Trilhando o Próprio Caminho escrita por Camila J Pereira


Capítulo 12
A coragem, mudanças e planos




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Repetidas e repetidas vezes, a conversa recente que tivera com o irmão voltava a sua mente. Era doloroso saber sobre a sua mãe biológica que não tivera condições para criá-la. Saber dos reais motivos sentia uma tristeza e decepção profunda. Estava sendo usada pela mulher que lhe colocou no mundo e sentia decepção por ela ter escolhido aquele tipo de vida.

— Porque está tão distraída? – Esme perguntou atenta ao estado de espirito da filha. – Rose? – Teve que chamá-la novamente.

— Sim, mãe? – Rose parecia muito perdida.

— Tem algo te incomodando, querida? – A atitude da filha preocupou até mesmo o pai que parou de se servir da deliciosa comida preparada pela esposa.

— Parece distraída. – Esme repetiu.

— Só estou pensando nos artigos que tenho que terminar. Eu acho que vou fazê-los logo. – Rose levantou-se da mesa dando um breve sorriso.

— Ah filha, come mais um pouco. Sei que isso não vai afetar no término das suas obrigações. – Como eram diferentes, esta mãe a sua frente com aquela que viu mais cedo.

— Como algo depois se der fome. – Rose pegou seu prato e o levou até a pia para lavá-lo.

Na intimidade do seu quarto, abriu o primeiro livro que viu sobre a escrivaninha. Tentou focar no que estava lendo inutilmente. Quando não aguentou mais a apreensão intensa em seu peito, discou para o irmão até que a ligação foi direcionada a caixa postal.

“Assim que estiver livre, pode me ligar? ”

Não houve resposta, mesmo depois de muito tempo esperando. Já cansada, deitou-se e rolou sobre a cama sem conseguir fechar os olhos para relaxar. Quando ouviu o celular tocando, pulou para atendê-lo. Era Edward na linha, talvez agora se tranquilizasse.

— Que bom que me ligou. – Falou baixo, mesmo estando sozinha. Não queria que seus pais a escutassem.

— Qual o problema?

— Você disse que iria cuidar das coisas. Não consegui parar de pensar do que se tratava. Não quero que se aborreça com isso.

— Tarde demais. – Falou em tom cortante. – Já me aborreci e já tomei as primeiras providências.

— Quais providências? – Perguntou não gostando muito da resposta dele. – Edward? – Rose estranhou o silencio prolongado e o soltar audível do soltar do ar dentre seus lábios.

— Fui até ela.

— Como assim? – Pondo uma das mãos sobre a cabeça, Rose tentou imaginar o cenário da situação.

— Eu disse que fui até ela e conversamos. Se aquilo foi mesmo uma conversa.

— Você foi até ela? – Cada vez mais descrente, perguntou novamente.

— Fui até a casa dela, se é isso o que quer saber.

— Como sabia onde ela morava?

— Não é tão difícil saber onde alguém mora. – Contornou, pensou que seria melhor não falar toda a verdade ainda. Rose se calou, estava remoendo aquilo.

— Então me diga como soube. – Disse corajosamente. – Me explica como você soube onde ela mora. – Edward ficou sem palavras pela abordagem direta e segura da irmã.

— Talvez não seja uma boa ideia saber sobre isso.

— Acho que já esconderam muita coisa de mim. É sobre a minha vida. Amo vocês por tentar me proteger, mas eu quero saber a verdade. – Àquela altura do outro lado da linha o seu irmão estava estupefato.

— Tudo bem. – Ainda pego de surpresa, tentou agir de maneira correta com a irmã que tinha razão sobre se tratar da vida dela. – Não foi a primeira vez que eu vi vocês duas juntas. Primeiro não lembrei de quem se tratava, não queria saber, mesmo achando a sua atitude ansiosa demais quando estavam conversando. Depois tudo voltou a minha mente e eu fiquei intrigado. Não gosto de me meter em sua vida, mas sabendo do passado dela com a minha mãe, eu...bem... Rose, entenda... – Nunca tinha presenciado o irmão ficar sem palavras com, era a primeira vez.  

— Continue.

— Eu a segui. – Disse rápido demais pedindo que não soasse tão estranho como ouviu.

