The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 41
Capítulo quarenta




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784245/chapter/41

A sexta-feira se passou em uma espécie de borrão.

Durante a manhã se arrastou pelos corredores do Largo, observando cada detalhe das tapeçarias e papéis de parede. Principalmente aquele em que a árvore genealógica da família Black ficava majestosamente exposta. Tocou os galhos e seguiu suas curvas sinuosas até alcançar suas pontas, era um gesto reconfortante.

Tentava convencer-se de que não sentiria falta disso, mas era uma ideia boba. Todos os momentos que passara em Londres, desde que retornara, estariam guardados em seu coração. Cada um dos segundos. Até mesmo aqueles não tão agradáveis assim.

Durante a tarde começou a organizar suas roupas, resolveu que fazer aquilo da maneira trouxa seria bom. Levaria tempo e isso tinha de sobra. Revirou as gavetas da cômoda e os ganchos onde alguns casacos permaneciam pendurados há dias. Percebeu que ainda faltava algumas peças e não evitou o suspiro pesaroso quando se deu conta de onde estavam.

E então, incerta, entrou no quarto que dividira com Harry.

As lembranças eram arrebatadoras. Em cada cantinho daquele quarto guardava uma memória; palavras, sussurros e promessas amorosas; os toques trocados com carinho e paixão, como se toda a proximidade jamais fosse suficiente para suprir a necessidade de seus corpos. Haviam criado uma cumplicidade diferente daquela que possuíam, quase como se fossem pessoas diferentes. Talvez fossem!

Juntou as poucas peças que havia deixado para trás e fechou a porta atrás de si. Não voltaria a entrar, era doloroso.

Quando finalizou sua organização, saiu para caminhar. O dia estava ensolarado, fato este que era bastante incomum, mesmo que estivessem no ápice da primavera. Visitou alguns de seus lugares favoritos e até mesmo a antiga casa em que morava com seus pais. O jardim estava bem cuidado, havia inclusive algumas rosas plantadas no vaso da entrada. Sua mãe nunca conseguira fazer suas flores crescerem daquele jeito.

Sorriu nostálgica.

Londres sempre fora sua casa. Não entendia como pudera ficar longe por tanto tempo, mas também compreendia que na época não havia pensando muito sobre o assunto. A proposta lhe parecia uma aventura, e apenas embarcou. Agora, observando a rua em que crescera, decidira que voltaria para visitar a cidade ao menos uma vez por ano. Talvez em algum feriado, se seus amigos quisessem recebe-la.

Naquela noite deitou-se cedo.

Assim que retornou de seu passeio foi direto para o banho, onde deixou-se relaxar sob a água quente por longos minutos. Enfim, sua última noite. Não tinha muito mais o que fazer, suas malas já estavam prontas e o quarto organizado, então assim que saiu do banheiro enfiou-se de baixo das cobertas.

Já era tarde, mais ainda não conseguia dormir. Quase como se seu cérebro se recusasse a desligar ou deixá-la descansar. Virava de um lado para o outro, numa busca inquietante pelo sono, mas não tinha jeito.

Quase meia noite ouviu duas batidas em sua porta e antes que respondesse, a maçaneta virou e Harry colocou a cabeça para dentro do quarto. Sua expressão indecifrável.

— Posso entrar?

Sentou-se na cama.

— Claro.

Harry deu alguns passos para dentro do quarto, em completo silêncio. Permaneceram assim por um período mais longo do que considerou ser saudável, mas baixou o olhar para aguardar. A última conversa que tiveram não fora muito agradável, não queria recomeçar algo que podia magoá-los novamente.

— É a sua última noite aqui... — Ouviu um forte suspiro, e sabia ser de decepção. Elevou o rosto para encará-lo, mesmo que tivesse medo do que veria. — Não quero que vá me odiando.

Moveu-se para ajeitar a postura com pressa, não acreditava naquilo que ouvia.

— Jamais seria capaz de odiá-lo!

