Anne With An "E" - Versão Gilbert Blythe escrita por Bruna Gabrielle Belle


Capítulo 19
Pára, pára, para, para... Isso que é amor?!




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Anne With an E – Terceira Temporada: Episodio 5

Alguns dias mais tarde, fui fazer a colheita de mel que meu pai havia iniciado alguns anos antes de morrer, observar aquelas abelhas tão pequenas e mesmo assim sabias e poderosas me fez sorrir pensando no doce e que eu costumava brincar que era um servo e ia até o reino buscar algumas coisas, meu pai sempre dizia que era bom conversar com elas sempre para as distrair de suas ferroadas e ao que parece dava certo.

Algumas horas mais tarde na escola, senhorita Stacy nos levou para uma aula pratica na floresta, explicando como os brotos, as flores e tudo mais vinham da junção entre a fauna e a flora e alguns de seus benefícios para nós e como a natureza era esplêndida e tinha muito o que nos ensinar sorri tento uma outra visão por lugares nos quais eu sempre passava para cortar caminho para escola ou Green Gables.

Estava mais para trás da professora enquanto Anne era uma das primeiras da fila, notei Charlie Sloane tento o mesmo olhar que Ruby tinha em mim na escola e aquilo me incomodou tanto quanto incomodava desde a ultima vez que Anne foi comigo para Charlottetown ver Cole e pelas reações de Diana e Ruby, eu não era o único que via isso, travei meu maxilar e tentei prestar atenção onde pisava e na explicação da senhorita Stacy e percebi que Moody numa de suas pequenas travessuras ao pular em uma das pedras cobertas com musgo pela umidade da floresça caiu com toda força no solo, não sem antes rasgar a perna.

Corri em seu socorro me abdicando dos gritos a minha volta, o corte era fundo e estava sujo de terra, informei à professora que estava preocupada com Moody e também com o desmaio de Ruby e nisso Anne largou sua cesta nas mãos de Charlie e saiu correndo a procura da aldeia da sua amiga índia, estanquei o sangue na perna de Moody o máximo que consegui com as coisas que eu tinha em minha bolsa e fui prestar socorro a Ruby que parecia que não acordaria tão cedo, peguei o vidro de mel que havia levado para escola para comer com as torradas que Marilla havia nos dado em sua ultima visita e Anne apareceu ali com o índio que fazia nossos tacos de hóquei com uma velha senhora bem de idade, a velha mulher lhe deu um pedaço de casca da arvore de salgueiro a “arvore que chora” e aquilo me surpreendeu Moody recusava, mas intercedi se era pra aplacar a dor então era bom e ele aceitou, mas ainda estava com medo.

Todos pareciam apreensivos com a situação da perna de Moody e me surpreendeu à anciã pedir meu pote de mel lhe entreguei sem pestanejar, aquilo estava interessante assim como os socorros do doutor Ward.

Segurei Moody que parecia que teria mais um ataque e todos ali viraram seus rostos quando ela começou a costurar o corte da perna de Moody, procurei não desviar meus olhos dos pontos que ela fazia com uma agulha de madeira e assim que encerrou o procedimento enfaixou a perna dele e eu a ajudei a levantar do chão impressionado com a destreza das mãos da velha senhora e sua sabedora sobre “remédios caseiros”.

Anne foi conversar com ambos e eu me aproximei de Moody para ajudá-lo a se levantar para ir para casa e assim que cheguei em minha casa contei tudo que ocorrera naquela manhã para Bash que tinha Delphine que estava acordada toda “falante” e depois que vi que estava estragando nosso jantar parei com a falação e parti para a ação, estava deixando minha comida um pouco melhor com o tempo, mas ainda assim errava, Bash trabalhava na fazenda e eu estudava e Marilla e senhora Lynde nos ajudavam revisando nos cuidados a Delphine que vivia “dando bailes” em ambas as mulheres e na escola todos ainda olhavam o velho quadro e eu revirei os olhos, estava mais preocupado em conseguir uma vaga na faculdade e não ser notado ou receber uma nota sobre seja lá quais eram minhas qualidades que as pessoas reparavam e sorri.

