Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 38
Os desentendimentos eternos do casal STARY




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Os desentendimentos eternos do casal STARY

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27 de Junho de 2012, 11:07 AM

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Prisão Balsa – Oceano Atlântico Norte

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Vários dias se passaram desde que Bucky e Wanda mantinham sessões diárias sobre a exploração da mente do Soldado Invernal.

De certa forma, os dois acabaram naturalmente, desenvolvendo certa conexão, livre agora das desconfianças que ambos tinham um do outro, anteriormente.

A garota o ajudava e o auxiliava com o pouco que controlava de seus poderes, a encontrar meios de obter autoridade de sua mente novamente, afinal, algo dentro dele dizia que era de seu interesse desfazer todo o estrago que as lavagens cerebrais lhe causaram.

Depois de tantos dias entrando na mente do soldado, era como se os dois estivessem... mais íntimos...

Bucky confiava nela, porque sabia de sua condição ali.

E a garota conseguia confiar nele, porque havia remexido sua mente quase por inteiro e descoberto que ele não era uma pessoa ruim...

James Buchanan Barnes era a vítima...

 

Depois de mais uma sessão no final daquela manhã, o sargento se sentia um pouco embaraço diante dela.

Não havia mais agentes ao redor na cela onde os dois estavam. Tudo agora era monitorado por câmeras e escutas, então, de certa forma, isso facilitava a missão da garota ali.

Bucky não sabia exatamente o que dizer, depois de sentir sua mente remexida e várias coisas importantes serem descobertas, como memórias antigas envolvendo a segunda guerra mundial.

O sargento a observava, atentamente... o pensamento nunca lhe passou pela cabeça, até que ele acabou perguntando, sem nem ao menos perceber...

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— Então... você é uma bruxa boa ou uma bruxa má...?

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A questão pairava no ar e Wanda piscava algumas vezes antes de responder...

— Você está usando o Mágico de Oz para flertar comigo...? – Ela inclinava a cabeça, com o olhar estreito e fixo no rosto dele.

— Talvez... está funcionando...? – O soldado lançava um meio sorriso galanteador... meio xavequeiro...

Wanda apenas o ignorava, enquanto anotava algumas coisas numa folha de papel. Ela deixava suas impressões ali, e entregaria aquela espécie de ‘relatório’ para os agentes da SHIELD responsáveis pelo Soldado Invernal.

Notando que a garota permanecia em silêncio e concentrada em suas anotações, Bucky continuava...

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— Bem, eu já sei que você é uma bruxa boa, porque bruxas más são feias.

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A Feiticeira franziu o cenho e o encarou curiosamente.

Bucky Barnes mostrava sua real personalidade muito facilmente, depois de semanas trancafiado, totalizando mais de dois meses, além do que, mesmo sendo o sargento ferido e desmemoriado que ela já conhecia, o mesmo se mostrava disposto a sair dali e redescobrir o mundo. Ela sabia disso, depois de dias rondando sua mente.

— Não devia ficar tão animado, senhor Barnes. Não sabemos o que nos espera lá fora. – Wanda redarguia, com uma expressão fria e cansada.

Após seus ‘serviços de colaboração’ à SHIELD, não tinha ideia do que aconteceria com ela e seu irmão quando fossem julgados, muito menos qual seria o destino do Soldado Invernal, que ao seu ver, poderia ser bem pior.

— Prefere ficar hospedada nessa prisão? – Bucky a questionava, curioso.

— Este não é o lugar mais assustador que já estive... – A garota replicava, com um meio sorriso nos lábios, achando engraçado os resquícios de otimismo que ele parecia mostrar.

— O mesmo comigo... qual o foi o lugar pior que já esteve?

Wanda pausou suas anotações e olhou fixamente nos olhos do soldado...

— Eu diria que foi a base da HYDRA em Sokovia, mas nada se compara com os escombros onde eu e meu irmão ficamos soterrados, quando nossa casa foi atingida por um míssil... – Aquelas memórias a faziam estremecer...

— Entendo... sei como é se sentir assim...

— Você entende...?

— Sim... – E então, os dois se entreolharam por breves segundos... efêmeros segundos que pareciam eternos...

Bucky a fitava atentamente... a contemplando em todos os detalhes...

Wanda era tão linda e jovem... ela tinha olhos verdes, redondos, um rosto simétrico e gracioso, além dos lindos cabelos escuros ondulados... seus lábios eram levemente vermelhos assemelhando-se a uma fruta tropical, e sua pele possuía nuances claras e pálidas, tão límpidas como a textura macia e gelada de um floco de neve...

A garota entreabriu os lábios, prestes a fazer uma pergunta...

— No começo, me disseram para não me aproximar de você...

— Por que eu poderia te machucar? – Bucky a indagava.

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— Não... por que EU poderia te machucar. - Ela sorriu, convicta e triunfante.

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Às vezes eles apenas se observavam, trocando pequenos sorrisos e afirmações não ditas... no silêncio...

— Se você pudesse voltar no tempo e impedir que isso acontecesse... você voltaria...? – Wanda finalmente fazia a pergunta que mais desejava, desde que entendera o que aconteceu com ele no passado.

Bucky demorou alguns segundos para responder.

— Bem, eu não desejaria isso pra ninguém, mas tudo aconteceu por um motivo, então, mesmo que pudesse voltar e mudar meu passado, eu não iria.

Ela o fitava com curiosidade.

— Por que não...?

O sargento sentia seu coração revirar no peito enquanto a Feiticeira olhava para ele daquela forma tão afetuosa, como se importasse de verdade com ele... e então...

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— Bem, eu não estaria sentado aqui com você, se tudo isso não tivesse acontecido...

