Trilhando o Próprio Caminho escrita por Camila J Pereira


Capítulo 27
Pai orgulhoso, maneiras de ser mãe


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente!
Voltei!



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— Mãe? Está acordada? – Edward a chamou diante da porta trancada. – Estou preocupado. Pode me dizer se está bem?

Movida pela surpresa emocionada de ouvir a voz do filho pronunciar aquelas palavras tão amadas, levantou-se da cama. Não pôde manter a porta trancada depois de saber que Edward estava preocupado com ela.

— Edward? Filho, o que está fazendo aqui? – Abriu a porta, deixando que a visse não no seu melhor estado. Tinha o rosto e olhos tão inchados e vermelhos.

— Rose contou o que aconteceu. Vocês a assustaram e estou um pouco assustado também. – Admitiu sem jeito por estar sendo aberto sobre seus sentimentos. Era mais natural do que antes conversar com a sua mãe.

— Não deveriam. Não deveria ter vindo também. – Esme respondeu com voz rouca e anasalada, tentando de maneira fracassada esconder o rosto.

Esme abaixou a cabeça e estava novamente chorando aquela noite. Isso porque o filho tinha uma expressão tão angustiada ao vê-la e falava sinceramente com ela. Edward já a tinha visto emocional em outros momentos, até mesmo brava como no dia em que lhe lançou a praga que acabou não sendo de fato um mau agouro, mas um belo feitiço materno. No entanto, aquela era a primeira vez que sentia aquela intensidade no ar, de uma tristeza profunda da mãe.

— Estou tendo a certeza de que deveria ter vindo sim. – Lentamente a abraçou, deixando que continuasse a chorar em seu peito.

— Desculpe. – Lamentou entre as lágrimas insistentes.

— Tudo bem, mãe. – Consolou, mas ele mesmo sentia a tristeza lhe invadindo vendo-a daquela maneira.

— Porque vocês não me falaram sobre a Carmen? – Fungou, afastando-se para enxugar seu rosto com as mãos. - Passaram por tudo isso sozinhos e até saíram machucados. E eu não percebi que havia uma ligação entre seus machucados. Poderia ter sido ainda pior. Rose com a Carmen e você enfrentando aqueles bandidos. – Disparou completamente chateada e gesticulando tanto quanto possível.

— Não queríamos preocupá-la, nem a envolver com aquela mulher. Se está assim desta maneira depois de tanto tempo, imagine se soubesse quando tudo aconteceu... – Edward usava o seu tom tranquilizador.

— Essa não é a questão, Edward. – Não chorava mais, mas ainda não havia encontrado a calma. - Sou a mãe de vocês. Somos os pais de vocês. – Incluiu o Carlisle. – E quando precisam de verdade, somos inúteis. Já se machucaram tanto até agora, não quero que se machuquem novamente. – Edward compreendia até demais.

— Olhe por outro ângulo. Carmen se foi, e a experiência traumática nos reaproximou. – Era o ponto que achava importante defender.

— Filho... - Esme parecia orgulhosa de ouvi-lo falando, mas ainda estava magoada.

— Porque está tão chateada ainda? – Quis saber o que havia além do que já havia dito.

— A Rose deve ter falado da nossa discussão... – Calou-se sem saber como continuar o assunto delicado.

— Parece que foi algo sobre mim. – Apesar de saber, pretendia dar espaço para que a mãe falasse o que quisesse e como quisesse.

— Venha aqui. – Esme caminhou até a cama, pedindo que a acompanhasse. – Sente-se. – Deu tapinhas no lugar vazio ao lado. – Faz bastante tempo desde a última vez que entrou aqui, não é mesmo?

— Sim, faz. – Edward esperou em silêncio, mas a mãe estava imersa em lembranças. Sua própria mente estava sendo preenchida por cenas antigas, mas preferia não recordar. – Eu era tão estúpido!

— Era só um garoto ferido. – A sua mãe justificou, sem nenhum vestígio de guardar rancor por todas as vezes que esse “garoto ferido” a magoou com palavras e até atitudes.

— Vocês também estavam feridos. – Esme concordou com um curto sorriso melancólico.

