Trilhando o Próprio Caminho escrita por Camila J Pereira


Capítulo 11
A conversa mais longa, uma nova tia




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Naquele ponto não havia mais volta. Se ela tinha mesmo escutado as palavras que saíram da sua boca sem qualquer controle, a mulher a sua frente poderia encerrar impiedosamente aquele encontro inesperado.

Edward também parou e sem saber como se retratar ou se queria se retratar, trocou o peso do corpo de uma perna para a outra, repetidas vezes. Encará-la agora era quase impossível, estava inseguro. Mal se deu conta do que estava sentindo e deixou que isso saísse dos seus lábios em alto e bom som.

O momento se demorou, nenhum dos dois sabia ao certo como começar. Edward tentou voltar a sua racionalidade, calados, como crianças assustadas não podiam continuar. Devagar, tomou fôlego e cerrando as mãos para dar mais foco, voltou a olhá-la de frente.

— Como estão as coisas com o Theo? Ele está se comportando? – Melhor saída era direcionar a conversa para outro assunto. Deixaria os dois confortáveis por enquanto.

— Está indo bem, estamos de olho nele.

— Não está sendo muito rigorosa com ele, não é?

— Ás vezes tenho que ser. Neste caso, mesmo entendendo os motivos por ter agido daquela forma, ele também tem que entender que toda a ação dele tem uma reação.

— Está sendo rigorosa de verdade. – Edward sorriu, mas parou quando a viu vincar os olhos.

— Não sabe o que uma mãe passa.

— Eu não quis ser indelicado e intrometido.

— Mas foi novamente. – Era ela agora que o acusava. Bella estava pronta para revidar o que quer que ele dissesse, mas para o seu incomodo ele não disse nada. Aquilo era novo, cada vez mais diferente. – Eu gostaria de agradecer, embora um pouco atrasada, por ter cuidado dele e levado de volta para casa. Não sou uma mãe desleixada para ter deixado o filho fugir...

— Ei. – Edward a interrompeu. – Em nenhum momento achei que essa era a situação. Conheço o garoto a pouco tempo, mas sei que ele é esperto e cheio de atitude. Também sei que é dedicada em tudo, isso porque é uma mãe dedicada. – Ele via isso sinceramente agora depois de deixar cair dos seus olhos todas as velhas lentes que usava para enxergar as pessoas. Que usou para enxerga-la principalmente e assim, afastá-la.

— Eu não sei o que dizer quando age assim. – Bella recomeçou a caminhar lentamente. Edward a acompanhou. – Eu não sei se está dizendo o que sente agora ou se está armando alguma.

— Armando alguma? Bella, eu não sou homem para ficar armando para qualquer pessoa, muito menos para armar contra uma mulher. – Tinha ficado chateado, a sua voz estava amarrada.

— A pouco tempo disse com todas as letras que me odiava. Então, não posso pedir desculpas por pensar assim.

— Eu entendo. Eu disse que te odiava porque não estava sabendo lidar com o que estava sentindo. – Eles pararam novamente diante do rio. O vento passou forte por eles, os cabelos voaram livres. – Estou sentindo o peso não apenas pelas atitudes que tive com você, mas por ter também falado sobre a sua vida com o Theo. Foi um dos motivos por ele ter saído de casa, então saber disso, me deixa muito culpado. Não era a minha intenção agir tão negativamente na vida do garoto e quero muito compensar isso. Ele é um garoto incrível.

— Theo vai esquecer, como disse, ele é incrível.

— Mas não é bobo. – Bella sorriu um tanto triste.

— Não é. – Edward quis muito se aproximar, mas manteve-se imóvel olhando longamente para o seu rosto. Bella percebeu o olhar sobre si, mas fingiu não ver aquela outra mudança. No entanto, tinha que deixar claro o seu ponto de vista. -  O que estava escrito no bilhete...

— É tudo verdade. – Apressou-se a responder. – O que disse a pouco também. Estou realmente, realmente me...

— Edward, eu acho melhor que não repita. – Edward engoliu em seco, era o momento que seria rejeitado de novo. – Mesmo que não tenha sido um pedido de desculpas, eu te desculparei por tudo. Não quero gastar energia com esse tipo de relacionamento. Preciso de toda a minha energia para a minha vida com o meu filho.

