The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 6
Capítulo cinco




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Perdera a hora.

Quando saiu do Ministério da Magia era madrugada, muito tarde. Era o único no Quartel General além de seis outros aurors que trabalhavam naquele turno. Seguiu diretamente para o elevador e saiu pela Londres gélida e ventosa naquele fim de inverno.

Entrou em casa e deixou os ombros caírem, no entanto, não conteve o sorriso ao chegar na sala.

As chamas ardiam com força na lareira, o fogo ainda estava alto e deixara o cômodo confortável e aquecido na medida certa. No sofá para duas pessoas, Hermione dormia com as pernas cobertas por uma manta, encolhida e perfeitamente acomodada. Um livro estava caído sobre o tapete. Sabia que a amiga dormira durante a leitura, um hábito que tinha desde muito jovem.

E pela primeira vez durante aquele dia percebeu que se sentia mais leve e calmo, apesar de ainda sentir o cansaço tomar conta de seu corpo e mente, tudo parecia ter sido amenizado. De repente, pareceu uma boa ideia esticar as pernas e relaxar por alguns minutos, certificou-se de que a lareira estava bem abastecida e afundou na poltrona.

O silêncio quebrado somente pelo crepitar das chamas vivas e incandescentes passou a embalá-lo numa tranquilidade e sonolência que não pensou ser possível, não quando seu dia inteiro havia sido estressante em um nível inexplicável.

O estofado da poltrona parecia ter o exato formato de seu corpo, produzindo um encaixe tão perfeito que fora difícil não cair no sono em poucos minutos.

***

— Harry?

A voz suave fez com que despertasse de supetão, os batimentos acelerados e em alerta. Sua mão buscara imediatamente pela varinha ainda presa ao coldre em sua perna, mas então Hermione o tocara no meio do trajeto, fazendo parar.

— Acalme-se, ok? Está tudo bem. — Explicou com complacência, como quem explica algo simples para uma criança. — O trabalho foi difícil ontem?

— Por que pergunta?

Hermione sentou-se no sofá e juntou as pernas, pousando o livro que estava caído no chão sobre os joelhos.

— Não vi a hora que chegou e quando acordei estava dormindo na poltrona, imagino que tenha sido cansativo. Para dizer o mínimo! — Explicou-se com tranquilidade.

Concordou e passou as mãos pelo rosto, se Hermione soubesse... Antes que tivesse a oportunidade de contar algo, notou que ela estava vestida para sair. O grosso casaco e o coturno que usava diziam que pretendia encarar o frio, estava pronta, no entanto continuava o encarando.

— Vai sair?

Hermione sorriu e passou a mão pela capa do livro.

— Caminhar por Londres, almoçar em algum lugar, não sei exatamente. Quer me acompanhar?

— Vou trocar de roupa e saímos, conheço um lugar ótimo para almoçar. — Acelerou o passo pelo corredor até chegar às escadas, apressou-se para acompanhar a amiga.

Sentia que precisava de normalidade em sua vida, e nada podia ser mais eficaz que caminhar pela cidade e almoçar em algum restaurante trouxa abarrotado de pessoas comuns em suas rotinas aceleradas.

***

Andavam pelo centro em passos lentos, de braços dados para se manterem lado a lado e trocar um pouco do calor que faltava na rua. Observavam as vitrines com novidades da estação, bem como as pessoas que passavam arrastando sacolas de lojas famosas ou fotografando cada esquina, para guardar a viajem de recordação em um álbum de fotos.

Hermione lhe contou sobre seu trabalho em Amsterdã, o quão difícil foi implementar as leis sobre Criaturas Mágicas, mas o orgulho que sentiu ao ver que conseguira aquilo que sempre sonhou.

— Participei de alguns casos, resgatando os Elfos. É bastante triste ver na situação em que viviam. — Confessou de cabeça baixa, revivendo aqueles momentos.

— Mas você os ajudou, tenho certeza de que faria um trabalho incrível aqui, se resolvesse ficar. — Comentou.

— Estou apenas de férias, Harry. — Apertou o braço do amigo. — Depois disso terei que voltar à minha vida, e espero que você aceite minha oferta de passar algumas semanas comigo em Amsterdã. A cidade é incrível de tantas maneiras!

