Encantos & Desencontros escrita por Maitê Miasi


Capítulo 3
Capítulo 3




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“Será que naquela noite a luz da lua era tua

E agora preciso dessa luz para minha noite escura.

Ainda não te esqueci, mas tento

Ainda sinto frio quando escuto tua voz

E como fazer pra te arrancar depois de te beijar

 E de fazer tantas vezes, mas tantas vezes, o amor com você

Ainda não te esqueci, ainda não, mas te esquecerei.”

Río Roma – Todavía No Te Olvido

****

No mesmo instante, o coração de Maria disparou. Não podia acreditar que via aquela pessoa que há anos destruira sua vida. Tinha vontade de sair correndo, gritando e pegar o primeiro vôo, não para os Estados Unidos, mas para outro planeta. Tudo o que mais queria era que a imagem daquele ser a sua frente fosse uma miragem, uma ilusão, mas não, era realmente Estêvão San Roman, em carne, osso, e muito charme, não podia negar.

Uma respirada com calma bastou para que a mulher com classe viesse à tona, pois, mais que nunca, precisaria dela, não era hora de vacilar, não ia expor seu passado negro na frente das filhas. Por mais que soubesse de toda a história, Cláudio não sabia quem eram os protagonistas da humilhação que a esposa passou, Maria fez questão de não dar nomes, Cláudio, contudo, respeitara.

Fabíola, que não estava presente quando eles apareceram, chegara até onde estavam às visitas, e seus olhos quase saltaram quando avistaram a figura a sua frente.

— Maria?! – Fabíola se aproximou ainda mais para ter certeza que a pessoa que estava a sua frente era quem pensava ser.

— Espera aí, vocês se conhecem? – Cláudio perguntou olhando para os três, meio perdido.

— Hum – Maria, nervosa, e um pouco trêmula, procurou as melhores palavras para dizer, de modo que não se atrapalhasse nelas – Estêvão é um colega da época da escola, e Fabíola – olhou o marido – é minha irmã.

— Ah Fabíola, mil desculpas! – Fitou a cunhada, e segurou as mãos da mesma. – É que nos vimos poucas vezes, e você mudou tanto, eu não te reconheci.

— Tudo bem, afinal, são mais de vinte anos, não é. – Riu, e olhou para as gêmeas. – Essas só podem ser minhas sobrinhas.

— Eu sou a Giovana.

— E eu sou a Juliana.

As meninas se apresentaram com um sorriso cordial.

— Maria, como você consegue discernir quem é quem? Elas são idênticas! – Exclamou deslumbrada.

— Somos muito parecidas, mas só fisicamente, porque Juliana e eu não nos parecemos em nada. – Giovana adiantou.

— Sim, e eu fico muito feliz por isso. – Juliana acrescentou.

As meninas se olharam com aversão, algo bem normal entre elas, mas logo o pai as olhou, e elas entenderam o recado.

— Bom, o jantar já está na mesa, vamos?

Fabíola os convocou assim que a empregada lhe avisou.

Maria e Estêvão ficaram a maior parte do tempo calados, apenas se encaravam discretamente. O marido e as filhas em momento algum desconfiaram que houvesse algo mais entre ambos, e Fabíola os observava de forma imperceptível, pois sabia o que Maria significara para Estêvão, mesmo depois da canalisse que o mesmo cometera.

— Então quer dizer que os Estados Unidos é melhor que o Brasil, Maria? – Depois de algum tempo a mesa, Estêvão finalmente dirigiu a palavra a Maria.

— Não digo o país, mas talvez as pessoas sejam melhores que aqui – ela o olhava com um olhar impenetrável – elas são mais humanas, me entende?

— Acho que sim. – Respondeu num suspiro pesado.

A conversa ainda seguiu bastante animada, menos por Estêvão e Maria, que ainda continuavam se encarando, só mesmo Deus sabia o que se passava na cabeça de cada um. O falatório só parou um pouco quando o belo jovem Henrique chegara a casa, e então, a sala de jantar.

— Oi pai, oi mãe. – Ele foi até os dois, e os beijando. – Não sabia que estavam com visitas – se acomodou à mesa – boa noite visita dos meus pais. – Os saudou brincando e rindo. Seus olhos logo encontraram os olhos doces de Juliana, que, envergonhada, desviou sua visão da dele.

