Nemesis escrita por ariiuu


Capítulo 12
Os pontos em comum entre Steve e Mary




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Os pontos em comum entre Steve e Mary

 

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12 de Abril de 2012, 10:17 AM

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Queens – Nova York

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— Perdão, senhorita... mas por quê está me convidando para passar essa manhã com você? – Steve mostrava vestígios de desconfiança.

Havia aberto muito a guarda para ela, mas ainda precisava ficar atento.

— Vai ter um evento literário cristão aqui nesse parque. Vim porque estou procurando por um livro do CS Lewis que falta para a minha coleção.

Steve alargou o olhar, surpreso...

— Conhece CS Lewis?

— Sim... você não? – Devolvia a pergunta, de forma irônica.

— Bem, sim... minha mãe costumava ler para mim quando era criança e depois passei a ler por conta própria na adolescência, mas isso... faz muito tempo...

— Qual livro dele mais te marcou...?

— Vai soar clichê, mas não me importo... – Ele pigarreou antes de revelar. - O que mais me marcou foi... Cristianismo puro e simples. – E então, o loiro desviou o olhar, um pouco retraído. Não esperava encontrar alguém no século 21 que gostasse daquele tipo de literatura...

— Eu amo esse. Meu favorito é Cartas de um Diabo a seu Aprendiz. – Ela sorria para ele, surpreendida por saber que o Capitão América conhecia aquele autor.

— É um pouco surpreendente saber que as pessoas ainda leem esse tipo de livro... nessa época... – Steve confessava, ainda perplexo com a revelação.

— Por quê...?

— Acho que é porque o ateísmo se expandiu muito nas últimas décadas... pelo que tenho lido...

— Ah sim, mas não deveria estar incomodado com isso. O cristianismo ainda possui em média, mais de dois bilhões de adeptos espalhados pelo mundo, ou seja, uma maioria esmagadora em relação a todas as outras religiões... – Mary confessava, deixando Steve confuso.

— Dois... bilhões? – Mais perplexidade decorria dos olhos azuis do Super Soldado.

— Precisa se atualizar sobre muita coisa, Capitão. – E então, a garota puxava a jaqueta de couro do loiro sobre seus ombros, mantendo-se aquecida, já que a brisa gélida que vinha do rio East, dimanava por sua delicada pele alva.

Naquele momento, o loiro observava a Segundo-Tenente com certa curiosidade. Ele não tinha ideia de quase nada sobre ela, e se surpreendendo com o fato incrível de a mesma ter interesse pelo mesmo tipo de literatura que ele, resolvia aceitar o convite dela, que soava despretensioso.

— Bem... acho que aceito o convite de te acompanhar essa manhã, senhorita Ellis.

— Sério…? Tenho certeza que não vai se arrepender…! - Ela replicava, feliz com a resposta.

E então, os dois começaram a caminhar pelo parque, ainda conversando sobre diversos assuntos...

— Eu não conheço muito bem Manhattan. Sempre que vinha para Nova York, ficava por aqui pelo Queens... e... ah! Existe uma lanchonete maravilhosa que vende as melhores panquecas do mundo! Você devia provar! É cerca de uma milha e meia daqui, ou como vocês Nova-Yorkinos dizem... são quinze blocos... – Mary comentava, com muita empolgação e Steve se sentia atraído por seu entusiasmo.

Mas a curiosidade de saber mais sobre ela, preenchia sua mente naquele momento.

— E você...? de qual estado/cidade é...?

— Eu não sou americana. Sou italiana.

— Italiana... entendi...

— Sim...

— De qual lugar da Itália você é?

— Sicília. Nasci em Palermo... mas para a minha defesa, fui criada na Califórnia, então, sou uma típica mestiça bilíngue.

— Isso explica porque fala italiano fluente e também porque conseguiu notar o meu sotaque mais rápido do que as outras pessoas.

— Mas não é só isso, Capitão... você tem um vocabulário mais requintado que os demais americanos...

— Não precisa deixar tão na cara que uso palavras fora de moda...

— Não, isso não é um defeito, pelo contrário... é bastante encantador... – Mary confessava explicitamente mais uma característica que apreciava em Steve, deixando-o levemente encabulado.

Ao notar que o Super Soldado caminhava agora em silêncio ao seu lado, um pouco tímido pelo elogio que ela lhe lançara, a Segundo-Tenente resolvia descontrair mais uma vez, apenas para que voltassem a dialogar.

— Sabe... essa jaqueta combina perfeitamente com o meu batom... acho que vou roubá-la pra mim! – Ela soltava um riso divertido.

O sorriso dela era contagiante e seu brilhantismo e o adorável timbre de sua risada soavam tão terapêuticos...

Steve focava no belo contorno dos lábios dela... analisando detalhadamente...

— Eu seria educado e diria que não tinha notado antes, mas não gosto de mentir... - O loiro redarguia, num tom um pouco mais provocante.

A sagacidade atrevida e repentina do loiro pegou-a desprevenida... o Capitão América parecia ser o tipo de homem que possuía um sarcasmo natural que só não usava para não ser inconveniente e ela desejava que ele lhe mostrasse mais aquele lado oculto...