Nas aulas seguintes, foquei em minhas opções de faculdade dali pra frente com a prova para Queen’s Academy dali a algumas semanas eu tinha que pensar em quais eram minhas opções de locais para estudo, além da moradia e se em algumas datas comemorativas eu teria tempo (e dinheiro) para voltar para casa.

Estava na anti – sala da professora Stacy enquanto líamos o jornal local e comentei sobre uma matéria em voz alta e Anne apareceu do outro lado questionando minha pergunta e eu lhe respondi animadamente.

Nisso a professora Stacy se pronunciou sobre sua amiga medica e aquilo me surpreendeu, eu poderia fazer a faculdade não assim tão longe de casa e isso facilitaria a minha vida e minha formação e com a sugestão da professora para me candidatar a esta faculdade e enviar uma carta a sua amiga medica aquilo me deu um animo muito maior do que eu estava com a prova dali a algumas semanas e eu sorri abertamente.

Anne logo chamou minha atenção sobre os obituários contidos nas ultimas paginas dos jornais e eu me levantei me aproximando da garota ruiva e reparei no matriz de verde o vestido que ela trajava ressaltando suas tranças e fazendo com que se cintilante olhar azulado parecesse o oceano azul escuro e com sua sugestão sobre escrever um obituário sobre Mary para que Delphine pudesse ler no futuro me fez sorrir e quando nossos olhos novamente ficaram conectados Diana apareceu falando que Charlie “notou” Anne a mesma arregalou os olhos surpresa com isso e Diana a rebocou dali para fora da sala e voltei ao meu lugar na minha cadeira puxando o jornal para frente de meu rosto assim que notei que a professora me observava com um olhar questionador, preferi ocultar meus olhos para que mais ninguém viesse dizer que tinha alguma coisa estranha dentro deles e principalmente agora que estava enciumado com Charlie.

A senhoria Stacy após um bom tempo me informou sobre o ensaio da dança da colheita na manhã seguinte e eu apenas assenti me retirando de sua anti – sala e evitei olhar na direção de Charlie Sloane e me sentei o mais longe possível dele naquele final de aula, não queria me irritar e transparecer irritado.

Quando cheguei em casa encontrei Bash podando o que um dia fora o jardim bonito de Mary e respirei fundo pensando no que Anne havia me dito sobre o obituário de Mary e esquecer Charlie Sloane e suspirei

Assim que me aproximei, puxei conversa com Bash que parecia desapontado com o podre jardim feio e quando comentei com ele sobre a idéia que Anne havia tido ele sorriu e eu assenti e me encaminhei para casa, não antes de Bash pigarrear alto chamando minha atenção e “subir e descer suas sobrancelhas” eu ri.

Me sentei na mesa da cozinha e comecei a escrever o obituário de Mary enquanto Bash escrevia para sua mãe vir morar com ele em Avonlea já que Hazel finalmente havia conseguido sua alforria e eu sorri com isso, mas Bash parecia entristecido com a proposta da senhora Lynde e emocionado com a idéia de Anne.

Lhe passei o obituário que eu havia escrito sobre Mary a Bash e ele se emocionou com minhas palavras.

No dia seguinte ao chegar na escola, a professora Stacy nos explicou como seria a “dança do celeiro”, senhora Lynde começou a nos explicar e achei muito idiota os passos e principalmente a parte de bater palmas e me perdi nas vezes que tínhamos que rodar e isso me distraiu um pouco do meu foco na faculdade de medicina e o ensaio foi uma bagunça total, peguei um lenço que eu carregava no bolso e passei em meu rosto, mesmo não tendo suado muito achei necessário, algumas meninas se afastaram e novamente meus colegas ficaram falando sobre “toques” e aquilo começou a me fazer questionar o que tanto que eles falavam sobre as garotas, nunca foi de demonstrar o que sentia ou pensava, mas aquilo começou a se dissipar quando resolvi tirar meu foco que era a faculdade e comecei a olhar para o agora.

Me sentei perto de Moody que estava impossibilitado de dançar por causa de seu corte na perna e o questionei sobre como estava seu processo de recuperação e também a cicatrização do ferimento.