— Se você parasse um pouco em casa, saberia. – Fabíola o repreendeu.

— Não sabia que tinha um filho, Fabíola. – Olhou a irmã.

— Na verdade eles não são meus pais biológicos. – O jovem adiantou deixando os demais de olhos arregalados.

— Henrique é meu sobrinho – Estêvão começou – minha irmã e o marido morreram quando ele ainda era bem pequeno, e como Fabíola não poderia ter filhos, enxerguei isso como uma oportunidade que a vida estava me dando de realizar meu sonho de ser pai. – Esclareceu.

— Eu sinto muito Fabíola. – Maria se compadeceu pela situação da irmã. Sabia o que as filhas significavam para si, e não sonhara com a hipótese de sua vida sem as tais.

— Não precisa Maria, eu já me acostumei com a ideia, e além do mais, Henrique é como um filho pra mim, e eu me realizei nele.

O bate papo ia e vinha, e por fim o jantar tinha se encerrado. Todos já se encontravam no hall, já se despendindo dos que ficariam.

— O jantar foi ótimo Estêvão, mas temos ir, ainda estamos bastante cansados da viagem. – Disse Cláudio apertando a mão do sócio.

— O prazer foi todo meu, meu amigo. – Estêvão sorria receptivo.

Enquanto ainda rolava a conversa entre eles, Maria se afastou do grupo para atender seu celular que tocara, mas não percebeu que Estêvão a seguira. Os demais não notaram a ausência dos dois.

— Oi meu amor – ela estava de costas, e não vira que Estêvão escutava sua conversa, ela – tô morrendo de saudades, e você sabe disso... Promete que não demora pra vir me ver?... Tô doida pra ficar bem grudadinha com você fazendo um cafuné – ela ria em todo momento – vê se não deixa de ligar, hein... Tudo bem, também te amo muito viu, tchau meu bem!

Ela encerrou a ligação sorrindo, e quando se virou, deu de cara com Estêvão, e se assustou.

— Ficou louco? Desde quando tem o mau hábito de ouvir conversas alheias? – Se exaltou, porém sua voz continuava amena.

— Seus familiares sabem que você não é a santa que aparenta ser? – Acusou.

— E o que você tem com isso? – Ela ia saindo, mas ele segurou seu braço. – Me solta! – O olhou com sangue nos olhos.

— Eu posso abrir o jogo pro seu marido. – Ameaçou.

— Eu não acredito que tô ouvindo isso – riu incrédula – será que dá pra me soltar de uma vez? – Ela puxou seu braço, sem sucesso. – Meu marido e minhas filhas estão a minha espera.

— Meu marido – repetiu com desdém – pra quem dizia a todos os ventos que me amava, até que você me esqueceu bem rápido.

— Não seja ridículo, Estêvão – mais uma vez tentou se soltar, e mais uma vez fracassou – você se acha mesmo no direito de falar uma coisa dessas pra mim? Agora dá pra me soltar? – Ela quase gritou.

— Espera Maria – a trouxe um pouco mais para si, mas mantinham uma certa distância – nós temos um assunto pendente.

— Nós não temos nada pendente! O que aconteceu no passado vai ficar no passado, e você não ouse trazer essa história à tona! Com licença.

Maria se soltou dele o fuzilando com os olhos, e saiu marchando até sua família.

...

Já em casa, ou melhor, no pequeno apartamento, eles ainda trocaram algumas palavras antes de se recolherem, as mulheres na verdade, pois assim que entrara, Cláudio fora logo para o quarto.

— Ai, ai, eu super entendo minha mãe, imagina que sonho passar vinte e cinco anos sem ver você, Juliana. – Ela disse jogando seu casaco no sofá sentando-se, as outras fizeram mesmo. – Só não seria tão bom pra você né, ficar sem mim, já que sou a mais popular, mais admirada e mais bonita. – Ela era só elogios para si.

— Mais bonita? – Estava desacreditada. – Nós somos gêmeas univitelinas! – Falou em alto e bom som, Maria riu. – E outra, não faço questão nenhuma de ser como você, garota fútil.

