Amor Proibido escrita por paular_GTJ


Capítulo 4
Descoberta


Notas iniciais do capítulo

Dedico esse cap a elizabeth beans e a Mazinha_black que recomendaram a fic. OBRIGADA MENINAS! FIQUEI MUITO FELIZ!

Boa leitura.



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Minhas mãos estavam entrelaçadas em seus cabelos macios, puxando-o mais forte para mim, do mesmo modo que eu puxava-me pela cintura. O gosto doce de Jacob era irresistível. E à medida que separávamos milimétricamente nossas bocas, apenas possibilitando Jacob a sugar meu lábio inferior delicadamente, para então juntarmos nossos lábios novamente, eu percebia como eu estava errada antes. Ao imaginar como teria sido aquele beijo durante praticamente todo à tarde, eu nunca poderia sonhar que seria tão bom assim.

 

Uma de suas mãos subiu lentamente pela minha coluna, causando-me arrepios intensos e prazerosos. Um gemido involuntário escapou de minha boca, assim que Jacob a deixou, para então, traçar um delicioso caminho de beijos por toda a extensão de meu pescoço, segurando com força os cabelos por detrás de minha nuca.

 

- Srta. Renesmee? Está ai, querida?

 

A voz de Sue chegou aos meus ouvidos fazendo com que eu voltasse bruscamente à realidade. Abri os olhos, arregalando-os ligeiramente assim que me dei conta de meus atos insanos. Recuei alguns passos, vacilante, da sombra imóvel de Jacob.

 

Senti meu coração martelar quase que dolorosamente em meu peito por inúmeras razões. O momento único que acabara de ter, com certeza absoluta, ainda surtia considerável efeito sobre mim, porém agora um sentimento novo começava a abranger em meu corpo.

 

Medo!

 

Eu estava louca? Havia perdido completamente a cabeça? O juízo? Aquilo era insano! Era errado! Era proibido.

 

- Nessie? - Sue retornou a chamar-me, agora um tanto mais preocupada.

 

- Em um minuto! - gritei-lhe em resposta imediatamente.

 

Permaneci, porém, estagnada no mesmo lugar, sem nem ao menos mexer um músculo. Jacob encarava-me com um olhar indecifrável. Talvez esperando por alguma reação de minha parte, ou então pensando o que fazer em seguida.

 

- Hum... Eu... A-acho que vou indo. - minha voz saiu ligeiramente trêmula. - Digo, antes que alguém venha me procurar...

 

- Claro, claro. - Jacob assentiu prontamente, passando os dedos involuntariamente por seus cabelos negros.

 

Eu o conhecia bem o suficiente para entender que ele estava sentindo-se inseguro. Não pude deixar de me fascinar com aquela cena. Como era possível alguém ser tão maravilhoso?

 

Andei hesitante até a porta do porão, tomando o devido cuidado para não encarar aquelas órbitas penetrantes, que eu podia sentir me estudando cuidadosamente. Meu coração estava determinado a não baixar o ritmo, quase que implorando para sair do peito.

 

- Ness? - Jacob chamou-me assim que passei por sua figura estática, e sua mão grande e calorosa se fechou delicadamente em meu pulso fino.

 

Parei imediatamente, e me virei em sua direção. Não pude deixar de comparar àquele toque com o de Nahuel. O de Jake era quente, delicado e causava-me sensações prazerosas por todo o corpo. Completamente o oposto do meu suposto noivo.

 

- S-sim? - Céus, por que minha voz insisti em vacilar agora?

 

- Esqueceu isto. - ele estendeu-me a cesta de palha que eu havia sido encarregada de escolher. De fato seria um tanto suspeito se eu voltasse à cozinha de mãos vazias, tento demorado quase que excessivamente.

 

- Oh, sim. - sorri timidamente para ele, alcançando a cesta estendida. Nossos dedos se roçaram momentaneamente, levando-me a erguer meus olhos até os seus de prontidão.