—Está me perdoando e também me mandando ficar longe. – Constatou.

— Theo gosta de você, é mais um motivo para não cruzar a linha.

— Você está criando uma linha.

— Você a determinou primeiro. – Rebateu pelo costume.

— Estou tentando destruí-la. – Era óbvio, mas ela não aceitava.

— Melhor não. Talvez você nem saiba o que esteja sentindo.

— Duvida? – Era como se ele estivesse aceitando um tipo de desafio.

— Isso não é um desafio, Edward.

— Nem quero que seja. Você distorce tudo o que eu digo. – Defendeu-se.

— Tenho motivos.

— Sejamos amigos pelo menos. Me dê essa chance. Também gosto do garoto. – Bella pensou um pouco. O filho estava cada dia mais falando sobre o Edward, só não tinha certeza de que ele seria uma boa companhia para o filho. Até aquele momento, o Theo era quem Edward havia tratado melhor, estava claro para ela.

— Tudo bem.

 - Isso é bom. – Edward tocou no peito com uma das mãos. Não queria deixar mais do que já era que estava empolgado, até mesmo emocionado com aquilo. – Porque não sentamos em algum lugar para beber algo ou comer? – Buscou em volta algum lugar que lhe chamasse a atenção.

— Prefiro ir para casa. Theo está me esperando.

— Apenas mais vinte minutos? – Pediu.

— Edward... Eu ainda acho que está confuso. – Admitiu.

— Eu estava antes, Bella. Agora eu sei bem o que sinto por você.

— Mais um motivo para eu ir para casa. Não quero ter que voltar a isso sempre, nem ter que me retratar se fizer algo que para você pareça que estou permitindo que se aproxime desta maneira.

— Amigos bebem e comem juntos depois do trabalho. – Ele não quis, mas estava um pouco chateado com o que acabara de ouvir.

— Talvez seja melhor irmos com calma. Vamos ser amigos e fazer isso ser natural. Nós ainda nos alfinetamos e isso não vai mudar de uma hora para outra.

— Acho que não. – Foi sincero.

— Fico aliviada por ter resolvido a nossa estranheza. Não estava sendo saudável.

— Nada saudável. – Concordou relembrando aqueles últimos meses.

— Tenho que ir. – Bella tirou o celular da bolsa e abriu o aplicativo de transporte.

— Eu posso leva-la, Bella.

— Isso...

— Não se preocupe, sem segundas intenções a não ser deixa-la mais rapidamente e confortavelmente em casa para ver o seu filho. Também não ficarei insistindo em te levar todos os dias.

— Tudo bem. – Aceitaria como um ato de boa-fé.

— É um apena que tenha que voltar logo, o ambiente é agradável para um passeio longo. – Bella olhou em volta, recordou dos momentos que passou naquele lugar com o pai do Theo. – Algo errado? – Percebeu que ela ganhava um ar tristinho.

— Ah, não. – Buscou eliminar a tristeza que a assaltou de repente.

— Pareceu lembrar algo desagradável.

— Já passou. – Bella respondeu simplesmente para que não chamasse a atenção do assunto pessoal.

— Certo, vamos leva-la para casa. – Bella assentiu. - Foi a conversa mais longa que tivemos. – Disse já dirigindo de volta para casa.

— E a mais civilizada. – A viagem seguiu silenciosa, embora e Bella e seria mais tranquila se Edward não insistisse em voltar para as músicas com letras profundas.

— Acho que não gosta de músicas românticas. – Então agora ele tinha passado de um homem julgador para observador.

— Sobre o que estamos falando agora?

— Que pode ter grandes chances de não estar me dispensando apenas por eu ter agido como um ogro, mas também porque não está preparada para um romance.

— É bem estranho você se referir a si mesmo como um ogro, embora não exista outra definição mais precisa.

— Sempre mordaz. – Bella fungou sem estar arrependida.

— Também acho estranho você estar tendo esse tipo de conversa comigo.

— Precisamos ultrapassar o que vivemos e mudar a nossa abordagem.

— Tudo bem. – Bella não queria mais discutir já que parecia estar determinado.