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Os olhos da garota alargaram, surpresa com a resposta... era como se Bucky Barnes desconsiderasse todo o seu passado e priorizasse aqueles pequenos momentos que tinha com ela, no presente...

Era nítido o quão doloroso foi aquele passado, então qualquer resquício de alívio que o sargento pudesse ter, era melhor do que tudo que pudesse imaginar, até mesmo em seu futuro.

Wanda decidia mudar o foco do assunto.

— E quanto ao seu braço de metal?

— O que tem?

A garota resolvia se levantar da mesa e lentamente, se dirigia a ele...

— Posso...? – A Feiticeira indagava, receosa.

— Me tocar...?

— Sim. Acha que consegue aguentar que te toquem novamente, sem se sentir intimidado?

— Isso é muito fácil, além do que, todas as vezes que você revirou a minha mente, foi me tocando, segurando a minha mão... e também sei que você nunca me machucaria, então, sim... você tem minha permissão.

Bucky permanecia sentado, tendo sua visão totalmente preenchida por ela.

Feliz com a resposta, a garota passava a tocar a extensão do ombro de metal, focalizando na estrela vermelha.

Wanda tateava com muita delicadeza as curvas do braço gélido e cibernético, até chegar no colete de couro que o mesmo vestia.

— Posso abrir?

— Você quer ver a minha cicatriz? Não é algo bonito de se ver...

— Estou preparada.

— Tudo bem... – O sargento abria parte de seu colete através do zíper, e agora, a Feiticeira tinha uma melhor visão de como o braço dele estava posicionado.

Ela corria os dedos ao longo da cicatriz... pele e metal unidos... era algo extraordinário...

— Você sente algo...? – A Feiticeira o questionava.

— Sinto apenas o meu ombro.

— Seu braço não tem sensores?

— Não...

— Você pode aquecer o metal internamente?

— Por que eu seria capaz de fazer isso?

— Não sei... mas aposto que o metal faz os músculos de seu ombro e de suas costas doerem quando fica frio... você tem dores de cabeça, certo?

Bucky demorava para responder. Estava impressionado com aquelas perguntas tão certeiras.

— Às vezes sinto dores...

— E como é a sensação do tecido cicatricial? – Wanda permanecia fazendo várias perguntas.

— Coça...

— Aposto que a coceira é o soro tentando curar você...

— Será?

— Nervos cresceram por todo o caminho através do tecido de sua cicatriz, até atingir o metal... – Wanda acariciava levemente o polegar pela borda do sinal no ombro do soldado.

— Você pode sentir...? – Ela tornava a perguntar.

— Sim...

— A sensibilidade que você tem, vem desses nervos. Seu cérebro aprendeu a interpretar as marcas deles... – A garota se concentrava, ainda o tateando com extrema delicadeza.

— Como sabe sobre tudo isso? – O sargento a indagava, surpreso e curioso com todas aquelas informações.

— Eu estudei algumas coisas sobre anatomia humana, antes de... me voluntariar nos projetos de Strucker...

— Você gosta de ajudar as pessoas, não é...? – O soldado a contestava, um pouco enfeitiçado pelo calor das mãos dela e a forma como a Feiticeira o tocava com tanta gentileza. Ele não conseguia se recordar da última vez que alguém foi gentil com ele... além do mais, Wanda o deixava intrigado e confuso...

— É, mas eu estraguei tudo... – A Feiticeira confessava, ainda analisando a cicatriz do braço de metal.

Bucky conseguia sentir a intensidade daquele toque... e se ele fechasse os olhos, poderia se concentrar em seu próprio batimento cardíaco... desconsertado...

Ele sentia o ameno contato dos dedos da garota ao longo de seu ombro enquanto estudava a forma como seu braço de metal estava posicionado...

Wanda se inclinou para ele, atenta na cicatriz... mostrando o quão curiosa se encontrava sobre o braço cibernético...

Os dedos deslizaram pelo metal novamente... e o soldado fechou os olhos, perdido na sensação de como seria aquele toque se ela subisse pelo antebraço, o cotovelo e ao longo da curva de seu bíceps, mas no braço humano e não no de metal...

Bucky abriu os olhos lentamente ao sentir o perfume natural da garota, denunciando a pouca distância que ambos se encontravam naquele momento...

E num ímpeto...

O sargento estendeu a mão humana para pegar uma mecha do cabelo de Wanda entre seus dedos...

Com o rosto próximo ao dele, a garota alargava os olhos, mostrando surpresa, e o encarando um pouco inibida...

Havia um brilho que invisivelmente pairava sobre a Feiticeira Escarlate... era suave e inebriante... e lhe aquecia, de certa forma...

Com os olhares azul e verde se cruzando, Bucky notava o jeito como o rosto de Wanda se iluminava enquanto se entreolhavam...

Era mágico... e inexplicável...

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27 de Junho de 2012, 06:24 PM

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Manhattan – Nova York

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Kate Sanders, vulgo Sharon Carter, voltava de seu “emprego” num dos maiores hospitais de Manhattan, vestida com um jaleco, carregando uma pequena bolsa, e prestes a encontrar Steve na mesma cafeteria em frente a torre dos Vingadores.

Ela falava com Nick Fury enquanto caminhava para o local.

— Como você previa, parece que o Capitão Rogers possui algumas travas relacionadas a senhorita Ellis. Eles dois parecem ter desenvolvido um laço um pouco diferente do comum.

— Ele te contou mais alguma coisa depois do dia em que se encontraram na cafeteria em frente a torre? – O Diretor da SHIELD a contestava do outro lado da linha.

— Não. Vamos ver o que ele vai dizer hoje. – A loira andava numa postura tensa. Sua atual missão...?

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Reportar o que estava acontecendo entre Steve Rogers e Mary Crystal à Nick Fury.

