Amazing Grace escrita por Val Rodrigues


Capítulo 13
Epilogo




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Pov Manoela

Olhei ao redor, apreciando o fato de estar em casa novamente, me sentindo mais viva do que nunca. Coloquei Kaio no berço enquanto esperava Nathan sair do banho.

A campainha tocou e eu me apressei em abrir, não querendo que o barulho interrompesse o sono dele. Megan surgiu em nossa porta com uma sacola em mãos.

— Megan. Disse surpresa a abraçando feliz por vê-la. 

— Manoela. Não sabia que estava aqui. Respondeu surpresa.

— Chegamos a pouco. Expliquei. 

— Que bom que voltaram. 

— Também acho. O que é isso? Perguntei apontando a sacola em mãos.

— Minha forma de garantir que seu marido se alimente. 

— Ele não estava comendo? Perguntei lhe dando passagem e fechando a porta atrás de nós.

Ouvi Megan respirar fundo, antes de me encarar novamente.

Quando o fez, sua expressão mostrava muitas coisas, e em nenhuma delas parecia ser boa.

— Olha Manoela, você sabe que eu gosto muito de você, mas eu preciso te dizer uma coisa mesmo que Nathan fique bravo comigo depois. _ Começou e eu acenei concordando. _ Você não devia ter se afastado assim. 

— Megan, eu estava passando...

— Passando por um momento difícil, eu sei. _ Me cortou. _  Eu não estou menosprezando, nem tentando diminuir o que passou. Mas, no meio de tudo isso, você esqueceu de pensar no seu marido, na sua família, na sua casa. Meu irmão ficava o tempo todo buscando razões que te impediam de voltar para casa a ponto de pensar que você não o amava o bastante para voltar. De que ele não valia o suficiente para você.

— Ele nunca me disse. Me defendi sem pensar. 

— Alguma vez você o perguntou como ele se sentia com sua ausência? Ela perguntou e me dei conta de que nunca havia feito isso.

— Eu precisava deste tempo Megan.

Falei incomodada com suas palavras, tentando explicar meus motivos.

— Eu sei. Mas isso não te dava o direito de ignorar os sentimentos do meu irmão. Me desculpe, mas eu precisava te falar isso. Nathan sempre tentou te superproteger e você se acostumou a tê-lo sempre a disposição. Um conselho de amiga Manu. Tenha cuidado, uma mulher sabia edifica seu lar. Uma hora ele pode cansar de lutar o tempo todo por você.

— Porque está me dizendo isso?

— Eu já falei demais. Estou indo embora. Disse me estendendo a sacola que eu peguei em silencio.

As palavras dela me atingindo em cheio. Girei no lugar quando ouvi o baque da porta sendo fechada e caminhei ainda aérea trancando a porta.

Após uma ultima olhada em Kaio, segui para o meu quarto. Nathan saiu do banheiro usando uma bermuda de malha e secando os cabelos com a toalha.

— O Kaio dormiu? Ele perguntou quando me viu.

— Sim. Respondi.

As recentes palavras de Megan martelando em minha mente. 

— O que foi? Perguntou ao me ver parada a olha-lo.

— Eu nunca perguntei. _ Comecei. _ Como foi para você Nathan? Como você se sentiu nestes últimos dias?

— Por que quer está perguntando isso agora? Falou passando só por mim e pendurando a toalha, visivelmente incomodado. 

O segui, me aproximando. 

— Por que eu quero saber.

— Não faz diferença Manu. O importante é que vocês estão aqui agora.

— Faz diferença para mim. _ Expliquei, soltando o ar com força. _ Me desculpe. Eu não parei para pensar em como seria para você ficar sozinho aqui. 

— Isso é passado, não temos porque falar disso.

— Mas eu quero saber. Insisti. 

— Para que? Devolveu com firmeza.

— Por que é tão difícil assim falar sobre isso?

Revidei com outra pergunta impaciente pelas suas tentativas de fugir do assunto.

