Trilhando o Próprio Caminho escrita por Camila J Pereira


Capítulo 29
Farinha do mesmo saco, nos tornado selvagens


Notas iniciais do capítulo

Oi, Gente!!!!
Como vocês estão?
Foi uma surpresa ter a Katherine no final do capítuli anterior?
Eu acredito que ficarão ainda mais surpresas nesse capítulo e estou animada para ler os comentários.
Divirtam-se!



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Não seria nada fácil sair daquele encontro, daquela conversa inteira. Diante deste fato que caia sobre si como um meteoro, uma catástrofe que poderia ser ainda pior do que o reencontro com o Damon. Bella teria que iniciar o embate com toda a força que pudesse. Daria tudo de si para que nada daquilo reverberasse em seu filho, sua única preocupação.

— Como sabe, meu nome é Isabella. O que parece não saber é que eu nunca seria amante do seu marido. Talvez esse mal-entendido justifique a maneira rude como iniciou essa conversa. Não pense que vim aqui para ser tratada dessa maneira. — Só depois de finalizar o seu pensamento conseguiu respirar. 

Havia dito tudo de uma única vez, para não fraquejar. Para principalmente não mostrar fraqueza para a Katherine. A elegante megera saberia que seu filho tem uma mãe leoa. 

— Trato como merece. Não se faça de sonsa. — Kate encarou desafiadoramente para a sua rival articulada, mas ainda assim, inferior a ela. — Vai negar que anos atrás morou com o Damon sabendo que era comprometido? — A calma simulada foi esquecida com a lembrança que trouxe à tona.

Kate tinha os olhos inflamados, os lábios cerrados e as narinas dilatadas permitindo passar fortes golfadas de ar. Com gestos controlados pegou o copo com o seu chá de cor amarronzada e bebeu, no mesmo instante em que o garçom as cumprimentava e perguntava se Bella desejava fazer o pedido. 

— Ainda não. — Ela o dispensou com poucas palavras voltando a falar com Katherine. — Isso é um fato lamentável. Mas sei que nada que eu disser vai fazer com que aceite que eu não sabia sobre você, nem que assim que descobri rompi com ele. — Bella tinha que lembra de não ultrapassar a linha e parecer que se explicava invés de apenas estar afirmando os fatos. — O que você quer afinal de contas? — Perguntou com a finalidade de acabar logo com aquilo e evitar entra em uma conversa rídicula. 

— Quero que você, sua vadiazinha esperta, fique longe do meu marido. — Bella soltou a ar pela boca e levantou-se decidida a dar um ponto final aquele circo. — É díficil ouvir o que realmente é? 

— E o que você seria? — Pensou em como uma pessoa completamente alienada com seu status social poderia poderia ser tão arrogante. 

— O que você disse? — Katherine empertigou o corpo na cadeira, seu peito aberto e empinado pronto para a luta. 

— Eu só vim aqui porque você ameaçou ir até a minha casa e o que eu não preciso é de mais alguém fazendo cena diante do meu filho. — Não iria deixar que a ofendesse daquela maneira. 

— Filho? — Perguntou impedindo que Bella avançasse com a sua despedida. 

— Sim, meu filho. — Repetiu observando as mudanças na fisionomia da mulher sentada a sua frente. 

Katherine parecia fazer cálculos e conjecturas silenciosas. Seus lábios entreabertos moviam-se sutilmente em palavras ditas para si mesma. Bella entendeu que ela não sabia e que agora descobria a verdade que o marido deve ter escondido. 

— Você tem um filho com o Damon? — Bella achou que havia visto umidade nos olhos de Katherine e se viu surpresa com tal reação. 

— Vejo que ainda não tiveram essa conversa. Eu não... — Parou refletindo rapidamente que não deveria lamentar por ter sido por ela que Katherine soube. Damon já deveria ter dito a esposa e não era sua culpa. — Pare de insinuar o que não existe. — Bella não queria sentir empatia por ela, nem explicar o que de fato acontecia, mas daria uma resumida, embora Damon fosse responsável por isso. — É apenas por isso que estamos nos falando, Damon e eu, não porque estamos tendo um caso. Isso é a última coisa que eu quero. Se não fosse o fato de termos um filho, jamais voltaria a ter qualquer contato com o seu marido. — Katherine estava imóvel, Bella por um segundo pensou em perguntar se ela estava bem, mas voltou a lembrar que não era a sua responsabilidade. — Acredito que já terminamos. Adeus. 

