Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 23
O novo e reconhecido líder dos Vingadores




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O novo e reconhecido líder dos Vingadores

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27 de Abril de 2012, 05:24 AM

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Sokovia

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Após semanas em meio aos experimentos no laboratório do Doutor List com supervisão de Strucker, os gêmeos Maximoff eram os únicos voluntários que sobreviviam aos testes com a joia da mente.

Alexander Pierce avisava ao líder da divisão em Sokovia, que em breve os irmãos teriam de entrar em ação.

Como a missão com o Soldado Invernal e a Fantasma havia falhado por conta de um imprevisto que nem mesmo a HYDRA entendia, a próxima missão seria menos arriscada.

Pietro e Wanda não seriam designados para entrarem num combate contra todos os Vingadores, mas somente com um deles...

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Tony Stark.

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O ódio dos gêmeos havia lhes consumido e agora podiam ter sua vingança. A missão?

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Assassinar o gênio e herdeiro das Indústrias Stark.

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27 de Abril de 2012, 10:10 AM

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Washington DC – Quartel General da SHIELD

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Os Vingadores se reuniam mais uma vez com Nick Fury, que reportava as decisões do Conselho Mundial de Segurança.

Depois das revelações sobre as habilidades de Mary Crystal, da prisão do Soldado Invernal, Fantasma e alguns membros da S.T.R.I.K.E., a SHIELD, Interpol, FBI, CIA e outras agências de espionagem e inteligência ao redor da terra, passavam a procurar incansavelmente pelo homem mais perigoso no momento: Alexander Pierce.

Ele estava foragido e até mesmo Fury não tinha ideia do que o ex-secretário da SHIELD podia fazer para encurralar seus agentes de elite e os Vingadores, ainda que os maiores heróis da terra estivessem num patamar muito acima da média.

Com todos ali reunidos, Natasha era a última a chegar e carregava uma pasta com alguns papeis.

Todos se encontravam no Quartel General da SHIELD, numa sala isolada e monitorada apenas pelo Conselho.

Tony, Bruce, Steve, Clint, Natasha, Nick, Maria e Mary se reuniam ali.

O semblante de todos era tenso.

Natasha era a primeira a falar.

— O senado convocou uma audiência sobre o projeto Insight, desconhecido da maior parte dos agentes e congressistas. Eles farão um filtro e deverão dizer se este procedimento será aprovado, mas a decisão final é do Conselho.

— O projeto Insight não está completo e foi pausado por minhas ordens, agente Romanoff. Quem liderava esse esquema era Alexander Pierce e como descobrimos que a HYDRA estava infiltrada na SHIELD, não há a menor possibilidade de continuarmos com esse plano. – Fury finalizava.

— Sim. A extensão em que a HYDRA se infiltrou na SHIELD é de enormes proporções. Não há como saber quantos agentes da HYDRA ainda estão em nosso meio. – Clint dizia o que achava, depois de analisar a situação ao decorrer dos dias.

— A SHIELD ainda está um caos. Esta crise está gerando vários conflitos internos e externos. Não podemos deixar que nada nessa sala se espalhe. Tudo o que for dito aqui, é extremamente confidencial. – Hill completava, deixando-os ainda mais tensos.

— Eu não sei como o Conselho ainda não te demitiu, Fury... você não percebeu que o Pierce fez tudo debaixo de seu nariz? – Tony indagava o Diretor da SHIELD, que sabia que o bilionário estava certo.

— Pois é... ele só é muito bom em esconder fatos da área cósmica, não é mesmo, Fury? Por que não nos diz como anda a atuação da S.W.O.R.D., que não é mencionada em nenhum dos casos? – Dessa vez era Kiara que o indagava, deixando-o um tanto desconfortável, já que a garota sabia sobre coisas que os Vingadores não tinham ideia.

— Esse assunto não pode ser tratado fora desse departamento, Kiara.

— É mesmo!? Agora que me fez dizer o meu maior segredo aos Vingadores, por que não me conta os seus? – Mary Crystal dava um passo para frente, numa postura intimidadora, deixando claro que não conseguia confiar em Nick Fury.

— Se descobrirmos agora todos os segredos que o Fury esconde, acho que teríamos que matá-lo nesse exato momento. – O Homem de Ferro desferia palavras de escárnio.

— Vamos manter o foco. Depois discutimos sobre nossas divergências. – Steve tentava abrandar qualquer debate que pudesse surgir entre Mary e Tony contra Fury.