— Por que estas semanas sem vocês dois aqui foram horríveis. Porque eu vi o tempo passar lentamente, suportei o silêncio da casa vazia, passei noites inteiras no sofá porque era difícil dormir na cama sem minha esposa ao meu lado. Por que eu acordei no meio da noite várias vezes pensando ter ouvido o choro do Kaio e só então me lembrava que ele não estava aqui.

Enumerou se alterando.

— Por que não me falou nada? Devia ter sido honesto em como se sentia.

— Porque? Você teria voltado antes? Perguntou me pegando de surpresa. 

— Talvez. _ Murmurei. _ Eu não sei, mas devia ter me contado. 

— Você já tinha coisas demais na cabeça para se preocupar.

Explicou como se tudo aquilo pudesse ser resumido nestas simples palavras. E ali eu percebi, Nathan faria de tudo por mim. Por que ele me amava. E estava na hora de começar a retribuir este amor a altura do que ele merecia. 

Suspirei, me aproximando devagar e o abracei, deixando seu cheiro invadir minhas narinas. 

— Eu gastei todo este tempo me preocupando com o que não deveria, dando mais atenção a minha dor, do que a minha família. Agora percebi que fui egoísta. Me perdoa amor, por favor. Pedi. 

— Não precisa falar assim. Sua voz já não era alterada como antes. 

— Para Nathan. _ Falei e ele me olhou. _ Você não precisa me proteger todo o tempo. Pode falar sempre que eu fizer algo que te magoe, que te deixe chateado.

— Manu... Falou com a voz branda.

— Eu te amo, e sou muito abençoada de ter um marido como você, sei disso, mas não quero que nossa relação seja um peso para você. Quero ser capaz de enfrentar as dificuldades ao seu lado. Por isso, por favor amor, me deixa ser sua esposa, e a partir de agora, a sua companheira.

— Você é. Ele respondeu.

— Então da próxima vez que algo te magoar, me deixe saber.

Ele acenou concordando e me abraçou pela cintura.

— Sabe o que me deixa chateado? _ Perguntou e eu neguei com a cabeça colocando minhas mãos em seus ombros, notando seu olhar intenso sobre mim. _ Gastar tempo discutindo, quando na verdade, eu deveria estar matando toda a saudade que senti.  

— Vamos corrigir isso. Respondi, sentindo meu corpo reagir ao seu toque de imediato.

— Esta, é a melhor ideia que você já teve. Sussurrou, beijando a ponta do meu nariz, descendo para os meus lábios, em seguida. 

— Senti falta disso. Confessei agarrada a ele, enquanto Nathan nos conduzia para a cama. 

.........................................

 

Toquei a campainha, esperando pacientemente que ela abrisse a porta.

— Oi. Falou surpresa. 

— Oi Megan, podemos conversar? Pedi.

— Entre. Decidiu abrindo espaço, e assim o fiz. 

— Eu não quero te atrapalhar, então vou ser breve.

— Não tem problema. Garantiu, indicando com um gesto de mão, que me sentasse ao sofá, enquanto ela fazia o mesmo a minha frente.

Pigarreei, organizando minhas palavras.

— Nathan e eu conversamos. _ Comecei. _ E, eu te devo um pedido de desculpas. Lógico, que você não tem nada a ver com o meu casamento, nem o que se passa nele, mas como irmã do Nathan, tem todo o direito de se preocupar com ele e de ficar brava comigo, por isso eu vim aqui Megan. Gosto muito de você, então me desculpe, por tudo.

Ela suspirou me olhando.

— Este é o seu jeito de me pedir desculpas? Me dizendo para ficar fora do seu casamento? Perguntou séria e eu abri a boca para explicar.

— Eu não quis dizer...

— É brincadeira. _ Revelou com um sorriso. _ Obrigada pelas desculpas, eu aceito. E sim, eu também gosto de você cunhadinha. E me desculpe pela intromissão. Sou um pouco obstinada as vezes. 