Disse adeus querendo mesmo que nunca mais fosse preciso vê-la, no entanto, suspeitava se tratar de uma vã esperança. De qualquer modo, aquela era a esposa do pai do seu filho. Algum contato elas teriam e se preocupava com o tipo de relacionamento que Katherine teria com o Theo. 

Mesmo tendo ido preparada e achar que combateu a Katherine razoavelmente bem, ainda sentia as pernas trêmulas ao subir as escadas que a levariam para casa. Ter o Theo era a compensação que precisava, que garantiria a sua recuperação. Bateu à porta da amiga, e ver o rosto dela ativou em si a necessidade de desabafar. 

— Você nem vai acreditar o que ela queria. — No almoço, Bella havia trocado mensagens com Alice, falando sobre as ameaças de Katherine e o encontro que teriam. — Ela exigiu que eu ficasse longe do Damon. — Bella deu apenas dois passos para garantir que entrasse na casa da amiga e permitisse que ela fechasse a porta. Aproximou-se de Alice falando ainda mais baixo para que somente ela ouvisse. — Estava convencida de que tínhamos um caso. E o mais louco de tudo... Não sabia sobre o Theo. 

— Ele está mantendo a existência do Theo escondida. — Alice estava boquiaberta. 

— Eu nunca perguntei sobre como ele estava tratando desse assunto com a família. Agora sei que não tratou. 

— E agora a esposa soube de uma maneira nada legal. — Alice compartilhava de seus pensamentos. 

— Quase lamentei por ela, mas só um pouco. — Alice estava boquiaberta. — Ela foi uma megera comigo. Mas suavizei, disse que só estávamos nos falando por causa disso e que se não fosse por esse fato jamais aconteceria. Ela acha que eu sabia sobre eles dois no passado. Ainda tentou me diminuir, mas eu fui para cima dela com tudo. — Bella sentia uma energia diferente percorrendo o seu corpo. — Eu tinha que me defender e defender o Theo. — Era disso que se tratava, autodefesa e proteção materna. 

— Fico mais tranquila que tenha agido assim. Com esse tipo de pessoa não podemos mostrar vulnerabilidade. O mesmo tem que ser feito sobre o Damon. — Alice segurou nos ombros da amiga para que ela entendesse o recado. 

— Com Damon é diferente. — E de novo vislumbrou o mar de dilemas e sentimentos que Damon trazia.

— Talvez, mas não acha que está se martirizando demais? — Perguntou a amiga atenciosa. 

— Não sei como agir diferente agora. — Confessou. — Deixa eu levar o Theo para você descansar.

— O Theo já está lá em cima. — Bella percebeu que havia alguma informação a mais ali e esperou curiosa que a amiga completasse. — Com o Edward. 

— Ah! Eu não sabia que ele viria. — Cada palavra foi dita com um sorriso iluminando o seu rosto e Alice riu disso, mas em seguida, veio à mente de Bella o fato de não ter dito nada sobre a sua saída antecipada do trabalho e ela parou de sorrir. 

— Qual o problema? – Alice perguntou percebendo a mudança de humor da amiga. 

— Eu não falei sobre a Katherine para o Edward e não sei se quero falar. Ando evitando contar essas coisas para ele. — Estava sendo difícil guardar aqueles segredos do namorado, mas não achava justo quando ele mesmo estava lidando com tanto em sua vida e começava a entrar nos eixos. 

— Porque está fazendo disso um segredo? Já decidiu ficar com o Edward mesmo então pode compartilhar essas coisas com ele. — Alice queria compreender a amiga, mas suspeitava do que se tratava.

— Theo é minha responsabilidade, tenho que lidar com o pai dele e tudo o que vem junto...

— Parou, parou, parou. — Aquelas palavras confirmaram suas suspeitas e não suportou ver a amiga dizer mais nada. — Você tem que saber do Edward se ele não quer lidar também e pelo que eu vejo, ele está bem empenhado em fazer parte da vida do Theo. 

— Não é justo para ele. — Tentou justificar para uma Alice que não estava disposta a aceitar qualquer subterfúgio verbal.

— Sabe, melhor você subir, olhar bem para o Edward com o Theo e ver se sua cabeça volta para o lugar. — Disse com certa impaciência.

— Tudo bem. — Aceitou as palavras vendo que seria melhor não forçar mais o humor da Alice. — Falamos depois. — Subiu as escadas ouvindo o fechar da porta da amiga nas costas e torcendo para lidar da melhor forma possível com o homem que estava em sua casa.