 

E mais uma vez, aquela parte desconhecida por mim – a qual eu lutava bravamente em pensamento para não escutá-la - tomou conta do meu corpo involuntariamente. Aproximei-me um passo, quebrando a mínima distância entre nossos corpos, e captei seus lábios por um breve segundo. - Obrigada. - sussurrei sentindo sua respiração acelerada acariciar minha face.

 

A expressão surpresa de Jacob transformou-se em um sorriso encantadoramente lindo.

 

- É melhor você ir logo. - aconselhou afastando-se um passo, ainda segurando meu pulso. Ergueu minha mão e a levou até sua boca, tocando levemente com seus lábios nas costas de minha mão, para depois soltá-la.

 

Segui para fora do porão com um sorriso tolo brincando em minha face. Era imensurável a súbita felicidade que estava sentindo naquele momento. Mesmo tendo ciência de que estava agindo completamente contra meus supostos princípios, eu não me importava. Muito menos o fato de estar noiva de outro, não surtia efeito de arrependimento em mim.

 

Com certeza minhas atitudes eram arriscadas. Estava colocando em risco a honra e o nome tão prestigiado de minha família. E mesmo tendo ideais e crenças distintas das deles, era inevitável não sentir o friozinho da barriga com o medo de ser descoberta.

 

E então eu entendi. Não estava me sentindo mal por ter que casar por não conhecer como gostaria meu futuro marido, muito menos por ter que “aprender a amá-lo”. O problema é que eu já estava amando. Eu aprendera a amar há muitos anos atrás. Como não percebi meus verdadeiros sentimentos por meu melhor amigo antes? O fato era que eu estava indiscutivelmente apaixonada por Jacob Black.

 

- Nessie? – um chamado estranhamente urgente fez com que eu me desligasse por um instante de meu complicado dilema mental.

 

Sue fitava-me com uma mínima ruga em sua testa lisa e uma mão estendida em minha direção. Dei-me por conta então que já me encontrava na cozinha, porém a cesta de palhas ainda estava suspensa em minhas mãos, e a empregada parecia estar com o braço esticado há algum tempo.

 

- Sim? – fiz-me de desentendida, alcançando-lhe a cesta. Desviei meu olhar do seu, o focando em Sam, que até então eu não havia reparado, e se encontrava a mesa rodeado de comida.

 

- Eu estou falando com a senhorita há tempos, e parece-me que nem ao menos estar me ouvindo. – comentou a mulher sem desviar seu olhar avaliativo de mim. O homem também pareceu interessado em minha distração enigmática.

 

- Oh, perdoe-me. Estava no mundo da lua. – sorri ingenuamente para a ela. – Espero que essa cesta sirva. – apressei-me em continuar, desviando o assunto, a fim de evitar mais questionamentos.

 

- Sim, é perfeita. Muito obrigada! – agradeceu acenando singelamente com a cabeça. – Estava achando dificuldades em encontrá-la?

 

- Não. – estranhei. – Por que razão acharia?

 

- Ora, imaginei. Afinal, reparei em certa demora de sua parte...

 

O mesmo frio na barriga anterior perpassou meu corpo, e eu abri a boca para lhe dar uma resposta, - mesmo não sabendo ao certo que desculpa improvisar – porém meu ato foi interrompido por minha mãe, que adentrou o cômodo com um sorriso exuberante e correndo os olhos pelo ambiente.

 

- Filha! Que bom que a encontrei. – andou animada até mim. – A procurei por toda a parte.

 

Bella se pôs a arrumar meus cabelos, passando os dedos pelos fios de modo a desembaraçá-los.

 

- Mãe! – reclamei tentando fugir de suas mãos hábeis. – O que a senhora está fazendo?

 

- Deixando-a mais apresentável. – respondeu indiferente a minha expressão nada satisfeita.

 

- E por que diabos eu devo estar apresentável agora? – falei irritada, sem pensar.

 

Bella refreou imediatamente suas mãos, que agora se ocupavam em arrumar a gola de meu vestido, e encarou-me com um olhar severo.

 

- Renesmee! Que modos são esses?

 

Reprimi a vontade de rolar os olhos.

 

- Desculpe-me, mãe. Mas será que pode me responder por que está fazendo isso? – perguntei fingindo interesse.