—- Tem coçado os pontos? – perguntei e ele negou respondendo que apenas doía um pouco e suspirei.

Voltamos para o “ensaio” e novamente a senhora Lynde começou a falar sobre os passos, mas perdi o foco

Começamos a rodar todos de mãos dadas e me permiti encarar Anne que estava de frente para mim e a musica começou a me envolver e de repente me vi sem realmente escutar o que a senhora Lynde falava.

Permaneci com o foco em Anne e tentava acompanhar os passos da maldita dança e algo começou a mudar dentro do meu corpo, a sensação de borboletas no estomago havia voltado com força total, assim como as batidas fortes de meu coração e principalmente meus pensamentos sobre Anne depois de tantos anos... Mudaram para uma direção na qual eu nunca havia permitido durante todo esse período e suspirei.

Meu coração parecia querer saltar do peito e ela tinha os olhos tão focados nos meus que eu me vi perdido naquele céu azul que ela carregava dentro das orbitas oculares e eu me deixei levar por alguns minutos.

E quando segurei sua mão... Alguma coisa finalmente estralou em minha mente quase que aditivamente.

Puxei seu braço para quase encostar em minha costela e acho que ela sentiu a batida do meu coração e quando precisamos soltar nossas mãos e a vi rodopiando com Charlie Sloane, mas sem tirar os olhos dos meus algumas coisas em minha mente e corpo começaram a entrar em um imenso conflito interno e me vi ansioso para voltar a ter aquela sensação de estarmos somente eu e ela numa bolha que nos privava de todo o som externo e me deixava tenso e por algum motivo isso aos poucos foi sendo justificado por mim mesmo, pelos meus próprios sentimentos nos quais eu nem sabia que os nutria tanto nos últimos tempos.

Quando a musica parou e eu fiquei parado de frente para ela e todos se afastaram conclui que sentia algo... Na verdade ela quebrou o “clima” ao me deixar sozinho no meio da sala com pensamentos muito loucos por dentro de meu peito e principalmente minha mente que parecia girar de uma forma não muito saudável sobre as cenas dos últimos acontecimentos e os mais recentes, fui pegar minha bolsa e minha boina com a cabeça em pensamentos a toda velocidade e antes de sair para fora da sala Anne e eu nos encaramos novamente e meus sentimentos mudaram de rumo... Melhor de direção virando outro tipo de coisa e resolvi mudar de caminho, não queria encontrar com ela no meio da estrada e assim que estava longe o suficiente parei no meio da estrada e procurei respirar fundo e colocar meus pensamentos nos eixos para entender o que eu estava sentindo e naquele momento, uma das conversas que tive há alguns dias com o Doutor Ward fizeram total sentido... “Algumas coisas pessoas e situações que vivemos, são tão intensas e tão estimulantes que às vezes se manifestam em nossos corpos...” e eu me peguei com essas sensações e tentei as banir de minha cabeça e meu corpo, corri para casa pedindo para isso “sumir”.

Quando entrei em casa, Bash estava na sala com Delphine e eu o ignorei indo na direção de meu quarto, joguei minha bolsa de qualquer jeito no canto do quarto assim como meu casaco e a minha boina, desci rapidamente a fim de fazer o almoço e me distrair de tudo que vinha sentindo e pensando no caminho.

Peguei alguns legumes para fazer cozido para Delphine e Deus me perdoe foquei a sensação desconfortável que eu ainda sentia na virilha para a cenoura e cortei com a faca para aquilo me inibir os pensamentos ou algo parecido... Mas piorou muito quando lembrei do que eu havia chamado Anne há alguns anos, mas foquei na dor em qualquer outro tipo de pensamento e me enfezei e Bash percebeu.

—- O que aconteceu para você voltar tão sei lá da escola hoje Blyte? – questionou ele se sentando na mesa de jantar com Delphine no colo, permaneci de cabeça baixa e cortando as cenouras com muito ódio.

—- Há uma tradição aqui em Avonlea há alguns e nós temos que fazer uma... Dança coreografada – resumi.

—- E eu posso saber o que essa tal de “dança coreografada” fez para te deixar tão ofendido? – perguntou.