Harry aproximou-se cautelosamente e sentou-se na beirada da cama, testando o espaço e sua reação. Não sabia se o expulsaria, depois de chama-la de covarde, era uma grande possibilidade e não suportaria ouvi-la proferir mais nenhuma negativa.

— Não devia ter gritado com você! — Observava-a quase na defensiva. — Nunca quis magoá-la, fui rude e um completo idiota.

— Nós dois fomos!

Sorriu minimamente.

— Até o dia em que você me contou o que estava acontecendo eu tinha certeza de que tudo estava acertado. Para mim você já havia deixado seu trabalho no Ministério para trás e se estabelecido no St. Mungos. — Contou com calma, buscando as informações em sua memória. — Nunca me passou pela cabeça que depois de tudo o que vivemos ainda existia uma chance de você retornar. E fiquei tão irritado...

Sacudiu a cabeça em negativa. Um suspiro frustrado escapou de seus lábios antes que retornasse a falar.

— Ontem, depois da nossa discussão, parei para analisar tudo o que havia acontecido. — Pela primeira vez, olhou-a diretamente nos olhos. — Percebi, acho que tarde demais, que em momento algum você disse que ficaria. Até pouco tempo você entrava madrugada adentro para finalizar seus relatórios.

Sacudiu a cabeça, mas baixou o rosto e focou em suas mãos unidas que descansavam sobre suas pernas.

— Eu devia ter deixado claro. — Arriscou olhá-lo por rápidos segundos. — Sempre soube que em algum momento eu teria que voltar e deixei as coisas acontecerem assim mesmo. Magoei você!

— Não magoou. — Sorriu minimamente, como que para enfatizar que dizia a verdade. — Gostaria que tivesse sido diferente, mas não me arrependo.

— Não posso ficar, Harry! — Levantou o rosto para, enfim, olhá-lo.

Ele baixou o olhar e assentiu.                                               

— Ainda não entendo o porquê. — Sacudiu a cabeça. — Mas respeito sua decisão. Quero que saiba disso!

Em resposta, anuiu delicadamente e sorriu. O que serviu de incentivo para Harry segurar suas mãos carinhosamente.

— Eu gostaria de... Posso dormir aqui?

Surpreendeu-se com a pergunta, mas não conteve a felicidade. Mesmo sabendo que seria momentânea.

— Seria ótimo! — Abriu espaço na cama, enquanto Harry despia-se do moletom.

Ajeitou-se então, timidamente, sob o cobertor e surpreendeu-se quando Hermione aninhou-se em seu peito. Envolvido no abraço, apenas imitou-a, permitindo-se apertá-la e puxá-la para mais perto de seu corpo.

— Nunca agradeci por ter vindo me ajudar com a história do divórcio.

— Engraçado você dizer isso, porque tenho a impressão de que atrapalhei muito mais que ajudei! — Virou o rosto para olhá-lo. — Não negue!

— Pode até ser verdade, mas em momento algum me importei com isso. — Baixou o rosto até seus narizes se tocarem, mas somente quando Hermione fechou os olhos foi que beijou-a.

Descobrira há pouco que beijar Hermione tornara-se seu passatempo preferido. Conseguia citar inúmeros motivos para tal: o encaixe perfeito de seus lábios, o modo delicado e voraz que ela o puxava pela roupa quando queria aprofundar o beijo, os suspiros de Hermione ou simplesmente o fato de parecer certo tê-la nos braços.

Quando o beijo terminou, apertou-a, soltá-la custava muito.

— Vou sentir sua falta! — Selou a frase depositando um beijo demorado em sua testa.

Hermione não respondeu, mas sabia que ao abraça-lo com mais afinco deixaria a entender que sentia o mesmo.

Voltar era uma questão de princípios e claro, pilhas de obrigações Ministeriais que teria de cumprir rapidamente. Ficar dependia de incontáveis detalhes, sentimentos e fatos frustrantes que estava cansada de pensar. Até o início daquela noite estava confusa e dividida, mas com Harry ao lado conseguira enxergar tudo mais claro. Estava decidida.

Estava pronta!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Você acharam que eles iriam brigados???



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Divorce" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.