 

- Temos visitas. – respondeu por fim, retornando a trabalhar em minha aparência. – Por Deus, Nessie. O que fez com seus cabelos? Nunca os vi tão embaraçados. – murmurou passando os dedos por trás de minha cabeça.

 

A lembrança de Jacob prendendo sua mão por trás de minha nuca, e agarrando meus cabelos enquanto beijava-me vorazmente perpassou pela minha mente por um momento, deixando-me ligeiramente distraída.

 

- Hum... Eu... Andei a cavalo, mãe. – inventei nervosa. – O vento deve ter desajeitado-o. – recuei um passo, tomando o lugar de Bella na tentativa de desatar os nós dos fios.

 

Aparentemente minha mãe não reparou na minha hesitação, ou no meu súbito nervosismo, se limitou apenas em puxar-me animadamente em direção a porta da cozinha. Por um momento ponderei saber quem era essa tal visita que estava deixando minha mãe nitidamente em êxtase. E para minha total e completa infelicidade, eu estava certa.

 

Lá estava ele. Sentado no grande e confortável sofá da sala de estar, Nahuel estava muito elegante, e como de praxe, parecendo imensamente entediado. Ao lado dele encontrava-se seu pai, que conversava entusiasmadamente com Edward.

 

Aproximei-me sem vontade alguma, no mesmo instante em que o pai do meu noivo soltava uma calorosa e exagerada gargalhada.

 

- Boa noite, senhores! – minha mãe os cumprimentou formalmente, indicando nossa presença no ambiente.

 

Nahuel ergueu seus olhos monotonamente em minha direção, e para minha total surpresa, abriu um sorriso simpático para mim.

 

- Boa noite. – acenei minha cabeça uma vez, desviando rapidamente meu olhar do dele. Senti certo desconforto pelo modo penetrante que ele fitava-me, quase me devorando com os olhos.

 

- Oh minha querida, como está? – Sr. Marshall cumprimentou-me radiante – Está muito bela, não é mesmo filho?

 

- Sim, de fato está encantadora. – Nahuel concordou, levantando-se e se encaminhando até mim.

 

Por um momento pensei em recuar um passo, contudo me detive. Se o fizesse com certeza seria interpretado como falta de educação. Não que eu ligasse para isso, contudo, preferia evitar possíveis transtornos com meus pais.

 

Ele se pôs a minha frente e, para minha surpresa, pegou minha mão direita e levou-a em direção a seus lábios. Mais uma vez peguei-me comparando aquele seu gesto com o de Jacob. Absolutamente havia ali uma diferença significativa.

 

Meu coração continuava a bater normalmente, as borboletas em meu estomago permaneciam adormecidas, e minha pernas estavam completamente firmes sob o chão.

 

- É um prazer revê-la. – continuou Nahuel com um sorriso que talvez julgasse sedutor, ainda segurando minha mão.

 

- É... Hum, o prazer é meu. – menti e sorri forçadamente, saindo disfarçadamente de seu aperto, com o pretexto de arrumar meus cabelos.

 

- SAM! – meu pai berrou sem dar aviso prévio, sobressaltando todos do cômodo. – Perdoem-me, mas quero que conheçam uma pessoa. – meu pai explicou aos olhares questionadores que lhe foram lançados.

 

Instantes depois, o empregado de meu pai surgiu na sala, com sua habitual expressão vazia.

 

- Chamou patrão? – indagou avaliando as pessoas que se encontravam presentes.

 

- Sim. Faça-me o favor de ir até o porão e ver se o senhor Black ainda está por lá. Eu havia pedido a ele para guardar as espadas que me trouxe por lá há algum tempo, acredito que se você for rápido conseguirá alcançá-lo. – Edward virou-se então para o pai de Nahuel. – Ele é um brilhante fabricante de espadas. O melhor que já conheci.

 

Sam lançou-me um olhar um tanto quanto sinistro.

 

- No porão? – repetiu ele, sem desviar o olha do meu. Senti um desconforto brotar, fazendo com que meu estomago se remexesse desgostoso dentro de mim.