Ele sabia que o Diretor da SHIELD escondia muitas coisas importantes, mas por ora, teria de ajudar a colocar um ponto final na HYDRA e seguir com o plano sobre o enigma dos Vingadores do futuro, ainda que...

Não estivesse emocionalmente bem para isso...

O Capitão mostrava por fora uma postura de soldado focado e equilibrado, mas por dentro, se encontrava perdido e assustado, afinal, seu melhor amigo estava vivo, detido numa prisão de segurança máxima, numa localização desconhecida, que Fury podia dizer, por decisão do Conselho Mundial de Segurança.

O loiro não entendia o que havia acontecido... como Bucky estava vivo e se tornou uma arma nas mãos da HYDRA?

E então, a voz de Mary o tirou de seus alarmados devaneios...

— Eu sei que há poucos dias eu não estava em meu perfeito estado para dizer o que vou dizer agora, mas... eu realmente espero que vocês, Vingadores, cumpram com a palavra de não mencionarem a ninguém sobre minhas habilidades. – A Segundo-Tenente parecia os ameaçar através do tom de sua voz.

— E podemos saber por quê, cachinhos dourados? – Tony a questionava, ironicamente.

— Isso é algo prejudicial ao meu pai, que hoje é presidente. Poderiam acusa-lo de usar a filha e suas habilidades de ver partes do futuro para beneficiá-lo nas eleições, sem contar as demais coisas inescrupulosas que me culpariam de fazer por causa da minha força física acima do normal. – Kiara finalizava, esclarecendo porque queria manter seu maior segredo guardado.

Ela só queria ser alguém normal...

— Interessante, mas quem garante que você não usou as suas habilidades para isso? – Tony voltava a alfinetar a filha do presidente.

— Stark, pare com isso. Vamos nos focar no que realmente interessa. – O Capitão América mais uma vez tentava acalmar os ânimos da equipe.

— Uau, já está defendendo a namorada, Capicolé!?

— Pare de brincar! Estamos num momento muito grave para simplesmente começar a fazer suas piadas.

E então, mediante a resposta do Capitão, Tony Stark começou...

A rir...

— Desculpem... é que... eu nasci com a maldição de rir nos momentos sérios... – O Homem de Ferro apenas fazia todos revirarem os olhos com sua excentricidade fora do roteiro.

— Vamos deixar essas trivialidades de lado. Eu não sou o líder de vocês, mas temos dois grandes impasses para resolver. Primeiro: Descobrirmos sobre a catástrofe de um futuro próximo e segundo: Limpar a SHIELD definitivamente da HYDRA, a começar pela prisão de Alexander Pierce. Ele é perigoso e está solto por aí, então, temos de ir atrás dele. – Fury dizia as prioridades da equipe, fazendo Tony bocejar.

— Eu e Banner estamos indo para Malibu hoje à tarde. Vou começar a montar o meu arsenal de armaduras. Isso já estava previsto nos nossos planos iniciais, então peço para que não nos chame para limpar sua bagunça, Fury. Não somos seus faxineiros. – O gênio das Indústrias Stark dizia sobre seus planos.

— Estou com o Tony. Vocês da SHIELD que resolvam esses problemas com a HYDRA. No momento estou focado em trabalhar apenas para a Iniciativa Vingadores. – Banner assinava em baixo o que Tony dizia.

— Se a equipe vai se dispersar assim, não temos como encontrar um ponto de equilíbrio. – Natasha dizia o que achava.

— Também acho. Tudo isso está muito bagunçado. Precisamos agora mesmo nomear um líder que mantenha a equipe focada e unida, ainda que os objetivos de cada um não estejam cruzados com as dos demais. – Clint afirmava, reforçando o argumento da ruiva.

— Se vocês acham que vou obedecer ao Fury só por causa dessa parada de equilíbrio, podem esquecer. – Tony dava sua palavra final.

— Estou com ele. – Banner partilhava o mesmo pensamento do Homem de Ferro.

— E por que não nomeiam o Capitão como líder? Acho que essa é a melhor solução. – Hill sugeria, pegando-os de surpresa.

— Ele!? Vocês estão malucos!? – Mary começava a rir descaradamente, fazendo Steve a encarar com certa austeridade.

— Acho que seria melhor que o Fury. Por mim tudo bem. – Banner era o primeiro a concordar.

— Eu também acho. – Natasha assentia a sugestão.