Chegaram na frente do prédio onde estacionaram. Bella destravou o cinto de segurança e pôs a bolsa de volta ao ombro.

— Acho que foi uma boa conversa. Estamos entendidos agora, eu acho.

— Sim, estamos bastante. – Foi enfático.

— Obrigada novamente por trazer o Theo no outro dia e por esta carona.

— Foi um prazer. – Edward tocou em sua mão antes que ela saísse. – Obrigado por me dar mais uma chance.

— Tudo bem. – Bella sorriu? Foi um sorriso breve, mas sim, tinha sido um.

Os últimos dias tinham sido para ele menos confusos, mas mesmo assim, ainda tristes. Tinha se dado conta de sua intransigência e da projeção que fazia sobre aquela mulher. E depois de passar menos de uma hora juntos, ela teve a capacidade, mesmo que sem saber, de permiti-lo respirar mais fundo e ter certa esperança.

***

— Oi, mamãe. – Theo a segurou em um abraço.

— Oi, meu amor.

— Está cansada? – Sempre atencioso.

— Um pouco. Como você está? – Bella beijou o cabelo do filho e inalou o perfume que sempre a tranquilizava.

— Estou bem. A tia Alie e o tio Jas cuidaram de mim. Eles sempre cuidam. – Bella o beijou ainda mais sorrio ao ouvi-lo mais feliz como era.

— Que bom, eles cuidam mesmo de você. Obrigada, Alie. – Bella deixou o filho para agradecer a amiga que estava lavando a louça no momento.

— Quando vai parar de agradecer? – Alice não parou a atividade, Bella a abraçou por trás rapidamente. – Parece que a conversa foi boa.

— Sim, acho que sim. Estranhamente sim. – Bella falou baixo verificando que o Theo tinha voltado a brincar na sala.

— Pode falar mais sobre isso? Estive o tempo todo pensando desde que me falou sobre abordar o homem para uma conversa.

— Ele... Bem... Nós fomos ao parque e conversamos enquanto caminhávamos. – Bella não sabia como falar sobre aquela conversa. Estava tímida como nunca mais havia estado por ter interagido com alguém. – Não foi um encontro.

— Quem disse que foi? – Alice achou a reação da amiga divertida.

— Só queria um lugar público para conversamos e também que fosse distante de da universidade. Também não estávamos nos escondendo.

— Quem disse que estavam? – Alice teve que rir da Bella que se tornava vermelha.

— É que aquele papo de estar interessado e depois o bilhete. Me senti....

— Desejada?

— Não! – Bella negou veementemente. – Me senti desconcertada e com os dois pés atrás, pois o mesmo homem que me disse isso também acabou com a minha moral um tempo atrás. Agora ele vem todo cheio de lamentos e sendo até mesmo atencioso e ainda me veio com essa conversa hoje.

— Que conversa? – Alice nesta altura já tinha deixado os afazeres totalmente de lado. Bella cerrou os lábios e a amiga apontou o dedo em riste em sua direção. – Olha só, tem alguma coisa aí. Não vai me dizer?

— É que é muito ridículo.

— Por isso mesmo tem que me dizer. – Queria muito saber, achava que iria valer a pena.

 - Ele disse que está se apaixonando.

— Ele disse? Não escreveu que possivelmente estaria se apaixonando, mas ele disse, disse mesmo que está? – Sua amiga queria saber exatamente o que aconteceu.

— É, ele disse que estava se apaixonando. Não é louco isso? Talvez ele seja uma pessoa com algum problema, sabe? – Bella apontou para a própria cabeça.

— Então você deve ser também, porque não venha me dizer que não sentiu nada.

— É claro que não. – Zangou-se e fez um biquinho. Estava sendo subestimada pela própria amiga. – O que acha que sou?

— Uma mulher.

Bella aproveitou a deixa da entrada de Jasper que vinha de uma entrega. Conversaram um pouco e soube que o amigo descansaria para depois seguir para algumas horas de corrida à noite. Despediu-se dos dois e subiu com o filho para a sua próxima fase do dia pensando que mesmo sendo uma mulher, ainda era uma mãe que havia passado recentemente por uma crise com o filho e não estaria disposta a outra tão cedo.

— Como foi na escola?

