Amor Proibido escrita por paular_GTJ


Capítulo 5
Não Posso Ficar Longe de Você




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POV NESSIE

Senti os músculos do meu corpo se enrijecer e todos os meus pêlos se puseram em pé, enquanto meus olhos analisavam um tanto quanto arregalados a figura de Sam aproximar-se tortuosamente devagar. Era visível, mesmo no escuro, que ele sustentava um sorriso malicioso, e a meu ver, absolutamente apavorante.

- Sam... – sussurrei com a voz trêmula, completamente incerta do que realmente deveria falar, contudo, ele interrompeu-me.

- Não seria simplesmente maravilhoso assistir a reação do seu noivo se por algum acaso resolvesse sair da casa agora e a encontrasse ligeiramente abraçada a outro homem, senhorita Cullen? – arqueou uma sobrancelha e deu uma dentada na maça que segurava, aparentando despreocupação.

Rapidamente afastei-me um passo de Jacob, cruzando os braços fortemente sobre o peito – até o momento não havia reparado que ainda rodeavam o pescoço de meu amigo – e tentando controlar o desespero crescente que aflorava em meu peito.

Céus, eu estou inegavelmente perdida! O que dirão sobre essa minha atitude imprudente? Minha família será desonrada e meus pais terão eterna vergonha de mim!

- Sam! – desta vez minha voz soou ligeiramente mais alta, contudo, ainda mais falha. Novamente, fui interrompida.

- Sabe Jacob, estou surpreso com você. – falou com nítido sarcasmo. – Pensei que estivesse me dizendo a verdade quando lhe perguntei, ontem no porão, se estava acontecendo alguma coisa entre você e a Senhorita Renesmee. – negou com a cabeça, fingindo decepção. – Mas eu sabia... Ambos pareciam estar escondendo algo, e, eis que eu estava absolutamente correto. – completou parecendo se orgulhar de si mesmo.

As lágrimas já desciam em cascata de meus olhos, nublando parcialmente minha visão.

- Escuta aqui Sam, você não pode...

- Eu não posso o quê? Contar para alguém sobre essa pouca vergonha que acabo de presenciar? – ele se adiantou, apontando-me o dedo e me encarando irritado. – Seu pai lhe alertou para se distanciar desse pé rapado há muito tempo, e o que você faz? Menospreza a ele e desonra a sua família, agarrando-se pelos cantos como uma... Qualquer. – cuspiu as palavras mais revoltado que o normal.

Apesar de meu desespero ter a muito tempo ultrapassado seu ápice, e as lágrimas limitarem excessivamente minha visão, eu distingui com precisão o que se sucedeu.

Jacob avançou em direção a Sam, segurando com força a gola de sua camisa e o levantando do chão com certa facilidade. Apesar de suas diferenças de altura ser mínimas, Jacob o vencia por alguns centímetros.

- Retire agora mesmo o que falou sobre ela, desgraçado! – rugiu com uma cólera que eu nunca vira antes transpassar por seus olhos.

Sam respirava com dificuldades, tentando – sem sucesso – se libertar do aperto de Jacob, e balançando seus pés estupidamente a procura do chão.

- JAKE! – gritei desesperada, aproximando-me. – Solte-o! Isso só irá piorar nossa situação! – indaguei pousando minhas mãos em um de seus braços.

Ele pareceu relaxar um pouco com meu toque, e um segundo depois, atendeu ao meu pedido, recuando dois passos após largar o homem sem muitas sutilezas. Sam desabou no chão e arfou o ar com nítido esforço. Lançou, então, um olhar assassino a Jacob.

- Aconselho aos senhores que retornem a casa antes que alguém revolta os procurar. – sibilou enfurecido, levantando-se. – E recomendo também que nenhum dos dois decida desaparecer misteriosamente, como costumam fazer. Pode ser que, talvez, eu deixe escapar, sem querer, o que acabou de ocorrer aqui. – finalizou arrumando a gola da camisa.

Lançou outro olhar de advertência a ambos, e se encaminhou para a porta da casa batendo o pé com força desnecessária. Assim que o vi desaparecer, virei-me para Jacob, que fitava o chão com uma expressão de nítido medo.

- O que vamos fazer? – sussurrei angustiada e urgente.

Ele suspirou e passou os dedos pelos cabelos, em típico sinal de nervosismo. Encarou-me por alguns instantes.

- Vamos fazer o que ele disse para fazermos. Que outra escolha nos resta? – indagou, por fim.