— Ele com certeza é a melhor escolha. – O Gavião Arqueiro sorria, achando a ideia o máximo.

— Por mais que eu o ache um porre e tenha restrições sobre isso, ainda é a melhor escolha. Por mim, tudo bem. – Tony Stark concordava com os três Vingadores.

— Pensei que tentaria pleitear o cargo de líder, Tony. – Banner ria da cara do gênio.

— Eu não tenho a menor condição de ser líder. É uma posição chata, perigosa, cheia de responsabilidades e muito mais pesada. Ele tem mais jeito pra isso do que eu, no entanto, já deixo claro que se não concordar com o que o Capicolé decidir, eu tô fora. – O Homem de Ferro mantinha uma postura audaciosa, porém individual e alheia a uma ideia de grupo 100% unido.

— Vocês estão ficando loucos!? O Capitão Rogers acata todas as ordens do Fury sem nem ao menos contestar! – Kiara era contra a nomeação de Steve para o título de líder, já que a mesma tinha a impressão de que o Super Soldado era apenas um capacho nas mãos do Diretor da SHIELD.

Steve a fitou severamente naquele momento.

— Achei que tivéssemos acertado parte de nossas divergências, senhorita Ellis.

— Está enganado, Capitão. Nossas divergências nunca vão acabar.

— O que você tem contra mim...? – Ele a questionava, tentando entende-la. A dois dias ele a ajudou com seus problemas internos, e lá estavam eles de novo? Rodando em círculos, novamente à estaca zero?

— Olha, você está enganada, Supergirl. O Capitão é perfeito pro cargo de líder. Ele não obedece cegamente ao pirata aí. Não sei de onde você tirou isso... – Tony a rebatia, deixando-a perplexa.

— Uau... pra quem deu uma banana pro governo a uns anos atrás, você anda bastante submisso, Stark! – A Segundo-Tenente continuava com seus argumentos afiados, fazendo o gênio rir.

— Olha, garota... a atuação do Capitão foi esplêndida na batalha contra Loki e o exército Chitauri, por mais que eu não goste de encher a bola dele. – O Homem de Ferro defendia o nome de Steve frente a posição de líder, deixando o loiro um tanto surpreso.

— Se você convivesse com ele por um dia inteiro, não diria isso! – A loira continuava contestando a decisão da maioria.

— E quem você sugere então?

— Por que não a Natasha? Ela parece ser mais fria e racional.

— Me desculpe, senhorita Ellis, mas tenho muitas coisas para fazer para simplesmente aceitar esse cargo. O Capitão é um ótimo estrategista, porque esteve na linha de frente da segunda guerra mundial por anos, então, acho que isso anula o seu argumento. – A Viúva Negra reforçava as palavras de Tony.

— Eu concordo. – Maria Hill também aderia a decisão da maioria.

— Então está decidido. Steve Rogers será o novo líder da equipe. Alguma objeção, Capitão? – Fury questionava o Super Soldado.

— Nenhuma, Diretor.

— Se estamos todos de acordo, então seguiremos para nossas missões em equipe e também individuais. – Nick já sabia o que cada um faria e tinha encargos específicos para seus agentes, além do agora líder dos Vingadores e também a Segundo-Tenente, mas...

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Mary Crystal não parecia de acordo com a decisão da maioria...

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— Já que a minha opinião não vale nada, então isso significa que você está me liberando da licença estendida e posso voltar para a Força Aérea!? – Kiara contestava Fury, que desferiu um olhar severo para a mesma.

— Não é hora para brincadeiras, Mary Crystal. Está longe de ter sua licença revogada.

— Você vai continuar me prendendo a esse circo de horrores por mais tempo!? – A garota subia o tom de voz, externando toda sua indignação.

— Você é essencial para que todos esses planos deem certo.

— Por quê!?

— Não está claro!? Suas visões podem ajudar a desvendar as incógnitas que ainda não conseguimos, além do mais, sua força é primordial para combates físicos.

— Achei que estivesse claro que essas visões são como um verdadeiro inferno que me deixam fora de órbita! Você sabe o que acontece comigo quando sou perturbada por elas!

— Kiara... é o futuro do nosso planeta e talvez do universo. Deixe de ser infantil e colabore.

— Eu disse que não seria sua agente!

— É temporário. Precisamos de você. Não há outra forma.

— Quanto tempo isso vai levar!?

— Quanto mais tempo você demorar pra cumprir o que te designar, mais isso vai se estender. Meses... ou anos...

