Nem sempre Mariana tinha o privilégio de trocar mensagens com seu amigo. As responsabilidades de uma universitária na reta final da graduação lhe roubavam noites inteiras. Listas de exercícios, pesquisas para o TCC, além dos problemas pessoais, que não eram poucos. O fone de ouvido era o escudo contra circunstâncias as quais não poderia mudar apenas com seu simples querer. A música alimentava a sede de dias melhores. Letras profundas, que dialogavam com o mais íntimo do seu ser, que seu querido havia lhe apresentado, mais especiais do que nunca.

Para Luís, uma noite sem a companhia de Mariana era uma tortura. Até as horas faziam troça dele, passando devagar. Conhecer a fundo a moça que se sentava à sua frente lhe dava uma perspectiva real do que esperar. Era mais do que uma simples atração, do que o desejo de possuir para se vangloriar aos amigos. Inquietava-o, a intensidade daquele sentimento que crescia noite e dia, ainda que ela não desconfiasse de que seu correspondente estava literalmente à sua frente.

Com palavras despia as camadas mais fundas de um âmago até então desconhecido. Ela não fazia ideia de que o maior segredo dele lhe fora confiado: nunca havia beijado ninguém.