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— Eu não me preocuparia se realmente não estivesse acontecendo nada, até porque, Kiara e o Capitão nunca tiveram uma boa relação. Eu apenas designei Mary Crystal para essa missão ao lado dele e dos Vingadores por conta de suas habilidades provindas do Tesseract, mas agora, as coisas parecem estar saindo de controle, então me mantenha informado. Preciso que o Rogers se mantenha 100% concentrado apenas nas missões.

— Claro, chefe. Conte comigo. – E então, Sharon, desligava.

Ela sabia que os métodos usados para descobrir tudo o que estava acontecendo, variava desde se tornar a melhor amiga de Steve até seduzi-lo, caso fosse preciso.

Para Fury, era muito mais vantajoso o Super Soldado estar apaixonado por uma de suas agentes do que a filha do Presidente, afinal, quem detinha controle sobre Mary Crystal?

Manter o Capitão América na linha de seus planos envolvendo a SHIELD e os Vingadores, por mais que existissem membros rebeldes como Tony, Bruce e Thor, era extremamente necessário, caso contrário, seria fatal perder o fiel soldado americano para uma mente tão liberta e individual como a da Segundo-Tenente.

Fury sabia que era questão de tempo até mandar Kiara de volta à Força Aérea, caso algo estivesse acontecendo entre ela e Steve, e tivesse que impedir.

O Diretor da SHIELD não perderia o Sentinela da Liberdade para a filha do Presidente.

Sharon Carter estava ali para impedir que isso acontecesse.

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*Meia hora antes de Kate se encontrar com Steve*

O Capitão e a Segundo-Tenente protagonizavam outra grande briga dentro da torre dos Vingadores.

Thor, Bruce, Tony, Pepper, Natasha, Clint, e agora Jane e Erik, juntamente com a estagiária Darcy, observavam a discussão dos dois.

— Você acha que vou ficar assustado com suas ameaças, senhorita Ellis!? Esqueceu que estive na linha de frente do exército na segunda guerra mundial!? Eu vi coisas que você jamais conseguiria esquecer, algo que não te deixaria dormir nunca mais!

— Aah, então é por isso que você tem insônia...? – Ela sorria, debochando da cara dele.

— Será que vai demorar muito para o casamento desses dois? – Bruce indagava Tony.

— Dou um ano. – O Homem de Ferro redarguia, convicto.

— Vocês dois tão pirando né? - Pepper não acreditava que aquilo era amor.

— Sério... eu mal tô conseguindo respirar aqui... essa química entre eles é intoxicante! - Tony apontava para Steve e Kiara. - Meu ship favorito!

— Se vocês não separarem esses dois, eles vão se matar. - Pepper pedia ao cientista e ao bilionário.

— Você não tá sentindo a tensão sexual? Porque eu tô! - Tony completava.

— Stark, é melhor parar... a menos que queira resolver essa questão colocando o traje e indo comigo lá pra fora pra acabarmos com isso. – O Capitão virava o rosto na direção do gênio das Indústrias Stark, com uma carranca assombrosa na face.

— Sério, Capitão, se fosse a umas semanas atrás, eu me ofenderia fácil com esse seu desafio, mas não estou e sabe por quê? Porque essa garota consegue fazer o que eu não consigo: Ela abala as suas estruturas, te deixa irritado e você mostra quem realmente é, então, me sinto muito mais vingado assim. Continue, Supergirl, tô adorando o espetáculo!

— Claro, Stark... até porque, eu posso fazer isso o dia todo! – A loirinha se voltava para Steve, usando a típica frase dele próprio, o encarando com um olhar firme e um sorriso sórdido, de braços cruzados.

— Pela última vez, senhorita Ellis: Pare de brincar comigo, ou da próxima vez, não terei tanta paciência!

— E vai fazer o quê!? Me agredir fisicamente, já que mentalmente você não tem capacidade!?

— Você sempre diz que minhas palavras não te atingem, mas se continuar fazendo suas brincadeirinhas, eu não vou pegar leve!

— Estou morrendo de medo...

— É bom ter. Não terei clemência...

— Pode me tratar como criança, Cap, mas não se esqueça que tudo na mão de criança vira brinquedo!

— Eu não vou mais perder tempo com você, sua garotinha imatura! – Steve finalmente resolvia encerrar aquela discussão sem cabimento, dando as costas para a Segundo-Tenente.

— Espera! Volta aqui, Cap! Vamos brincar! – A loirinha corria atrás dele, no ímpeto de deixa-lo ainda mais irritado.

Os espectadores, ainda em silêncio, observavam tudo...

Tudo o que restava era o barulho dos grilos...

— Alguém aí quer uma bebida!? – Tony batia palmas, trazendo-os de volta ao planeta terra.

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Depois da intensa e calorosa discussão naquela manhã, Steve despistou Mary por horas, e ia ao encontro de Kate no final da tarde.

Já Kiara, ligava para Christine, que saia do expediente no hospital e resolvia se encontrar com a garota.

As duas marcavam em frente a torre, mas o que a Segundo-Tenente não sabia, era que Steve estava logo ali, sentado com Kate, na mesma cafeteria de sempre.

Passados longos minutos esperando, a médica chegava ao local, ofegante.

— Desculpe a demora, mas o metrô ficou travado antes de chegar na Grand Station Central. – Christine colocava as mãos nos joelhos, cansada depois de correr tanto.

— Sem problemas, Chris. Essa cidade é uma loucura mesmo.

— Mas eu amo esse lugar! – A cirurgiã abraçava a amiga, feliz de estar exercendo sua profissão como médica num grande hospital de Manhattan.

— Fico feliz por você se sentir tão realizada, mas não se esqueça que sua amiga não está muito bem hoje... – A loirinha reclamava, fazendo uma cara birrenta.