Tinha sido estranho para ela também, pois a irmã estava muda do outro lado da linha. Edward só ouvia a sua respiração forte.

— E o que viu? – Rose estava emocionada, pois estava confirmando o que já sabia intimamente. Edward era uma boa pessoa e o irmão incrível que sempre quis. Mesmo que ele diga apenas que estava intrigado e que queria verificar que a irmã mais nova não estava se metendo em problemas, ainda assim, estava curioso sobre sua vida e aquilo era se importar.

— Que a sua mãe vive precariamente. É um lugar muito pobre e a casa parece estar caindo aos pedaços. Naquele dia, assim que ela entrou um outro homem a chamou e discutiram algo sobre dinheiro. Deduzi que ela ainda se envolvia nesse tipo de coisa.

— E então você escolheu não me dizer nada.

— Não falei para ninguém. – Admitiu. – Também não falei o que vi com a nossa mãe.

— Porque? – Rose estava diferente e Edward podia imaginar que a mudança se deu depois da irmã conhecer a Bella.

— Pensei que se quisesse você mesma falaria.

— Eu não falei. – Respondeu.

— Eu sei.

— E hoje, pode me falar sobre hoje? – Pediu.

— Hoje eu fui até a sua casa. Ela ainda não estava então esperei até que chegasse. – Mais uma pausa, se não o conhecesse, Rose acharia que o irmão estaria procurando palavras melhores para lhe dizer. – Resumindo, eu pedi para ela te parar de aceitar o se dinheiro e pedi que entendesse que poderia prejudicar você, envolvendo-a nesse tipo de situação. Rose, você entende que será problemático sustentar essa situação, não é?

— Eu sei, sei que fazendo isso estou alimentando os vícios dela e que posso entrar em uma encrenca ainda maior. Ela aceitou numa boa?

— Bem... Não. Por isso, acredito que ela volte a te procurar para pedir mais dinheiro. Você sabe o que é melhor, mas é a sua escolha vê-la ou não. Só não quero que isso se estenda mais e afete a mãe.

— Também não quero. – Sentiu novamente a tristeza, por saber que a sua mãe ficaria arrasada se soubesse. – Obrigada, Edward.

— Tudo bem, Rose. – De novo uma resposta quase dócil. No meio da tristeza ela teve um motivo para sorrir. – Boa noite.

Edward desligou incomodado com a forma gentil que se despediu. Sempre optou por permanecer longe, mas ali estava ele, mais uma vez se metendo. Por achar que já tinha sido tragado por todos os dramas da família, que tinha sido lesionado na alma, voltava a agir em um assunto familiar.

Theo era um garoto ainda e lutava pela mãe, ele a amava e confiava também no amor reciproco. Aquilo o fez olhar mais para si e para o relacionamento que tinha com a Esme. Percebeu o quanto estava cansado de anos relutando, resistindo ao amor maternal porque estava ferido e não concordava com as suas escolhas, da mesma forma que não concordava com as escolhas de Bella no momento.

***

— Theo, eu preciso que se concentre. Você está cansado e a mamãe também. Vamos acabar logo com isso? – Bella pediu, sentada de frente para o filho com o livro aberto.

— Estou assim porque estou entediado. – De novo aquela conversa. - O meu tédio está...

— Cem por cento. – Bella completou e revisou os olhos. Theo sorriu para a mãe mesmo sem querer, pois falava sério com ela. – Termine essa lição. – O filho relutou um pouco, mas recomeçou a escrever. – Minutos depois estendeu o livro para a mãe. – Terminei.

— Ótimo. – Bella verificou as respostas.

— Estou livre? – Disse com olhos brilhantes.

— Está sim.

— Quem será? – Bateram à porta. Theo correu na frente da mãe e abriu a porta com força. – Edward! – O menino demonstrou a alegria em vê-lo e os dois se cumprimentaram com um toque de mãos no alto.

— E aí, garoto. – Bella ainda ficava pasma como era diferente o tratamento que dispensava ao seu filho. – Eu trouxe isso aqui para você. – Estendeu a Theo um saco com uma bola protegida em uma caixa colorida.