— Muitas festas e pubs secretos?

— Conheço os melhores! — Gabou-se, mas riu abertamente como se fosse algum tipo de piada e Harry preferiu não questionar.

Chegaram ao restaurante que Harry comentara, um lugar que não parecia um estabelecimento tamanho conforto e casualidade do ambiente. Era estreito, com poucas mesas dispostas pelo salão, as paredes de tijolinhos à vista exibiam diversos quadrinhos por toda sua extensão. Havia somente duas janelas, pequenas e compridas. Apesar de não aparentar ser um lugar muito movimento, o aroma de temperos e o calor pareciam ser suficientes para todos que comiam ali.

O pedido chegou em poucos minutos.

 — Isso é uma delícia, como descobriu esse lugar? Não tem placa! — Abismada, olhava ao redor.

— Esbarrei com o cheiro da pizza um dia, entrei e foi amor à primeira vista. — Riu e enrolou o macarrão no garfo. — Gosto do ambiente, é acolhedor e discreto.

A conversa entre os dois tinha uma fluidez a simplicidades invejável, não havia “e se” ou “mas”, era a mais pura amizade e confiança. Compartilhavam lembranças de momentos que passaram juntos, rindo das situações em que entravam quando crianças, assim como memórias de quando já estavam separados por alguns países de distância.

Conversar era fácil.

Mais tarde, quando faziam o caminho de volta ao Largo, Harry perguntou:

— Sei que não é a maior fã, mas alguns amigos irão ao jogo do Chuddley Cannons contra os Tornados de Tuthsill. O que acha de nos acompanhar?

Hermione baixou a cabeça, afundando o nariz no cachecol, considerando aquela proposta. A última vez que assistira um jogo de Quadribol fora durante um encontro que tivera com um jogador da seleção Holandesa, mas algo dizia que seria interessante.

— Vai ser legal! — Harry encarou sua demora em responder como um declínio.

— Tudo bem, eu vou! — Virou-se a tempo de ver o amigo comemorar com um soquinho. — Desde que você me pague uma cerveja amanteigada depois.

—Feito!

Atravessavam um parque completamente vazio por conta do frio que afugentava as pessoas da rua. Eles, no entanto, pareciam não se importar.

— Por que não convidou Rony? Quero dizer, estou lisonjeada por ter sido convidada, mas ele era a escolha mais óbvia. — Harry sacudiu os ombros em resposta e Hermione parou de caminhar.

— Eu sou sua segunda opção!

Ele sorriu como se pedisse desculpas.

— Tenho apreciado muito mais a sua companhia, se quer saber. — Seguiu em frente, perdendo a expressão surpresa de Hermione, que voltou a acompanha-lo poucos segundos depois.

— Por causa de Gina?

Os ombros de Harry encolheram, tocara no ponto exato.

— Parece que tudo na minha vida está diretamente ligado à ela. — Sentou-se no banco de ferro, a pintura descascava nas curvas detalhadas. — Quando vou voltar a ser somente um cara comum, solteiro?

— Quando oficializarem tudo, teoricamente. — Elevou os ombros ao notar o desentendimento do amigo. — Vocês passaram anos juntos, cresceram e dividiram muito um ao lado do outro, é normal que se sinta assim. Rony é seu amigo, não o veja como alguém ligado à sua ex.

Ele sorriu.

Pela primeira vez, parecia realmente satisfeito com o rumo da conversa.

— O que foi?

— Minha ex.— Repetiu, as palavras dançando em sua boca eram doces e incrivelmente libertadoras. — Como vivi tanto tempo sem você para me dar conselhos?

Hermione sorriu, mas escondeu sob o cachecol grande que lhe cobria quase metade do rosto. Sinalizou para que o amigo levantasse e pudessem seguir caminho. Apesar de estar sempre disposta a ajudar, sentia-se como uma invasora quando o assunto era o divórcio.

Era o motivo para estar ali, mas havia algo que a incomodava.


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Notas finais do capítulo

E cá está mais um capítulo!



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