The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 43
Capítulo quarenta e dois




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784245/chapter/43

Entrar em sua casa depois de tantos meses longe lhe causara uma sensação estranha no estômago. Nenhum dos objetos lhe aparentava estar no lugar exato, a disposição dos móveis parecia errada e as partículas de pó que se espalharam pelo ar quando abriu as cortinas fizeram seus olhos encherem de lágrimas. O lugar era certo, mas não pertencia àquele lugar, não mais.

Deixou as malas no corredor, daria um jeito naquilo mais tarde. Percorreu o corredor com calma e percebeu que o assoalho não rangia como o do Largo, o papel de parede era moderno e claro demais. Tão diferente da casa que a acolheu por tanto tempo. Na cozinha parou ao enxergar a xícara de café inacabada que ainda a aguardava em cima da mesa, pois havia saído correndo naquela manhã assim que lera a reportagem sobre o divórcio.

Deixara sua vida para trás num piscar de olhos. Ainda doía não ter feito o mesmo pela segunda vez quando tivera a chance de escolher. Sacudiu a cabeça, deixando as lamentações para trás, tinha trabalho a fazer antes que tivesse uma reação alérgica a toda a poeira.

***

— Senhorita Granger?

Levantou a cabeça e seu pescoço produziu alguns estalidos dolorosos, fazia pouco mais de uma semana que voltara ao trabalho e já percebera que teria que se acostumar novamente àquela postura. Após a careta, voltou-se para a bruxa que a chamava.

— Chegaram algumas cartas para a senhorita. — A jovem tratou de entregar-lhe os três envelopes.

— Obrigada.

Colocou os envelopes em sua bolsa e voltou aos pergaminhos dispostos em sua mesa. Todos documentos praticamente iguais, precisava apenas organizá-los e assinar quando necessário. Comparado ao que fazia no hospital, era a coisa mais monótona que já fizera. Mas, apesar de tudo, mantinha sua cabeça ocupada e concentrada nas linhas infinitas de burocracia ministerial.

***

Em casa jogou-se na poltrona após tomar um longo banho, onde nem mesmo a água quente fora capaz de relaxar seus músculos tensionados. Com o corpo afundado nas almofadas, deixou os ombros caírem e respirou fundo como se o ar não fosse suficiente. Sem muito ânimo para fazer qualquer coisa, esticou-se sobre o braço da poltrona e pegou a bolsa, onde guardara as cartas que recebera naquela tarde.

Havia três cartas, duas delas eram envelopes do Ministério, provavelmente alguma atualização sobre seu processo administrativo com a data em que deveria depor. Só de imaginar o conteúdo dos envelopes sua cabeça já começara a latejar, os problemas eram grandes e não queria lidar com eles naquele instante.

Pouco depois que retornara para Amsterdam se apresentara no Ministério para dar encaminhamento aos documentos do seu retorno, e claro, o processo administrativo pela qual teria de passar. No pior dos cenários seria demitida, no melhor, seria rebaixada para algum outro cargo onde passaria o resto da sua vida sem uma chance de promoção. Todas as opções ainda lhe causavam dor de cabeça, e preferia deixar os assuntos burocráticos com seu advogado.

Largou todas as cartas sobre a mesinha de centro, não as queria.

Caminhou até a cozinha onde preparou um chá e sentou-se no banco alto para saboreá-lo sozinha. E mesmo que o líquido quente ajudasse a relaxar seus músculos e acalmar sua mente conturbada, a sensação ainda era incômoda. Não estava mais acostumada àquela solidão, ao extremo silêncio da casa ou às tarefas monótonas de um dia inteiro trancada dentro do Ministério. Queria acordar com um braço ao redor de sua cintura, tomar café em alguma padaria no caminho do trabalho, almoçar com Draco e ouvi-lo resmungar sobre os pacientes, queria correr pelos corredores do St. Mungos por causa de alguma emergência e depois ficar exausta pelo dia que tivera porque sabia que seria bem recebida.

Cada segundo valia a pena quando estava em Londres.

Soltou a xícara com entusiasmo, já sabia o que teria de fazer. Tudo começaria com uma carta, e por isso maneou a varinha rapidamente, fazendo com que um pergaminho em branco e uma pena voassem para suas mãos. Precisava se concentrar e fazer tudo direito, dessa vez estava fazendo a escolha certa.

Se debruçou sobre o papel e começou a escrever. Tinha tanto a dizer que não notou as horas passando, quando lacrou o último envelope com a cera derretida, percebeu que o sol começava a nascer do lado de fora.

Apesar da noite em claro, seu humor estava como não sentia há dias. Um sorriso dançava livre em seu rosto quando entregou as cartas para o Correio-Coruja de sua cidade, sabia que não tinha mais como desistir.

Dessa vez, estava pronta! 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aqui está... Atrasadinho. Prometo que o pílogo eu posto ainda essa semana!
Até lá



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Divorce" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.