— Uma bola nova! – Theo já estava correndo para dentro e livrava a bola da proteção com agilidade. – A mamãe disse que iria comprar uma nova e não comprou ainda. Isso faz mil anos! – Falou exagerando. Bella ainda estava parada perto da porta olhando para a pessoa ali.

— Pode me convidar para entrar?

— Sim, claro. – Disse sem jeito percebendo que havia agido estranho. Edward entrou e ajudou Theo com o seu presente.

— Vamos jogar bola juntos? – Theo perguntou já tecendo planos em sua cabeça.

— Mas é claro que sim.

Silenciosamente, Bella fechou a porta e caminhou até os dois. A bola estava sendo admirada pelo seu filho que a mostrou para a mãe.

— Olha, mãe. O Edward me deu uma bola de futebol nova.

— É linda, filho. Já agradeceu?

— Obrigado, Edward.

— Disponha. – Respondeu com um grande sorriso, pois lhe fez bem vê-lo tão feliz. Diferente da última vez que se viram.

— Obrigada, Edward. – Bella também agradeceu. – O que faz aqui? – Teve que perguntar.

— Vim trazer o presente do Theo. Mais cedo passei por uma loja e lembrei que ele participa de um clube e que gosta muito de futebol.

— Veio só por isso? – Não queria estar desconfiada, mas seu alerta estava acesso.

— Eu não te vi hoje. – Foi como uma confissão.

— Queria me ver? Porque? – Pressionou propositadamente para analisar a resposta que ele daria.

— Porque... – Edward olhou para Theo que ensaiava pequenos toques na bola no meio da sala.

— Theo, cuidado com a bola. Sabe que não pode brincar dentro de casa.

— Tô tendo cuidado. Não vou chutar forte. – Continuou animado com o novo presente.

Bella voltou a encarar Edward que parecia não querer responder. Para que tivessem mais privacidade, chamou-o para sentarem na cozinha.   

— Tem algo para me dizer?

— Não necessariamente. Eu só fiquei com vontade de vê-los.

— Nos ver? - Bella parou um segundo e como prometido a si mesma, analisando a resposta dada por ele. – Sempre visita seus amigos a noite depois do trabalho?

— Tenho poucos amigos.

— Não está tentando... – Bella parou de falar para verificar o filho ainda brincando.

— O que acha que estou tentando fazer?

— Está dando em cima de mim de verdade? – Falou sem jeito. Focou em suas próprias mãos sore a mesa e não nele.

— Sim.

— Nós conversamos sobre isso. – Disse assustada temendo que o filho ouvisse.

— Decidimos ser amigos, mas eu não disse que pararia de tentar.

— Então eu retiro o que disse sobre sermos amigos. – Disse séria.

— Espere, eu também não disse que precisaria corresponder.

— Então o que quer de mim?

— Ficar perto de você. – Aqueles olhos intensos sobre ela a intimidaram.

Bella ergueu-se de uma vez, fazendo um grande barulho ao arrastar a cadeira. Ela foi para um lado, desistiu e voltou.

— Quer beber alguma coisa antes de ir?

— Sim. – Achou divertido a maneira como tentou disfarçar a tensão e como o convidou para sair logo depois que se servisse.

— Café? Chá? Suco?

— Café. – Respondeu.

— Como prefere o seu café?

— Forte e doce. – O que foi aquele olhar novamente? Bella pigarreou e correu para se ocupar na preparação do café.

Se o objetivo dele era afetá-la com aquela maneira de agir, Edward ficaria muito decepcionado. Não tinha nenhuma intenção de demonstrar qualquer inclinação para as investidas dele. Mas algo começava a intriga-la sobre aquele homem, talvez a mudança esteja sendo real, pois Rose havia lhe contado sobre a abordagem do irmão.

Foi a primeira vez que a ouvir falar sobre a mãe biológica e o que ela sabia sobre a adoção. Rose não chorou ao contar, mesmo ficando muito triste. Ela parecia também estar mudando, parecia mais madura e menos insegura. Já o seu irmão, parecia mais empático e menos na defensiva.

— Como foi o trabalho hoje? – Olha aí, ele estava perguntando sobre os eu dia.

— Foi... Foi um dia normal. – Bella pôs a cafeteira elétrica para funcionar sem ainda olhar para o seu interlocutor. – Algumas orientações para os alunos, trabalho administrativo. Tudo normal.