— Não se preocupe muito com o que aconteceu hoje. Só fui pega em um dia ruim, não estava preparada. A minha reação foi muito sensível. – Justificava em uma tentativa de afastar a preocupação do filho.  

— Tem certeza, mãe? – Não era só isso. Esme não era alguém que reagia exageradamente apenas por estar em um dia ruim

— Sim, e é algo que tenho que resolver com o seu pai. – Eles se calaram. Esme voltando ao controle de suas emoções, segurou a mão do filho carinhosamente.

— Eu sei que a fiz passar por tempos difíceis. Não fui um filho amável quando precisou. Talvez nunca tenha sido. – Queria ter sido flexível antes, mas foi o seu processo e não poderia mudá-lo.

— Ah, querido, você sofria e mesmo assim, ainda podia ser amável. Lembra que preparava meu café da manhã e depois fazia isso para a Rose também. Você explicava as lições para ela quando eu não tinha tempo e dividia seus brinquedos. E teve mais, você veio morar aqui conosco mesmo odiando a ideia.

— Eu não tinha muita opção, mãe. – Edward sorriu meio constrangido.

— Mas nunca me disse que não viria. E esse fato me fez saber que você no fundo estava tentando integrar-se a família e dar uma chance ao seu pai, a mim.

— Ele te falou algo que a machucou? – Edward não pôde mais aguentar não fazer uma pergunta mais direta.

— Não, não. – Esme não estava convincente.

— Mãe?

— É que, eu disse tudo a ele hoje. Queria que o Carlisle tentasse mais. Tentasse ganhar a sua confiança novamente. Porém... eu não sei. – Novamente o ar tristonho voltou.

— Esme. – Carlisle a chamou carinhosamente da soleira da porta. – Já que estamos nisso... – Pela sua expressão havia ouvido toda a conversa. – Devo confessar-me para os dois.

— Confessar o que? – Esme estava inquieta, não queria ser pega em flagrante quando voltava a dizer mais coisas que poderiam feri-lo.

— Eu desisti de tentar uma aproximação com o Edward, porque eu não me sentia... – Carlisle olhou para os próprios pés e seus ombros estavam curvados como nunca Edward havia visto. – Para ser franco, não sou merecedor do perdão de nenhum de vocês. Não tive e não tenho confiança para pedir isso, se eu mesmo não acredito que devo ter. Por isso hoje fiquei aliviado por você ter gritado comigo.

De onde estava, Edward pôde ver o rosto do pai avermelhando e luzes de umidade em seus olhos. Era a situação mais inusitada de sua vida, pois sempre lembrou do Carlisle em um estado de calma constante que o irritava.

— Carlisle, sente-se assim? – A emoção voltava a voz da Esme. Estava sentida por não ter percebido aquele sofrimento no marido.

— Sinto-me, não há outra maneira. – Carlisle assim como a sua mãe estava profundamente emotivo. Seus olhos piscavam rapidamente para deter as lágrimas. Trocava o peso das pernas para seu corpo reagir. – Edward, não planejei amar a sua mãe quando eu já era casado. Eu tentei impedir esse sentimento de crescer em mim, mas não consegui. Descaradamente, sim, decidi conquistá-la.

— Não acho que eu deva ouvir isso. – Edward estava incomodado com o assunto.

— Espere, filho. – Seu pai pediu. – Estou finalmente tendo coragem o bastante, então, só peço um pouco de paciência para escutar. – Carlisle esperou que o filho desse uma resposta, e o seu silêncio pareceu um consentimento por isso continuou: - Meu casamento já não ia bem, mas estava amarrado pelo sentimento de dever e responsabilidade, mesmo sem amor. Porém, quando finalmente decidi ir atrás da minha felicidade e pedir o divórcio, a minha ex esposa revelou estar doente. Entenda, nada justifica como agi com as duas. Mesmo que eu passe o resto da vida pedindo perdão, não será suficiente.

— Foi minha responsabilidade também. Eu aceitei você mesmo sabendo que tinha um relacionamento. – Esme assumia sua parcela no desenrolar da história e Edward estava prestes a sair correndo sem conseguir lidar com as informações.