— Um pouco? _ Perguntei provocando-a, sabendo que nosso pequeno episódio de conflito, havia acabado.

— As vezes. _ Repetiu gargalhando, junto comigo. _ Mas, se você está aqui, com este sorriso e este brilho no olhar, posso fazer uma ideia de como meu irmão está feliz no momento, então, eu aguento todas as criticas que vier. 

Gargalhamos juntas, e eu me senti feliz em estar ali, com a plena certeza de estar fazendo o certo. 

— Obrigada Megan. Você tem feito tanto, e acho que nunca te agradeci adequadamente. _ Comecei. _ Eu amo o Nathan. Ele tem sido um marido maravilhoso e um pai incrível para o Kaio. Quero mostrar para ele o quanto o amo, e é por isso que estou aqui, se você ainda quiser me ajudar. 

— O que tem em mente? Perguntou interessada. 

— O aniversário dele está chegando, e eu queria reunir a família em nossa casa. Talvez um churrasco.

— Ele vai amar. Garanto. 

— É. Mas eu quero surpreende-lo, então não vamos contar para ele. 

— Do que você precisa? Perguntou e eu sorri animada, começando a lhe contar o meu plano. 

........................

 Já havia anoitecido quando sai da casa de Megan e peguei um táxi. Incrivelmente, a noite na rua não me causava mais pavor. Enquanto o táxi passava pelas ruas rapidamente, ergui os olhos para o céu, admirando a imensidão ali. 

Como algo tão grande, tão perfeito, poderia ser obra do acaso? Refleti.

— A noite está linda hoje, não é? A voz do taxista me trouxe de volta.

— Está mesmo. Concordei notando-o estacionar em frente a minha casa e agradeci pagando a corrida.

Entrei em casa notando o silêncio, embora a televisão estivesse ligada em uma música infantil e sorri abobada com a cena a minha frente.

Kaio dormia apoiado no corpo de Nathan, que se colocara como uma barreira, provavelmente para ele não cair. Tentando não fazer barulho, saquei o celular registrando o momento. O som da câmera fazendo Nathan despertar.

— Oi. Murmurou sonolento.

— Oi. _ Sussurrei na mesma altura. _ Já jantou? 

— Ainda não. Esse garotinho tem muita energia. Acabou de pegar no sono. Explicou levantando-se e colocando uma almofada em seu lugar.

— Vou preparar algo rápido. Sugeri, seguindo para a cozinha.

Ele vindo logo atrás, após colocar nosso bebê no quarto.  

— Como foi com a Megan? Questionou, bocejando e eu ri. 

— Tudo bem, conversamos bastante. Digamos que nos acertamos. Falei e ele riu.

O rosto amassado pelo recém cochilo, os olhos levemente inchados, e ainda assim, o homem mais lindo que eu já tinha visto.

— Tem alguma coisa no meu rosto? Perguntou notando meu olhar e passando a mão sobre ele. 

Larguei a panela que tinha alcançado no armário sobre a bancada, e me aproximei dele, colocando minhas mãos atrás de seu pescoço, fazendo um carinho suave ali. 

— Você, Nathan Vargas, é o homem mais lindo que eu conheço.

Revelei meus pensamentos e ele sorriu, seus braços fortes, envolvendo minha cintura. 

— De cara amassada e tudo? Perguntou sorrindo e eu segurei uma gargalhada, temendo acordar nosso pequeno.  

— Sim. _ Confirmei deixando um beijo na pele sensível do seu pescoço, notando-o arrepiar-se. _ Eu amo tudo em você.

Mais um beijo e senti seu aperto mais forte em minha cintura.

— Amor... Murmurou.

— Amo a forma que você me ama, que me faz sentir a única mulher neste mundo.

— Você É a única para mim. Respondeu imitando o meu gesto, fazendo o meu corpo esquentar.