— Eu ainda não havia perguntado se está gostando do novo cargo e da equipe.

— Sim, estou gostando. O trabalho flui bem... – Bella pigarreou. – Está me perguntando como o meu superior ou como um amigo? – O riso dele atiçou a sua curiosidade, então direcionou o olhar para ele. – Porque riu?

— Porque gostei muito de ter dito “como um amigo”. – A certeza de que ele não recuaria na decisão de estar apaixonado atingiu Bella em cheio. – Porque está fazendo essa cara?

— Cara? – Pegou suas xícaras e pôs o café.

— Você é expressiva. É fascinante. Lembro quando me atropelou.

— Eu não atropelei, esbarrei.

— Não se esbarra com um carro, Bella.

— A mamãe te atropelou? – Aquilo fez os dois se calarem. Theo se aproximou atento segurando a bola com carinho.

— Foi um pequeno acidente, não foi nada, filhote. – A xícara com o café estava diante de Edward que sorria discretamente.

— Ela fez um estrago na minha calça branca. O carro do seu tio Jasper estava imundo.

— Mãe, tem que ter atenção ao dirigir. Tem que pedir desculpas. – Bella cerrou os lábios, ele estava só imitando a forma como ela mesma se dirigia quando o filho cometia algum erro.

— Eu pedi, filho.  – Com os olhos em uma ameaça muda, Bella pegou o açúcar e o entregou. Edward serviu-se e parecia estar se divertindo. – Devo dizer a ele que você não me desculpou? – Disse baixinho. – Volte a brincar, Theo.

— Eu almocei fora hoje o Reitor queria conversar com algumas pessoas e quando cheguei não te vi no restaurante.

— Passou por lá para me ver?

— É claro.

— Pare com isso. – Bella sentou e tomou também do seu café.

— Sem açúcar?

— Para mim tanto faz. – Ele soltou o ar surpreso junto com um novo sorriso. Bella percebeu o quanto ele estava sorrindo aquele dia.

— Talvez eu prefira assim porque eu preciso de mais doce em minha vida. – Considerou. – Eu andei pensando. – Voltou a dizer com ar mais sério. – Alguém me disse, e eu concordo, que você não merece que ninguém te destrate ou engane.

— Quem lhe disse isso?

— Digamos que você tem bons amigos. Eu já sabia disso antes, mas como sempre fui insensível com eles também. O ponto é que, eu pensei bastante e não quero isso também. Eu errei muito com você e me senti muito mal por isso, ainda sinto, mas a minha vontade de conhecer você é ainda maior.

— Talvez não seja a hora de falar sobre isso. – Bella indicou com o olhar o seu filho na sala.

— Eu quero ser seu amigo. – Disse baixo. – E depois quero ser seu amigo e companheiro. – Bella engasgou. Tomou mais um gole de café, mas estava quente. – Edward tentou ajuda-la.

— Onde fica os copos? – Bella indicou com o dedo e depois tossiu de novo. – Aqui. – Imediatamente pegou o copo com água e bebeu em grandes goles. – Tudo bem?

— Sim. – Edward sentou-se novamente.

— Isso foi muito para você?

— Isso foi uma surpresa com certeza.

— Falamos em sermos amigos e deixar fluir naturalmente, mas talvez eu esteja te enganado, porque eu já tenho um objetivo bem definido.

— Você está louco? – Mal acreditava que o seu chefe estava ali falando aquele tipo de coisa.

— Talvez eu tenha enlouquecido um pouco.

— Esqueça isso.

— Porque?

— Edward, eu não estou interessada em romance. Não quero um companheiro. Muito menos... – Deteve-se, mas Edward já fazia uma expressão suspeita.

— Muito menos? Diga.

— Muito menos alguém como você.

— Porque fui grosso com você antes? – Edward tinha perdido toda a leveza e os sorrisos.

— Seu humor é horrível. Te acompanhar é difícil, sabe? Você tende a ter prejulgamentos e a condenar as pessoas. Como pode querer ser companheiro de alguém quando não consegue se dar bem com seus próprios pais e irmã? – Edward agora estava taciturno, olhos estreitos, lábios cerrados. Bella percebeu que tinha falado demais. – Eu não deveria ter falado isso. Desculpe-me. – Pediu arrependida.