 

- Sim, Sam. Ande logo, por favor! – meu pai ordenou, ignorando o olhar que seu empregado lançava a mim.

 

Quebrei nosso contato visual, analisando com falso interesse as minhas mãos. Era só o que me faltava agora! Será que Sam não pode pelo menos uma vez na vida cuidar do seu próprio nariz?!

 

Ele sempre fora assim. Desde pequeno sempre mostrava interesse em tudo que não lhe dizia respeito diretamente. Recordo-me nitidamente de quando nós éramos mais novos, - e o Sr. Uley e o Sr. Black ainda eram vivos - em como sua vontade em saber de tudo irritava tanto a mim quanto a Jake.

 

Meu pai, apesar de ter mudado sugestivamente alguns de seus conceitos de uns anos para cá, sempre tratou gentilmente todos os empregados da casa, e por esse motivo nunca fez objeção que eu me relacionasse tanto com Jacob quanto com Sam. Pelo menos até o dia do meu aniversário, cinco anos atrás.

 

Na verdade, Jacob e eu nunca apreciamos muito o fato de Sam querer se meter em nossas brincadeiras particulares. Ele sempre mostrou visível paixão por liderança, o que, em alguns momentos, era um tanto quanto irritante. Por essa razão, Jacob e eu tentávamos ao máximo nos esconder dele e brincar apenas nós dois, o que ocasionava em certa frieza por parte de Sam quando o mesmo descobria.

 

O garoto começou a trabalhar para Edward logo após a morte de seu pai, o que infelizmente ocorreu muito cedo. Ele tinha apenas dezesseis anos quando essa fatalidade veio a acontecer, deixando-o ainda mais frio do que costumava ser.

 

Depois que assumiu as responsabilidades de seu falecido pai, começou a tratar-me de forma extremamente formal, – o que não me incomodava tanto quando esse tipo de tratamento vir da parte do meu melhor amigo. – e agir irritantemente de modo investigador. Talvez seja reflexo do modo como foi excluído por nossa parte na infância, ou então, o fato de ter que começar prestar muito jovem a serviços aos senhores da casa.

 

Seja lá o que for o seu problema, Sam parecia inclinado a odiar tanto a mim quanto a Jacob pelo resto de sua vida. Isso pouco me importava, na verdade. Contudo, essa sua determinação em estar a par de tudo que acontece em todos os lugares, era um pouco assustadora.   

 

Ninguém pareceu perceber a aura tenebrosa que se instalou no ambiente. Minha mãe estava sentada ao lado de meu pai, ouvindo a conversa dos dois homens como se nada lhe interesse mais na vida. Eu duvidava muito que o assunto deles – algo parecido com um evento de negócios - pudesse de fato entretê-la.

 

Suspirei ao lembrar-me que estava muito próxima a ter o mesmo destino dela. Contudo, com uma pequena diferença: contra minha vontade.

 

Eu podia sentir o olhar de Nahuel na minha direção. Estava me sentindo consideravelmente desconfortável, porém fingia ainda me interessar pelas minhas unhas para evitar possíveis diálogos. Ouvi passos se aproximando e sem aviso prévio meu coração acelerou no peito. Contive a expressão vazia a muito custo, afinal tinha plena certeza de quem era a pessoa que estava se aproximando.

 

Um segundo depois, Sam e Jacob entraram na sala. Sam agora mantinha uma expressão avaliativa na face, e seu olhar automaticamente se postou em mim.

 

Jacob, por sua vez, parecia estar tentando a mesma proeza que eu: manter a expressão serena. Lançou um olhar interessado a todos os presentes, demorando-se um milésimo de segundo a mais em mim, contudo, logo se virou na direção contrária a minha.

 

- Senhor Cullen? – Jacob chamou a atenção de meu pai para ele. – Queria falar comigo?

 

Tanto a sua reação de indiferença, quanto a minha, surtiu certa confusão em Sam – que agora intercalava olhares entre mim e ele, franzindo um pouco o cenho. Sorri internamente.