Steve Rogers com certeza escondia muitas coisas... e ela capturava pequenos fragmentos de todo aquele mistério, pelas palavras soltas nas entrelinhas, suas expressões faciais, seu olhar… e esperava que pudesse montar aquele enorme quebra-cabeças um dia...

Ela sabia que os sorrisos mais bonitos escondiam os segredos mais profundos. Os olhos mais bonitos eram os que mais choravam e os corações mais gentis eram os que mais sentiam dor...

Enquanto andavam em círculos pelo parque, os dois reparavam que havia alguns estandes no local, entre eles, um que vendia camisetas de times...

Kiara arregalou os olhos quando olhou para uma camiseta em específico.

— Olha, ali está vendendo camiseta dos Dodgers! – E então, a garota correu para averiguar, segurando firmemente a jaqueta de couro sobre seus ombros.

Ao correr, Steve notava os fios dourados das longas madeixas loiras brilharem cintilantes em meio aos raios solares.

Ele a observava perguntado o preço da camiseta, com certa perplexidade...

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Ela conhecia os Dodgers?

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— Aah, é uma pena que não tem o meu tamanho... – Mary Crystal voltava do estande, com uma feição chorosa no rosto.

Steve a encarava... abismado...

— Você... torce... para... os Dodgers...? – O Super Soldado a questionava, de forma gaguejada... embaraçado, assombrado e surpreso...

— Sim. Faz com que me sinta um homem mais natural, sabe!? – Ela ironizava, deixando-o muito mais impressionado...

Aquela garota de fato era uma caixinha de surpresas...

— Não sabia que torcia para eles... aliás, você não faz o tipo que gosta de baseball...

— Pare de me julgar pela aparência, Capitão Rogers... – E então, a loira fazia uma careta engraçada, ficando vesga e fazendo um biquinho.

Steve sorria de novo... e aquele sorriso enfeitava seus lábios tão incrivelmente esculpidos, só que de uma forma muito mais natural do que antes.

O sol estava brilhando agradavelmente através do céu azul claro, tornando sua expressão maravilhosamente angelical.

Kiara o contemplava naquele momento... céus, ela já não tinha juízo, e ele ainda vinha com um sorriso daqueles?

— Pelo visto, você também torce pra eles, certo? – O contestava, já sabendo a resposta.

— Bem... torço para eles a mais de 90 anos, então... – Ele dava de ombros.

Ambos descobriram naquele momento que possuíam um ponto fortíssimo em comum.

Os dois eram torcedores do Los Angeles Dodgers, membros da Divisão Oeste da Liga Nacional da MLB.

— 90 anos é muito tempo. Parabéns por não ter virado a casaca todo esse tempo. – Mais uma vez, Mary ironizava, e ele ria de seu sarcasmo.

— Até porque, as transmissões dos últimos jogos não chegaram no Alaska, então... – Respondia no mesmo tom da ironia, vislumbrando a garota rir de sua piada.

Eles dois continuaram rindo, enquanto se entreolhavam, divertidamente...

— Sabe, senhorita Ellis... acho que de tudo o que conversamos até agora, talvez essa revelação seja a mais impactante até agora...

— Sim é verdade... quem diria que a filha do Presidente gostava de baseball?

— Eu jamais teria capacidade de prever isso...

— Até porque, mulheres não costumam gostar de esportes masculinos...

— É, você tem razão...

Steve e Mary continuavam trocando olhares... até que a brisa gélida da manhã soprou mais forte novamente, e a garota que encontrava-se de costas para ela, teve seus longos fios loiros esvoaçando para frente de seu rosto.

O Capitão América vislumbrava a cena, magnetizado pela serena expressão na face de Mary Crystal...

As madeixas onduladas deslizavam pela aragem oscilante, cobrindo parte dos lindos olhos verdes tão resplandecentes...

Pelo brilho da luz dos olhos dela, Steve percebia toda jovialidade que Mary exalava...

Delicadeza e sensibilidade... tão afloradas na essência de sua alma...

Ele também conseguia sentir o sussurrar do vento, trazendo o aroma dos lírios do parque com toda magia e encanto... além da brisa fresca em sua pele, soprada diretamente do oceano atlântico norte...

E a Segundo-Tenente no meio de todo aquele cenário... era extremamente fascinante…

Ela com certeza era o assunto principal em meio aquela paisagem, mas...

A incerteza decorria nos olhos do Capitão... não tinha mais certeza se Mary Crystal era uma garota boa ou má...

Seu olhar de mulher e seu jeito de menina o confundia...

Naquele exato instante, tinha vontade de expressar tudo o que vinha em sua mente, através de traços que formassem um lindo esboço, e que talvez... se transformasse num desenho terminado...

— O que foi...? – Mary arqueava uma sobrancelha, estranhando a forma como Steve a encarava...

— Nada...

— Por que não me diz o que tem em mente...? – Ela inquiria, curiosa com a expressão dele naquele momento.

— Desculpe... não consigo explicar.