— Você está louco!? Eu não vou ficar fora da Força Aérea por anos!!! – Mary se encontrava descontrolada. Ela não acreditava que estava ouvindo tudo aquilo.

— Há algo que você tem e que a maioria dos agentes não possuem, ainda mais agora, com a HYDRA infiltrada em todos os setores da SHIELD.

— E o que eu tenho, Fury?

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Eu posso confiar em você.

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— O quê!? De novo isso!?

— Sim, e já te disse várias e várias vezes. Eu te conheço desde que você tinha oito anos. Eu sei sobre sua índole, embora se esforce pra ser uma garota irritante e rebelde, sei que posso confiar em você.

— Eu devia me sentir lisonjeada, mas estou com medo! Não quero que o diretor da SHIELD confie em mim!

— Não vou continuar debatendo, Kiara. Apenas faça o que tem para fazer. Pense na sua carreira na Força Aérea. - E então, Fury deu as costas para a garota, deixando-a ainda mais furiosa.

Os demais Vingadores não pareciam se importar, pois já estavam em duplas, planejando suas próprias missões, alheios aos protestos da mesma.

O único que ainda atentava para a discussão de Fury e Mary era...

Steve...

Ele observava o semblante pesado e consternado da Segundo-Tenente, não entendendo o que tudo aquilo significava.

Fury confiava nela... e isso era algo importante, porque significava que Mary tinha um atributo que muitos agentes não possuíam, que era a plena credibilidade com o Diretor da SHIELD, um dos homens mais poderosos no mundo da espionagem.

Mas a garota estava fora de si...

A dois dias, ela se encontrava totalmente vulnerável, e o loiro não entendia totalmente o que suas habilidades realmente significavam, nem o que aquilo causava a ela...

A Segundo-Tenente desferiu um olhar colérico na direção do espião, ainda de costas...

Mary sabia que teria de ser baixa... ela se sentia usada e sabia que ninguém se importava com a dor que aquelas habilidades lhe causavam, e então...

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Me diga agora, Fury... onde está Carol Danvers...?

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O Diretor da SHIELD arregalou os olhos imediatamente, e Maria Hill também.

Todos que antes estavam dispersos, prestavam atenção nela.

A pergunta na cabeça de todos os Vingadores era a mesma...

Quem era Carol Danvers?

Fury se aproximou de Kiara, falando muito mais baixo, no desígnio de que ninguém o ouvisse.

— Não fale esse nome aqui. Eu disse que era proibido.

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Proibido por quem!? Você expos meu maior segredo e está me tratando como um cachorro que só precisa obedecer cegamente seu dono! Então me diga agora, Nick Fury, onde está Carol Danvers!? Por que você escondeu de todos a existência dela!? Por que ela foi dada como morta em 1989 se naquelas imagens do satélite de Nevada em 1995, ela aparecia viva e explodindo um monte de ogivas nucleares na exosfera da terra!?

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Os olhos de Fury arregalaram, alarmados.

Todos na sala ouviam as indagações de Mary em forma de gritos intimidadores.

O que tudo aquilo significava?

— Do que essa menina está falando, pirata? – Tony o questionava, completamente desconfiado.

— Vai, Fury! Diz para os seus Vingadores que o ataque a Nova York não foi a primeira vez que alienígenas estiveram na terra! – Mary continuava a revelar fatos extremamente confidenciais.

— Mary Crystal, se acalme... – O Diretor da SHIELD pedia para que a mesma não dissesse mais nada, mas ela simplesmente não estava mais ligando se não tinha permissão para dizer sobre tudo aquilo.

— Estou esperando que você me diga como ela conseguiu aqueles poderes! Como ela pode voar e disparar raios que explodem ogivas no espaço!? Me diz, Fury! Foi por causa do Tesseract, não é!? – Kiara continuava descontrolada, e Maria Hill a pegou pelo braço, puxando-a dali.

Fury respirava fundo, tentando achar uma forma de escapar da desconfiança de todos naquela sala.

— Chefe... do que a filha do Presidente estava falando...? – Natasha o questionava, encarando-o com muita atenção.

— É, Fury... pode esclarecer isso pra gente? Nós... nunca ouvimos esse nome antes. Quem é Carol Danvers? – Clint o contestava tranquilamente, mas muito desconfiado.

De fato, Fury escondia coisas extremamente importantes até mesmo de seus maiores agentes de elite, de sua extrema confiança, como ele e Natasha.