— Foi bem, mamãe. – Theo discorreu do seu dia enquanto a mãe tomava banho. Repetidas vezes isso ocorria, Theo brincando pelo banheiro, ou sentado no vaso conversado sem parar com a Bella que ouvia atenta. – Mamãe, estou comportado, não é. – Theo pediu a confirmação sobre o seu comportamento assim que ela saiu do boxe.

— Sim e é como deve estar sempre. – Bella pegou a toalha e começou a enxugar-se, já sabendo o direcionamento daquela conversa.

— Sabe, eu pensei bastante e sei que errei em sair de casa. Eu até já fiz todas as lições de casa e a tarefa do dia que mandou. Será que posso jogar no meu jogo online só um pouco? – Pediu com a carinha que todas as crianças faziam quando queriam muito algo e puxavam pelo emocional do adulto.

— Eu sei que está se esforçando e que se arrependeu, mas você tem que aprender a lidar com as consequências. O que eu posso fazer é, caso continue seguindo com o combinado, diminuir os dias e te liberar mais cedo. Tudo bem assim?

— Tá bem mãe, mas estou entediado.

— Onde estão os livros que gostava tanto de ler? – Theo ficou pensativo, Bella carinhosamente o observava passando hidratante em sua pele.

— Não pode ligar para a tia Rose para ela vim brincar?

— Tia Rose? – Bella não sabia dessa novidade.

— Sim, comecei a chamar ela assim hoje.

— Decidiu hoje? Okay. Só que a tia Rose deve estar ocupada com as lições dela.

— Adultos tem tantas lições quanto as crianças?

— Muito mais.

— Mãe vai me ajudar com as minhas lições quando eu ficar adulto e ir para a faculdade como a tia Rose?  - Bella riu um pouco da ingenuidade do filho.

— Eu vou tentar, mas estará bem mais esperto até lá.

— Quando vai estudar em faculdade, não fazia parte do plano? – Ele estava bem conversador, era o efeito de ter menos distrações.

— Depois de estar mais estável no trabalho. Lembra?

— Chama o Edward então. – Bella parou de se vestir por um momento. Não esperava que o filho sugerisse aquilo apesar de estar sempre o citando depois do que havia acontecido.

— Edward é um homem ocupado. Vamos deixar isso para outro dia. A mamãe vai preparar um lanche, vamos?

Theo a seguiu, mas não parou de conversar por nenhum segundo. Bella fazia o possível para dar atenção ao filho, mesmo quando o cansaço a invadia. Era o momento dos dois e estava sempre disposta a aproveitá-lo bem.

No dia seguinte recebeu uma mensagem da Rose pouco antes do almoço. Queria se encontrar para almoçar juntas. Bella caminhou até o lugar marcado e a viu esperando com livros nas mãos parecendo agitada.

— Estou aqui.

— Oi! – Rose a abraçou. – Vamos para um restaurante que tem aqui do lado.

— Tudo bem. – Bella caminhou com a amiga que estava muito silenciosa. – Então, qual o motivo de estar tão agitada? – Perguntou depois de serem atendidas.

O local era espaçoso e mesmo assim estava cheio por causa da hora em que alunos e funcionários saiam para almoçar.

— Edward quer conversar comigo. Disse para esperá-lo depois da minha última aula de hoje que é daqui a pouco. Para ele sair do trabalho cedo e me pedir para encontrar com ele, quer dizer que é algo muito sério.

— Tem alguma ideia do que se trata? – Bella tentou ignorar seu próprio envolvimento com o irmão da amiga e focar nela.

— Não faço ideia. Assim que eu cheguei ele me ligou. – Rosie juntou as mãos sobre a mesa e nervosamente cutucava as unhas nas outras. – Eu posso contar as vezes que Edward me ligou.

— Não está exagerando, Rose? Pensando no pior? – Bem, Bella viu várias e várias vezes o pior lado daquele homem, ela sabia que poderia acontecer. – Você mesma sempre diz que ele é uma boa pessoa.

— É que ele pareceu muito sério, Bella. Eu não quero que ele brigue comigo.

— Se ele brigar você tem duas alternativas: deixar que entre por um ouvido e sair pelo outro ou revidar.