Theo estava sentado no meio da sala com as pernas cruzadas. Edward à sua frente mantinha o corpo quase em uma imitação perfeita, os dois concentrados no jogo de batalha naval localizado exatamente entre eles.  

— Ei, vocês! — Bella entrou em casa esperando que a recepção fosse melhor do que algumas palavras forçadas e quase inaudíveis que recebeu dos dois. — Ok... — Disse para si mesma entendendo que o embate estava mesmo interessante.

Aproveitou para verificar os cadernos e livros do Theo. Com alívio e orgulho, viu suas atividades programadas do dia completadas e corretas. Seguiu para o banho com um quase sorriso no rosto, porque por mais que não houvesse recebido atenção daqueles dois, era bom chegar em casa e tê-los. 

Os questionamentos que rondavam a sua cabeça deram uma trégua naquele momento. Edward e Theo não estavam mais jogando, na verdade, o jogo já havia desaparecido e o seu filho estava com uma carinha tristonha, o que a intrigou. 

— O que aconteceu? 

— O Edward já vai embora. Porque ele não pode dormir aqui como ontem? — Theo questionou com a voz carregada de frustração. 

— Você já está indo? — Ela também não pôde disfarçar a decepção. 

— Só estava esperando que chegasse. — Levantou-se do lugar que ocupava no sofá gasto da sala. 

— Não pode ficar mais um pouco? — Theo fez a pergunta que estava prestes a sair através dos seus lábios. — Fala para ele ficar, mamãe. — O ficou enlaçou seus pequenos braços em sua cintura, buscando apoio. 

— Você tem que ir mesmo? — Juntou-se ao pedido do filho, pois não queria que ele fosse.

— Infelizmente sim. Vim para ver o Theo e porque fiquei preocupado por vê-la sair mais cedo do trabalho tão de repente sem dizer nada. Deixei algumas mensagens e tive algumas chamadas não atendidas. — Despejou sinceramente o que o incomodava. 

Então ele havia visto a saída antecipada que deveria ter sido discreta. Unindo isso ao fato de ter evitado acessar o celular para que não entrasse mais em parafuso sem saber o que diria, deve tê-lo irritado. Sendo sincera, aquilo a irritaria.

— Mamãe saiu mais cedo do trabalho? Então porque chegou só agora? — Theo estava curioso.

O que menos queria é dizer o que realmente aconteceu, que foi ameaçada pela esposa neurótica do Damon e que após ir se encontrar com ela, teve dificuldades em conseguir chegar em casa por causa do transporte. Também não lhe era atraente o fato de confessar o encontro desagradável.

— Não tem nada para dizer? — Edward perguntou como se adivinhasse suas maquinações para não precisar revelar os últimos acontecimentos. — Você não disse que queria assistir o desenho, garoto? Acho que sua mãe deixará já que fez toda a lição de casa. — Bella ainda ficava impressionada o quanto ele era perspicaz. 

— Deixa? — Esquecido da curiosidade de saber o que a mãe esteve fazendo, Theo estava mais interessado em ver os desenhos que gostava.

— Claro! Vai lá, filhote. 

A permissão o fez esquecer até o fato da iminente saída do Edward, o que não era do seu agrado. Havia acostumado muito rápido a presença do namorado da mãe. Bella notava o quanto o filho abria-se aquele relacionamento. 

— Então? — Ele não desistiria.

— Estou com fome. O Theo deve estar também. Você não? — Bella mudou de assunto e virou em direção a cozinha. 

Ouvindo os sons vindo da televisão, ela se propôs a preparar o jantar para os três. Edward sentou-se em uma das cadeiras, podia sentir seu olhar inquisidor em sua direção. Era esmagador e a preocupava. 

— Pensei errado que conversaríamos? Então estou indo embora. — Disse chateado.

— Espere! — Deixou os preparativos do jantar de lado e foi até ele que já estava de pé. 

— Bella, não vou mentir sobre como estou me sentindo. Que estou pensando muita besteira. Eu a vi entrando em um carro desconhecido...

— Motorista de aplicativo. — Falou antes que ele achasse que se tratava de Damon. 

— Tudo bem. — Aceitou a primeira resposta com alívio aparente. — Pensei mesmo que pudesse se tratar de um carro pedido por aplicativo. — Edward voltou a sentar para ouvir o resto. — Teve algum imprevisto? — Não estava mais tão irritado, só preocupado. 