Tony, Banner e Steve também passaram a indaga-lo sobre o nome que Mary referiu, antes de ser puxada por Maria Hill dali.

— Diretor... nos diga agora sobre quem a senhorita Ellis mencionava. – Steve cercou o espião de um lado e Tony do outro.

— É melhor abrir o bico, agora... – O Homem de Ferro reforçava.

— Eu sempre soube que a SHIELD era uma organização perigosa, mas pelo teor das coisas que a filha do Presidente expos aqui, o buraco é muito mais embaixo, não é, Fury...? – Banner cercava o espião, ficando ao lado de Tony.

— Dessa vez eu tenho que concordar com ele, chefe. Acho que está na hora de nos dizer tudo o que sabe, ou não poderemos seguir com nossos planos e missões em meio a essa desconfiança. – Natasha concordava com os três.

— A Nat tem razão. – Clint reforçava.

Encurralado, e sabendo que Mary havia cometido o maior de seus erros até agora, Fury não tinha escolha a não ser dizer a verdade.

— Certo... eu vou dizer, mas antes, preciso que vocês convençam aquela garotinha mimada a voltar para cá. Se vocês conseguirem, eu vou dizer tudo.

— Tudo mesmo? – Steve o contestava.

— Sim.

— Não seja por isso, eu vou atrás dela. – Tony Stark se oferecia e passou a correr para onde Mary e Maria estavam naquele momento.

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Hill, o braço direito de Fury, continuava arrastando a Segundo-Tenente dali.

— Me larga!

— Vou te largar quando estivermos longe suficiente para que se acalme.

— Você sabe que se eu quiser, posso fazer você voar daqui para o primeiro andar, não é!?

— Senhorita Ellis, você sabe que precisa colaborar conosco. Não há outra forma.

— Eu não vou colaborar com um bando de mentirosos manipuladores! – O olhar esverdeado da garota queimava em fúria, e antes que ela pudesse se desvencilhar da agente, Tony chegava ao local.

— Hill, pode deixar comigo agora. Eu convenço a Barbie. – E então, o Homem de Ferro entrou na frente da Segundo-Tenente.

Maria Hill se afastou.

— Boa sorte... ela é páreo duro...

— Já enfrentei caras mais cascas grossas do que ela... – O bilionário respondia a agente que já saia dali, enquanto olhava profundamente dentro dos olhos de Mary.

— O que foi, senhor Stark? O Capitão pau-mandado te mandou vir atrás de mim?

— Não, eu que me ofereci, princesa Aurora.

Kiara riu diante da piada do Homem de Ferro.

— Você está se confundindo. A princesa Aurora é o Capitão América.

— Olha, acho que dessa vez vou concordar com você, cachinhos dourados.

— O que você quer...? – Mary colocava as mãos na cintura e nitidamente mostrava dar uma chance ao que ele lhe diria, já que em sua concepção, Tony Stark era a pessoa que mais tinha moral para ter um diálogo sem filtros, dissimulação e hipocrisia.

— Volte para o salão. Estamos planejando os passos de nossas futuras missões e precisamos de você.

A garota soltou um riso de deboche em resposta.

— Desde quando o Homem de Ferro se tornou uma marionete nas mãos do Fury?

— Eu sei exatamente quem é o Fury. Eu também não confiaria nele, mas não temos escolha...

— Isso não me convence.

— Não é meu estilo seguir ordens de ninguém, mas você viu o que aconteceu durante todas essas semanas? A viagem no tempo, a batalha de Nova York, a bagunça com a HYDRA... as coisas não são tão simples.

— Eu não tô nem aí... – Ela sorriu puramente angelical, numa postura de quem não se importava.

— Eu também não estava. Até um exército alienígena invadir a terra e bem... eu vi a morte quando desviei aquele míssil pelo buraco de minhoca... e não consigo dormir desde então...

— Ohh, é mesmo? Que pena! Deve ter sido uma experiência terrível!

— Pare de ser debochada.

— Stark... não passou pela sua cabeça que na verdade, talvez eu queira que o mundo acabe? Olhe tudo isso ao seu redor! É melhor que tudo exploda! Seria um grande favor pra humanidade se alguém chegasse aqui, estalasse os dedos e fizesse tudo virar pó!

— Uau... se você tivesse poder em suas mãos, seria uma ditadora genocida!

— Acho que sim. E os primeiros a morrer seriam tipinhos como Steve Rogers.

