super Soldado dava mais um passo na direção dela, que não recuou um milímetro sequer.

— Uau...! Saiba que isso é um grande elogio pra mim! Sou uma millennial com muito orgulho!

— Deveria se sentir ofendida. Essas últimas gerações não têm ideia de nada... - Os olhos azuis do Capitão brilhavam com ferocidade.

— E você não tem ideia de nada sobre essas gerações, Capitão...

Ele a defrontava com aquele olhar tão intenso... tão azul... mas nem todo azul do céu era páreo para o verde brilhante da superfície do oceano... como o olhar dela...

— Desculpe, senhorita Ellis, mas você é só um bebê... nasceu ontem e acha que possui experiência... – Steve praticamente grunhia tais palavras com muito desprezo. Ele odiava mulheres como Mary Crystal.

— Espere aí, senhor experiente, até onde sei, você dormiu por 67 anos, logo não tem esse tempo de experiência que está mencionando. Se tirarmos esses anos da sua conta... sobram... 26...? Você tem 26 anos e se acha experiente!? Aproveite e escreva uma biografia, senhor sábio ancião... – Ela o defrontava com muita sanha, ironia e ousadia.

— Sou mais velho que você!

— Está perdendo os argumentos, Capitão Rogers? Você é mais velho que eu só dois anos fora do gelo! Pare de se achar o eremita centenário do Alaska! – A Segundo-Tenente ironizava.

O Super Soldado não soube o que dizer naquele momento. Então Mary Crystal tinha 24 anos? Mas ela parecia tão mais nova... só que aquele era o menor dos problemas ali.

Steve sempre fazia o que sua mãe lhe ensinara desde criança: “Seja o melhor que puder ser, para a pior pessoa que conhece.”, no entanto... ele simplesmente não conseguia ser alguém calmo e paciente quando começava a dialogar com aquela garota.

Ela o tirava do sério... e nem mesmo seus piores inimigos conseguiram tamanha infâmia...

Porém, o mais chocante era o fato de se conhecerem a poucos dias e terem se encontrado apenas duas vezes, então como Mary podia ter tanto efeito negativo sobre ele?

A loira notava que o Super Soldado havia ficado em silêncio por um momento e sorriu de modo triunfante.

— Já acabou? Sua performance foi bem baixa...

Steve respirou fundo, tentando se recompor mais uma vez. Não poderia ser atingido daquela forma... estava caindo na armadilha dela.

— Senhorita... por que não optamos por manter certa educação em nossas divergências?

— Porque eu não quero! Não vou ser educada com quem não merece! – Rebatia, selvagem, numa postura agressiva e mais uma vez...

Steve Rogers perdia a paciência...

— Será que não é possível manter um diálogo civilizado com você!? Sequer disse o que de fato me fez vir até aqui para conversarmos! E cá estamos discutindo por coisas tão triviais! – Pela segunda vez, ele trocava a palavra “senhorita” por “você”, porque já não conseguia a enxergar como alguém que devesse respeitar.

E então, ela o olhou de cima embaixo e soltou a primeira coisa que veio em sua mente...

— Sabe o que cairia bem agora, Capitão? Você... de um penhasco... – Mary sorriu, maliciosamente ufana.

No mesmo instante, o loiro se aproximou ainda mais, ficando cara a cara com ela.

Os dois se encontravam incrivelmente perto... ele com o rosto inclinado e ela com o rosto erguido, sem quebrarem o contato visual um com o outro.

— Liberdade de expressão é um privilégio, não uma desculpa para fazer do mundo o seu vaso sanitário, senhorita... – Ele esbanjava uma feição feral e violentamente irritada, dizendo na cara dela que o que a mesma expressava, não passava de excrementos...

— Está baixando ao nível do esgoto...?

— Claro, é preciso, afinal esse é o método para debater com pessoas que não possuem classe... – Steve mostrava através de sua atual expressão o quanto estava irritado.

Mary Crystal sorriu de canto, petulante e atrevida.

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Tá me olhando desse jeito por quê, Capitão Rogers...? Cara feia para mim é falta de sexo...

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— O quê...? – Ele a fitou, desacreditado de tais palavras tão... rasas...

— Não é necessário dizer o que está rotulado na sua testa...

Ela era baixa... era incrível como seus ataques eram baixos...