Assim que suas palavras foram proferidas, trocamos um olhar singelo, contudo, significativo. Não havia nada mais o que fazer. Estávamos agora, literalmente, a mercê das vontades de Sam.

[...]

O jantar se transcorreu imensamente desagradável. Obviamente, a aura tenebrosa do ambiente não se estendia para a maioria dos presentes – os quais gargalhavam e degustavam da comida de forma descontraída e animada. Completamente alienados do pânico que eu sentia por dentro.

Jacob interagia com os mais importantes empresários da Europa de forma bastante teatral. Eu tinha plena convicção de que ele estava sentindo o mesmo frio na barriga que eu, toda vez que vislumbrava Sam aproximar-se de meu pai, ou então, cochichar alguma incógnita no ouvido de algum outro empregado.

Normalmente, após agir de tal modo, o mesmo lançava olhares sugestivos tanto a mim quanto a Jake. O mais estranho, contudo, era o fato de que em momento algum eu senti culpa por ter beijado Jacob. É claro, porém, que eu poderia ter analisando com mais cuidado o ambiente em que eu me encontrava antes de agir por impulso.

O medo assolava meu peito, e Sam parecia ter consciência de tal fato. Parecia, ainda, estar achando hilário brincar maldosamente com isso.

- Está tudo bem com você, Nessie? – a voz de Nahuel pegou-me de surpresa.

Levantei meus olhos do prato em minha frente, o qual nem ao menos toquei direito, e o encarei confusa.

- Estou ótima. – sorri fracamente, desviando, em seguida, meu olhar do seu.

- Não é o que me parece. – indagou persistente. – Vejo que está tremendo.

Encarei minhas mãos assim que ele proferiu aquelas palavras. De fato, elas seguravam os talhes ligeiramente trêmulas. Soltei imediatamente o garfo e a faca, e pousei meus dedos sob minhas pernas, fazendo um esforço descomunal para acalmar-me. O que, nem preciso acrescentar, foi de total inutilidade, uma vez que o desespero que sentia tornava-se crescente à medida que os segundos passavam.

- Não é n-nada. – gaguejei ligeiramente assim que senti os dedos frios de Nahuel pousarem delicadamente sobre os meus.

Encarei nossas mãos unidas, surpresa, e levantei meus olhos para os seus. Ele encarava-me tentando transmitir segurança, contudo, aquilo pouco surtia efeito. Eu não sentia absolutamente nada com aquela atitude, na verdade. E por um momento peguei-me refletindo o quão mais simples minha vida seria se eu sentisse algo de fato.

- Não há problema nenhum nisso, Nessie. – ele sorriu, parecendo sentir meu desconforto com aquele contato, contudo, interpretando de maneira errada a minha relutância. – Somos noivos. – completou convicto.

Infelizmente. – pensei involuntariamente. – E é exatamente isso que me aflige.

Forcei-lhe um sorriso amarelo, e desviei meu olhar do seu. Assim que meus olhos passaram pelas pessoas ali presentes, logo se prenderem em uma em especial.

Jacob encarava-me com um semblante indecifrável. No mesmo instante em que nossos olhos se encontraram, Nahuel comentou ao meu lado:

- Estou aguardando ansioso o dia do nosso casamento. – desviei meus olhos, a muito custo, de Jacob – que eu sabia ter ouvido aquele comentário – e encarei estupefata ao homem ao meu lado. – Você não está? – indagou incerto, diante do meu silêncio monótono.

- Eu? É... É claro! – menti, sorrindo novamente de modo forçado.

Nahuel iniciou uma leve caricia em minha mão, fazendo movimentos circulares com seu dedo nas costas da minha mão. Um leve calafrio expandiu-se por meu corpo, e eu o identifiquei como sendo de repulsa.

Edward convidou Nahuel para a conversa que estava tendo, possivelmente sobre negócios, e eu aproveitei a deixa, retirando minha mão da sua. Para disfarçar meu ato, fingi voltar minha atenção ao prato de comida intocado a minha frente.

Jacob lançava-me olhares furtivos uma vez ou outra, ao mesmo tempo em que Nahuel insistia de modo irritante em prolongar um dialogo comigo. Tentava mostrar interesse pelo que ele dizia, contudo, minha atenção se tornava a cada segundo mais escassa, fazendo-me não ter a mínima idéia do que de fato estávamos falando.

- Não gostaria de pegar um ar fresco, Nessie? – convidou, pousando sua mão gelada sobre a minha, que agora se encontrava em cima da mesa.