— Quem é fútil aqui?

— Você, ora.

— Ei, podem ir parando!

As duas se aquietaram, e após pouco tempo de silêncio, Juliana tornou a falar.

— Eu mal me lembrava que você tinha uma irmã mãe, você quase não falava dela.

— Digamos que a relação com a minha irmã não era muito cordial.

— E depois quer que Juliana e eu nos demos bem. – Respondeu olhando para as unhas bem feitas da mão esquerda.

— É bem diferente tá mocinha! Fabíola fazia de tudo pra me provocar, agora, eu não vejo essa reação da sua irmã. – Declarou com voz firme.

— Isso é verdade. – Juliana concordou, e a irmã dera de ombros.

— Ela é muito bonita né. – Giovana comentou depois de uns minutos quieta.

— Sim, desde sempre foi e é bonita. – Maria confirmou a afirmação da filha sem nenhum ressentimento contra a irmã, fora sincera.

— Também, com tanta plástica, e procedimento cirúrgico, quem não seria? – Juliana comentou sarcástica, e fez Maria rir.

— E como você sabe? – A irmã perguntou com a testa franzida.

— Dá pra ver de longe que aquele peito não é natural e que ela fez inúmeras plásticas.

— Mas isso não tira a beleza dela, ok?

— Pode ser, mas minha mãe é muito mais bonita sem precisar de nenhuma cirurgia. – A menina mimada fizera uma declaração antes de ir para o colo da mãe, que a recebeu com carinho, surpresa com o comentário da filha.

— Nossa, que milagre ouvir um elogio desses da minha filhota! – Beijou a filha em seu colo.

— Ah mãe, pode ir parando, nunca escondi que te acho linda, e que, inclusive, você já ganhou várias vezes no campeonato de mãe mais bonita da escola.

— É, isso é verdade.

Juliana concordou consentiu com a afirmação da irmã. Elas ainda ficaram durante um tempo conversando na sala sobre o jantar antes de irem para seus quartos, e então logo se renderam ao sono que sentiam devido à viagem e o fuso horário.

— Pensei que já tivesse dormido. – Maria disse ao se deitar e se dar conta que o marido estava acordado.

— Estava te esperando. – Ele estendeu o braço para que ela o fizesse de travesseiro.

— Eu estava conversando um pouco com as meninas.

— Coincidência meu sócio ser o seu cunhado né. Até que não é ruim, estamos em família.

— Pois é.

— O que foi? – Notou sua falta de ânimo.

— É só cansaço mesmo.

...

Distante dali, alguém não conseguia dormir, apenas ficava a pensar no jantar, ou em uma convidada especial.

Estêvão nunca negara para si que sentia falta de Maria, de que sempre fora alvo do seu amor, mas sentia-se um completo idiota por ter caído na lábia dos amigos. Mesmo guardando seu amor dentro de si, ele entendera que nunca mais a teria, que nunca mais a veria, e se casou com sua irmã para tentar dissipar aquele sentimento profundo, e tinha dado certo por todos aqueles anos.

Mas então Maria retornou, fazendo todo seu mundo girar, fazendo todos seus sentimentos escondidos virem à tona. Um reboliço tomou conta dos seus sentidos fazendo-o ficar um tanto desnorteado, coisas que ele pensava terem morrido, na verdade estavam só adormecidos, e agora, acordaram com toda a força.

— Como você está agora que sua querida Maria está tão perto?

Fabíola saiu do banheiro do quarto vestida de um roupão branco, e sentou-se frente à penteadeira, e, penteando suas madeixas, iniciou um diálogo.

— Não tô entendendo sua pergunta Fabíola. – Ele abaixou seu livro, interrompendo a leitura, como se realmente estivesse focado nela.

— Ah não? – O olhou atravéz do espelho. – Você acha que eu sou boba, né Estêvão? – Se virou para olhá-lo. – Acha que eu não percebi que você não parava de olhar pra ela?

— Ah, faça-me um favor, você tá vendo coisas onde não têm! – Vociferou.

— Claro, eu tô maluca mesmo, né. Você acha que eu não sei que você nunca a esqueceu?

