The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 42
Capítulo quarenta e um




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Sábado.

Hermione acordara antes do relógio marcar 6h da manhã. Ainda tinha algum tempo antes que precisasse encontrar sua chave de portal, mas sabia que não conseguiria dormir novamente. Mirou seu olhar para o teto em um tom de bege, havia algumas machinhas mais escuras, por conta do tempo. Podia ficar ali por horas, lembrando de tudo o que acontecera desde a sua chegada.

Suspirou suavemente e virou o rosto para Harry, que dormia tranquilamente ao seu lado.  A mão presa em sua cintura, possessivamente, era um lembrete do que deixaria para trás. Tentou mover-se minimamente e sentiu o aperto se tornar mais intenso, como se não quisesse tê-la longe. Mas tudo o que fez foi aconchegar-se um pouco mais no corpo que a abraçava.

Passou a observar o rosto sereno adormecido. A falta dos óculos era algo que sentia que jamais se acostumaria, parecia incompleto, ainda que muito bonito. Seu maxilar havia ficado mais rígido com os anos, mais severo e adulto. A pele era lisa, a não ser pela barba por fazer e algumas pequenas cicatrizes. A primeira era em seu queixo, tão pequena que precisou apertar os olhos para ter certeza; a segunda saía de baixo de sua sobrancelha esquerda, parecia muito um ferimento causado com um soco; a terceira conhecia muito bem, o raio em sua testa.

Esticou a mão para tocá-la, mas desistiu no caminho e resolveu pousá-la sobre o braço que a abraçava.

Ainda o observava, decorando seus traços um a um, quando reparou no canto de seus lábios que subiram suavemente. Revirou os olhos e deixou escapar um sorriso.

— Há quanto tempo está acordado?

— Tempo suficiente para perceber que você estava me encarando. — Respondeu e abriu os olhos lentamente, focando-os em seu rosto. — Você parecia bastante concentrada, não quis atrapalhar.

— Não me culpe, seu rosto é muito mais bonito que as manchinhas do teto. — Disse baixinho e com a ponta dos dedos tocou-lhe a barba que começava a nascer.

— Acredite, seu rosto está bastante borrado, mas é encantador assim mesmo. — Com o comentário Hermione gargalhou.

Harry a acompanhou, adorava vê-la sorrindo. Era algo de que sentiria falta.

— Quer seus óculos?

Negou com a cabeça e moveu-se para beijá-la.

—Não preciso dos óculos para isso. — Puxou-a para mais perto, passando a mão por suas pernas até que estivessem enroscadas nas suas.

O beijo era intenso e apaixonado, não conseguiam ficar afastados. Enquanto Harry a puxava para mais e mais perto, Hermione passava as mãos na pele morna sob a camiseta de malha. A falta de fôlego não era um problema, quando afastaram-se Harry rapidamente passou a trilhar um caminho de beijos do cantos de seus lábios até sua clavícula.

***

Caminhavam lado a lado, os dedos entrelaçados.

Sua chave de portal fora definida para um local próximo a um bosque, a alguns quilômetros fora da cidade. Não haveria trouxas por perto, de modo que seria seguro. De onde estava, já conseguia enxergar o objeto preso num galho de umas das árvores e então parou de caminhar. Parecia que finalmente havia compreendido o que aquilo significava e a sensação foi um pouco mais do que gostaria de ter que lidar naquele momento.

Harry virou-se para olhá-la.

— Está tudo bem?

Levantou o rosto para olhá-lo e forçou um leve sorriso.

— Você vai me escrever? — A careta que ele produziu diante da sua pergunta fora cômica. — Apenas me avise que está vivo. Uma vez por mês já está bom!

— Posso usar aquele feitiço em bilhetes, como você me ensinou. — Comentou pensativo. — Funciona para longas distâncias, não é?

— Não exatamente! — Esticou-se nas pontas dos pés para beijá-lo rapidamente. — Você ainda vai ter que escrever cartas!

Um “pop” baixinho fez com que se afastassem minimamente para procurar pelo recém chegado.

— Pensei que não viria se despedir! — Falou para Draco que caminhava em sua direção. — Mas devia saber que você se arrependeria se não o fizesse!