— Não, querida. Não se culpe, era eu que insistia. – Suspirou. – Quando soube da notícia, resolvi afastar-me da Esme e cuidar da minha então esposa. Pensei que era um aviso, um castigo ou os dois. Por um acaso do destino, reencontrei a sua mãe, imediatamente soube que nunca deixaria de amá-la. Voltei a procurá-la, queria que me aceitasse de volta. A minha ex esposa estava melhor, embora houvesse sequelas, muito mais emocionais. Então, ainda vivia uma luta de caráter dentro de mim. Foi demorado, mas enfim consegui força para agir. Sei que no processo, na minha busca, eu magoei todos vocês. Era difícil te enfrentar, quando eu sabia que não me suportava por motivos mais do que justificáveis.

— Sim, não te suportava. – Sua voz saiu entre os lábios com o resquício do ódio. - Mas precisei de você. – Confessou, vendo-se novamente no Theo. – Ainda é difícil saber que se aproximou da minha mãe e a fez sofrer. É difícil saber que a minha mãe era tão orgulhosa a ponto de não o procurar quando precisou. Odiei-o um pouco mais, por nem saber o que passávamos, enquanto estava vivendo com a sua esposa. Depois odiei ainda mais, quando soube de nós e ficou tudo confuso, eu já não conseguia sentir mais nada além de raiva.

— Sei que ficou confuso, pois neste ponto, descobri que precisava do seu pai. Arrependi-me de não ter dito nada sobre você quando descobri a gravidez. Eu só queria que experimentasse a presença paterna nesta nova oportunidade e ainda amava seu pai. Mas também me ressenti, vendo que o Carlisle parou de tentar ser mais próximo de você. Deixei acontecer para ver no que dava, mas depois de tantos anos... acho que o culpei. – As verdades eram duras, fazia todos os três encararem a tristeza antiga.

— Com razão, querida. – Carlisle nem sequer tentava diminuir a sua culpa, parecia mais disposto a revelá-la de uma vez. – Mesmo não sendo intencional, magoei as pessoas que mais amo. Ainda agora, continuo fazendo isso. Não posso insistir pedindo que me perdoem, seria um milagre.

— Talvez esteja na hora de se perdoar, querido. Já sofremos demais com isso. Não quero ver mais a minha família voltando a sofrimentos que deveriam permanecer no passado. Eu provei disso hoje e não gostei de sentir isso nenhum pouco. – Esme olhava para o marido com esperança renovada. – Carlisle, o meu ressentimento só existiu por não saber como se sentia de verdade. Não se culpe, tudo aconteceu para estarmos aqui juntos agora. Estou feliz que tenha voltado para nós.

— Acha que eu posso me perdoar? – Balbuciou emocionado.

— Você é um homem maravilhoso, que não merece continuar se martirizando. Nenhum de nós. – Esme olhou para o lado e o filho estava cabisbaixo. – Está na hora de nos perdoar. – Novamente, com a mesma gentileza, segurou a mão do Edward. – O que acha, filho?

— O que eu acho? – Perguntou baixo sem se mexer.

— Já não é mais aquele garotinho confuso. Agora sabemos de todos os ângulos da história. Sabemos que todos sofremos à nossa maneira e lidamos como foi possível. No entanto, nos amamos.

— Edward. – A voz de Carlisle soou suplicante. – Perdoe-me. – Sem esperar resposta do filho, Carlisle debruçou-se sobre ele, lhe dando um abraço forte. – Perdoe-me. Perdoe-me. – A medida que repetia essas palavras, as lágrimas de Carlisle desciam pelo seu rosto.

Sem poder fazer ada além de também ficar emocionado, Edward aceitou o abraço do pai e retribuiu. Não conseguiu dizer nada, só sentir seu corpo reagindo aquele momento. Chorou também abraçado ao pai e a Esme se uniu aos dois.

— Eu amo vocês dois. Amo muito vocês. – Esme estava chorando de alívio e felicidade. – Acho que precisamos ficar calmos agora. Vou descer e prepara um chá para nós. – Sua principal razão não era está, afinal. Queria deixá-los a sós por um momento, livres para conversar.