— Por que não consegue?

— Bem... não estou dizendo que não possa... eu só não sei como fazer isso...

— Por quê?

— Talvez porque não seja tão bom com as palavras... normalmente me expresso de outras formas...

— Que formas?

— Prefiro não lhe dizer. Desculpe. – Ele jamais revelaria que a forma como externava suas mais profundas inspirações, era através do desenho. Não queria correr o risco de dizer e ela rir, achando um tanto... brega...

— Por que você é um homem fora do tempo...?

— Não sei... as pessoas de hoje em dia não costumam me entender... normalmente se espantam quando descobrem algumas coisas a meu respeito.

A loira inclinou a cabeça, o analisando totalmente...

— Sabe... você não me assusta, Capitão...

Diante daquela revelação, Steve resolvia dizer o oposto dela...

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— Você me assusta, Mary...

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— Entendo... sei exatamente como é se sentir assustado com algo ou alguém e sabe qual é a resposta pra isso...?

— Qual...?

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— Se o mundo não está pronto para você... voe...

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Ele alargava o olhar, vendo sentido nas palavras da loira.

— Isso é bastante profundo, senhorita Ellis... e acho que tem razão...

O azul dos olhos de Steve entrelaçava o verde dos olhos de Mary... e ela o sentia na pele... como num profundo e melódico toque...

E então, depois de passarem algum tempo conversando, o Capitão América e a Segundo-Tenente saíram do evento literário que basicamente se resumia a algumas mesas repletas de livros e pessoas falando sobre obras de cunho conservador e cristão.

Estavam satisfeitos pelo que viram ali.

Com o término do evento, os organizadores colocavam algumas músicas de temas leves nas duas caixas de som ao lado do pequeno palco montado.

Bandas como Downhere, Travis, Keane, South e Coldplay eram tocados.

Em especial, o álbum X&Y do Coldplay.

A garota carregava uma pequena sacola com o livro de CS Lewis que procurava.

O terceiro livro de uma Trilogia Espacial, chamado Aquela Força Medonha.

Estavam tão distraídos que sequer perceberam o tempo passando.

Os dois começaram a conversar sobre o que achavam dos livros de CS Lewis, descobrindo que tinham visões muito parecidas.

A temperatura havia subido e o sol estalava em seu ápice no céu. Como consequência Mary resolvia devolver a jaqueta dele.

— Bem, acho que não vou precisar mais dela. – Ela puxava a peça de couro pelos ombros, estendendo na direção de Steve.

— Tem certeza?

— Sim. Além do mais, fica muito melhor em você do que em mim. Obrigada. – Ela sorria gentilmente.

O loiro pegava sua jaqueta de volta, colocando-a por cima de seu ombro.

Muitas pessoas passavam pelo parque naquele momento. Algumas passeando, outras levando seus filhos para brincarem no gramado, outras fazendo piqueniques. Era um local tranquilo e muito prazeroso de se passar o tempo.

E em meio a conversa extensa de Steve e Mary, os dois voltaram para onde a moto estava estacionada, mas não com o intuito de irem embora, pelo contrário.

A garota resolvia se sentar numa pedra ao lado de uma árvore e em frente a Harley.

Já ele, encontrava-se no banco de seu veículo, aproveitando para conferir as mensagens enviadas para seu telefone.

Ele havia colocado as chaves de sua moto e sua carteira ao lado, já que deixou o resto de seus pertences na Torre Stark, saindo apenas com o essencial quando decidiu encontrar com Natasha e Clint na cafeteria.

A loira observava a cena, achando um pouco engraçado.

Ela deixava um risinho bobo escapar e obviamente Steve notava.

— Por que está rindo?

— Estou me perguntando como está sua adaptação com a tecnologia de 2012.

— Bem... estou tendo muitas dificuldades, não vou mentir, mas acho que conseguirei aprender aos poucos.

— O segredo para um bom aprendizado é foco e paciência. Se tiver isso, tudo fica mais fácil.

— Vou manter isso em mente. – E então, Steve esboçava um lindo sorriso, puro, resplandecente e cristalino enquanto aquele par de olhos azuis em lindas nuances tão celestiais e etéreas lhe fitava... despretensiosamente...

Enquanto o Capitão América voltava sua atenção para o aparelho em suas mãos, Mary o observava detalhadamente...

A aparência do loiro apenas se refinava quando os raios solares o tocavam... e se ela fosse um artista, com certeza eternizaria a linda imagem diante de si, transformando-a num quadro.

Era tentador contemplá-lo naquela posição, com sua jaqueta de couro por cima do ombro, os óculos escuros presos na gola de sua camisa xadrez e o cabelo loiro penteado para o lado, com algum gel fixador, exatamente como os homens dos anos 40 faziam.

Mas não era apenas o externo que chamava tanta atenção. Se pudesse descrever aquela visão com seus cinco sentidos, diria que a alma de Steve Rogers tinha um cheiro de céu, e as palavras que o moviam, possuíam o dom de trazer paz a qualquer um...

Talvez ele não tivesse ideia que passava esse tipo de impressão.