— Sim. — Toda vez que se confrontava com a gentil compreensão dele, desarmava-se. — Katherine, a esposa do Damon me procurou. — Bella inclinou a cabeça em direção a sala para certificar-se de que o filho estava mesmo distraído com o desenho. 

— Porque ela a procuraria? 

— Porque acha que estou tendo um caso com o Damon. — Bella envergonhava-se de falar aquilo, ainda mais para o Edward. 

Notou as mudanças em seu rosto, aquilo o atingiu. Só a ideia ter sido gerada por alguém o magoava. Ele retraiu-se, afastou-se da mesa, consequentemente da direção de Bella. 

— Porque ela pensaria isso? — Estava sendo cauteloso em suas perguntas. 

— Porque o Damon não falou sobre nosso reencontro, muito menos sobre o Theo. 

— Ele esconde o fato de ter tido um filho? Isso é sério? — Edward estava indignado e Bella estaria também se já não esperasse algo desse tipo vindo do Damon.

— Não sei se ele apenas não teve a oportunidade de dizer ou...

— Para de tentar justificar essa atitude do Damon. Isso diz muito sobre a pessoa que ele é. Oportunidade? Que eu saiba eles moram juntos, não é mesmo? — Edward a cada palavra parecia-se mais com o homem irascível que Bella conheceu meses atrás. — Você não deveria tentar entendê-lo nessa situação. Se trata de um filho. Como ele vem querendo impor tanto para você se não assumiu o fato de ter tido um filho perante a família? 

— Eu sei, sei... — Era a única coisa que conseguia dizer. 

— Então, como foi esse encontro e porque você decidiu ir? 

— Não vi outra escolha já que Katherine ameaçou vir até aqui para conversar comigo. 

— Como é que é?! — Inclinou-se sobre a mesa, seus braços apoiados com determinada irritação. 

— Não se preocupe, eu acho que me livrei dela. Não fui boba. 

— Parece que eles se merecem. São farinha do mesmo saco. — Edward tomava as dores para si, estava pessoalmente ofendido. — Deveria ter me contato, jamais a deixaria ir para esse encontro. 

— Por isso hesitei em te falar mesmo depois. Não quero que se preocupe, que você fique chateado.

— Como não ficaria? Você é minha namorada, eu me importo com o que acontece com você. — Aquela afirmação saiu naturalmente e foi por isso que Bella se sentiu ainda mais tocada. 

— Eu não quero trazer problemas para a sua vida. 

— Não diga isso. — Tocou carinhosamente o rosto de Bella. 

Uma energia amorosa passou de sua mão para o seu corpo, confortando-a, dando-lhe calma. Segurou carinhosamente a mão dele no seu rosto, mantendo-a ali. Sorriu ao vê-lo com olhos brilhantes como que a admirando e imediatamente sentiu-se bonita. Ela só não sabia que Edward estava enternecido por saber que também era amado e prometia para si mesmo que ficaria ao lado dela sempre. 

 

*** 

 

— Você é louca, Kate! Louca! — Damon bradou para a esposa que se manteve indiferente à maneira altamente reativa que o marido a acusava após ter dito que havia procurado Isabella. — Espero que nunca mais volte a procurar a Bella. 

 — Mas porquê? Não quer que eu saiba que vocês tiveram um filho na época em que me traia com ela? — Deliciou-se ao vê-lo desconcertado por saber a verdade. — É claro que voltaria dessa conversa com algo interessante tipo um fedelho bastardo. Como será que seus pais reagirão com essa notícia? 

— Nem pense nisso. — Movido pela raiva, segurou o braço da esposa com força. — Não passe dos limites, querida esposa. Esse assunto não diz respeito a você. 

— Você está me machucando, Damon. — Katherine tentava afastá-lo com a mão livre, mas a pressão exercida no seu outro braço causava-lhe dor. 

— Estou avisando, querida esposa, já que está a par da situação. Essa é a minha chance de viver a vida da maneira como quero. Bella voltou para mim e me trouxe um filho. Não se meta nisso e assine o quanto antes os papéis do divórcio. 

— Não me admira que esteja mostrando enfim o seu verdadeiro eu! Monstro! — Reagindo na defensiva, Katherine se tornava agressiva, gritando aquelas palavras para ele. 