— Sério? O que aconteceu? – Christine a largava, olhando fixamente para o rosto da amiga.

— Aquele Capitão Museu me tirou do sério hoje, como de costume... – Mary fazia um biquinho irritado, mostrando uma feição infantil.

A cirurgiã revirava os olhos massageando as têmporas.

— Qual foi a última coisa que você falou pra ele?

— Mandei ele ir pro inferno... mas se todos que eu mandasse irem pro inferno fossem mesmo, não iria caber mais ninguém naquele lugar... – A garota rangia os dentes, irritada.

— Vem, vamos tomar um café pra ver se seu humor melhora? – Christine pegava na mão de Kiara, mas do nada, uma voz interrompia as duas.

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— Hey, se eu fosse você, não ia naquela cafeteria ali da frente não...

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Uma garota, na verdade, a garota que era estagiária de Jane Foster, saia da torre, e avisava a Segundo-Tenente para não ir até o local ao qual as duas amigas decidiam tomar um café.

Mary virava o rosto na direção de Darcy Lewis, estreitando olhar.

— Por quê?

— Porque o Capitão está tendo um encontro com uma loiraça ali, e... eu sei que não devia te dizer isso, mas como é bem notório que vocês dois parecem ter um lance, então devo te alertar pra não se decepcionar quando flagrar os dois lá dentro. – A estagiária piscava, ajustando os óculos no rosto, com um sorriso simpático nos lábios.

— Ele... O QUÊ!? – Kiara enfatiza o “o quê”, já sentindo uma onda de irritação lhe submergir.

— Qual é, Kiara, vai ficar com ciúmes agora!? Você diz que não gosta dele, mas toda vez que essa mulher está por perto, você se transforma! – Christine segurava a mão da amiga com força, impedindo-a de correr até lá e assassinar Steve Rogers.

— Cara, se você gosta dele, não é mais fácil confessar? Convenhamos, o Capitão América é um gato e a química entre vocês é super forte! Vai ser moleza resolver esse lance com ele! – Darcy sugeria, fazendo Mary arquear uma sobrancelha.

Aquela garota chegava ali do nada e de repente queria decidir sua vida?

— E você acha que eu estou assim por que eu gosto dele!? – A loira a indagava, indignada.

— A fase da negação é normal. Relaxa, logo melhora. – Darcy piscava, sorrindo ternamente.

— É Darcy seu nome, certo?

— Sim.

— Então, Darcy. Eu não estou com ciúmes do Capitão! Desculpe se passei essa impressão por ter discutido com ele na frente de todos vocês hoje. – Mary tentava esclarecer, querendo desfazer o ‘mal-entendido’.

— Não é o que parece...

— Mas é a verdade! Não tenho tempo a perder com ninguém, porque estou muito apaixonada por mim! – A loirinha afirmava, sorrindo plenamente confiante, mas... Darcy sabia que era pura pose...

— Bem, então se você não sente ciúmes e nem nada, conseguiria entrar naquela cafeteria e não fazer uma cena? – A estagiária de Jane a contestava, num tom de desafio.

— Claro que sim! – Kiara afirmava em alto e bom tom. Se aquilo era um desafio, ela aceitava.

— Então vamos até lá? Eu estava mesmo afim de tomar um cappuccino! – Darcy as convidava, fazendo Mary sorrir diabolicamente e Christine bufar.

— Isso não vai dar certo... – A médica sussurrava pra si mesma, massageando as têmporas, enxergando chifrinhos invisíveis na testa de sua amiga.

E então, um minuto depois, as três garotas entravam na cafeteria, em frente ao Pershing Square Plaza.

Steve e Kate estavam ali, descontraídos, conversando e não haviam notado a presença das três ali.

Mary sentava a mesa com as duas, espiando discretamente o diálogo entre o Capitão e a enfermeira.

Steve e Kate estavam totalmente distraídos, conversando naturalmente, até que começaram a rir...

Era nítido que os dois se davam muito bem.

Um clima harmonioso pairava em torno de ambos e aquilo incomodava Mary Crystal, porém, por mais que pensasse a respeito, ela só conseguia chegar à conclusão de que sua reação era motivada porque estava tão acostumada a ter a total atenção de Steve, que era estranho saber que agora, ela não era mais a protagonista da rotina dele.

A loira chacoalhou a cabeça, pensando que estava ficando louca em chegar aquelas conclusões. Ela nunca se sentiria daquela forma por ninguém.

Christine e Darcy esperavam por seus pedidos, e as duas conversavam animadamente, mesmo tendo acabado de se conhecer.

Mary observava as duas rindo, tendo uma ótima química, mesmo que nunca tenham se visto antes e decidia entrar na roda, em vez de ficar matutando coisas absurdas sobre Steve.

— Então, Christine, você é médica naquele hospital aqui perto, certo? O Metropolitan Hospital General? – Darcy a questionava enquanto ajeitava os óculos no rosto.

— Sim, mas como você sabe?

— Está escrito no emblema bordado de sua camisa. – A estagiária apontava.

— Céus... eu esqueci de tirar o uniforme... vim correndo pra cá e nem me dei conta.

— Você que é distraída ao extremo! – A Segundo-Tenente a criticava sorrindo, deixando a amiga com um risinho sem graça.

— Velhos hábitos não mudam, não é mesmo, Kiara? Tipo quando você se roía de ciúmes do Harry no ensino médio quando ele saia com algumas garotas! – A médica revelava um dos vários defeitos da amiga, deixando Mary com uma careta na face.

— Não é verdade! Eu só estava protegendo meu irmão daquelas barangas que só queriam o corpinho dele nu!