— Não, tudo bem. – Falou não demonstrando que estava bem, pois parecia estar em seu limite. – Amigos são sinceros uns com os outros. – Levantou e encarou Bella. – Está na hora de ir embora. Garoto! – Usou toda a sua energia para soar menos tenso para Theo. – Nos vemos outro dia, está bem?

— Já está indo? Fica um pouco mais. – Theo foi encontra-lo na porta. Bella apressou-se para seguir Edward também.

— Desculpe, Edward.

— Eu já disse que está tudo. – Repetiu. – Espero que aproveite bastante com o novo presente.

— Sim. Vamos jogar juntos logo, né?

— Sim, vamos marcar. – Confirmou.

— Pode ir para o meu jogo no sábado. Jogaremos contra outro clube.

— Eu vou sim. Depois a sua mãe me passa o endereço e horário. Estarei lá com certeza. – Edward ergueu a mão novamente para que o menino batesse.

— Tchau, Edward.

— Tchau, Theo, Bela. – Acessou para Bella ainda sem jeito.

— Tchau.

***

Não podia culpa-la por pensar tão horrivelmente sobre ele. Tinha gravado aquela imagem desprezível na mente da mulher que estava interessado. Não, àquela altura ele sabia, era muito mais do que um simples interesse, estava cada dia mais envolvido, estava apaixonado.

É claro que ela não iria querer se envolver com alguém que a tratou tão mal, que lhe disse que a odiava e ainda presenciou a tensão familiar existente em sua vida. Ele que julgava anteriormente que mulheres com filhos eram uma má escolha, agora ele tinha que admitir que ele era quem parecia a má escolha.

Mesmo sabendo a pintura que Bella tinha sobre ele, não sentia vontade de desistir. Estava disposto a ser cada vez mais sincero e ser o homem que ela merecia. Porque sentia-se cada vez melhor em sua presença, porque Bella o fazia ser um homem mais leve e adorava estar com o Theo.

Bella o provocava de maneira interessante, fazia-o pensar e estar sempre afiado. Era o tipo de relacionamento que queria. Via o esforço e dedicação que ela desprendia por tudo o que fizesse. Era uma ótima amiga e uma ótima mãe, assim como ótima funcionária. Já havia ouvido falar sobre ela em outra reunião e se orgulho como se já fosse a sua mulher.

Gostaria que ela confiasse nele e para isso tinha que continuar a estar presente em sua vida e na do garoto. Era o seu plano agora e quando traçava um, se empenhava ao máximo e com perfeição. Bella, a mulher que não saia da sua cabeça, o aceitaria um dia.

— O que tanto pensa? – Emmett perguntou abrindo a geladeira do amigo.

— Na Bella. – Percebeu que o amigo parou e depois de um tempo voltou a piscar. Então hesitando, continuou a servisse da água gelada.  

— Porque está pensando nela?

— Eu não te disse ainda? – Parou para pensar se já havia tido aquela conversa com ele. – Não, você estava ocupado namorando a minha irmã.

— Você é um pé no saco. – Emmett voltou a sentar-se na sala para assistiram ao jogo daquela noite. – O que estava pensando? O que não me disse?

— Que estou interessado na Bella e já disse isso para ela. – Edward virou para ver novamente que ele estava paralisado. – Não vai dizer nada?

— Você deve estar brincando. Ou então, não deve estar bem. Talvez tenha comido algum cogumelo alucinógeno.

— Qual o motivo de querer tanto que ela me perdoasse e ter me esforçado tanto? O mesmo motivo por eu ter dado tanta atenção a ela, claro, com o direcionamento errado. O caso é que fixei nela desde o primeiro momento. Estou apaixonado.

— Eu não sei nem o que dizer. Ela é tudo o que dizia não querer.

— Eu me dei conta que ela é tudo o que eu preciso.

— Caralho. – Emmett soltou chocado. – Não tá brincando, não é?

— Não.

— Eu nem te reconheço mais. Primeiro ajudou a Rose com a mãe. E agora está apaixonado e se declarando? – Emmett de repente riu. – Ela te deu um fora, não deu?

— Sim.

— E ainda assim está rindo? Puta merda! – Bateu amigavelmente nas costas do amigo.

