Anne With An "E" - Versão Gilbert Blythe escrita por Bruna Gabrielle Belle


Capítulo 8
É difícil para mim comunicar os pensamentos que tenho




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Anne With an E – Temporada 2: Episodio 4

(“A ansiedade dolorida da esperança em vão”)

Na noite passada, assim que terminamos o serviço o correio do navio me entregou uma carta e aquilo me deixou feliz e intrigado ao mesmo tempo, há duas noites eu havia comentado com Bash sobre Anne e “voalá” ela me envia uma carta, sorri sozinho com isso e me encaminhei para o dormitório e abri a mesma.

Enquanto eu abria o papel cuidadosamente dobrado, Bash apareceu pegando o envelope, o peguei de volta, aquilo era meu, uma coisa minha, algo... Num tanto especial para mim e eu queria ler sozinho.

“Querido Gilbert;

Espero que esta carta o encontre bem... – começou Anne e aquilo me fez sorrir sozinho e Bash me encarou.

—- Coisa fina – murmurou ele e o ignorei não desviando os olhos do assunto que a linda caligrafia dela continha, permaneci concentrado na leitura enquanto Bash me perguntava o que havia escrito na mesma.

—- Na carta ela informa que encontraram ouro em Avonlea... – murmurei a ele e voltei a ler a carta novamente, Bash assentiu e voltou a se deitar em sua respectiva cama e eu permaneci lendo a carta de Anne até dormir, sonhei que estava voltando para casa e aquilo fez surgir algumas idéias em minha mente.

Numa parte da madrugada enquanto todos dormiam e o sol começou há iluminar um pouco minha “cama” resolvi escrever uma resposta para Anne sobre o que comentara na carta e as idéias que tive durante um dos meus sonhos voltou a borbulhar em minha mente, mas a deixei para outro momento e escrevi uma resposta a Anne e sorri sozinho errando de propósito uma de minhas frases para irritar a ruivinha e ri alto.

Mais tarde naquele mesmo dia, Bash e eu descemos em um porto no qual o nome eu me esquecera e me levou para um local onde eles faziam bebidas alcoólicas, dizia ele que se eu aprendesse o que e como beber aquilo não me mataria ou me prejudicaria e eu ri disso.

Ele fez o pedido a um homem do balcão com uma bebida “tecnicamente fraca” para mim e uma outra para ele, fiquei curioso pois as cores eram diferentes e até mesmo as texturas e pensei sobre a diferença delas.

Comentei com ele como eu queria conhecer o mundo, experimentar comidas diferentes de todos os lugares possíveis e talvez impossíveis e ele riu vendo meu interesse em sua bebida e a afastou de mim.

No meio de nossa conversa ele comentou sobre o assunto da carta de Anne na noite anterior e o encarei.

—- Não sei se posso confiar na pessoa que me enviou a carta... O assunto não me pareceu consistente.

Por algum motivo isso não era totalmente verdade... Porque Anne me enviaria uma carta mentindo?

—- Com ouro ou não eu voltaria para casa correndo, ainda mais com uma garota bonita – murmurou Bash.

—- Acho que você entendeu errado – falei a ele encerrando minha bebida – Anne é apenas uma amiga e só.

—- Certo, uma amiga e só – disse Bash com um sorrisinho estampado no rosto.

— Ela te faz sorrir e ficar pensativo... Seja homem Gilbert Blythe – disse Bash e eu o encarei não entendendo o que ele queria dizer.

—- Mas eu sou homem – murmurei segurando meu copo vazio em ambas as minhas mãos e ele riu alto.

—- Apenas um menino não admite que está apaixonado por uma garota... – disse Bash e aquilo me pegou desprevenido, e o encarei tentando assimilar o que ele estava dizendo, mas desviei a linha de pensamento.

Esperei sua distração e roubei seu copo e entornei a bebida forte que ele continha e aquilo foi horrível.

Parecia que eu tinha engolido cândida ou algo acido que começou a ferver meu estomago e queimar minha garganta como chamas e me joguei para fora dali colocando tudo e mais um pouco para fora.

—- Que coisa mais linda, agora a mocinha provou que é um homem de verdade – disse Bash com nojo da minha situação, além de sujo com resquícios de carvão eu estava agora cheirando a álcool e vomito.

Bash pagou pelas bebidas e me retirou dali para andarmos para outro lugar do porto, a bebida realmente feria a gente por dentro e eu torcia para ela não bagunçar a minha cabeça e me fazer cair no meio da rua.

Caminhamos por algumas ruas apinhadas de gente e paramos em frente a uma agencia dos correios.

—- Vê se não demora muito para entregar essa sua carta de amor para a senhorita Anne de cabelos ruivos.

—- Bash, não é isso que você está pensando, é apenas uma resposta, não existe amor nisso – respondi sério.

—- Se você diz, quem sou eu para duvidar – disse Bash sorrindo alegremente e eu apenas revirei os olhos.

—- Tô falando sério Sebastian, não há nada de amor nisso – falei mostrando a carta – é apenas uma resposta ao que ela escreveu na carta, e volto a reforçar não existe nada de romântico nisso – finalizei a conversa.

Depois que enviei a carta e saímos da agencia, aquilo não fez Bash calar a boca sobre o assunto “amor”.