Novamente, senti-me desgostosa com seu toque. Abri minha boca, pronta para recusar sua proposta com alguma desculpa improvisada, entretanto, para minha infelicidade, minha mãe se antecipou.

- É uma ótima idéia, Nahuel. – aprovou sorrindo para o rapaz. – Vá, querida. Será bom respirar um pouco de ar puro.

Meus olhos correram de minha mãe a Nahuel, estagnando por um momento em Jacob, que obviamente acompanhou toda a conversa. Seus olhos desviaram dos meus por um segundo, pousando em minha mão unida com a de Nahuel.

Mais do que depressa desfiz aquela união, e sem ter muitas opções, levantei-me a contra gosto, reprimindo a vontade de bufar.

[...]

Nahuel tagarelava de modo incansável ao meu lado, enquanto caminhávamos com passos lentos pelo jardim da minha casa. Eu pouco acompanhava suas palavras, apenas murmurava em concordância, ou acenava com a cabeça quando o silêncio se fazia presente.

- Nessie? – ouvi sua voz um pouco mais urgente, fazendo-me o encarar desatenta.

Estávamos agora passando exatamente aonde horas atrás Sam flagrou-me beijando Jacob.

- Sim? – fingi curiosidade.

- Estava contando-lhe sobre as viajem a barco que faço uma vez ou outra com meu pai. – respondeu com notável impaciência por eu não ter prestado a devida atenção em suas palavras. - Pedi-lhe se gostaria de me acompanhar algum dia em uma dessas viagens.

- Oh. – contive a vontade de rolar os olhos. – Claro, claro. – sorri falsamente.

Refleti por um instante que possivelmente eu iria me esquecer de como é sorrir de verdade após o maldito casamento.

Estávamos quase próximos a onde os empregados dormem, quando vozes alteradas chegaram a nossos ouvidos. Nahuel, ao que pareceu, não percebeu a possível discussão que acontecia ali perto, uma vez que continuava a contar suas histórias monótonas e gargalhar pateticamente.

De repente, a porta do quarto de Sam escancarou-se, revelando um Jacob um tanto quanto transtornado. Nahuel, finalmente, calou-se, e Jake nos encarou com um misto de surpresa e raiva.

- Algum problema, senhores? – Nahuel indagou assim que visualizou a presença de Sam logo atrás, parecendo imensamente satisfeito.

- Não, não se preocupe senhor Marshall. – Sam se adiantou, envolvendo um ombro de Jacob com seu braço, e fazendo o garoto bufar. – Apenas uma discussão de amigos. – gargalhou falsamente. Meus olhos estavam pregados em Jake, que encarava o chão fixamente.

- É. – murmurou desvencilhando-se do braço de Sam. – Acredito que já passou da minha hora. Boa noite. – acenou uma vez na nossa direção, sem encarar-me diretamente, virando-se de costas em seguida, e partindo com sua expressão indecifrável que tanto me incomodava.

Sam cruzou os braços e encarou-me de modo soberbo, como se me desafiasse a ir atrás dele. Sustentei seu olhar, sentindo um imenso ódio brotar em meu peito. Como alguém podia ser tão perverso?

- Está tudo bem mesmo, Sam? – Nahuel indagou ao meu lado.

- Oh, sim senhor. Não se preocupe. Foi apenas... Hum... Diferenças de opiniões, se é que me entende. – riu de um modo irritante, lançando-me um olhar sugestivo.

Rolei os olhos. Contudo, não pude evitar em sentir curiosidade. Que diabos será que Sam estava discutindo com Jacob? Certamente algo relacionado com aquele maldito flagra de horas atrás.

- Entendo, sim. – Nahuel maneou a cabeça em concordância. – Bem, qualquer problema, não se detenha em me procurar, sim? – finalizou, fazendo com que eu o encarasse surpresa.

Desde quando ele e Sam se tornaram amigos?

- Não irei, senhor. Pode estar certo disso. – os olhos do empregado não desviaram de mim em momento algum, e sustentei seu olhar com firmeza, mesmo sentindo minhas mãos tremerem ligeiramente, e o pânico redobrar em meu peito com aquela sua indireta.

- Vamos? – pedi a Nahuel, temendo que Sam pudesse mudar de idéia de uma hora para a outra e resolver contar-lhe o que acontecera de fato. – Estou com frio. – menti, a fim de persuadi-lo.

- Claro. – ele sorriu e acenou levemente com a cabeça em direção a Sam. – Até mais.