 

- Oh sim, sim! – meu pai levantou-se e fez um gesto com a mão para que Jacob se aproximasse. – Este é o tal ferreiro do qual lhe mencionei há pouco. Jacob Black. – ia dizendo à medida que o garoto caminhava até eles com uma expressão curiosa.

 

- É um prazer meu jovem. – o Sr. Marshall estendeu-lhe a mão. – Edward elogiou muito o seu trabalho.

 

- O prazer é meu, senhor. – Jacob aceitou seu cumprimento, sorrindo timidamente em agradecimento ao meu pai.

 

- Este é Bryan Marshall, Jacob. – Edward informou. – E aquele é Nahuel, seu filho. – apontou para o garoto ao meu lado. Jacob arriscou um breve olhar para mim antes de estender a mão educadamente para Nahuel também. – E meu futuro genro. – meu pai continuou parecendo orgulhoso.

 

Fechei os olhos por um momento, sentindo um leve mal-estar ponderar meu corpo. Quando os abri novamente, Jacob fitava Nahuel com a boca ligeiramente aberta, enquanto o mesmo aceitava sua mão estendida – da qual Jake provavelmente a deixara suspensa no ar devido ao choque.

 

- Como vai? – Nahuel cumprimentou-o indiferente.

 

Jacob balançou a cabeça milimetricamente, saindo do seu aparente transe.

 

- Eu vou... Vou bem. Obrigado. – falou por fim, desfazendo rapidamente o aperto de mãos.

 

- Então Jacob, eu estava mesmo contando a Bryan sobre sua excelente mão para fabricar espadas. – meu pai continuou indiferente ao clima que se instalou no ambiente.

 

Jacob analisou Nahuel por mais um segundo, e seu olhar se prendeu em mim por um instante, focando em meu pai logo em seguida.

 

- É bondade sua, senhor. – Jacob falou com a voz fraca.

 

Senti meu coração se apertar assim que detectei nítida dor em seu semblante. Contudo não compreendi. Ele sabia que eu iria me casar, por que ficou nesse estado então? É claro que não me agradava nem um pouco o fato desse casamento acontecer, porém ele tinha plena ciência que eu não tinha escolha.

 

- Que é isso rapaz, não se desvalorize. – meu pai falou, virando-se para Sam, que ainda permanecia avaliando o ambiente no mesmo lugar de antes. – Vá até o porão e traga uma das espadas que Jacob me trouxe hoje, sim?

 

O empregado acenou com a cabeça e se retirou do cômodo. O ambiente estava cada vez mais pesado, e eu podia sentir o olhar permanente de Nahuel em mim. Ignorei-o. Estava ocupada demais tentando decifrar os possíveis pensamentos de Jacob, que havia ficado completamente mudo e com uma expressão vazia.

 

- Não gostaria de dar uma volta, Remesmee? – ouvi a voz grave de Nahuel ao meu lado, fazendo-me o olhar surpresa.

 

- Não. – respondi imediatamente, sem pensar. Bella lançou-me um olhar repreensivo e por um débil momento pensei ter visto Jacob segurar o riso. – Hum... Quer dizer... Está um pouco frio, e estou cansada. – acrescentei para não soar rude demais.

 

Nahuel parecia querer insistir, porém no mesmo momento Sam retornou a sala, segurando uma das espadas que Jacob havia fabricado.

 

- Aqui, senhor. – falou o homem, estendendo o instrumento a meu pai.

 

- Sim, muito obrigado Sam. – agradeceu oferecendo o objeto ao Sr. Marshall, que parecia imensamente vislumbrado.

 

- Céus, é magnífica mesmo! – analisou a espada em todos os ângulos possíveis. – Você leva jeito rapaz, é muito talentoso. – acenou a cabeça em aprovação enquanto se dirigia ao Jacob. Pensei ter visto Sam revirar os olhos.

 

O garoto apenas sorriu, porém era um sorriso triste, quase sem entusiasmo algum.

 

- Fico feliz que tenha gostado.