E naquele exato momento, um grupo de garotas transitava pelo lugar, voltando sua atenção para Steve.

Uma das meninas começava a cochichar com as demais, olhando fixamente para o loiro.

Distraído, ainda com o aparelho em suas mãos, o Super Soldado não percebia que falavam dele.

A Segundo-Tenente atentava para o que as garotas diziam, sobre o quão incrível o Capitão América parecia, concordando internamente com todas elas.

A garota sorriu matreira e de canto...

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— Hai ragione. È un uomo molto bello... (Vocês têm razão. Ele é um homem muito bonito).

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Ao ouvir que a loira parecia ter dito algo em italiano, o loiro a contestou.

— Você disse alguma coisa em outro idioma...?

Mary o mirou com uma expressão travessa na face.

— Mi dispiace... (Me desculpe).

Ele inclinou o rosto, arqueando uma sobrancelha.

— O que isso significa?

— Nada importante... – E então, os olhos dela desviaram para o grupo de garotas, que mesmo de longe, ainda viravam o pescoço para observá-lo.

E Steve sequer tinha ideia...

Ao ouvi-la falar em italiano, o Capitão se recordava dos tempos em que passou na Itália.

— Eu conheci a Itália brevemente em uma turnê com a USO.

— É mesmo? E o que achou de lá?

— Não tive tempo de conhecer quase nada...

— Bem... o povo italiano é conhecido por ser alegre, divertido e comunicativo. Gostamos muito de dançar, cantar, conversar e fazer festas. Falamos alto, geralmente gesticulando com as mãos, e adoramos reunir nossas famílias para os tradicionais almoços de domingo.

— Parece ser uma cultura interessante.

— Alguns americanos não gostam...

— Bem... eu não tive como conhecer a Itália da forma como queria. Meu foco não estava naquele tipo de trabalho.

— Viajar com lindas dançarinas parecia ser uma missão muito difícil pra um homem... você tem razão... – Ironizava, fazendo-o rir de volta.

— Aquilo não tinha nada a ver comigo.

— Mas você aceitou fazer aquela turnê mesmo assim, não foi?

— Estava apenas querendo ser útil ao meu país.

— Sim, eu e os mais de 300 milhões de Americanos aprendemos isso na escola. – Ela revelava, fazendo-o arregalar os olhos no mesmo instante.

— É um pouco estranho saber que sou citado nos livros de história e estudado pela população americana.

— Com certeza é bizarro, mas tenho certeza que quase ninguém sabe da sua história real, aquela que só as pessoas mais próximas sabem, não é mesmo?

— Sim, você tem razão... provavelmente há mais coisas que não sabem sobre mim do que o contrário. – O olhar do Super Soldado desviava para o céu, sentido a leve brisa que acariciava sua pele e a fragrância das árvores em sua essência...

Ele voava alto, fascinado pelas cores, contemplando as nuvens no céu, passeando pelas dobras do vento e tentando se esvaziar das lembranças tristes que tentavam invadir sua mente naquele instante.

Obviamente, Mary notava. Ela sabia que Steve Rogers possuía centenas de entrelinhas no meio das linhas das histórias sobre ele.

Era como se ele fosse um livro que implorava para ser lido, mas era esquecido em um armário empoeirado.

— Sabe, Cap... é meio nítido que você costuma esconder muitas coisas que te assombram. As pessoas ao redor diriam que você está apenas sendo discreto, porque isso faz parte de sua natureza e da educação polida que recebeu nos anos 40, mas eu sei que não é só isso.

Naquele momento, Steve lançou um olhar profundamente cordato, porém melancólico na direção da loira.

— Você tem razão... mas não é algo que goste de falar a respeito.

— Por quê?

— Apenas porque aprendi a ser assim.

— Engraçado... eu era assim quando criança, mas com o tempo, passei a agir de forma totalmente diferente. Aprendi a colocar tudo pra fora da forma mais histérica possível.

— Admiro sua capacidade de conseguir isso...

— Devia tentar...

— Acho que não consigo ser assim... prefiro pensar que seria ótimo se a vida real fosse uma bela história, como num livro de romance.

Mary soltava uma risada abafada em resposta.

— A minha vida está mais para um dos poemas que Stephen King escreveu bêbado.

— Stephen... King...?

— Um autor de histórias de terror.

— Aah... bem, acho melhor não repetir mais uma vez que desconheço o que me diz, porque está ficando vergonhoso o quão ultrapassado ainda sou.

— Não se cobre tanto. Isso deve mudar com o tempo.

— Talvez...

— Sério, Capitão Rogers, estar desatualizado é o menor de seus problemas.

— Acredite, não é...

— Acho que é... esteja dentro da minha mente por cinco minutos e você vai ver que seus problemas não são nada. – E então, a garota o fitou com uma feição um tanto... enigmática...

Steve franziu o cenho. Como alguém como ela poderia ter mais problemas do que ele?

— Por quê, senhorita Ellis...?

Ao ouvi-lo perguntar, ela respirou fundo antes de responder...