Assim que estávamos longe o suficiente, resolvi perguntar algo que estava me deixando ligeiramente inquieta.

- Desde quando você e Sam se conhecem?

Nahuel encarou-me com a testa franzida, possivelmente refletindo o motivo do meu interesse em algo, aparentemente, banal.

- Hum, ele se mostrou extremamente simpático comigo hoje. – respondeu dando de ombros. – Seu pai tem sorte em ter empregados tão prestativos.

Senti como se um cubo de gelo estivesse descendo em direção ao meu estômago. Sam, com certeza, agiu rápido. Aproximar-se de Nahuel e ganhar sua confiança, definitivamente, iria fazer com que eu não ousasse, de modo algum, manter contato com Jacob.

[...]

Eu andava de um lado para o outro, completamente impaciente, em meu quarto, horas depois. Após retornar a casa, descobri que Jacob já havia ido embora. Fingi estar cansada e direcionei-me ao meu quarto para fugir das tentativas de contato físico e diálogos irritantes de Nahuel.

Minha cabeça parecia que explodiria a qualquer instante. Eu precisava saber o que Sam falou com Jacob. Contudo, como fazer isso sem que Sam nos flagre novamente? Eu estava absolutamente certa de que o empregado não iria deixar de me vigiar um momento se quer a partir de hoje.

Suspirei, sentando-me no colchão macio de minha cama. Talvez se todos estivessem dormindo... Mas como eu iria ter certeza de que Sam não iria acordar no meio da noite e dar por minha falta? Com certeza, ele não refletiria duas vezes antes de fazer um alvoroço pela casa e acordar a todos.

A não ser que...

[...]

Adentrei a cozinha após ter certeza de que meus pais e meus tios já havia se recolhido.

- Nessie! – Sue exclamou assustada, assim que me viu. Eu não podia repreendê-la, uma vez que nunca fui à cozinha em uma hora tão tardia. – O que faz acordada há esta hora, filha?

Como planejado, Sam ainda estava ali, sentando à mesa enquanto aguardava o chá que eu sabia que sempre tomava antes de dormir. Era assim desde criança.

Ele fitou-me curioso, e sua expressão era de visível alerta, como se esperasse que eu saísse correndo atrás de Jacob. Bem, na verdade, eu pretendia fazer exatamente isso, mas não sem antes me assegurar que o mesmo não estará apto a fazer mais escândalos.

- Sim. Não consigo dormir. – suspirei teatralmente. – Acredito que preciso beber algo quente... Quem sabe o sono aparece. – encaminhei-me para a bancada da cozinha.

- Claro, querida. – Sue sorriu gentilmente. – Mas não se preocupe com isso, eu mesma faço...

- Não a necessidade, Sue. – interrompi-a, sorrindo. – Não quero lhe dar trabalho.

Tive a ligeira impressão de ter ouvido a mulher resmungar algo como: “não é trabalho algum”, contudo, ela não insistiu. Prossegui meu plano, encenando que estava preparando algo para beber. Sentia os olhos de Sam nas minhas costas, mas, ignorei-o.

Sue despejou água quente em uma xícara, e se afastou para buscar algum outro ingrediente. Essa era a minha deixa.

Virei meu rosto, disfarçadamente, para o lado, constatando que Sam estava ligeiramente distraído, encarando as próprias mãos. Posicionei-me em frente à xícara que eu sabia que ele beberia, e retirei o remédio para dormir que minha mãe tomava uma vez ou outra de dentro do meu decote.

Esfarelei-o dentro do recipiente, certificando-me que não estava sendo observada. Sorri vitoriosa assim que percebi que o remédio fora dissolvido pela água fervente. Voltei minha atenção ao que fazia antes, sentindo-me inteiramente mais leve.

Meia hora depois, eu já estava montada em meu cavalo, seguindo em direção ao casebre de Jacob. Aguardei impaciente, em meu quarto alguns minutos, e assim que cogitei ser tempo suficiente, vesti meu casado e, muito silenciosamente, encaminhei-me para o celeiro.

Verifiquei, é claro, se o remédio havia feito efeito. Para minha enorme felicidade, Sam parecia estar no sono mais profundo do mundo, onde, possivelmente, a casa poderia pegar fogo, e ele, dificilmente, acordaria.

Minutos depois eu já estava desmontando do cavalo e suspirando fundo. Por um segundo temi que Jacob não me recebesse, afinal, ele estava agindo de forma demasiadamente estranha. Contudo, eu não poderia desistir agora, não é?