— Tenho certeza de que não é fácil perdoar-me imediatamente. Pode pelo menos pensar no assunto? – Carlisle tinha ocupado o lugar da Esme ao seu lado.

Edward via que toda aquela velha calma e segurança, mesmo cheio de pecados, já não existia. E pela primeira vez sentiu vontade de não se sentir mais tão amargurado e ferido.  

— Quero tentar deixar esse assunto no passado como a mãe falou. Quero sentir-me mais tranquilo. Preciso finalmente deixar esse peso para trás. – Assim que falou, uma outra parte da carga que carregava saiu.

— É o que desejo para nós, mais tranquilidade e leveza.

— Acho melhor descer e ajudar. – Edward levantou. Aquilo era novo, estar ao lado do pai daquela forma. Pensou que tivesse ganhado mais dois pés e dois braços, era um estranho dentro daquele cômodo.  

— Edward, você sempre foi motivo de muito orgulho para mim. Embora eu não expressasse como deveria, sempre senti grande felicidade em tê-lo como meu filho.

— Bem... – Edward engoliu em seco, parecia prestes a desabar de novo, mas Carlisle sorriu.

— Vamos descer. – Definitivamente aquilo o salvou de novo momento.

Encontraram a Esme e a Rose na cozinha conversando. Sua mãe havia já posto a chaleira com água para aquecer. Assim que notaram a presença dos dois, silenciaram.

— Parece que estavam falando sobre nós. – Carlisle arriscou.

— Estou feliz que tudo esteja finalmente sendo resolvido. – Esme explicou a sua atitude suspeita. – Estava contando isso para a Rose que estava preocupada.

— Imagino como deve ter ficado chocada. – Carlisle acariciou os cabelos da filha e aquilo fez Edward lembrar de Theo, consequentemente da Bella.

— Eu preciso ir embora. – Olhou o relógio em seu pulso.

— Já é alta madrugada, não pode ficar e dormir? – Esme perguntou.

— Melhor dormir e voltar para casa quando amanhecer. – Carlisle sugeriu também.

— Não posso, eu prometi a Be... – Calou-se, mas era tarde demais.

Toda a atenção estava centrada nele. Nem mesmo o apito da chaleira parecia grande coisa no silencio da noite. Edward continuou com os lábios cerrados, todos ainda esperando extrair dele algo mais.

— Bella? – Esme perguntou, sem conter-se.

— A água, mãe. – Avisou. Ela só assim pareceu notar o barulho e desligou a chama.

— Estava com a Bella e vai voltar para lá? – Rose não estava sendo discreta.

— Estou indo. – Sinalizou um aceno desajeitado.

— Que bom que o relacionamento de vocês está indo bem. – Esme estava sorrindo, quando correu para enlaçar seu braço no dele e pará-lo. – Beba o chá antes de ir. – Foi a sua condição.

Assim como na recepção, Rose o abraçou forte. Agora não mais com o peso da preocupação e medo. Sua irmã sorria e tinha esperança em todo o rosto.

— Cuide da mãe... – Não era apenas isso que estava em sua mente. Parou, ainda era estranho pensar no seu pai aquela maneira.  – Cuide deles por enquanto. – Sim, era estranho inclui-lo.

— Pode deixar.

As ruas estavam ainda mais desertas do que antes. Redobrou a atenção sabendo que era final de um fim de semana, teria que estar pronto para qualquer imprevisto. Chegou em segurança na casa de Bella e bateu com leveza na porta.

— Não tinha certeza de que estaria acordada. – Falou baixo quando surgir ao abrir a porta.

— É claro que te esperaria.

Debruçou-se sobre o corpo pequeno à sua frente e descansou a cabeça no vão do seu pescoço, sentindo o perfume de sua pele. Edward inalou profundamente por um tempo em silêncio.

— Eles estão bem? – Bella perguntou vendo que algo sério havia acontecido. – Você está bem? – Reformulou a pergunta, pois o seu silencio já a incomodava. – Vamos entrar. – Bella o afastou para fechar a porta e assim que virou, novamente Edward voltou a abraçá-la.