Draco a abraçou e fez questão de sussurrar em seu ouvido:

— Ainda dá tempo, Granger. — Apertou-a em seus braços. — Desista!

Ainda abraçado em Hermione fez um gesto com a cabeça quando Harry virou-se para Rony, que acabara de aparatar ali perto.

— Não posso, Draco. — Afastaram-se.

Revirou os olhos e sacudiu a cabeça. Tinha certeza que não seria capaz de convencê-la, mas ninguém poderia culpa-lo por tentar uma última vez.

— Teimosa!

— Nisso eu tenho que concordar. — Harry aproximou-se e apertou a mão de Draco, enquanto Hermione se afastava para cumprimentar Rony que ainda caminhava em direção ao grupo. — Não conseguiu convencê-la?

— Se havia alguém capaz disso era você, Potter. — Cruzou os braços sobre o peito enquanto, assim como Harry, a observava engatar numa conversa rápida com o ruivo. — Ainda não acredito que ela vai fazer isso.

— Muito menos eu. — Observava-a com atenção.

Hermione aproximou-se com Rony do seu lado, parecia leve e até mesmo feliz, notou. E então, aquele sorriso fez com que desistisse de tentar convencê-la uma última vez. Era o certo a se fazer. Deixá-la ir!

Antes que estivesse preparado, Hermione olhou para o relógio em seu pulso e anunciou:

— Está na hora!

De frente para seus três amigos sorriu e conteve as lágrimas, teria tempo para isso mais tarde.

— Eu queria dizer...

Draco moveu as mãos, fazendo com que parasse.

— Nada de discursos, Granger. — Aproximou-se em poucos passos e abraçou-a com força. — Volte para lá e acabe com eles!

— Deixa comigo. — Soltou-o com mais facilidade do que esperava.

Rony foi o próximo, apertando-a contra seu peito de forma protetora, da mesma forma que sempre fizera quando estavam em perigo. Sentiria falta dele, mas por fim soltou-o com um breve sorriso.

— Como Gina está?

— Vai ficar bem. — Havia sinceridade em seu tom. — Não é o fim do mundo, Mione. Assim que ela esfriar a cabeça vai ver que exagerou.

Assentiu em concordância, mas não acreditava naquilo. Nem um pouco.

E enfim Harry caminhou em sua direção, as mãos nos bolsos da calça implicavam em certo constrangimento. Seus movimentos pareciam incertos.

— Acompanho você até sua chave de portal. — Informou antes de espalmar sua mão na base da coluna de Hermione com delicadeza.

Em passos lentos, como se pudesse atrasar o processo, seguiram até o objeto pendurado no galho. Era um artigo de decoração, um pequeno bibelô com o exato formato de um gato. Pararam de frente para a chave e o silêncio se fez presente, mas não por muito tempo. Hermione não teve tempo de dizer qualquer coisa, já que Harry tratou de puxá-la para um abraço cheio de saudade antecipada.

— Vou sentir sua falta. — Sussurrou em seu ouvido. — Muita!

Demorou-se um pouco mais, saba que se levantasse o rosto naquele momento haveria lágrimas, e não queria que Harry as visse.

— Foi uma aventura e tanto, não é?

— Eu faria tudo de novo. — Sua voz grave reverberou com emoção.

Afastou-se para olhá-lo.

— Queria que as coisas pudessem ser diferentes.

Tinha tanto a dizer, tantas opiniões contrárias para contradizê-la, mas não o fez. Não precisavam brigar quando tinham tão pouco tempo para aproveitar, por isso, baixou o rosto e beijou-a uma última vez antes de soltá-la e afastar-se alguns poucos passos.

Não olhou para trás enquanto aproximava-se do objeto, se o fizesse mudaria de ideia e não podia se permitir tal devaneio. Desse modo, respirou fundo e buscou a coragem que achou não ter, esticou os dedos até tocar o objeto frio. E tão rápido quanto um suspiro, sentiu seu corpo ser lançado para sua vida antiga.


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Notas finais do capítulo

Aqui estamos... O que acharam da despedida??



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