— Sei... não tá muito diferente de como você age com o Capitão América, mas não te julgo... um homem perfeito como esse, despertaria ciúmes em qualquer garota que se apaixonasse por ele. – Christine confessava, achando aquela situação engraçada.

— Chris, homem perfeito é monótono, vai por mim... – Mary revirava os olhos.

— Eu ia adorar ter um homem monótono como o Capitão América, inteirinho e só pra mim... – Darcy secava o Super Soldado com os olhos, olhando-o debaixo em cima, mordendo o lábio inferior, imaginando coisas não muito puras em sua mente.

— Vocês dizem isso porque nunca conviveram com ele! Tudo que é muito perfeito perde o interesse por ser tão óbvio...! Eu não tenho paciência! – A Segundo-Tenente revelava, fazendo a médica e a estagiária se olharem, expressando no olhar: “Aham, até parece que ela tá dizendo a verdade”.

— Ainda acho que você tem sorte, Mary. E eu? Sou solteira porque o burro do meu cupido usa uma metralhadora ao invés de arco e flecha, e acaba matando os meus pretendentes. – Darcy redarguia, muito triste com o rumo de sua vida amorosa.

— Quer uma dica de relacionamento, Darcy? Não comece um. Vá para o bar beber. – Kiara dava sua opinião.

— Já aderi e cansei. Quero viver uma paixão avassaladora, que me faça perder o ar e mexa com minhas estruturas... que me faça tremer, ter falta de ar e me deixe sem chão. – A estagiária de Jane confessava, fechando os olhos, imaginando um homem maravilhoso em sua frente, de preferência moreno, alto, e se fosse tipo um sargento do exército, melhor ainda.

— Mas isso aí é morrer de infarto. – A loira revirava os olhos.

— Nem todas as mulheres são como você, Kiara. - Christine ria, achando aquela conversa hilária.

— Sim, eu sei... se eu fosse fofa, meiga e sonsa, não teria metade dos meus problemas. – A Segundo-Tenente rebatia, olhando pelo vidro da janela.

Depois de alguns minutos, os pedidos das três chegavam.

Para Darcy um cappuccino e para Christine e Mary um café expresso.

A loirinha colocava açúcar na xícara de seu café, misturando o líquido no recipiente com muita paciência, até que ouviu uma risada estridente do outro lado...

A risada de Kate...

Steve, que se encontrava ao lado, ria junto da enfermeira... eles pareciam muito animados e se divertindo juntos...

A garota então estreitou o olhar, sentindo uma veia pulsar em sua testa, diante daquela cena ridícula entre o “novo casalzinho”.

Christine e Darcy percebiam o olhar mortífero que Kiara lançava na direção dos dois.

— Se eu fosse essa tal Kate, começava a correr, porque ela vai morrer hoje. – Darcy mandava a indireta mencionando Mary, tomando seu cappuccino no canudinho, com o olhar para cima, disfarçando.

A Segundo-Tenente segurava a alça da xícara com tanta força, que se a apertasse um pouco mais, estouraria a porcelana do recipiente.

— Melhor você respirar fundo, Kiara. – Christine pedia, um pouco preocupada com a amiga e seus... impulsos nervosos...

— Respirar fundo por quê? Não está acontecendo nada demais. Eu não me importo com quem o Steve sai!

— Você só vai correr atrás quando for tarde demais? – A médica a indagava, arrancando uma expressão assombrosa na face da loira.

— Chris, coloque uma coisa na sua cabeça: Eu não me importo! Vamos mudar de assunto!? – Kiara era mais enfática no que dizia naquele momento, e por sua voz fluir mais estridente e alta pela cafeteria, automaticamente fazia com que Steve notasse sua presença ali, finalmente.

O loiro olhava para o lado e avistava Mary com Christine e com a estagiária de Jane Foster, sentadas numa mesa, cada uma com uma bebida.

Ele respirou fundo, impaciente... céus, o que aquela garotinha mafiosa fazia ali? Estragar seu momento com Kate só para provoca-lo?

Steve estava farto das provocações e infantilidades de Mary Crystal. Depois de todos aqueles dias se sentindo estranho sobre ela e finalmente achado que tinham feito progresso, a garota estragava tudo com seus deboches, ironias e debates por motivos triviais. Então, quando pensava em distrair sua mente e conversar com alguém que o tranquilizasse, lá estava a loira, no mesmo local que ele, com o único intuito de provoca-lo, segundo suas precipitadas conclusões.

Mediante a isso, Steve resolvia tirar satisfações com Mary, já que era notório que o único motivo de a mesma estar ali, era apenas para provoca-lo.

— Kate, será que pode me esperar aqui um instante?

— Sim, mas há algo errado?

— Sim. A senhorita Ellis está aqui e preciso resolver algo com ela.

— Tem certeza? E se vocês discutirem?

— Eu sei exatamente como lidar com ela, não se preocupe. Você pode aguardar?

— Sim, claro. Fique à vontade. Vou te esperar.

— Certo. – Quando o Capitão se virou, Kate segurou a mão dele e...

— Steve... – Ela o chamava.

— Sim?

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— Você é doce... não se deixe amargar por alguém que não sabe apreciar o seu sabor...

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A loira piscou, esboçando um perfeito sorriso caloroso e o loiro apenas correspondeu seu sorriso, deixando-a despreocupada.

— Volto logo. Me espere. – E então, o Super Soldado se levantava da cadeira onde estava sentado com Kate e caminhava na direção de Mary Crystal.

Ao chegar na mesa onde as três garotas estavam sentadas, ele pigarreou e educadamente as cumprimentou.

— Boa tarde, senhoritas. Será que se importam se eu tiver uma conversa com a senhorita Ellis agora?