— Eu mereci isso e não esperava que Bella me aceitasse de cara. Ela é totalmente centrada e está focada em ser a mãe de um garoto de oito anos. Parece que é tudo o que a define agora. Ela não quer romances, mas talvez, assim como eu que dizia não querer me envolver com mães solteiras e agora descobri que essa é a mãe solteira que eu preciso. Tenho a esperança de que ela descubra que precisa de um romance. – Emmett agora ria com gosto.

— Então, está querendo dizer que vai proporcionar um romance para ela? – Estava descrente.

— É claro.

— Você? – Edward não gostou da insinuação do amigo.

— O que quer dizer com isso? Acha que eu não sou capaz de proporcionar um romance a mulher que eu gosto?

— Não sabia nem o que poderia fazer para que ela o perdoasse. Edward, sejamos francos, você nunca viveu um romance antes.

— Não é algo que eu não possa aprender. – Disse com orgulho e a certeza de ser capaz.

— Como pretende aprender?

— Aprender não é problema para mim, sempre fui autodidata. – Começou a pensar como poderia aprender o mais rápido possível a ser romântico. - Não vai ser problema.

— E se mesmo assim ela não quiser um romance? – Provocou.

— Penso nisso se acontecer. Por enquanto, o que eu vejo é uma possibilidade enorme de acontecer.

— Qual é! Ela não te deu a menor chance. – Bufou zombando.

— Está tentando se vingar de mim?

— Eu deveria me vingar? – Emmett sorriu cinicamente. – Eu comi o pão que o diabo amassou em sua mão. Por respeito me mantive longe da Rose tempo demais.

— Vai pôr a culpa em mim agora? Ainda quero que se der algo errado vocês não me metam na confusão.

— Eu espero o mesmo sobre você e a Bella. Claro, Bella pode contar comigo.

— Como é que é? – O desafiou a repetir.

— Bella é mais legal que você.

— Sobre isso eu não tenho dúvidas. – Não tinha discussão sobre este ponto. – Mas sou seu amigo.

— Ela ainda é mais legal, cara. – Emmett sorriu. – Não acredito que está apaixonado. Você disse “apaixonado” mesmo? – Frisou a palavra.

— Cala a boca.

— Então, está pronto para o combo? Como era mesmo? Ah sim, mãe solteira é um combo, ela, o filho e o pai da criança? – Emmett tentou recordar as palavras do amigo. – Eu sei que está tudo bem sobre a mãe e que você tem um lance legal com o filho, mas e sobre o pai. Já pensou sobre isso? – Pela primeira vez naquela conversa, Edward tinha ficado sem resposta. Tomou um grande gole da cerveja antes de continuar.

— Não, para falar a verdade. Nunca os vi mencionar um pai. A única figura masculina na vida dos dois parece ser o Jasper. Acho que não devo me preocupar. – Mas Edward já tinha ficado ansioso. Bella tinha sido magoada, ainda tinha uma certa mágoa ou não iria se incomodar tanto com músicas românticas. Aquilo significaria que ainda mantem um laço sentimental com o pai do Theo?

***

— Olá, Diretor. – Bella o abordou assim que o viu.

— Oi, Bella. – Analisando o rosto dele, tentou sentir se havia algum ressentimento em algum gesto, mas Edward parecia natural ao devolver o olhar com um sorriso. – Acho que é a segunda vez que fala comigo primeiro. – Ele estava contando?

— Desculpe ter sido intrometida ontem.

— Não, tudo o que falou foi a sua percepção. Aquilo que passei para você até agora. Somos amigos e amigos às vezes falam coisas duras. Foi ótimo saber como pensa, assim eu posso te mostrar agora que eu sou muito mais do que uma pessoa de humor duvidoso e com um relacionamento fracassado com a família. Por ter tido relacionamentos assim, estou empenhado em fazer o nosso dar certo.

— Edward! – Bella o chamou pelo nome sem querer e cobriu a boca.  – Não ria! – Pediu mais baixo. Que bom que ninguém estava passando naquele momento ou estaria em apuros.

— Você está linda, Bella. – Sem dúvidas aquele relacionamento seria complicado de se manter. Bella já previa uma grande dor de cabeça.


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