— É verdade. – A amiga sorriu um pouco. – Sabe, acho mesmo que estou exagerando. Acho que estou nervosa pelo fato do meu irmão ter me ligado e pedido esse encontro.

— Aproveite esse momento para ter uma conversa franca com ele. Talvez, Edward esteja pronto para resolver as pendencias entre vocês.

— Adoraria ter uma conversa franca com o meu irmão, mas também me sinto ansiosa pensando sobre isso.

— Aja da mesma maneira que agiu com o Emmett. Deu resultado, não foi?

— Sim. – Concordou.

— Quero que fique feliz, pois foi promovida a tia do Theo. Ele agora te chama de Tia Rose. – Rose abriu um largo sorriso.

— Sério?

— Ele disse que decidiu. – Bella deu de ombros.

— Oh, meu Deus. Fiquei tão feliz com isso! – Bella também ficou feliz ao vê-la sorrindo.

***

Edward não queria ver aquela cena logo cedo. Tinha estacionado o carro e viu em um dos bancos da parte externa do prédio, a sua irmã mais nova conversando com uma mulher mais velha tão loura quanto ela. Rosie estava cabisbaixa e frágil como fazia tempo não a via. Tirou da bolsa um envelope branco fechado e entregou a mulher que a abraçou fervorosamente e se despediu sem olhar para trás. Rose continuou ali parada mesmo depois que não se podia mais ver aquela mulher.

Assim que entrou em sua sala, ligou para ela antes que começasse as aulas. Rosie atendeu com a voz embargada, talvez estivesse chorando em algum canto. Todas as vezes era assim e nunca aquela repetição tinha fim.

— Rose, quando terminam as suas aulas do dia? – Foi direto.

— Por volta das 15hs. – Sem entender do que se tratava respondeu mesmo assim.

— Ótimo, vou me organizar e sair esse horário. Me encontre no estacionamento.

— Tu-tudo bem. – Era uma surpresa.

— Até mais tarde. – Seu irmão desligou e a deixou a pulga atrás da orelha.

Na hora do almoço, mesmo com os tatos convites, resolveu ir ao restaurante interno, mas mesmo demorando-se em longas conversas não viu Bella em lugar algum. Na volta para a sua sala, fez o caminho que passava pelo escritório onde Bella trabalhava e talvez pela força do seu pensamento esbarrou com ela conversando com a Elena no corredor.

— Boa tarde, senhoras. – Edward as cumprimentou parando diante delas.

— Boa tarde, Senhor Edward. – Bella estava sendo formal, ele mesmo tinha começado, mas já não gostava daquilo.

— Tudo bem, Edward? – Ela perguntou extremamente interessada e feliz em tê-lo encontrado.

— Sim, Elena. Como vai você?

— Melhor agora. – Bella não havia percebido como a chefe era bastante atirada.

— Como vai, Bella?

— Muito bem. – Sem perder a postura respondeu de maneira natural.  

— Bella, pode entrar e começar da forma que conversamos, tudo bem? Entro em seguida. – Edward ficou desapontado.

— Até mais. – Ela acenou levemente e entrou na sala.

— Acabei de ver a sua irmã. Ela está mais linda do que nunca. – Bella conseguiu ouvir antes de entrar.

Desanimado, Edward fingiu lembrar-se de um compromisso e se despediu de Elena. Sentado em sua sala pensou que poderia ter mais alguns minutos com Bella em alguma hora depois que conversasse com a irmã.

“Queria ter conversado um pouco mais com você. ” Enviou a mensagem para ela.

“Sobre o que? ”

“Gostaria de saber como está. “ Um amigo poderia perguntar isso. Bella não estranharia, mas parece que estranhou, pois digitou por duas vezes e desistiu.

“Está indo se encontrar com a Rose logo mais? “ Melhor tática como sabia, era mudar de assunto.

“Ela já falou sobre isso? O quão amigas estão? “

“Muito. “ – Porque sorriu com aquilo?

“Quando seremos assim também? “ Estava sendo ousado enviando aquela mensagem, mas arriscou.

“Tenho que trabalhar. Até mais. “ Claro, Bella, pensou.

“Até. “

Alguns minutos antes das 15 horas, arrumou a sua mesa e se despediu da secretária. Seguiu até o seu carro e esperou pela irmã. Não conseguiu evitar de passear pelas lembranças de ver Bella esperando por ele no dia anterior.