Darcy olhava para cima, babando enquanto observava Steve Rogers de cima embaixo... sua voz firme... sua postura imponente... alto, ombros largos, cabelos lisos e loiros penteados para trás, o olhar penetrante e primorosamente azul, o rosto simétrico e um perfume divinamente delicioso que arrebataria qualquer uma ao paraíso... céus, que homem lindo, maravilhoso, cheiroso e gostos-

— Não, imagine. Pode leva-la. – A estagiária respondia, deslumbrada, quase babando, querendo substituir o “pode leva-la” por: “me leve!”.

— O que você quer? – Mary segurava a xícara de café, exibindo uma feição de deboche.

— Precisamos conversar. Vamos lá para fora um instante, por favor.

— E por que eu deveria?

— Estou pedindo educadamente. Você pode por favor me acompanhar?

Kiara respirou profundamente, impaciente.

— Espero que não me deixe com sono com seus discursos morais chatos, porque hoje não estou bem-humorada.

— Não vai demorar. – E então, ele se virou, andando na frente dela, abrindo a porta da cafeteria.

— Kiara, vê se pega leve e para de ser orgulhosa. Eu sei exatamente que você está fazendo tudo isso de propósito. – Christine e alertava.

— De propósito por quê?

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— Porque você gosta dele e não quer admitir.

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— Chris, procure um psiquiatra porque você está delirando. – E então, a loirinha saia dali, deixando a médica e a estagiária sozinhas.

— Ela é uma sortuda, sabia? – Darcy alegava, secando a bunda maravilhosa de Steve Rogers pelo vidro da cafeteria.

— Ela é mesmo, só não se deu conta disso ainda. – Christine concordava, esperando que sua amiga deixasse de ser tão infantil.

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Do lado de fora, Steve esperava por Mary, que saia da cafeteria com uma expressão de sarcasmo no rosto.

— Certo, o que você quer comigo? – A loira cruzava os braços, encarando-o com uma feição de sono, tédio e deboche.

— Por que me seguiu até aqui? Você está querendo me humilhar ou me provocar na frente da Kate?

— Hey, você realmente se acha o centro do universo!? Eu vim aqui porque era o lugar mais perto da torre que vendia café expresso, então o que isso tem a ver com você!? Que culpa tenho eu se você também estava aqui!? – Ela mentia descaradamente. Não diria que estava ali apenas para provar a Darcy e Christine que ela podia se manter comportada na frente dele e de Kate, mostrando que não tinha um pingo de ciúmes.

— Eu não acredito em você.

— Você realmente acha que está totalmente por cima, Capitão? Tire isso da cabeça, porque é só uma miragem.

— Não sei se perdemos tempo, ou o tempo se perdeu entre a gente, mas a questão é que achei que tínhamos feito um progresso quando você foi me ver no ginásio de boxe, aquele dia no Brooklyn.

— Eu disse que poderia confiar em você, mas deixei claro que os joguinhos continuariam, afinal, eu não sou alguém que tem que concordar 100% com você em tudo.

— Joguinhos...? É isso que você enxerga em mim? Sou um jogo pra você?

— Mais ou menos... gosto de pensar que as coisas podem ser melhor assim e que continuarei saindo ilesa.

— Saindo ilesa do quê, senhorita Ellis...? – Steve aproximou um passo, encarando-a com ímpeto, tentando entender o que ela queria dizer.

— Relaxa, Cap... sou irônica... tenho uma veia ácida que pulsa, e é mais forte do que eu. Pessoas sensíveis se magoam, pessoas fortes riem.

— Você quer que eu dê risada de tudo isso? – O timbre dele era temerário, e seus olhos a fitavam com firmeza e aspereza.

— Sim, porque eu nasci para ser feliz, não para te agradar. – A garota piscava, sorrindo de forma sórdida e ufana.

Steve desviava o olhar, com as mãos na cintura, bufando impaciente. Quando ele e Mary finalmente teriam uma convivência pacífica?

— Só queria que tivéssemos uma convivência melhor, confiança mútua e sincronia em nossas missões, afinal, ainda somos parceiros de missão.

— Desculpa não te agradar, Cap, mas simpatia forçada não é meu ponto forte....

— Então como resolvemos isso?

— Como? Bem, quem sabe se você parar de me moldar ao seu jeito retrógrado de ser e pensar? Não consigo me enquadrar em suas limitações... foi mal...!

— Mesmo se eu disser que seu ponto de vista é errado? Eu sou o líder dos Vingadores, então se fui nomeado para esse cargo, é porque a maioria das pessoas confia em minhas previsões e estratégias. Menos você...

— Que pena ser o seu contratempo, mas não consigo obedecer ordens cegamente. Esse é um de meus péssimos defeitos, Capitão Rogers. – Ela replicava, com mais uma típica cara de deboche e paisagem, mostrando que não se importava, e aquilo apenas despertava ainda mais raiva e fúria no Super Soldado, que virou o rosto de lado, desacreditado, bufando colericamente, sem saber o que responder, afinal, como iria convencer alguém tão teimosa?

— Nós dois somos uma causa perdida. – Steve rebatia, exasperado.

— Concordo...

E então, o Capitão se voltava para ela, se aproximando novamente, ficando incrivelmente perto, num tom intimidador e desafiador.

— Não se aproveite da minha boa vontade, senhorita Ellis... ela acaba... e depressa... – Ele a fitava profundamente... e aquele olhar azul celestial penetrava completamente a mente da garota, bagunçando seus pensamentos.

As nuances azuladas fluíam como espelhos e refletiam as ondulações da água do oceano... um belo mar mediterrâneo...

Mas Mary não cederia...

— Lembrei da época em que não te conhecia... bateu uma saudade...! – Kiara desdenhava, deixando-o ainda mais perplexo diante de tanta futilidade e infantilidade.