— Aah nisso eu concordo contigo. Também não suporto tipos como ele. Um brinde ao nosso maior ponto em comum?

— Eu brindaria, se estivesse alinhada com todos vocês, mas não estou. O Fury me deixou irritada e preciso sair daqui imediatamente ou vou explodir.

— Sei... mas você parece estar estressada por causa de outra pessoa... um certo soldado musculoso, loiro, rostinho bonito, virgem, bom moço e bom partido, certo...?

Mary fez cara de paisagem diante de mais uma piada do gênio das Indústrias Stark.

— Você deve achar que secretamente eu amo ele, não é...?

— Vocês passam mais tempos juntos do que eu e a Pepper... isso vai dar casamento...! – Tony já explanava que curtia o casal, mas aquilo de longe ofenderia a loira.

— Vamos voltar pra parte do brinde onde temos nosso maior ponto em comum que é odiar tipinhos como o Cap?

— Você será sempre bem-vinda pra brindar comigo, mas só se puder se comportar na presença do Capitão daqui pra frente.

— Se ele puder se comportar também, darei o meu melhor.

Tony sentia que estava começando a chegar no ponto onde ela voltaria para o salão, já que parecia menos tensa na frente dele do que na frente de Fury e os outros agentes.

Isso era notável, já que o bilionário também era um rebelde sem causa... ele e Mary tinham personalidades muito parecidas.

— Acho que é bem óbvio que vocês dois não poderão fazer isso pra sempre, certo? Viverem brigando como cão e gato, já que estarão trabalhando sempre juntos.

— E...? - Mary o indagou, com sono, quase bocejando...

— Steve agora se tornou o seu líder oficial, entendeu? Embora o asgardiano não esteja aqui, Thor e Steve têm mais experiência em combates corpo a corpo, mas o Capitão tem uma vantagem sobre o deus do trovão: ele é um mestre estrategista. Ele é mais sensato do que Thor e mais experiente em liderar um grupo que possui habilidades diferentes. O Cap é o único que pode manter esse grupo de desajustados juntos, como foi comprovado na batalha de Nova York. Ele é o melhor pra comandar a equipe, enquanto eu darei suporte financeiro e qualquer tecnologia que considere necessária.

Mary arqueava uma sobrancelha, desconfiada enquanto observava Tony falando muito bem de Steve, como se estivesse fazendo uma propaganda.

— Muito legal o seu marketing... mas até onde sei, vocês se odeiam.

— Sim, só que... as coisas começaram a ficar mais estranhas depois que vimos as imagens de nossas versões do futuro... e acho que... eu e o Steve estamos nos entendendo... mas não se preocupe porque não pretendo roubar o seu homem. Ele é só seu e não vou atrapalhar essa relação linda e digna de matrimônio. – Tony finalizava, cinicamente, quase levantando um cartaz escrito “STARY”, olhando dentro dos olhos dela, esperando que a mesma lhe desse uma resposta positiva, mas...

— Ok... mas avisa pro Cap que pra casar comigo tem que ter plano funerário, porque não me responsabilizo caso ele morra envenenado... ou caso eu o empurre “acidentalmente” do vigésimo nono andar. – E então, Mary virou de costas e passou a caminhar rumo ao corredor para sai dali.

— Isso é um sim ou não?

— O deboche é a defesa natural do organismo contra perguntas idiotas. Até mais, Stark. – A garota acenava, de costas, dando um tchauzinho para o Homem de Ferro.

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Tony voltava para o salão, dizendo que não havia tido êxito em convencê-la e designou aquela missão a ninguém mais e ninguém menos que... Steve Rogers, aquele que o bilionário batizava carinhosamente como namorado da filha do Presidente, sem o consentimento de ambos, obviamente.

O Capitão bufou em resposta... não sabia mais em que degrau da escada estava com Mary Crystal...

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Steve procurou por Mary o dia inteiro.

Eles estavam na capital, então tinha de andar disfarçado, e sua camuflagem basicamente se resumia a um boné e óculos escuros, além dos típicos trajes simples de sempre: Camiseta, jaqueta de couro, calça jeans e sapato social. Algo comum para uma cidade onde se encontravam todos os congressistas do país.

Fury havia lhe dado uma lista de prováveis lugares que a Segundo-Tenente poderia estar.

Curiosamente, a Casa Branca não estava na lista.

Céus, como aquela garota dava trabalho...

O Capitão sabia que Mary estava muito irritada com ele por tê-la visto no auge de sua fragilidade, ainda que tenha aceitado sua ajuda em forma de gentiliza...