— Se pudesse classificar a minha mente com uma palavra, eu diria: Labirinto. Eu mesma crio os princípios, desfechos e as paranoias... sou uma arma e o alvo. Meus pensamentos têm pressa em me destruir. – E então, ela sorriu... misteriosa, indecifrável e irrisória...

O loiro contemplava algo nela que parecia com ele... talvez tivessem algo mais em comum do que apenas torcer pelos Dodgers e lerem CS Lewis.

Segundos depois, Steve respondia.

— Desde que me lembro, sempre quis fazer o certo... mas acho que não sei mais o que é certo... eu pensei que poderia... voltar, seguir ordens, servir... só que já não é mais a mesma coisa... – Confessava, dizendo o que sentia depois de acordar do gelo, quase 70 anos depois.

Era como se o seu real propósito não existisse mais.

Naquele exato momento, uma música muito bonita começava a ecoar pelos arredores do parque.

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Coldplay – A Message...

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A batida de um violão soava harmonicamente em consonância com a voz suave do vocalista, entoando palavras amenas...

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My song is love, (Minha canção é amor)

Love to the loveless shown, (Amor para aqueles que nunca o viram)

And it goes up, (E assim se segue)

You don't have to be alone… (Você não precisa ficar só)

Your heavy heart Is made of stone, (Seu coração pesado fé eito de pedra)

And it's so hard to see clearly, (E é tão difícil ver claramente)

You don't have to be on your own, (Você não precisa ficar sozinho)

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— Acho que nós somos uma peça de arte viva, composta de poeira cósmica e superpoderes... – Mary Crystal retorquia em tom de brincadeira, entendendo o que ele queria dizer.

— Eu diria que mesmo sem saber qual é o meu propósito nesse tempo, as pessoas as quais amo dariam mais sentido a minha vida, mas... elas não estão mais aqui...

— Sim, imagino que isso era importante pra você... queria poder dizer o mesmo... – A garota principiava, deixando algo no ar, que mais uma vez, deixava o Super Soldado confuso.

— Por quê...?

Ela demorou um pouco para responder, e então...

— Tento encontrar algo para amar nas pessoas... mesmo que seja um pequeno detalhe, algo no jeito, como sorrir... há sempre algo... precisa ter...

— E você consegue encontrar essas coisas?

— Não... e esse é o problema...

— Torno a perguntar... por quê...?

— Eu tento me tornar generosa... eu... eu faço coisas que não quero... penso em não criticar, mas coisas estranhas acontecem comigo...

— Que coisas...?

— Você...

— Eu...?

Mary Crystal demorou cinco segundos para responder, depois de olhar profundamente dentro dos olhos de Steve Rogers...

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— Sim... pessoas como você aparecem na minha vida...

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E então, os lábios dela se curvaram num esplêndido e célico sorriso que desabrochava como girassóis num jardim colorido, porque era alegre e vivaz...

A face delineada da garota soava tão linda quanto uma manhã aflorada pela aurora do alvorecer...

Toda vez que Steve a vislumbrava com extrema precisão, sua inspiração eclodia inesperadamente...

— E o que isso significa...? – Ele a contestava, confuso com suas palavras.

— Não sei... também estou curiosa... – E então, a Segundo-Tenente manteve seus reluzentes olhos verdes focados nele e que quando tocados pelos raios solares, reluziam num tom amarelo neon...

Steve se sentia atravessado pelo olhar perfurante da garota enquanto se entreolhavam meticulosamente ao som daquela linda música...

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And I'm not going to take it back, (E eu não vou retirar o que disse)

I'm not going to say I don't mean that, (Eu não vou dizer que não era minha intenção)

You're the target that I'm aiming at, (Você é o alvo para o qual eu estou apontando)

And I get that message home… (E eu levarei essa mensagem para casa)

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 - A confusão que vive em sua cabeça não define quem você é. – Afirmava, deixando-a levemente surpreendida.

— Tem razão... mas tudo ainda é muito estranho. Ninguém parece entender o tumulto que sou, além do mais, a desconfiança e frieza tomam conta das minhas ações, tornando tudo mais difícil.

— Acho que sei o que é isso...

— Sabe?

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— Acredite ou não, é meio difícil achar alguém com as mesmas experiências... é difícil confiar em alguém, quando não se sabe quem é a pessoa de verdade...

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A voz dele dimanava branda e suave... e perfumava sua mente...

Na fluidez etérea de seus pensamentos, a primorosa luz do sol adornava aquela visão majestosa, revelando a magia dos raios dourados que realçavam os reluzentes fios do cabelo loiro de Steve.

O fulgor dos astros no segundo céu era nebuloso perante o brilho radiante da aura tão nobre do Capitão América...

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My song is love, (Minha canção é amor)

My song is love unknown, (Minha canção é amor desconhecido)

And I'm on fire for you clearly, (E eu estou em chamas por você claramente)

You don't have to be alone… (Você não tem que ficar só)

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Mary sabia exatamente que ninguém naquele vasto planeta tinha passado pelo que ela passou...