 

- Acho que será uma grande ideia fazer aquele jantar, Edward. – o pai de Nahuel comentou, virando-se para meu pai. – Acredito que meus sócios ficariam de queixo caído com essas obras primas. – ponderava ainda avaliando encantado o objeto em suas mãos.

 

- Então está combinado! – meu pai falou animado. – Quer dizer, isso se você concordar Jacob. – Edward o encarou sorridente. – Eu gostaria muito de promover um jantar aqui em casa, onde iria convidar a família Marshall, que logo se juntara a nossa...

 

Isso, papai! Continuei falando desse maldito casamento! – pensei revoltada, assistindo o semblante de Jacob murchar mais ainda, se possível.

 

-... Além de mais alguns sócios de Bryan, que se expandem por quase toda a Europa. Pensei então em convidá-lo para que pudesse mostrar a eles o seu trabalho. Acho que seria um ótimo negocio para você, Jake.  

 

Uma sombra de felicidade passou pelos olhos do rapaz, fazendo com que um pequeno sorriso brotasse em meu rosto.

 

- Oh, eu nem sei como lhe agradecer Sr. Cullen. – ele falou mal contento o entusiasmo. – Com certeza, seria uma honra... Eu nem sei o que dizer.

 

- Ora, deixe de besteiras. – meu pai fez um gesto com a mão, como se aquilo não fosse nada, não deixando de dar ao garoto um grande sorriso. – Sabe que sempre prestigiei seu trabalho, e sempre o considerei quase da família. – falou gentilmente.

 

O sorriso de Jacob diminuiu um pouco, assim como o meu. E eu tinha quase certeza que isso se devia ao mesmo motivo. As palavras “quase da família” surtia um efeito considerável, pelo menos em mim. Ele poderia ser da família, e com certeza eu desejava isso. Ele poderia... Se não vivêssemos em uma sociedade tão... Injusta!

 

- Agradeço muito, senhor. Com certeza aceitarei o seu convite. – falou por fim.

 

- Perfeito. – meu pai se animou. – Esperamos você aqui amanhã então, às oito horas da noite. Será nosso convidado de honra. – acrescentou.

 

Jacob sorriu gratificado em direção ao meu pai.

 

- Estarei aqui. Agora acredito ser melhor me retirar. Com licença, senhores. – acenou em despedida aos homens, - Senhoras. – agora seu olhar se pendeu no meu, e por um breve instante fui impulsionada pela vontade de quebrar aquela maldita distância entre nós e juntar meus lábios aquela boca tentadoramente carnuda.

 

O breve momento se passou assim que ele desvirou seu olhar do meu, encaminhando-se para fora.

 

Enquanto ele se afastava, eu já sentia certa falta sua, como se ele levasse um pedaço de mim à medida que caminhava em direção a porta. Pelo menos eu tinha a garantia que o veria em vinte e quatro horas.

 

- Sam, poderia preparar a carruagem de Bryan? – Edward pediu, fazendo com que o empregado desviasse seu olhar carrancudo das costas de Jacob, para então assentir levemente em direção ao meu pai. Ele parecia estranhamente mais mal-humorado do que antes.

 

(…)

 

 

- SUE? SUE?! ONDE DIABOS SE METEU ESSA MULHER! - minha tia berrou transtornada próxima à porta de meu quarto.

 

Alice estava imensamente agitada, andando por toda a casa e interrompendo as empregadas em seus afazes para dar palpite nos preparativos para o tal jantar que aconteceria em algumas horas. Eram quase sete horas da noite e eu permanecia em meu quarto - onde passei praticamente todo o dia. Apenas escutava a correria do lado de fora do corredor, e os ocasionais gritos histéricos de minha tia neurótica.

 

Havia passado a tarde inteira refletindo sobre os meus sentimentos incoerentes. Não havia dúvidas que de fato eu estava apaixonada por Jacob, e ao que tudo indicava, esse sentimento é recíproco. Contudo, eu nada poderia fazer em relação a isso. Afinal, que relevância havia esse nosso amor proibido na sociedade em que vivo?