Ele nunca acreditaria que a abraçou naturalmente, apenas para amenizar sua dor. Era um pouco constrangedor quando pensava a respeito...

Foi a decisão correta? Steve tinha suas dúvidas... mas quando se recordava do quão prestativa e compreensiva Kiara foi diante de suas crises de insônia e os pesadelos constantes, o loiro apenas se sentia em débito com ela.

Já havia anoitecido, e o Super Soldado ainda não tinha achado a Segundo-Tenente em canto nenhum, mas... faltava um lugar da lista...

O memorial de Franklyn Delano Rooselvelt, coincidentemente o último presidente dos Estados Unidos que Steve tinha conhecido.

Ele a procurou pelos arredores. O lugar era incrivelmente bonito a noite.

Banhado pelo Rio Potomac e a Bacia das Marés, era possível ver o Monumento de Washington do outro lado.

Por um momento, Steve ficou parado ali, observando a paisagem que era deslumbrante e esplendorosa.

O Monumento de Washington refletia na água da Bacia das Marés...

O loiro tirou os óculos por um momento, contemplando e admirando o que estava diante de si, mas...

Por mais que esquecesse de cinco em cinco minutos o que mais lhe afligia no momento, era um tanto frustrante se sentir perdido e melancólico pelo fato de que...

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Bucky Barnes estava preso num presídio de segurança máxima, sem memória, sozinho e sem saber o que aconteceria daqui para frente...

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Steve não teve muitos detalhes do que haviam feito com seu amigo e quando pediu a Fury para vê-lo, foi proibido pelo Conselho Mundial de Segurança.

O Soldado Invernal era um assassino nível A, havia cometido diversos assassinatos importantes nas últimas cinco décadas, e uma delas, que ainda era investigada, era o assassinato do Presidente John F. Kennedy.

Era assustador...

O loiro suspirou, desanimado, perdido e com a imensa vontade de jogar tudo para o alto... tudo...

A SHIELD, a Iniciativa Vingadores e todas as suas maiores responsabilidades do momento...

O ensurdecer crescente da distância entre seu tempo, suas pessoas, sua amada Peggy e seu melhor amigo estavam tão, tão longínquos que Steve se sentia perdido de si mesmo... distante do que ele era... e do que achava que sabia...

Por um momento, o Super Soldado fechou os olhos e sentia a brisa da primavera percorrer sua pele... uma fraca garoa umedecia os fios loiros de seu cabelo...

Tudo o que desejava era aprender a viver naquele mundo atual e moderno e colocar em prática a arte de se libertar de tudo o que o machucava... mas era tão difícil... tão impossível...

Seu corpo escondia o que sua alma carregava...

Talvez na próxima estação conseguisse descarregar todo aquele peso... toda a culpa e toda a dor que se esforçava a não sentir... mas seu quebrado e combalido coração o lembrava todos os dias e todas as noites, através de pesadelos e insônias, o quanto tinha falhado...

Na escuridão da noite, ele se condenava, sentindo-se eternamente pequeno... e sufocando com aquela dolorosa solidão...

Navegando por suas antigas memórias que o condenavam, como num devaneio, ao som de sua respiração densa, Steve se concentrava apenas na melodia que tocava de longe... uma música ao som de uma voz masculina, um violão e um piano... melancólica e estranha... enigmática, porém com certa beleza...

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Porcupine Tree – Lazarus.

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As the cheerless towns pass my window, (Enquanto as cidades desanimadas passam por minha janela)

I can see a washed out moon through the fog, (Posso ver uma lua desbotada através do nevoeiro)

And then a voice inside my head, (Então uma voz dentro de minha cabeça)

Breaks the analogue, (Quebra o análogo)

And says… (E diz...)

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"Follow me down to the valley below… You know…” ("Siga-me ao vale mais profundo... Você sabe...”)

“Moonlight is bleeding from out of your soul…" (“O luar está sangrando de dentro de sua alma....")

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Em meio a letra daquela melodia, ele procurava um porto... uma saída de emergência de seu próprio ser...

Parado, com o olhar lutuoso e fixo na água da Bacia das Marés, Steve não tinha mais ânimo em continuar procurando por Mary Crystal. Ele simplesmente desistiria aquela noite... carregar o peso de ser o super-herói que nunca falhava em suas missões, era um fardo monstruoso no momento, por causa de sua condição emocional... e tudo isso tinha um nome...