Ela sorria, angelical, mas tão maldosa... seus lábios seguiam um caminho de perdição... desenhado em traços firmes e sombreado em tons excitantemente vermelhos...

Mary Crystal tinha o dom de lhe tirar do sério em segundos e de tê-lo por completo só com um sorriso... aquele sorriso que só ela tinha...

A Segundo-Tenente era seu erro... seu erro favorito e que secretamente era o único que continuava amando cometer...

E as contas? Steve tinha até perdido, de tantas vezes que perdia o ar quando a assistia sorrindo...

Mas ainda que tivesse aquelas impressões estranhas a respeito dela, ele também era orgulhoso e não cederia.

— Se você quer assim, então vai ser assim.

— Isso. Agora volta pra Kate e continuem falando de mim! – Ela sorria firmemente, travessa e cínica.

— Por que acha que estávamos falamos sobre você?

— Porque eu sei que sou o único assunto de interessante que sai dessa sua boquinha maravilhosa. - Ela piscava e sorria, descarada, atrevida e soberba.

Steve a encarava com sanha e cólera... céus, por que ela era a única pessoa no mundo que o tirava do sério?

— Você disse que gosta de jogar, não é, senhorita Ellis...? Pois saiba que eu vou desnortear todos os seus jogos mentais. – Ele a desafiava, arrancando um olhar surpreendido da garota.

— Você não tem essa capacidade.

— Veremos.

— Aah, volta pra Kate! Ela está lá te esperando, sentadinha, submissa e pronta pra dizer sim e concordar com tudo o que você disser! Ela é perfeita pra você!

— Você está louca...

— Sim, tenho um parafuso à menos!

— Se você tem um parafuso a menos, eu tenho um a mais. Tente pegar se puder. – E então, Steve dava as costas para Kiara, prestes a deixa-la ali e voltar para dentro da cafeteria.

Mas quando o mesmo caminhou um passo para longe, Mary soltava algo que o deixaria ainda mais desconsertado e furioso.

— Hey, Cap, espera...

Ele parou no meio do caminho, ficando de pé, obediente e quieto, esperando o que ela lhe diria, e então...

.

.

— Mesmo que a gente não se dê bem, é do meu perfume que você gosta, é o meu beijo que você curte, é comigo que você ama dançar, e é da minha bagunça que você sente falta...

.

.

O loiro virava o rosto na direção da Segundo-Tenente, abismado com tais palavras tão audaciosas... e então...

— Você fala com tanta convicção, que se não fosse sua arrogância, até poderia te dar algum crédito, mas não vou ajudar aumentando seu ego. Passar bem, senhorita Ellis. – O Super Soldado a deixava ali, com uma carranca na face, perplexo pela presunção da garota.

— Certo, Capitão Rogers... te dou liberdade pra ficar com quem quiser, assim como te dou a certeza de que, quando você voltar, não vou estar mais aqui! – E então, a garota cruzava os braços, observando-o entrar na cafeteria e voltar para a mesa onde Kate o esperava.

Steve odiava todas as provocações insinuantes de Mary Crystal, mas por mais que abominasse sua postura convencida e audaciosa, ele sabia que algo havia mudado entre os dois... nada estava igual...

A loira atentava para aquela visão pelo vidro do estabelecimento por alguns segundos, até que resolvia voltar também, para junto da médica e da estagiária.

Quando a garota retornou a mesa, Darcy e Christine aproximaram seus rostos, prontas para ouvir o que Mary tinha a dizer.

— E aí? – As duas a indagavam, em uníssono.

— E aí nada, mas é lindo quando alguém tenta te provocar ciúmes e você não sente nada além de uma imensa vontade de rir! – A loira afirmava, com uma expressão maravilhosa na face, ostensiva, devassa e audaz.

— Ele estava tentando te fazer ciúmes!? Sério!? – Darcy a contestava, abismada, acreditando nas palavras da Segundo-Tenente.

Já Christine, revirava os olhos, sabendo que Mary estava delirando e escorregando em suas próprias sandices, orgulho e arrogância.

— Vamos mudar de assunto!? Tem coisas mais interessantes para a gente conversar, meninas! – Mary sorria amplamente, e Christine e Darcy apenas vislumbravam um sorriso de Arlequina naqueles lábios.

Um tempo depois, Steve decidia ir embora e Kate se despedia do Super Soldado com um beijo no rosto.

Kiara observava tudo aquilo com um sorriso cínico, achando tudo artificial e falso demais.

O loiro sequer olhou na direção da Segundo-Tenente. Ele saia dali como se não tivessem tido mais um desentendimento aquele dia.

Aquilo a incomodava... como assim ele tinha a audácia de fingir que não se importava com a presença dela ali?

Quando Steve cruzou a porta, indo embora, Mary resolvia fazer o mesmo.

— Meninas, é hora de ir! Ainda preciso desencaixar a minha mudança, porque aluguei um apartamento aqui perto e tudo está virado de pernas pra cima! – A Segundo-Tenente revelava, deixando Darcy confusa.

— Você não ia morar na torre?

— Eu não! Você acha que quero ser vigiada pelo Tony, Rhodes e o Fury ao mesmo tempo!? Tenho que ter meu próprio espaço, senão, ia enlouquecer!

— Uau, que sorte... queria ter grana pra morar sozinha... – A estagiária de Jane confessava, desanimada, sabendo que estava perdida, trabalhando em mais um projeto conjunto com sua chefe, sem estabilidade alguma... sua única esperança era esperar a herança que seus avós lhe deixariam, quando partissem.

— Um dia você chega lá!

— Eu também vou indo. Amanhã meu turno começa mais cedo no hospital e preciso descansar. – A médica bocejava, exausta com sua rotina de trabalho.