— Eles descobriram sobre o episódio com a mãe da Rose. Foi a gota d’água para uma briga que trouxe velhas questões. Sobre a relação clandestina dos meus pais e sobre mim. Não quero aborrecê-la com isso, ainda mais a essa hora.

— Ouvir sobre você, jamais me aborrecerá. – Ele a olhou carinhoso. Era mais do que pensou um dia viver, aquele tipo de afeto que havia entre os dois.

— Estou processando a conversa que tivemos. Tudo o que foi dito, os sentimentos, tudo intenso. – Começou desabafando sem ao menos ter pensado sobre isso. - Meu pai disse que sente orgulho de mim, sempre sentiu.

— É claro que sentiu e sente. – Bella conseguia entender o ponto de vista do Edward que em sua raiva pueril nunca pensou que o pai pudesse ser algo diferente do ser vil em sua imaginação. – Ainda não consegue aceitá-lo?

Edward não se apressou a responder. Ficou olhando para algum ponto no chão, pensativo. Estava cansado, parecia ter chorado, mas ela não tocaria no assunto.  

— Pela primeira vez, acho que aceitá-lo não seja algo impossível. – Bella sorriu aliviada por saber que aquele peso que ele carregou durante tantos anos, finalmente estava indo embora. – Desde que te conheci e conheci o Theo, comecei a ver por outra perspectiva.

— Estou feliz por você. – Bella o abraçou. Pretendia continuar assim grudada a ele até o amanhecer.

***

Katherine decidiu não questionar o marido. Ficaria silenciosamente atenta ao que o Damon fazia dali em diante. Descobriria com toda a certeza, o que aqueles sinais significavam. Possivelmente tratava-se de uma nova amante, mesmo que não pudesse ter certeza de nada. Os sinais estavam confusos demais.

Esperou que Damon saísse para o trabalho para seguir até o endereço que o marido andava frequentando. Como havia notado, não era o tipo de lugar que Damon costumava frequentar, nem mesmo encontrar com as suas amantes. Apesar de tentar mostrar que não era tão apegado a materialidade, seu marido era fruto do seu meio, um filhinho de papai.

Estava prestes a partir quando viu certo casal saindo de um dos prédios ao lado. Não te chamaria a atenção, se não fosse o fato de reconhecer a mulher. Fazia bastante tempo que não via aquele rosto, mas o memorizou perfeitamente. Era a Isabella Swan, a garota que morou com o seu marido antes do casamento, que ele fez questão de revelar com a esperança de romper com o compromisso.

Uma raiva mortal lhe subiu à cabeça. Era o mesmo sentimento de sempre, quando era sobre essa mulher. Fazia sentido agora que o Damon tivesse ido até ali. Desde quando se encontravam as suas costas? Queria esmagá-la naquele instante, como um inseto insignificante. Seus pensamentos de ódio perderam-se quando viu o homem ao seu lado beijar seus lábios antes que ela entrasse no carro.

Então Isabella não era tão puritana quanto o marido a fez parecer? Tinha certeza agora que os dois andavam se encontrando as escondidas. Agora via-a com outro homem saindo tão cedo de sua casa, e juntos. Quis esmagar também o marido, aquilo não iria sair barato para ele. Se pretendia voltar para ela depois do divórcio, teria que estar preparado para a frustração.

***

“Atenda a ligação. ” – Seu ímpeto era desligar o celular, por isso, respirou profundamente.

Mesmo com muita vontade, não desligaria o aparelho. Havia outras pessoas as quais deveria se manter comunicável, principalmente para seu filho. Ela ignorou a ligação que veio em seguida.

“Já disse que não vou me mudar e não quero mais receber mensagens sobre isso. ” Respondeu e guardou o celular saindo da sua sala de trabalho.

Edward ficaria mais algum tempo, por isso estava indo sozinha. Assim que chegou em casa, verificou novas mensagens arrogantes e ligações de Damon. Passou por cima disso e avisou ao Edward que já estava em casa.