Com um leve suspiro, bati na porta de madeira duas vezes. Aguardei alguns segundo, mas não obtive resposta. Novamente, elevei meus dedos até a porta, batendo com um pouco mais de força e urgência.

Nada.

Passei os dedos por meus cabelos, sentindo certo desespero. Será que ele não estava em casa? Assim que me posicionei para uma nova tentativa, a porta se abriu, revelando um Jacob curioso e ao mesmo tempo assustado.

Ele não me reconheceu no primeiro momento, uma vez que usava um capuz para proteger-me da garoa fraca que preenchia a noite. Lentamente, deixei que meu rosto se tornasse visível, e sua expressão transformou-se em absoluto pânico.

- Nessie?! – exclamou, olhando para os lados, como se esperasse algum movimento àquela hora da noite. – Perdeu o juízo? O que faz aqui?

Não respondi. Apenas encaminhei-me para dentro do casebre, sem esperar convite. Ele espera o quê? Que eu fosse dormir tranqüilamente esta noite, como se nada estivesse acontecendo?

Ouvi a porta ser fechada atrás de mim e Jacob precipitou-se para a janela, a fim de fechar a cortina.

- O que faz aqui? – questionou novamente. – E se Sam descobre... E se seu pai... Céus, garota, esta maluca? – indagou nervoso.

Rolei meus olhos.

- Não se preocupe, tomei o devido cuidado para que ninguém descubra sobre essa minha pequena fuga. Acha que não refleti antes nas possíveis conseqüências desse meu ato? – falei indignada. – Nós precisamos conversar, e eu, em hipótese alguma, conseguiria dormir sem esclarecer certas coisas.

Jacob encarou-se sério por alguns instantes e, por fim, suspirou.

- Ainda acho que isso é suicídio. – murmurou consigo mesmo. – Mas enfim, o que quer saber?

- O que você e Sam estavam discutindo mais cedo? – aquilo martelava de modo intenso em minha cabeça há horas.

- Ele só estava tirando proveito do que viu. Nada que não fosse esperado. – deu de ombros, desviando seu olhar do meu.

Franzi o cenho para ele.

- E o que exatamente ele fez para tirar proveito? – perguntei lentamente.

- Chantagem. O que mais faria? – sorriu falsamente, cruzando os braços em frente do peito.

- O que ele pediu? – insisti.

Jacob permaneceu em silêncio por alguns momentos, parecendo relutar se deveria ou não contar-me.

- Jake? – pedi agora mais urgente.

Ele suspirou e fechou os olhos.

- Ele quer setenta por cento do lucro que eu conseguir nas minhas futuras vendas para os empresários que conheci hoje. – respondeu baixinho.

- COMO É QUE É? – não pude conter o grito.

Sam era terminantemente desprezível. Como ele tem coragem de agir de tal modo? Se o que ele desejava era dinheiro, porque razão não fez essa maldita proposta a mim?

- Nessie, acalme-se. – Jacob assustou-se com minha indignação.

Suspirei pesadamente.

- Ele não presta! – cuspi, andando de um lado para o outro. – Como pode fazer algo desse tipo? – passei os dedos pelos meus cabelos, e voltei meu olhar para o garoto, que me fitava com uma expressão indecifrável. – Não se preocupe com isso, Jake, eu vou pagar o que ele quiser.

Aos poucos, ele mudou sua expressão para surpresa, e, sem aviso, bufou.

- Ora, não preciso de caridades, senhorita Cullen. – resmungou nitidamente irritado.

Ergui as sobrancelhas, completamente espantada com tal mudança de humor.

- Não estou lhe fazendo nenhuma caridade, Jake. Afinal, isso está acontecendo por minha culpa. – falei - E pela última vez, pare de chamar assim. – acrescentei um tanto impaciente.

- Oh, claro, perdoe-me. – falou com leve deboche. – Prefere senhora Marshall? – sua irritação era notável.

Eu não compreendia por que razão ele estava agindo assim.

- Como é? – Jacob sentou-se no sofá da sala, apoiando a cabeça entre as mãos. – Você só pode estar brincando, não é? - ele tinha conhecimento do meu desagrado por esse casamento, talvez mais do que qualquer pessoa. – Sabe muito bem o que penso sobre essa cerimônia.

Ouvi um riso nasalado, seguido por suas palavras irônicas:

- O que você diz achar dessa cerimônia. – corrigiu. – Você chega a ser hipócrita, sabia? – indagou, erguendo o rosto das mãos, e encarando-me.