— Não existe ninguém nesse planeta que tenha experiências iguais as minhas. – A garota afirmava com plena convicção.

— Eu diria a mesma coisa, mas não tenho tanta certeza... – O Super Soldado não conseguia ter visões tão absolutas sobre aquela época. O século 21 ainda era uma incógnita para ele.

— Como consegue pensar assim depois de acordar quase 70 anos depois? Eu não sei o que é isso, mas me sinto como uma pequena poeira estelar flutuando sozinha e perdida no imenso vácuo do universo, desconfiando de qualquer coisa que tente se aproximar... – Mary confessava mais uma de suas lamentações, arrancando um meio sorriso de canto em Steve.

— Eu tenho estado sozinho desde os dezoito anos... eu nunca me adaptei a qualquer lugar, nem mesmo ao exército... minha fé está... nas pessoas, eu acho... indivíduos. Fico feliz em dizer que em sua maioria, elas não me decepcionaram, e é por isso que não posso decepcioná-las também...

— Isso é bem profundo... mas você pensava assim antes do soro?

— O soro mudou tudo o que eu era fisicamente, mas por dentro, continuei da mesma forma.

— Nós aprendemos na escola, que sua saúde era muito frágil e você passou por muitas dificuldades até se tornar o Capitão América.

— Sim... quando eu morava no Brooklyn com minha mãe, num lugar pequeno e não muito confortável, mas não era tão ruim assim.

— Por quê?

— Sempre estive doente desde criança. Era cercado de remédios para o dia, remédios para a noite, remédios para tosse, pastilhas para a garganta, suco de laranja e sopa de macarrão, então eu ficava dentro de casa ouvindo rádio frequentemente. Adorava os programas musicais, esquetes de comédia, dramas e shows de mistério. Aprendi muita coisa.

— Só falta você revelar aqui que esconde um grande artista dentro de si. – Ela deduzia animadamente e o loiro se surpreendia ao notar que a Segundo-Tenente de fato era bastante observadora.

— Bem, se escondo ou não, talvez você descubra um dia.

— Essa resposta já meio que revela que eu estou certa.

— Será? – A indagava, ainda tentando negar, mas Mary estava convicta.

— Tenho certeza... – Ela reafirmava, feliz em descobrir algo que talvez o mundo inteiro não soubesse.

— Bem, mesmo com todas as dificuldades, haviam pessoas que verdadeiramente estiveram comigo nos piores momentos... é por isso que não consigo desacreditar totalmente dos seres humanos e sempre fiz tudo o que podia pela humanidade.

— Admiro seu otimismo, Capitão...

— Não é otimismo, é gratidão, só que... às vezes tenho vontade de fazer algo que nunca tive chance... que nunca tive permissão... talvez porque eu mesmo não tenho essa coragem, embora o desejo esteja dentro de mim...

— E o que seria...?

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— Desistir...

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Steve sorriu mais uma vez, mas dessa vez era o sorriso mais sincero e verdadeiro que vislumbrou nele, desde que se conheceram.

Os olhos dela alargaram levemente de surpresa.

— Uau... isso é bem inédito... o maior herói da América querendo desistir? – Mary sorriu, divertidamente.

— Não conte isso para ninguém... – Steve sorriu de volta para ela.

— Eu não vou, e penso que você já passou por muita coisa... mas não podemos desistir e nem parar de seguir em frente, não importa as experiências difíceis que sofremos...

— Até porque, a dor que machuca é a mesma que ensina. – Ele completava.

— Sim... exatamente...

E então, os dois voltaram a se entreolhar, notando que seus sorrisos enchiam de cor o som do silêncio em suas mentes conturbadas...

O vento cortava o som da música ao fundo, mas eles ainda viajavam nas ondas da melodia que ainda ressoava pelos arredores enquanto o tempo passava lentamente... mergulhados na magia do momento...

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And I'm not going to stand and wait, (E eu não vou ficar parado e esperar)

Not going to leave it until it's much too late, (Não vou deixar isso até ser tarde demais)

On a platform I'm going to stand and say, (Numa plataforma eu vou ficar de pé e dizer)

That I'm nothing on my own, (Que eu não sou nada sozinho)

And I love you, please, come home, (E eu te amo, por favor, venha para casa)

My song is love, is love unknown, (Minha canção é amor, é amor desconhecido)

And I've got to get that message home… (E eu tenho que levar essa mensagem para casa)

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Os olhares de ambos se separaram e Steve e Mary passaram a contemplar o céu...

Os dois tinham a mesma sensação ao olharem para cima...

Havia dias que desejavam voar e sentar nas nuvens branquinhas, olhar o mundo do alto, onde ninguém ousasse ferir suas asas...

E após admirar o céu, Mary voltava a observar Steve, que obviamente, percebia...

— O que foi...?

— Sempre gostei de olhar para o céu e viajar, mas agora tenho mais um motivo...

— Qual motivo...?

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— A imensidão do céu azul lembra a cor dos seus olhos...

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O Capitão sentiu um impetuoso arrepio percorrer sua nuca após as palavras da garota.