 

Meu pai havia deixado sonoramente claro: considerava Jacob quase da família. E isso delimitava demasiadamente a situação. Por outro lado, eu tinha consciência de que nunca amaria Nahuel, e nunca seria feliz me casando com o mesmo. Então, o que fazer a respeito?

 

Apertei com força o pingente de coração metálico em meu colo, como se assim eu pudesse descarregar toda a saudade que sentia daquele quem me dera o colar.

 

- Nessie? - uma batida na porta despertou minha atenção conturbada.

 

Virei-me em direção a porta e encontrei Claire analisando-me com uma expressão curiosa.

 

- O que tanto pensa, prima? - questionou fechando a porta atrás de si.

 

Suspirei, sorrindo fracamente.

 

- Nada. - levantei-me da cadeira onde havia sentado para finalizar minha produção. - Já está na hora?

 

- Na verdade não. - ela respondeu - Contudo, seu noivo acabou de chegar, e sua mãe pediu para eu vir chamá-la.

 

- Oh. - deixei meu sorriso morrer prontamente. - Ótimo. Vamos então. - comecei a me encaminhar até a porta sem vontade alguma, e Claire seguiu-me com uma expressão piedosa.

 

- Ainda não se acostumou com a ideia, não é? - perguntou prestativa.

 

- Não. Creio que isso nunca irá acontecer. - falei dramática. Contudo, era a mais pura verdade.

 

Cumprimentei todos familiares de Nahuel fingindo estar imensamente contente com a presença de todos. A casa estava um tanto quanto cheia, com os mais importantes empresários do país. Havia uma nítida divisória no ambiente. As mulheres se encontravam em um canto, falando das vidas alheiras, e os homens se entretinham com conversas monótonas sobre negócios.

 

Claire havia sumido estranhamente após comentar que iria ao banheiro. E assim que percebi que ninguém prestava atenção em mim, encaminhei-me para a parte de trás da casa, onde pretendia encontrar paz e silêncio. A presença de todas aquelas pessoas, perguntando a todo o momento sobre o maldito casamento irritava-me profundamente. Eu só desejava esquecer por um mísero segundo esse dia que tanto se aproximava.

 

Andei até uma árvore do jardim, analisando o céu encantadoramente estrelado. A noite estava muito agradável, fechei os olhos sentindo prazer no vento suave acariciando minha face. A sensação de estar sendo observada abrangeu-me momentaneamente, e mais do que depressa abri meus olhos focando-os imediatamente em um par de órbitas negras.

 

Um sorriso involuntário se formou em meu rosto, enquanto ele se aproximava lentamente, com uma estranha expressão vazia.

 

- Oi. - falei com leve falta de ar. - O que faz aqui?

 

Jacob desviou seu olhar para o céu, e se perdeu momentaneamente por ali. Perguntava-me por que razão ele estava tão sério. Permanecia com aquela expressão vazia desde o dia anterior. Não havia motivos para teatrinhos agora. Estávamos completamente sozinhos. E novamente, assim como no dia em sua casa, ter consciência desse fato fazia com que um gostoso arrepio se estende por meu corpo.

 

- Apenas... Espairecendo. - deu de ombros, ainda sem encarar-me. - E a senhorita?

 

Abri a boca para lhe responder, contudo estagnei confusa. Ele havia se digerido a mim por senhorita? Céus, após nossa conversa amigável em sua casa e aquele beijo, - que com certeza significou algo - ele insistia em tratar-me como alguém superior?

 

- Por que ainda me chama assim? - indaguei confusa.

 

- Porque é o apropriado. - respondeu fitando os próprios pés.

 

Franzi o cenho. Isso era, no mínimo, revoltante. Já não bastava uma sociedade ser cega pelos seus ideais ultrapassados, o meu melhor amigo precisava ser assim também?!

 

- Jacob, olhe para mim. - pedi firme. Ele o fez, e por um instante pensei ter visto dor perpassar por seus olhos, contudo, logo seu olhar se tornou vazio. - Acha mesmo que isso é certo? Acha mesmo que apenas por você ser de uma classe social abaixo da minha, temos que nos tratar como se não fossemos amigos?