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James Buchanan Barnes...

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O Capitão virava no sentido contrário, prestes a sair dali, mas quando seu corpo girou...

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Mary Crystal estava atrás dele, agora de frente, o encarando com um olhar extremamente severo e intransigente.

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A garota vestia um moletom gigante, calça jeans e tênis All Star.

Ela permaneceu fitando-o seriamente, com as mãos nos bolsos, porque aquela noite de primavera estava mais gélida que o normal.

Os dois se assistiam... olhando um para o outro... em silêncio...

"Follow me down to the valley below… You know…” ("Siga-me até o vale abaixo... Você sabe...”)

“Moonlight is bleeding from out of your soul…" (“O luar está sangrando de dentro de sua alma....")

Da natureza ao redor, descendo entre os canteiros floridos da primavera em seu auge, um vento brando e suave os compelia numa espécie de magnetismo mútuo, os atraindo para mais perto, invisivelmente... exalando um aroma fresco e noturno de rosas...

Era um espetáculo inigualável quando a doce brisa do ápice da estação mais colorida do ano, tocava as madeixas loiras da Segundo-Tenente, expondo toda a magia de seus raios dourados...

A música ecoava em perfeitas vibrações...

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My David don't you worry, (Meu David, não se preocupe)

This cold world is not for you, (Este mundo frio não é para você)

So rest your head upon me, (Então descanse sua cabeça em mim)

I have strength to carry you… (Tenho força para te carregar)

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Ghosts of the twenties rising, (Fantasmas dos anos 20 subindo)

Golden summers just holding you… (Verões dourados apenas segurando você)

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O vento sussurrava aquela noite e lembranças de tempos passados vinham a mente de Kiara enquanto ela fitava Steve Rogers... tempos esses, de quando ainda era apenas uma menininha fraca e doente que tinha como ídolo um herói, aquele que estava diante de si naquele momento...

O Capitão América...

O toque frio da brisa arrepiava sua pele, trazendo um calafrio...

O tempo se arrastou e a levou com ele, de mãos dadas... muitos anos haviam se passado desde o incidente com o Tesseract...

O tempo passava e mudava as dores de lugar... não importava onde... elas fariam todos se lembrarem do corte e da ferida...

Desde então, Kiara só mostrava suas cicatrizes para quem era capaz de respeitá-las... e Steve Rogers era alguém que mostrou respeitá-las, embora se arrependesse de tê-las exposto para aquele que já foi o seu maior ídolo um dia...

A garota piscou algumas vezes, ainda contemplando o Super Soldado que mostrava pura e extrema melancolia através dos lindos e congelados olhos azuis...

"Follow me down to the valley below… You know…” ("Siga-me até o vale abaixo... Você sabe...”)

“Moonlight is bleeding from out of your soul…" (“O luar está sangrando de dentro de sua alma....")

Come to us, Lazarus... (Venha até nós, Lázaro...)

It's time for you to go... (É hora de você ir embora...)

Com o término da música, tudo o que restava era o silêncio pairando entre ambos... o barulho do vento batendo nas árvores carregadas de flores, mostrando toda a beleza da primavera e no meio dela, duas pessoas tão diferentes, mas que carregavam dores parecidas...

Só quem arrepiava cada centímetro de seu corpo e fazia seu sangue bombear num ritmo fascinante, era capaz de estragar por completo todo o seu mundo...

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Mas Mary Crystal estava segura, porque nenhum homem na face da terra teria tal poder sobre ela...

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Notas finais do capítulo

Profundo esse capítulo, certo? O nosso capzinho está sofrendo por causa do Bucky, coitadinho...

No próximo, teremos a continuação desse encontro dos dois que aconteceu no final desse capítulo. O que vocês acham que vai acontecer? A Mary vai ajudar a confortar a dor do Steve? Só tenho a dizer que vai ser algo bem inesperado... e claro, os laços vão se fortalecendo entre os dois, mas isso não significa que a Mary deixará de ser essa menina irritante :P

Alguém sacou o cunho religioso na letra da música desse capítulo? *tudo isso só pra mandarem os leitores ouvirem a música. Ouçam a música desse capítulo. Ela é linda. Super recomendo.

Siga a playlist da história e entre na vibe dos capítulos: https://open.spotify.com/playlist/73aGwH2QWBUvoLgw7YWkX2?si=pqUM1kjoS3ed0ldwuAhIow

Nos vemos no próximo.

Bye.



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