— Por Deus Fabíola, como pode dizer uma tolice dessas? Eu estou casado com você, dá pra entender?

— Como se isso fosse suficiente. – Ela riu. – Eu só vou dizer uma vez: eu não aceito ser trocada por ela! – Depois de dar o veredido, ela voltou para o espelho, deixando-o ainda mais pensativo.

...

A família estava reunida para o primeiro café da manhã longe de casa, ou na nova casa temporária. Como sempre, eles seguiam conversando bem animados.

— Bom, a conversa está ótima, mas tenho que ir me adiantando, pois é meu primeiro dia de trabalho! – Disse Cláudio animado.

— Também estou indo – Maria limpou sua boca com um guardanapo – e vocês, não aprontem, por favor. Se forem sair, deixem o celular ligado e no volume máximo, porque vocês têm essa mania de deixar o celular no silencioso, e quando eu preciso falar, vocês não atendem.

— Mãe, por favor né, temos vinte anos, não somos mais crianças. – Giovana adiantou, detestava ser tratada como criança pela mãe.

— Sim, mas é a primeira vez que vocês vêm para o Brasil, portanto, não conhecem nada, então, não discuta comigo.

— Pai! – Olhou para o pai, pedindo que ele fizesse algo a respeito.

— Não discuta com sua mãe. – Deu de ombros e os três riram.

O casal seguira por caminhos diferentes, enquanto Cláudio se dirigia para a empresa San Roman, Maria seguia para a Casa de Modas Maria Zilda, que era uma empresa voltada para lingeries, onde já trabalhava antes de voltar para o Brasil, mas ao voltar, recebera um cargo mais alto, designer chefe, uma proposta irresistível.

Chegando ao local, como de costume, Maria chamou todas as atenções para si. Ela era conhecida no ramo onde trabalhava como uma grande e excepcional estilista. Apesar de todos os olhares, ninguém tivera a coragem de trocar qualquer palavra sequer com ela, muito mal respondiam o “bom dia” deixado por ela, de tão embasbacados que estavam. A bela mulher continuava seguindo seu caminho, dando alguns risinhos discretos, até a sala onde indicaram que ela devia procurar ao chegar.

— Bom dia! – Disse ao entrar, encontrando sua irmã acompanhada de um homem bastante alegre.

— Eu não acredito que estou vendo essa deusa na minha frente! – O homem correu se ajoelhou na frente de Maria. – Nossa Senhora dos Croquis, obrigada por me proporcionar esse momento tão divino – ele olhou para Fabíola – Fabi, ela é ainda mais linda do que nas revistas.

Maria ficara sem reação diante do homem ajoelhado a sua frente, somente queria rir.

— Jacque, por favor, menos, e você – fitou Maria – o que ta fazendo aqui?

Fabíola estava assentada em sua mesa analisando, junto com o amigo, alguns papéis. Jacques se levantou, mas ainda babava em cima de Maria, que fora até Fabíola.

— Ué, pensei que avisaram sobre a minha chegada.

— Espera aí, vocês se conhecem? – Jacques perguntou sem acreditar na hipótese.

— Maria é minha irmã. – Disse em o menor ânimo, olhando para qualquer coisa, menos para ele.

— Eu não acredito! Como assim você é irmã dessa deusa e nunca me disse nada? – A fisionomia de Jacques mudara totalmente enquanto encarava a amiga.

— Ué, você nunca me perguntou. – Disse simples.

­— Ora Fabíola, isso que você fez é imperdoável!

— Espera aí, você é a nova designer chefe? – Após ignorar o xilique do amigo, Fabíola pôs-se a averiguar e viu que realmente era da irmã que se tratava a pessoa portadora do cargo, e logo depois a olhou sem ter o que dizer.

— Se realmente lesse as coisas, não seria surpreendida. – Ergueu as sobrancelhas com muita vontade de rir.

— Era tudo o que queria, poder ver esse ser angelical todos os dias, meu sonho de consumo. – Jacques se derreteu a olhando de pertinho.

— Por favor Jacque, nos dê licença. – Um pouco contrariado, ele acatou o pedido de Fabíola, e saiu, beijando a mão de Maria, deixando as duas a sós. – Tudo o que você queria né, voltou roubando todas as atenções.