Porém, Steve não parecia chocado com as últimas palavras da loira, pelo contrário, estava disposto a duelar contra aquela garotinha infantil e desprezível.

— Quem atira pra todo lado, uma hora atira em si mesmo...

— É tão óbvio o quanto você me odeia sem saber nada sobre mim... gostaria de me conhecer melhor, para me odiar mais...? – Mary Crystal debochava ainda mais das respostas que o Capitão lhe dava, apenas para tirá-lo muito mais do sério.

— Por que gosta tanto de irritar as pessoas?

A Segundo-Tenente sorriu mais uma vez, feliz com a pergunta.

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Porque não nasci pra dar uma de donzela... nasci pra ser vilã...

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— Você acha que me mete medo, senhorita Ellis? Eu já conheci o medo, e você não possui nada que o lembre, nem mesmo por um segundo, ainda mais quando tudo o que faz para amedrontar as pessoas é falar, falar e falar e no fundo não falar nada...

— Melhor um mar de falas do que um deserto de ideias, senhor salvador da pátria...

— Você é só uma garotinha mimada... – O loiro replicava, friamente, de forma odiosa.

— E você é só uma arma biológica ambulante. – A Segundo-Tenente rebatia, numa postura desafiadora, não recuando.

— O ódio só fere quem sente, senhorita... – Steve também não cedia.

— Está insinuando que eu te odeio? Me desculpe, mas você não é isso tudo para eu me importar...

— Eu tenho certeza que essa sua indiferença é só infantilidade.

— É mesmo...? Acha que consegue ler as pessoas, Capitão Rogers? Ótimo! Venha achando que sabe jogar que eu te mostro com quantos pontos se faz uma virada... – Ela o defrontava com profundidade e intensidade e o loiro se sentia levemente desnorteado, sem entender o porquê.

— Seu jogo é sujo, e eu não me encaixo... – Rebatia, não cedendo as intimidações da Segundo-Tenente.

— Se não se encaixa, não me desafie... se não está pronto para morder, então não rosne... – Ela finalizava, de forma petulante.

Os dois se enfrentavam através do olhar que lançavam na direção um do outro.

Ambos olhares azul e verde se misturavam, numa guerra infinita em que o orgulho imperava.

— Eu não entendo como uma garota como você pode ser útil numa missão tão importante como a que teremos. Eu não posso aceitar que o Fury coloque alguém tão irresponsável e inconsequente em algo que envolve o futuro do planeta.

— Está em choque porque ele pediu a minha ajuda!? Sabe, você não é o centro do universo, Capitão. As pessoas não precisam de um herói patriota o tempo todo para se erguerem. Lide com isso.

E então, Steve finalmente percebia que aquela discussão nunca teria fim se não fosse adulto suficiente e colocasse um ponto final naquilo.

O Capitão se afastou da garota, decidindo sair dali e encerrar aquela conversa...

Aliás, aquilo podia ser tudo, menos uma conversa.

Depois de encará-la com precisão, ele desviou o olhar e passou a se mover, decidindo deixa-la ali.

— Faça algo importante além de existir, Mary Crystal...— O Super Soldado dizia, já de costas para ela enquanto caminhava rumo ao elevador.

Ao enfatizar o nome da Segundo-Tenente tão nitidamente, era notável que naquele momento, Steve externava um profundo desprezo por ela...

Mary Crystal era alguém que não merecia ser levado a sério...

A garota sorria esplendidamente ostensiva e satisfeita.

— Desculpa se eu fui um pouco estúpida com você, Capitão América... minha intenção era ser mais! – E então, Steve entrou no elevador, a ignorando completamente, prestes a sair dali.

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Naquele instante ele tinha certeza que aquela garotinha petulante não servia para nada além de ser ignorada e deixada de lado.

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Notas finais do capítulo

Que bela discussão! Adorei escrever esse capítulo, porque debates acalorados me deixam muito entusiasmada! Não sei vocês, mas quanto mais diferenças eles mostram ter, mais parecem se conectar. Esperem pelos próximos para verem que as discussões vão ficar piores... muito piores!

Deixe seu comentário. Mantenha a autora aqui disposta a escrever e manter a história atualizada, porque se não houver estímulo, eu vou abandonar a história, ok, queridos?

Bye.



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