Arregalei meus olhos, não acreditando no que acabara de ouvir.

- Hipócrita? – repeti chocada.

- Sim. – afirmou com leve aceno. – Fala que não quer se casar; que odeia seu noivo, contudo, anda para lá e para cá com ele, de mãos dadas, e conversinhas melosas. – falou tudo rapidamente, ignorando por completo minha expressão de espanto.

- E você acha realmente que eu estou agindo por vontade própria? – questionei, sentindo minha voz tremer. – Por Deus, o que mais faço quando estou com ele é encenar, Jacob. Ou será que você não consegue perceber a diferença entre o sorriso que direciono a ele e o que dou a você? – senti minhas bochechas corarem ao proferir aquelas palavras, mas ignorei e prossegui. – Ou será que você acha realmente que eu aprecio o fato de ter que agir como se me importasse com cada besteira que ele fala, enquanto tudo o que eu penso é sobre como minha vida seria melhor se quem fosse meu noivo fosse você, e não ele. E ainda acha que eu se eu, de fato, não me importasse com você, e ansiasse para me casar com ele, eu estaria aqui, no meio da noite, arriscando a honra de minha família, para dispor-me a ajudá-lo, ou apenas, para vê-lo? – foi somente quando eu terminei meu discurso improvisado que me dei conta que estava chorando.

Jacob - que me encarava com os olhos arregalados, aparentemente, petrificado, desde que eu começara a falar - aproximou-se rapidamente, envolvendo-me em seus braços fortes, sem falar absolutamente nada. Seus dedos acariciavam levemente minha nuca, causando-me os tão conhecidos arrepios.

- Perdoe-me. – sussurrou em meu ouvido. Afastou-se, então, para encarar-me. – Por favor, não leve a mal o que falei. Eu estou nervoso e Sam colocou idéias em minha cabeça... Eu só... Eu só... – sua voz morreu, e ele secou as lágrimas em minha face, suspirando. – Eu sou um idiota. – finalizou, sorrindo de leve.

- Tudo bem. – falei por fim, sorrindo fracamente em resposta.

Definitivamente, eu não era capaz de me aborrecer com ele.

Permanecemos quietos por alguns minutos, apenas nos encarando. Muito lentamente, Jacob desvirou seu olhar até minha boca, fazendo com que um leve calafrio de expectativa abrangesse meu corpo. Ele foi se aproximando tortuosamente devagar, e meus olhos fecharam-se por vontade própria.

Sua boca encontrou a minha em questão de segundos, e minhas mãos enlaçaram seu pescoço de forma possessiva. Nossas línguas encontraram-se, despertando as borboletas adormecidas em meu estômago. Seus dedos serpenteavam minhas costas, eriçando todos os pêlos do meu corpo.

Jacob arfou no instante em que prendi seu lábio inferir com meus dentes, e apertou-me com mais força. Separamos-nos apenas quando o ar já era escasso para ambos.

Jacob encostou sua testa na minha, permanecendo de olhos fechados.

- O que vamos fazer? – sussurrei com a voz falha. Ele abriu os olhos e fitou-me penetrantemente. Eu sabia que ele havia compreendido ao que eu me referia.

- Não sei. – admitiu. – Só sei que não sou mais capaz de ficar longe de você, pequena.

Meu coração atrasou duas batidas em conseqüência de suas palavras. Um sorriso bobo se formou em meu rosto, e ele imitou-me.

- Nem eu, Jake. – acaricie sua bochecha, e ele retornou a fechar os olhos.

Suspiramos ao mesmo tempo, possivelmente com os mesmos pensamentos.

Sim, estamos nos arriscando demasiadamente, contudo, o medo de ser pega não iria me deter. Afinal, optei por agir conforme meu coração determinar, e definitivamente, esse é o caminho que ele escolheu.

N/A:  Olá minhas lindas e amadas leitoras *.*

Eu sei que eu falei que o cap viria amanhã, mas eu não me contive :x HAHAHA

Entãaaaao, o que acharam? Todo mundo ainda quer matar o Sam? Eu quero :p

Enfiiiim, me digam o que acharam, indiquem, mandam sugestões, críticas construtivas, tudo isso é muito bem vindo.

Agradeço muito todas as reviews que recebo, apesar de estarem diminuindo :(

Espero que tenham gostado. Não sei quando vou postar novamente, porque as provas tão quase ai, assim como o emem e o vestiba :S M-E-D-O.

Beeeeeeijao gatas. Amo vocês :*


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