— Sério Fabíola? Pensei que demoraria um pouco mais pra mostrar sua insatisfação quanto a minha presença, já que ontem estava tão amável. – Comentou com uma pitada de deboche.

— Ah, por favor Maria, não vamos fingir que estávamos morrendo de saudades uma da outra, eu não estava com saudades de você e nem você de mim. Sejamos realistas.

— É, talvez tenha razão. Mas respondendo ao seu questionamento anterior, eu não queria estar aqui, e também não sou culpada por ter um cargo maior que o seu. – Provocou.

— Vai querer o Estêvão também? – Foi curta e grossa.

Maria riu.

— Do seu marido eu só quero distância, pode ficar tranquila tá, não tenho e nem terei o menor interesse nele, bom, agora me dá licença que eu tenho que atender essa ligação.

Maria saiu da sala deixando sua irmã irritada, e fora para um lugar mais reservado para atender a ligação do marido.

— Oi meu amor, algum problema?

— Não querida, só queria que você me encontrasse, pode ser?

— Sim, mas posso saber pra quê?

— Já vai saber, vou te mandar o endereço por mensagem, e te aguardo.

Logo que encerrou a ligação recebeu a mensagem do marido com o endereço. Curiosa, logo se dispôs a ir encontrá-lo.

Chegando ao endereço, ela adentrou pelas portas, e pôs-se a admirar a bela casa, vazia, mas ainda assim muito bonita. Não demorou muito, e avistara seu marido acompanhado por Estêvão.

— Oi. – Deixou um selinho nos seus lábios. – O que ele tá fazendo aqui? – Cochichou com o marido olhando Estêvão de soslaio.

Antes que o marido respondesse, teve que sair para atender uma ligação, deixando então, os dois a sós.

— Agora vai ser assim, onde um estiver o outro vai estar tambem? – Foi um tanto agressiva.

— Eu só vim ajudá-lo na escolha da casa que vocês vão morar. – Disse simples sem se importar com a agressividade dela.

— Tenho certeza que meu marido saberia fazer muito bem isso sozinho.

— Eu não tenho dúvidas disso, mas essa casa era minha, e... Sabe como é né. – Estêvão portava um tom de voz descontraído, talvez para provocar um pouco a mulher a sua frente.

— Espera aí, esse é o condomínio e o mesmo onde você mora, não é? – Indagou.

— Sim, minha casa fica a duas casas daqui.

— Ótimo, não poderia ser melhor. Sua vizinha? A melhor notícia do dia! – Ironizou. – Então eu já vou indo, não tenho mais nada o que fazer aqui, ainda mais tendo você como companhia.

Maria ia se retirando, mas Estêvão a segurou pelo braço, e trazendo-a para si, ficaram perigosamente próximos.

— Tô começando a achar que você gosta disso, sabia. – Foi irônica, tentando abafar seu nervosismo. Ela se referia ao fato de ele sempre segurar seu braço, impedindo sua passagem.

— Você não pode ir agora. – Disse ignorando seu comentário anterior.

— E por que não? Vai me impedir? – Seu coração acelerava sentindo o hálito fresco de Estêvão.

— Não – a soltou, a muito contragosto – mas você tem que assinar uns papéis, seu marido vai colocar a casa no seu nome. Era pra ser uma surpresa.

Nesse ínterim, Cláudio voltou para junto dos, que se ajeitaram sem deixar transparecer o nervosismo.

— Podemos? – Cláudio perguntou.

Estêvão tirou os papéis de uma pasta, e assinou o que cabia a ele. Feito a sua parte, deixou os mesmos a disposição do futuro dono.

— Meu amor – rodeou seu braço em sua cintura – você vai assinar os papéis, essa casa será sua, um presente meu.

Maria se separou de Cláudio e logo assinou os papéis, um tanto ríspida. Ela segurou os mesmos em sua mão direita, e soerguendo, deixou suas últimas palavras:

— Assinado, parabéns pelo grande negócio Estêvão.

Jogando o documento no lugar de origem, ela saiu andando bastante irritada, deixando o marido encucado com sua reação.


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