As três saiam da cafeteria e se despediam.

Darcy voltava para a torre e Christine ia para o Grand Station Central, rumo ao metrô.

Mary Crystal olhava para o horário no smartphone, e já ia pegar um táxi para ir para casa, sua nova casa... mas...

.

Kate parava ao lado dela, de propósito... na porta da cafeteria.

.

A Segundo-Tenente olhava para o lado, avistando a enfermeira a encarando com uma expressão firme. Ela era bem mais alta do que ela...

— Tudo bem, senhorita Ellis? – A enfermeira a cumprimentava, e Kiara já atentava para o sorriso ousado dela.

— Sim, e você, Kate?

— Bem...

— Que ótimo...

— Sabe, eu sei que não deveria me meter no trabalho que você e o Steve vem fazendo juntos, mas não acha que deveria ser mais profissional e menos artificial?

— Por que? Ele tem reclamado de mim?

— Não exatamente. Eu apenas percebo algumas coisas que as demais pessoas não notam...

— Hmmm... não sei o que é mais falso... minha cara de anjo ou você se fazendo de amiga do Capitão Rogers...

— Amiga? Sim, nós somos amigos.

— Sei que quer ser mais do que uma amiga dele. – Mary dizia na lata, fazendo a loira alargar o olhar, surpresa.

— Eu não estou flertando com o Steve, senhorita Ellis.

— Gostaria de acreditar em muitas coisas, mas o problema está na minha certidão de nascimento que insiste em afirmar que eu não nasci ontem... – A Segundo-Tenente lançava a indireta direta, fazendo Kate sorrir em resposta.

— Você é exatamente como ele diz... tão perdida como Alice, e tão louca quanto o Chapeleiro.

— Que linda analogia! Mas sei exatamente quais são suas intenções com ele!

.

— Ok, certo... não vou mentir para você. Eu realmente o enxergo dessa forma, então... qual é o problema...?

.

Kate revelava, arrancando uma gargalhada de escárnio da Segundo-Tenente.

— Imagine a cara dele quando souber!

— Vim me certificar que não o roube de mim. – A enfermeira a desafiava de forma enfática e naquele momento, a cercava, ficando frente a frente com Mary, de braços cruzados.

— Quem? Steve Rogers? Acho que você está entendendo tudo errado. Não existe nada entre eu e ele.

— Você tem uma profunda ligação com ele. Eu posso sentir...

— Seus instintos estão pifados. Nem nos melhores dias, mal somos amigos!

— Ele jamais conseguiria resistir a mim, se não estivesse atraído por você. – Kate a encarava com firmeza e severidade, e Mary sorria cinicamente.

— Você está delirando...! Ele é tão atraído por mim quanto o Kurt era pelo Axl!

— Talvez ele ainda não saiba, mas há uma ligação...

— Eu sempre digo pro Cap que sou a mulher da vida dele, mas é só uma brincadeira para deixa-lo com raiva. Não há nada de real nisso, então sugiro que se esforce mais, Kate...

— Certo. Mas saiba que não pretendo desistir dele. Tudo bem por você?

— Sim, por que não?

— Porque eu não jogo sujo, senhorita Ellis. Estou sendo clara e honesta na sua frente. Esperava que fosse comigo também. – A enfermeira replicava, completamente certa do que dizia.

— Vá em frente e me convidem pro casamento! Tchau! - Kiara dava as costas para a mulher, saindo dali, andando na direção do táxi que a esperava.

Ao entrar no veículo, ela observava Kate, olhando para o carro.

Mary sabia que havia algo de errado com aquela mulher, só não entendia o quê... e seu rosto lhe era muito familiar...

Foi quando um estalo veio em sua mente e ela resolvia acessar um site de um evento de muitos anos atrás, logo quando se formou na Força Aérea.

A garota abriu seu smartphone e começou a pesquisar sobre os eventos naquele site.

A Segundo-Tenente participou de uma confraternização envolvendo muitos agentes da CIA, FBI, SHIELD e outras agências de inteligência.

Havia uma foto na galeria do evento, em que muitos estavam presentes.

Mary estava na foto, com seu uniforme da Força Aérea, junto de muitas outras pessoas que ela não conhecia.

No canto superior, um rosto muito familiar... e como ela suspeitava...

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Kate Sanders...

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Na legenda da foto, o nome de todos os presentes.

Fazendo a contagem da esquerda para a direita, a garota conseguia identificar o nome da posição de Kate...

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Sharon C.

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— Sharon...? Mas o nome dela não é Kate?? O que isso significa? – Perguntava a si mesma, achando tudo muito suspeito.

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Naquele momento, Mary se dava conta de que Kate não era quem dizia ser...

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Notas finais do capítulo

A Mary descobriu que a Kate é a Sharon gente! Imagine o que vai rolar daqui pra frente! Vocês estão sacando que tá rolando um triângulo, mas que o Cap está apaixonado pela Mary e sequer olha pra Sharon desse jeito, certo? Além do mais, a Sharon está fazendo tudo isso porque é uma missão. Imagine quando ele descobrir isso?? Imaginem a cena!?

No próximo teremos a festa de inauguração da torre dos Vingadores. Todos estarão presentes. Vai rolar barraco do Cap com a nossa diabinha? Vai! Vai ter ciúmes? Vai sim, até porque, um dos pretendentes da Mary vai aparecer na festa e imaginem um Capitão América louco de ciúmes? E imaginem quando a Kate (vulgo Sharon) estiver no meio e também deixar a Mary com um tiquinho de ciúmes? Também teremos um Tony Stark fazendo piada de tudo, além do Sam e suas filosofias geniais que fazem o Cap refletir... temos um time torcendo pelo casal STARY! Vai ser muito legal!

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