— Amo a forma como você cuida de mim e do nosso filho, amo o seu caráter e a sua entrega. Amo tudo em você, Nathan. Concluí o vendo respirar forte e me beijar.

Um beijo totalmente diferente. Um misto de emocionado, apaixonado e sensual, me fazendo derreter em seus braços. 

— O jantar pode esperar.

Decidiu com a voz rouca, voltando a me beijar, sem que eu tivesse tempo de responder. Sorri sendo guiada para o nosso quarto. 

Quem estava mesmo pensando em jantar? 

.................................

 

 

 

6 ANOS DEPOIS...

 

Pov Nathan

Tanta coisa mudou. Tanta coisa aconteceu nestes últimos seis anos. Vi meu filho crescer e se tornar um garoto esperto e inteligente. Vi minha esposa se tornar uma mulher forte e determinada, sem perder seu jeito doce. Eu a vi se dedicar a sua carreira e se realizar profissionalmente e olhando agora para traz, percebi o quanto nosso amor cresceu e se fortaleceu, apesar das descobertas de manias irritantes em nós dois, com a convivência diária.

Olhei ao redor pelo salão e vi nossa família e amigos mais próximos, rindo e conversando. As crianças distraídas, brincando.

— O que foi? Manu perguntou me abraçando pelas costas e eu virei o rosto para olha-la. 

— Estou pensando que você tinha razão em fazer o aniversario do Kaio em um salão. Nossa casa não iria aguentar a energia dessas crianças.

Sorrimos juntos, e eu aproveitei para gira-la a trazendo para mim.

— Eu avisei. Mas ficou tudo lindo não é?

— Ficou sim. Olha a felicidade dele. Apontei Kaio rindo e correndo pelo salão e ela deitou a cabeça em meu ombro.

— Ele esta mesmo feliz. Disse colocando as mãos no ventre de quase cinco meses.  

— Ansiosa? Perguntei colocando a minha mão sobre a dela.

— Com certeza. _ Respondeu. _ Mas estou feliz Nathan, como nunca fui antes.

Sorri. Eu também estava feliz, me sentia completo, realizado.  

— Ei casal, parem de namorar em publico, tem crianças no ambiente. Megan gritou, fazendo com que a atenção de todos se voltarem para nós dois.

— Você esta com ciúmes Megan.

Minha esposa falou e eu gargalhei. As duas estavam tão próximas nos últimos anos, que as  vezes eu me perguntava se a Megan era minha irmã ou da Manoela.

— Mamãe, estou com sede.

Cauê, um garotinho de cabelos lisos e olhos idênticos aos da mãe, surgiu interrompendo nossa conversa. Toda a atenção de Megan voltada para o filho. Sim, após muito tempo tentando, ela havia conseguido realizar o sonho de ser mãe e ele era o que faltava para completar a alegria da minha irmã.

 Em outra mesa do canto, observei Lucas com sua família. Nossas famílias se aproximaram muito depois que começamos a frequentar a mesma Igreja e eu descobri um amigo para todas as horas.  

— Amor, olha onde o Kaio esta. Manoela exclamou me fazendo olhar na direção que ela apontava.

Kaio estava de pé no assento do brinquedo que girava.

— Filho, assim não. Falei.

— Desculpa papai. Respondeu sentando-se e eu sorri.

Se me perguntassem como descrever minha vida neste momento em uma palavra, seria Gratidão.

Onde antes havia lagrimas, hoje há sorrisos. Onde antes havia dor, hoje há alegria. Onde antes havia medos e incertezas, hoje há paz e segurança.   

Hoje eu sei. Hoje eu vejo. Hoje eu acredito.

 

O ladrão vem apenas para matar, roubar e destruir, Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente. (João- 10.10)


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Notas finais do capítulo

E é isso. Eu estou tão feliz de ter terminado este projeto.
Se você chegou ate aqui, me conte o que achou... Um beijo e ate mais



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