— Que cara é essa? – As duas perguntaram ao mesmo tempo uma para a outra. Em seguida, suspiraram cansadamente.

— Vou tomar um banho. Depois estou disponível caso queira conversar.

— Aceitarei o convite, Bella. – Alice não parecia bem e só uma coisa podia deixá-la naquele estado.

— Vamos, meu amor. – Falou para Theo ao seu lado.

Subiram juntos, Bella tentando se informar sobre o dia do filho enquanto se lavava e preparava algo para comerem juntos. Assim que ela deu uma olhada nas lições do filho, Alice chegou ainda cabisbaixa.

— Será que podemos mesmo conversar? – Alice olhava para a cena de mãe e filho com os livros abertos.

— Sim, claro que sim. Estamos guardando o material.

— Agora que viu tudo, mamãe. Posso assistir? – Theo perguntou com a típica esperança infantil.

— Só um pouco, está bem? – Seria bom ter aquela distração agora, já que gostaria de poder ajudar a Alice que não aparentava estar bem.

— Está bem! – Theo soltou da cadeira e já ia até a sala.

— Ei, volte e guarde seu material. – Bella pediu e ele atendeu com pressa.

Quando virou para a amiga, viu que lágrimas silenciosas desciam pelo seu rosto. Bella a abraçou, confortando-a. Alice segurou-se nela como uma tábua de salvação, chorando por longos minutos.

— Ah, amiga... – Alice conseguiu enfim pronunciar algo.

— O que aconteceu? – Já estava com o coração apertado por vê-la assim.

 - Eu menstruei novamente. Nós tentamos mais uma vez... Eu queria tanto, esperava tanto. Achei que seria dessa vez. – A explicação veio em uma torrente de palavras. – Fizemos tudo certinho, certifiquei-me disso. Porque isso teve que acontecer de novo?

— Alice, primeiro você tem que se acalmar. Eu sei que não quer ouvir isso. – Bella pôs suas mãos suavemente nos ombros estritos da amiga. – Porém, o estresse e ansiedade piora tudo neste caso.

— Não é que eu não saiba disso. Só estou irritada porque sinto-me uma inútil. Nunca quis grandes coisas na vida, o que sempre quis foi só que eu pudesse ser mãe. – Seus lábios estavam trêmulos, longe de estar calma.

— E será. – Garantiu Bella. – Mesmo que não dê certo, existem outras maneiras de ser mãe.

— Eu não sou contra isso, Bella, mas eu quero, quero muito passar pela experiência da gravidez. Não quero que isso me seja tirado. Não é justo! – Alice alterou-se, mas logo percebeu e calou-se. – Desculpe, estou sendo irracional.

— Não está. Está triste, tem o direito de sentir isso. Você é uma as pessoas mais incríveis que conheço, merece viver esse sonho. – Alice assentiu acalmando-se. – E o Jasper?

— Brigamos hoje. Ele quer parar de tentar.

— Porque não fazem isso só um pouco? Não estou falando para desistirem, mas despreocupar-se por um tempo. Precisam relaxar e quando voltarem a tentar, o ânimo estará renovado.

— Acha mesmo que posso ser mãe? – Seus olhos carregavam toda uma expectativa.

— Acho sim. Embora você já seja. Você é como uma segunda mãe do Theo e eu não poderia imaginar pessoa melhor. Você é um presente para nós. – Alice abraçou a amiga, sua revolta amansada.

Descansaria, quando voltasse as tentativas de engravidar, tinha certeza de que conseguiria. Agradeceu a amiga e desculpou-se com o marido. Jasper já a esperava também com as desculpas nos lábios.

Assim que Bella apagou a luz do quarto do Theo, ouviu batidas na porta. Bella parou, pensando quem poderia ser àquela hora. Logo, esperançosa, pensou se tratar de uma visita surpresa do Edward. Abriu a porta sorridente para em seguida ter o sorriso desmanchado.

— Vamos conversar. – Damon tinha a postura ereta e arrogante.

Bella recebeu um alerta sobre aquela visita. Não deveria ter aberto a porta, mas definitivamente, Damon não deveria estar ali.


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