— Desculpe, senhorita Ellis, mas às vezes tenho a impressão de que está flertando descaradamente comigo. - O tom de voz do loiro soava levemente mais agressivo, mostrando que não parecia gostar de ser paquerado, se é que isso realmente estava acontecendo.

— Não estou, mas... a beleza que existe em você, não é só interior... acredite...

Steve ficou em silêncio, pensando no que responder... ele não queria ser modesto, porque podia soar falso, mas também odiava se vangloriar.

— Isso é um problema às vezes, se é que me entende... e acho que deve entender, porque a senhorita também é incrivelmente bonita.

— Sim, entendo... e me desculpe ser inconveniente, mas... é bem inevitável...

O Capitão resolvia ignorar as últimas palavras da Segundo-Tenente, olhando para o relógio.

— Está ficando tarde... – Ele advertia, se levantando de cima do banco da moto.

Já era por volta das duas da tarde e ambos sequer viram o tempo passar tão rápido.

— Posso te fazer um pedido?

— Claro. Se estiver ao meu alcance.

— Eu poderia andar na sua Harley agora que vamos voltar?

— Vamos voltar para onde, senhorita...?

— Aah sim, eu esqueci que você mora no Brooklyn e eu estou hospedada em Manhattan.

— Se quiser, posso te dar outra carona... – Steve sugeria, enquanto desviava o olhar e coçava a nuca, mostrando altos traços de timidez.

Depois das horas em que passaram juntos e do tanto de coisas tão profundas e íntimas que compartilharam um com o outro, era um pouco estranho agir tão formalmente.

— Bem, eu queria muito andar na sua moto... – Ela pedia, num tom choroso, esboçando uma feição fofa, no ímpeto de convencê-lo.

Mas o loiro não estava disposto a ceder.

— Deve estar acostumada a ter tudo o que quer, não é mesmo senhorita...?

Ao ouvir as palavras do Capitão, Mary colocava o dedo indicador no queixo e olhava para o alto...

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— Bem, e se o que eu realmente queria era apertar essa sua bunda tão linda e sexy em vez de andar na Harley...?

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Silêncio…

Mais silêncio…

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...

O loiro silabou um leve “O quê” quase inaudível…

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...

E depois de uma eternidade de silêncio, Steve mantinha os olhos muito arregalados, mostrando o quão chocado estava ao ouvir aquela declaração audaciosamente descarada da garota.

Do nada...

Repentinamente...

Céus, por que ela tinha uma personalidade tão polarizada?

— Aah... e-eu... acho que devíamos nos despedir, senhorita Ellis. – O loiro tentava disfarçar o forte rubor em suas bochechas, mas era impossível.

— Calma, Cap, é só uma brincadeira. Não precisa levar a sério... achei que depois de tudo o que conversamos, tivesse liberdade para isso... – A garota mordia o lábio inferior, olhando exatamente para o traseiro dele, deixando evidente que...

Não parecia uma brincadeira, mas uma declaração verdadeira...

— Embora tenhamos progredido, peço que diminua o teor sexual de suas brincadeiras, se possível... – Pedia educadamente, mas num tom áspero.

Ele ainda não estava acostumado com a liberdade do século 21.

— Posso me esforçar... mas não garanto nada... – Ela brincava.

— Se vai se esforçar, já é um começo.

— Mas falando sério... posso dar apenas uma voltinha na sua moto?

— Senhorita...-

— Por favor...! Sempre tive vontade de experimentar a sensação de conduzir uma Harley Davidson...!

— Mas-

— Por favor... eu imploro...! – E então, a garota juntava as duas mãos, entrelaçando os dedos, numa pose de oração.

Steve suspirou fundo, resolvendo ceder.

— Certo, você pode dar uma volta, mas não demore, porque não é certo que uma pessoa dirija o veículo de outra sem que ela esteja presente.

— Muito obrigada, Cap! – Ela agradecia enquanto o loiro dava as chaves do veículo na mão dela, um tanto receoso.

Naquele instante, Mary subiu na moto e alisou o guidão direito...

— Mas que belezinha... vamos passear com a mamãe? – E então, a loira virou a chave na ignição, pisou no acelerador e conduziu o veículo rumo a Avenida.

O Capitão notava que Mary de fato possuía muita facilidade em manobrar uma moto daquele porte, já que a garota era uma exímia piloto de aeronaves, uma Harley não era absolutamente nada para ela.

A loirinha terminava de dar uma volta ao quarteirão, voltando para onde Steve estava, quatro minutos depois...

Ele a observava se locomover até ele, mas...

A Segundo-Tenente parou a menos de cinco metros de distância...

Steve estranhou porque ela não se aproximou totalmente.

Naquele exato momento, a feição de Mary Crystal Ellis havia se transformado...

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Em algo terrivelmente nebuloso...

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Uma aura negra parecia pairar ao seu redor e ela...

Soltava um riso de puro escárnio...

Steve estranhava seu comportamento.

— Sabe... eu não imaginava que você abriria a guarda pra mim tão facilmente só por causa de um falso pedido de desculpas...

O Capitão franzia o cenho... do que ela estava falando?