 

“Amigos” não soava correto. Parecia-me pouco. Aliás, era pouco. Pouco em relação ao que eu, de fato, sentia por ele.

 

- Seu pai proibiu-a de se aproximar de mim anos atrás, não se lembra? E ele estava certo.  - falou deixando de lado toda aquela falsa frieza que estava tentando impor, e que pouco havia me convencido - Não podemos ser amigos, Nessie.

 

- Eu não quero ser sua amiga. - reagi sem pensar, sentindo o sangue subir imediatamente para as minhas bochechas devido ao olhar surpreso que Jacob me lançou. Ele havia entendido perfeitamente o que eu quis dizer com aquela frase, e seu olhar entristeceu ainda mais quando me respondeu.

 

- Você está noiva. - sussurrou com a voz falha.

 

- E eu não quero me casar! - repeti já sem paciência. - Não com ele, pelo menos.

 

Senti minha visão embaraçar-se, nublando parcialmente a figura de Jacob. Ele parecia não estar esperando essas revelações de minha parte, mas eu me sentia melhor proferindo o que de fato sentia. Estava remoendo esse sentimento dentro de mim por tempo demais.

 

- Nessie, por Deus, ouça o que está dizendo! - ele aproximou rapidamente, secando as duas grossas lágrimas que caíram em minha face assim que pisquei. - Ele é um bom partido. - pude perceber certa relutância de sua parte ao admitir aquilo.

 

- Não me importo. Sabe muito bem que nunca me interessei por status social. - tentei enlaçar meus braços ao redor de seu pescoço, contudo ele me impediu. Recuou dois passos, com uma expressão entristecida.

 

- Ele é muito melhor do que eu, Ness. - cada palavra parecia lhe causar dor física. - Ele pode lhe oferecer muito mais, e além de tudo... Ele já é considerado inteiramente da família.

 

Virou-se de costas para mim e começou a andar em direção a casa. As lágrimas caiam em cascata pelo meu rosto, e meu coração parecia querer pular para fora do meu corpo ao observá-lo se distanciar cada vez mais.

 

- JAKE! - o chamei com nítido desespero.

 

Ele estagnou. Permaneceu um momento estático, de cabeça baixa, contudo, por fim se voltou em minha direção. Seu semblante era um reflexo do meu: dor. Nem ao menos refleti sobre meus atos, agi simplesmente por impulso. Corri em sua direção e joguei-me em seu pescoço, antes que ele entendesse o que eu tinha em mente e tivesse tempo para me refrear.

 

Grudei meus lábios nos seus, e o abracei com toda a força que tinha, desejando ser forte o suficiente para colar nossos corpos permanentemente. Para o total desespero e alegria do meu coração, ele rodeou os braços musculosos em minha cintura, erguendo ligeiramente meu corpo do chão. Diminui um pouco a intensidade da qual o agarrava assim que me percebi que ele não iria interromper o beijo. Afinal, era ele agora quem pedia passagem pelos meus lábios com a sua língua quente e doce.

 

Antes, porém, que minha felicidade pudesse se tornar completa, um pigarro fez com que nossos atos congelassem. Separamos-nos de nosso abraço apertado, e procuramos à fonte do ruído. Meu coração desandou uma batida assim que eu o avistei, analisando a cena.

 

- Ora, ora, ora... Mas veja só o que temos aqui! - Sam sibilou com um leve sorriso malicioso estampado em sua face, escorado despreocupadamente em uma árvore próxima, enquanto lançava para cima uma maça, para então captura-la novamente.


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Notas finais do capítulo

N/A: Tudo bem, não me matem por ter parado ali, e nem por ter demorado :x hahaha
Vocês sabem como anda a minha vida, né?!
Enfim, o que acharam do cap? O que será que o Sam vai fazer? Ãhm? Ãhm?

Eu ia faze um muralzinho, mas agora é proibido, mimimi :~

Espero que tenham gostado, obrigada pelo carinho, pelas reviews e tals.
Comentem, critiquem, opinem, recomendem, dêem estrelinhas, tudo isso é bem vindo =)

Beeeeeijão, AMO VOCÊS!