—- Dançar, não é a minha maneira preferida de passar uma tarde... Na verdade eu não compreendo...

—- Gilbert, até as abelhas dançam... Qual o motivo de você achar isso tão confuso e ofensivo? – disse Bash.

Coloquei a faca sob a tabua de madeira e respirei fundo, eu precisava conversar com alguém e suspirei.

—- Se eu... Se eu sinto algo... Por... Uma garota... – comecei e Bash me olhou com um leve sorriso nos lábios.

—- Isso que eu sinto... Significa que eu deveria me casar com ela? – questionei e meu coração batia rápido.

Bash parecia quase tão confuso com minha pergunta quanto eu com o que estava sentindo e sorriu.

—- Não necessariamente nessa ordem, Blyte – disse ele e pigarreou e me encarou seriamente e eu o olhei.

—- Atração física... Importa sim... Mas o amor... É o que realmente importa e amar significa muito mais do que essas... Essas sensações que você está sentindo agora – disse Bash e eu o olhei pensativo e ele sorriu.

—- Faz sentido? – questionou ele quando não respondi olhando para o nada perdido em mim mesmo.

—- Eu... Eu acho que sim – murmurei e voltando a cortar a cenoura sem nenhum tipo de pensamento “feio”.

—- Posso saber quem foi que te fez sentir esse tipo de sensação? – questionou Bash e eu ri constrangido.

—- Nem pensar... Digo... Agora não – murmurei concentrando em não machucar meus dedos com a faca.

—- Tem certeza de que não quer me falar quem é Gilbert Blyte? – Bash voltou a perguntar e eu neguei.

—- Certeza absoluta – murmurei e o vi dar alguma coisa para Delphine comer e ela me encarou sorridente.

—- E agora? Pode me contar quem é a razão pela qual fizera seu coração ter um balanço? – disse ele rindo.

—- Não vou falar nada – respondi encerrando o corte de cenouras por um momento e Bash sorriu.

—- Acho que deveria contar para a garota – murmurou ele e eu o encarei com uma sobrancelha erguida.

—- Tenho absoluta certeza de que essa garota não espalharia que você gosta dela – disse Bash e eu ri alto.

Enquanto estávamos na igreja logo depois da missa daquela tarde de domingo, me peguei uma boa parte da madrugada lendo alguns livros sobre as reações do corpo humano e consegui compreender algumas outras coisas nas quais eu mesmo quando fosse medico uma vez ou outra teria que ajudar meus pacientes.

Assim que sai da missa encontrei as garotas todas nervosas e elas empurraram Anne para falar por elas.

—- Anne tem uma pergunta – disse Josie Pye e meu coração perdeu uma batida e eu me vi esperançoso.

—- Mulheres inteligentes e cheias de emoção... Estão realmente fadadas a infertilidade? – perguntou ela.

Aquilo me pegou de surpresa, me causando um leve tremor no coração e num lugar não muito “cândido”.

Pigarreei e lembrei de uma das muitas conversas que tive com doutor Ward (quando eu evitava ficar constrangido e principalmente nas quais me obriguei a focar que havia escritas nos livros de medicina)

—- Não há nada que eu tenha visto durante a minha experiência com a medicina e não há nada que me levaria a acreditar em algo tão absurdo como este, então a resposta para a sua pergunta é não – respondi

Anne suspirou aliviada e Tille lhe fez uma pergunta na qual infelizmente eu mesmo estava evitando ouvir.

Anne arregalou os olhos azuis e me encarou dando um meio sorriso e eu aproveitei a deixa e sai dali.

—- Tenham todas um bom dia – murmurei saindo dali e por precaução segurei o jornal na frente do corpo.

Quando cheguei em casa antes de ajudar Bash com a fazenda o vi ler o obituário sobre Mary para Delphine e sorri abertamente, Bash apesar de nunca ter acabado com o famoso “felizes para sempre” como os contos que vira e mexe eu me permitia ler na escola para relaxar minha mente de meus estudos para faculdade de medicina sua história de vida e seu amor por Mary foi um verdadeiro conto de fadas.


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