Tome Tenência, Rapaz escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 18
Você é diferente




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Quando Katinha convidou novamente Caíque para sair, ele ficou meio na dúvida, lembrando das palavras da mãe. Será que ela estaria usando-o? Resolveu tirar a limpo e dar uma direta.

 

— Katinha, você gosta de mim?

 

— Gosto de você pra carai, você é muito fofo.

 

— Então como é que toda hora eu vejo você beijando uma porção de cara?

 

— Ah... mas sabe, é... você é diferente...

 

Aquela afirmação deixou Caíque com a pulga atrás da orelha. Franziu o cenho e inquiriu:

 

— Diferente como?

 

— Você se preocupa comigo de um jeito que os outros não se preocupam. Eu vejo isso.

 

Aquela revelação deixou Caíque radiante. Aproximou-se da menina até que seus lábios tocaram os dela. As línguas se cruzaram na boca, mas o idílio foi interrompido bruscamente pela voz da mãe.

 

— Olha essa agarração aí!

 

Com o susto, Katinha, prontamente desgrudou a boca e voltou aos afazeres de arrumação da sala, rindo amarelo e pedindo desculpas. Caíque ficou com cara de tacho, e acabou indo para o quarto. Mas uma hora depois, a mãe chamou-o para uma conversa.

 

— Eu não quero mais pegar você com essa menina! Ela não é namorada para você!

 

Caíque vinha evitando discutir com a mãe desde que voltara da temporada na fazenda de tia Rita, a fim de não perturbar sua fama, adquirida a duras penas, de rapaz que “tomou tenência”. Mas achou que daquela vez valia a pena uma discussão.

 

— Mas mãe, e se comigo rolar uma coisa diferente?

 

— Como é que você vai ter certeza de que é diferente? Para ela, você é igual a qualquer um daqueles vagabundos que ela fica.

 

— Mas e se eu mostrar que sou diferente?

 

— Ah meu filho, vai ter que provar! Só falar não basta.

 

Caíque ficou pensativo. Sempre que ficava assim, ultimamente, costumava conversar com a prima Márcia, mas estava com vergonha de contar a ela uma coisa tão pessoal. Quando superou a vergonha, não recebeu dela sorrisos de gozação, mas uma conversa bem preto-no-branco.

 

— Pois é, Caíque. A Katinha fica com uma porção de garoto, mas já sacou que você é diferente. Falta a sua mãe sacar isso. Aí você vai ter que fazer com a Katinha uma coisa para provar a sua mãe que você não é mais um otário.

 

— Mas que coisa?

 

— Uma coisa que só faria quem realmente gosta dela, e não está só interessado em pegar ela!

 

Katinha não voltou a chamá-lo para sair aquele fim de semana com a intenção de que ele convencesse a mãe a deixá-la ir, já que após aquele flagra, não ia mais adiantar. Mas como ela andava comportada, a mãe deixou-a ir a uma festa de aniversário de uma colega de escola. Caíque continuava meio desenturmado, com a cabeça ainda muito ligada ao mundo da fazenda de tia Rita. Sem ter muito o que fazer, após passear pelo shopping andou ao acaso pelas ruas, e foi parar em um fluxo, como o pessoal chamava aqueles bailes funk espontâneos que se formavam nas esquinas. Súbito viu, surpreso, Katinha ali aos agarros com um sujeito com pinta de marginal. Então ela não estava na festa onde dizia querer ir! Katinha viu-o, e piscou-lhe o olho.

 

— Não vai contar, né? Legal!

 

Caíque não quis discutir naquele ambiente, ainda mais porque pôde perceber que Katinha já estava bastante alterada por sabe lá o que havia consumido. Calado, voltou para casa. Mas estava decidido.

 

No dia seguinte, esperou Katinha terminar o serviço e mandou-a vir com ele falar com a mãe. Ela seguiu-o meio surpresa, e a mãe também ficou surpresa quando Caíque relatou em detalhes o que vira no dia anterior. Apanhada assim, Katinha não teve como negar. A mãe ficou bem séria. Ela também estava mais proativa desde que Caíque regressara, e sabia o que fazer. Foi buscar um embrulho com uma porção de galhos cortados que tinha trazido da fazenda de tia Rita quando fora buscar Katinha. Caíque reconheceu ali varas de marmeleiro, com bastante nós, já secas e resistentes. Katinha foi ordenada baixar o short e a calcinha, e Caíque deixou-se ficar ali observando, com a serenidade do dever cumprido, o zumbido da vara cortando a ar antes de tocar com os nozinhos sobre as nádegas roliças e morenas da adolescente.


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