— Oi, Edward. – Rose entrou e o cumprimentou.

— Oi. – Rose relutante encarou o irmão que estava pensando seriamente sobre algo. Parecia pior do que ela imaginava. – Vou te levar para casa. – Sem dizer mais nada, tirou o carro da vaga e seguiu viagem.

Edward estacionou perto da casa dos pais e recostou-se no banco. Um vinco profundo estava em sua testa e aquilo assustava um pouco a irmã.

— Chegamos. – Disse sem saber o que poderia falar naquele momento.

— Sabe que não suporto quando se mete em problemas.

— Eu sei. – Rose respondeu obediente.

— E sabe que eu gosto menos quando se deixa ser fraca. Isso é irritante, eu me sinto irritado com isso.

— Eu não sou fraca. – Rose rebateu lembrando-se dos conselhos da amiga. – Não sou.

— Então porque ainda está deixando aquela mulher explorá-la? É divertido para você? – Perguntou sério.

— Mulher? – Tentou entender do que se tratava.

— Sim, Rose. A sua mãe biológica. – Rose soltou o ar descrente.

— Você viu. – Tinha sido vencida.

— É, infelizmente eu vi. E sei muito bem o que aconteceu, assim como sei que isso acontece várias vezes durante o ano por muito tempo. Eu só fingi não saber porque não está querendo dar importância aos seus dramas e ao da nossa mãe. – Foi sincero.

— Como pode saber? – Perguntou insegura.

— Acha que sou tonto? – Edward havia presenciado outras cenas e mesmo agindo o contrário do que sempre pregava, decidiu investigar aquilo. – A sua mãe apareceu para você depois de todo esse tempo, lambendo as feridas.

— O que?

— Rose, acho que temos que conversar seriamente sobre isso. – Edward pausou para ter certeza de que estava sendo ouvido com atenção. – Você sabe muito bem que a mamãe gostou de você desde o primeiro contato e quis tê-la como filha, por isso te adotou.

— Eu sei disso.

— Não sei do quanto se lembra do convívio com a sua mãe biológica, mas ela... Ela não era uma pessoa confiável. – Tentou buscar uma maneira mais leve para dizer aquilo. – A sua mãe, fazia qualquer tipo de coisas ilegais. Ela deve dizer que tem dívidas, e as tem também, por isso pede quantias altas toda vez que se comunica, não é?

— Eu... Edward... Eu... – Rosie tinha sido realmente pega.

— Tudo o que quero é evitar que a nossa mãe sofra por causa disso quando descobrir.  O que tem que fazer é se afastar dela, não estou dizendo isso para que sofra, mas Rose, talvez pense que tenha algum tipo de dívida por causa da ligação biológica. No entanto, está se envolvendo com uma pessoa envolvida...

— Envolvida? – Rose quis saber.

— Olha, ela é viciada em jogos e deve a agiotas.

— A nossa mãe sabia disso?

— Claro que sim. Era um assunto proibido para você, mas olha só. Aqui está você se encontrando com ela durante meses.

— Ela dizia que estava com problemas, que não encontrava emprego.

— Ela perdia empregos porque dava mais importância a emoção dos jogos. E depois de começar a praticamente ser sustentada por você, acha que vai se incomodar?

— Porque nunca me falaram sobre isso? Sempre diziam que ela passava por dificuldades que não teve boas oportunidades.

— Porque uma mãe não fala toda a verdade para um filho? Porque pensa que assim está protegendo. – Rose tinha entendido, podia perceber em seu rosto. – Agora que ela tem o que quer, passará um tempo sem te procurar, não é?

— Sim, geralmente ela some. – Disse baixo e triste.

— Tudo bem. Não precisa falar a nossa mãe sobre isso. Também não direi nada, então apenas esteja atenta agora. Eu vou cuidar do resto. – Rose mal acreditava que havia ouvido aquilo do irmão.

— Porque está fazendo isso?

— Eu já disse, a nossa mãe ficaria triste. – E ele tinha decidido depois de ver a Bella passar por tudo aquilo e reviver a sua própria história, ser mais gentil com a mãe e parar de tentar odiá-la.


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