No meio do trajeto ouvimos uma mulher gritando e algumas pessoas não se importaram, mas eu e Bash paramos no meio do caminho olhando em todas as direções a procura da pessoa que gritava muito alto.

Eram duas mulheres que discutiam e uma delas, grávida estava no chão e chorava e gritava muito alto.

Quando Bash e eu nos aproximamos da mulher notei que a barriga dela estava muito estranha e eu já tinha visto aquilo, mas não num ser humano e me desesperei, ela estava prestes a ter o bebê ali na rua.

Bash foi na direção de onde a segunda mulher havia fechado a porta enquanto tentei conversar com a grávida que parecia em completo desespero e me encarou com um medo estampado nos olhos marejados.

Ela se afastou de nós indo embora para alguma rua dali e eu não sabia se ajudava Bash a pedir a mulher para abrir a porta do bordel ou se ia atrás da grávida e estava com medo de perder ambos naquele lugar.

Por uma fração de segundos decidi ir atrás da grávida andei por alguns becos ali e a ouvi ainda gritando.

Segui seus gritos e a encontrei dentro de um tipo de oca e ela parecia alarmada por me ver novamente.

Perguntei o nome dela na maior calma possível, ela não podia ficar mais apavorada do que já estava.

Notei sua saia ainda mais molhada do que no primeiro momento e entendi o que aquilo significava.

Corri para fora pegando as roupas do varal, não importava se era roubo ou não o bebê era mais importante.

Bash apareceu logo em seguida e se assustou com a situação de Ruth e tentou procurar por ajuda, mas pelo que eu entendia, era tarde demais, não daria tempo e se esperássemos mais poderia ser perigoso.

Discutimos sobre como ajudar a mulher com o parto, mas o fiz fazer uma escolha, o tempo estava passando rápido e a vida da mulher e do bebê a cada segundo corria ainda mais perigo e ele suspirou.

Nas frases desconexas da mulher por medo de “um homem branco” fixou ainda mais a minha crença de nunca na minha vida ser preconceituoso com ninguém seja da cor ou etnia que for e respirei fundo.

Bash conversava com a mulher em desespero enquanto eu ajeitava uma manta no chão daquele local abafado e procurava a melhor forma de ajudar aquela mulher e implorava para que Deus me ajudasse ali.

Comecei a repensar sobre como eu deveria agir de todos os modos possíveis e usei a bebida alcoólica de Bash para desinfetar o máximo minhas mãos, tinha que ver se ele estava virado e estava sufocando.

Introduzi um de meus dedos na mulher e notei que a bolsa realmente havia se rompido, mas havia algo estranho na forma em que o bebê estava posicionado e aquilo me deixou completamente apavorado.

No meio disso tudo a mulher meio que voltou a si e reagiu a minha expressão de preocupação e desespero

Ela começou a gritar e eu notei que precisava fazer algo tão doloroso quanto o próprio parto e travei.

Segurei firmemente a barriga de Ruth e com força e delicadeza o que eu rezava para conseguir ter naquele momento virar o bebê ainda dentro da barriga de Ruth, contei a ela sobre o meu nascimento para acalma – lá e também lhe dar esperança, rezei novamente em pensamento para que Deus protegesse o bebê.

Quando notei que o bebê havia virado pedi para ela fazer força pois o bebê precisava nascer, ele tinha que nascer e rápido, pois o tempo para esse tipo de coisa era crucial era como ficar entre a vida e a morte.

Percebi que o corpo de Ruth fez um ultimo esforço e finalmente o bebê havia nascido, seu choro era alto e muito forte, o que indicava que ele estava bem e o ar passava por seus pulmões e agradeci por isso e sorri.

Embrulhei a linda garotinha no pano que havia roubado do varal e entreguei a Ruth que sorria agradecida.

Ruth olhava para a bebê recém nascida e para mim que estava quase tão branco quanto o normal e sorriu.

—- Muito obrigada – murmurou ela acariciando o rosto da pequena criança que chorava copiosamente.

Olhei para Bash aliviado e depois fomos procurar por ajuda e algumas mulheres amigas de Ruth apareceram e a ajudaram no que fosse necessário, agradeci pelos elogios e voltamos para o navio.

Ele permaneceu em completo silencio e me olhava intrigado enquanto eu mesmo perdido em pensamentos rezava mentalmente agradecendo a Deus pelo auxílio e também a meu pai que quando ainda era saudável me ensinou a fazer os partos das vacas e dos animais da fazenda e fomos trabalhar e algumas horas depois, no intervalo entre os abastecimentos de carvão e tudo mais Bash se pronunciou.

—- Apesar do desespero pelo que a Ruth passou... Até que não seria tão ruim ter um bebê sabe? – disse ele.

Sorri com os comentários de Bash, mas ainda não conseguia ter uma visão “minha” sobre esse momento.

Contei a Bash como eu sabia tanto sobre a minha própria vida e ele se surpreendeu com minha história.

—- Não quero ser fazendeiro, agora eu tenho total certeza sobre isso – murmurei e Bash assentiu e sorriu.

—- Então, isso significa que há mais coisas em Avonlea chamando por você... Doutor Blythe – disse Bash.

O encarei e sorri, gostei como meu nome soou como “Doutor Blythe... Doutor Gilbert Blythe” e sorri feliz.


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