Ouvindo-a chamá-lo de monstro, Damon afrouxou o aperto, dando-lhe oportunidade para que se livrasse da prisão. Ela se afastou um tanto assustada. Como se vissem algo pela primeira vez, não conseguiam parar de se olhar. Kath massageava o lugar em que ele segurara tão fortemente a ponto de deixa-la com a pele avermelhada no lugar. Ele parecia em transe e calado a deixou. 

— Acabou, Kath. — Ele não queria dizer apenas que o casamento fajuto dos dois havia chegado ao fim, mas que não mais voltaria a agir sob cabresto. 

Damon estava determinado, pois acreditava que realmente se tratava de mais uma chance. Que o destino, havia enfim sorrido para ele. Todas as vezes em que se portou da maneira que os pais queriam, que os sogros queriam e que sua esposa queria, não havia sido feliz. Pelo contrário, sentia-se sangrar silenciosamente. 

Assim, sem nem mesmo discutir ou pensar que haveria outra maneira, passou aquela noite no quarto de hóspedes. No dia seguinte, enquanto a esposa tomava alguma mistura mirabolante para acelerar o metabolismo, entrou no quarto que dividiu com ela por oito anos e reuniu suas roupas e pequenos objetos em duas malas. 

— O que pensa que está fazendo? — Katherine correu até a sala quando ouviu o arrastar das malas. 

— Acho que é evidente. — Damon nem mesmo olhou para ela e continuou a sair.

— Não mesmo! — Katherine segurou uma das malas e fez força para que ele não pudesse avançar até a porta. — Não vai simplesmente ir embora. Não depois de tudo. Depois disso! — Ergueu o braço que agora estava se tornando arroxeado no lugar em que ele a segurou na noite passada. 

— Por isso mesmo eu deveria ir. Já não nos suportamos mais e podemos fazer uma loucura. Eu posso cometer uma loucura. — Admitiu. 

— Ela tem outro. — Jogou na cara dele como se isso o fizesse desistir. 

— Não aja como se estivesse com ciúmes, querida esposa. Ficarei lisonjeado... — Damon foi interrompido com um tapa no rosto. Katherine usou de toda a sua força. — Olha como estamos nos tornando selvagens. — A raiva controlada por um fio transparecia na sua voz rouca.

— Volte a razão. — Pediu também com raiva. 

— Ah, mas eu acabo de voltar, Kath. — Damon soltou uma das malas e com a mão afastou a esposa da frente com um leve empurrar. Com precisão, pegou a mala novamente e dirigiu-se a porta. 

Nenhum adeus foi dito, ele nem mesmo olhou para trás. Queria rapidamente sair daquele lugar e das vistas da esposa que teve que suportar todos aqueles anos. Sentia o coração mais leve ao caminhar até o carro.  

Damon pensou com praticidade, por isso encaminhou-se para um hotel, bem longe do bairro em que morou nos últimos anos. Aprontou-se para o trabalho, mas não antes de tentar uma comunicação com Bella. Queria saber dela, queria notícias também do filho. Queria mais do que tudo saber o que a conversa com a Kath provocou nela. Teria ficado chocada? 

— Diga, Damon. — Odiava quando parecia tão fria, mas era melhor do que quando o ignorava. 

— Bom dia, Bella. Como está? — Mesmo que ela não fosse tão agradável, ainda assim seria até que um dia voltasse a ser a Bella que o amava. 

— Estou bem. — Ouvi-la o emocionava. 

— Espero que não tenha ficado chateada com o que a Katherine fez. — Ouviu o som de buzina ao fundo e a voz de um homem que reconheceu como o Edward. Theo havia respondido algo.

Damon imaginou a cena de uma família organizada e funcional. Edward estaria levando-os para seus compromissos como o chefe de família responsável e útil. Porém, aquela era a sua família e estava disposto a recuperá-la.

— Não foi agradável de maneira alguma. Damon, espero que resolva as coisas com ela. Não sou obrigada a passar por esse tipo de coisa novamente, muito menos o Theo. 

— Eu já estou cuidando de tudo, Bella. Acredite, as coisas entrarão nos eixos entre nós. — Bella ficou em silencio reagindo ao seu comentário ambíguo. — Posso falar um pouco com o Theo? 

— Claro. — Rapidamente Bella passou para o filho.

Ainda não era fácil manter o Theo interessado. Ele tinha paciência, sabia que se tratava de familiaridade. Ele se tornaria presente na vida do filho até que fosse natural manter um diálogo. Por isso, ao saber naquela conversa que o filho teria um jogo no próximo sábado, começou a organizar o seu tempo para que pudesse estar lá.

 


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