— Perdão, senhorita Ellis... mas do que está falando...?

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— Estou dizendo que você é muito idiota pra ter caído em mais uma personagem que fiz questão de interpretar hoje...

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— O quê...? – Steve contestava, não entendendo o que ela queria dizer.

Mary sorriu cinicamente diante do semblante de espanto do Super Soldado.

Céus, como Steve Rogers era um homem inocente...

Era tão fácil enganá-lo...

— Hoje você esteve com a gentil e altruísta Pumpkin Pie... diferente da Cherry Bomb, ela é uma boa ouvinte... – E então, a garota começava a gargalhar descaradamente...

Steve a encarava com furor...

Então aquele tempo todo, ela estava interpretando outra personagem?

Cherry Bomb era a da festa dos veteranos.

Céus, quem era aquela garota?

Era possível notar o semblante pesado e aborrecido do loiro ao se ver enganado pela segunda vez...

— Sabe, senhorita Ellis... eu não sou o tipo de homem que tolera mentiras.

— Ooh, é mesmo...? Nota-se... se não sabe mentir, também não sabe quando estão mentindo para você.

Ela estava mentindo todo aquele tempo? Mas por quê...?

O Capitão se perguntava o que havia feito para que ela tivesse atuado um personagem em sua frente durante todo aquele tempo. E também se praguejava mentalmente por ter caído nas teias daquela garota que parecia vestir mil máscaras, sem saber qual era a sua verdadeira face...

Havia se aberto com ela, dito coisas de sua vida, coisas íntimas que quase ninguém sabia...

Onde estava com a cabeça quando confiou de novo nela e se deixou ser enganado?

Mary percebia que ele caminhava em sua direção, e então, apertou os guidões da Harley, fazendo o motor roncar alto...

— Parado aí, Cap... eu não disse que podia se aproximar.

— Essa é a minha moto...

— E daí...? – E então, a Segundo-Tenente sorriu maliciosamente, se deliciando com as expressões raivosas do mesmo.

— Saia de cima dela, agora. – O loiro advertia, sem paciência para aturar as brincadeiras da garota.

Não! – Replicava num tom de deboche.

Steve sacudiu a cabeça e respirou fundo.

— Quem é você afinal...? Está mentindo pra mim desde que nos encontramos na cafeteria!?

— Sou do tipo que diz tudo deixando pistas. Só me entende quem é bom o bastante para encontrar as evidências. – A loira afirmava, com o mesmo sorriso cínico nos lábios.

— Desculpe, mas não olho para as pessoas tentando decifrar enigmas. – Rebateu, ríspido.

— É por isso que não consegue enxergar minhas reais intenções. O que você sabe de mim é apenas um reflexo nublado do meu verdadeiro eu, o qual deixo transparecer.

O que Mary Crystal dizia naquele momento, fazia sentido... e ele se recordava de mais um aprendizado de sua falecida mãe...

Gentilezas inesperadas são a principal característica de alguém com más intenções...

— Escute aqui, senhorita Ellis, vamos parar com essa brincadeira. Desça agora da minha moto e pare de me provocar. Vamos resolver isso como dois adultos...

A loira riu desavergonhadamente dele... Steve Rogers era mesmo inocente ou se fazia?

— Desculpe, mas hoje não podemos ter essa conversa. Não tenho saco pra papear com idosos, então… tchauzinho, Capitão! – A garota sorriu diabolicamente e num rápido movimento, passou a dar meia volta com a Harley.

Naquele mesmo instante, Steve percebia que a Segundo-Tenente...

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Fugia com sua moto... deixando-o para trás...

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Ele tentou correr atrás dela, o mais rápido que podia, mas não conseguiu alcança-la...

O loiro via a garota indo embora com sua Harley, sem poder fazer nada...

Naquele exato momento, pensou em contatar Natasha, mas para o seu espanto...

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Seu telefone não estava no bolso... e sua carteira também não.

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Céus, onde estava seu único meio de contato com as pessoas naquele momento?

Quando parou para pensar, lembrou-se de quando colocou seus pertences em cima do banco da moto.

Como ela pegou tudo sem que percebesse? Estava tão distraído assim?

E agora...?

Naquele exato momento, Steve Rogers encontrava-se na Avenida Vernon Boulevard...

Sem sua moto...

Sem seu telefone...

E sem sua carteira...

Ela levou tudo e o deixou sem nada...

Ao constatar tamanha infâmia, o Super Soldado fazia uma promessa para si mesmo...

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— Jamais vou confiar nessa garotinha mafiosa de novo... nunca mais...

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E enquanto Steve se lamentava, Mary conduzia a Harley Davidson do Super Soldado pela Queensboro Bridge, na direção de Manhattan, apreciando a linda paisagem e rindo audivelmente da cara do Capitão América...

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As coisas ficariam cada vez mais divertidas daqui para frente...

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Notas finais do capítulo

E agora Brazyl? Como Steve Rogers enfrentará o capeta em forma de uma linda loirinha? Acompanhe os próximos, porque será tenso e engraçado.



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