The Divorce escrita por Amanda


Capítulo 38
Capítulo trinta e sete




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O trajeto até o Largo Grimmauld fora silencioso, contrastando com as pesadas nuvens acinzentadas que encheram o céu em questão de poucos minutos, quase como se fossem um reflexo da situação. A seguia com alguns bons passos de distância, não queria pressioná-la a conversar ou simplesmente impor sua presença. Se precisasse estaria lá, para o que quer que fosse.

A cena que Gina fizera fora humilhante e bastante constrangedora, queria que não tivesse sido daquela forma. Já havia pensando, mais de uma vez, em como contaria para Rony sobre seu relacionamento com Hermione. Imaginou que seria ainda mais difícil quando sua ex-esposa ficasse sabendo, mas torcia para que pudessem resolver tudo amigavelmente.

Nunca esteve tão errado!

Quando alcançou a casa Hermione já havia se recolhido no quarto, não naquele que vinham dividindo há semanas, mas aquele em que ficara hospedada logo que chegara em Londres. A mensagem era clara, não queria vê-lo.

O silêncio que se instalou era quase sufocante, sentia como se desde o segundo em que Gina os deixara o mundo havia parado de girar. Como se estivesse sozinho e perdido. Sentado no sofá, apoiou os cotovelos nos joelhos e segurou a cabeça que pendia para frente. Seu próprio suspiro era tudo o que conseguia ouvir.

Horas depois parou em frente a porta do quarto, elevou o punho fechado para bater na madeira escura, mas desistiu. Sacou a varinha do bolso da trás da calça e usou um feitiço para destrancar a fechadura. A porta abriu uma com um rangido após o “click” da maçaneta.

Hermione estava deitada na cama, de costas para a entrada. E apesar da sua respiração estar bastante tranquila, não estava dormindo. Dessa forma, aproximou-se com calma e sentou-se na beira do colchão, esperando por alguma reação.

— Acho que precisamos conversar. — Hermione continuou sem se mover. — O que Gina fez foi errado, não importa o quão magoada estivesse. Ela não tinha o direito!

— Conheço Gina desde os doze anos de idade, ela era minha amiga. — Murmurou ainda sem mover-se para olhá-lo. — Ela sempre foi apaixonada por você, e eu a traí.

Sacudiu a cabeça em negativa.

— Quando começamos eu já estava divorciado, você sabe. — Insistiu. — Olhe para mim, Mione.

Contrariada, sentou-se na cama e olhou-o pela primeira vez. Ainda sentia-se tão constrangida com toda aquela situação, as palavras de Gina bastante vívidas em sua cabeça.

— Você me disse que o divórcio não fazia parte de quem sou, que eu merecia ser feliz. — Começou com calma, não podia apressar as coisas. — Por que não posso recomeçar com você?

— As coisas são mais complicadas que isso, Harry.

— Não deveriam! — Respondeu ansiosamente. Olhou para baixo por um segundo, contendo sua emoção, e sorriu de leve. — Essas últimas semana foram extraordinárias.

— Harry...

— Me escute, está bem? — Pediu, segurando suas mãos com delicadeza. — Nessas últimas semanas eu percebi que meu dia não é tão bom quando acordo e você já saiu para trabalhar, porque adoro ver seu sorriso depois que boceja.

“Preciso dormir com você do meu lado e simplesmente poder te abraçar a hora que eu quiser, porque às vezes é só disso que preciso para esquecer o dia péssimo de trabalho.”

“Não sei quando foi a última vez que me senti desse jeito, e não quero esquecer essa sensação. No momento, não me importo com o que Gina, Rony ou qualquer outra pessoa vá pensar sobre nós. Tudo o que importa é você, Mione.”

Sorriu como se não pudesse evitar.

— Quero que seja minha namorada!

Hermione o escutava com bastante atenção, absorvia cada uma de suas palavras e as guardava no peito, poia sabia que seriam seu consolo por um longo tempo.

— Não podemos, Harry.

O sorriso em seu rosto vacilou.

— Por que não?

Soltou suas mãos e ficou de pé, fez o caminho até a janela e retornou até a cama, só para afastar-se novamente.

— Você se lembra que eu tinha algo para contar? — Olhou-o, esperando por uma confirmação, e só continuou quando a recebeu. — Acontece que o encontro com Gina só confirmou algo que eu pensava e me fez ter certeza.

— Você não está fazendo sentido!

— O Ministério Holandês tem me pressionado para retornar. — Soltou de supetão.

Harry piscou duas, três vezes. Como se tentasse entender as palavras e digeri-las.

— Avise-os que não retornará, tenho certeza de que serão compreensíveis. — Disse como se a resposta fosse algo óbvio.

Virou-se para a janela e respirou fundo, precisava explicar-se e aquele era o momento. Não fugiria.

— Eu já deveria ter retornado. — Demorou-se mais alguns segundos na janela antes de virar-se para olhá-lo.

Usando toda a sua coragem, contou-lhe sobre como dividir-se para trabalhar no St. Mungos e para o Ministério era excessivo e fez com que cometesse alguns erros em relatórios importantes. Narrou cada uma das cartas que pedia seu retorno, as últimas intimações e aviso sobre processo administrativo. Deixou algumas lágrimas escaparem quando falou sobre toda a pressão em ter de decidir entre os prós e contras de cada uma das opções. Até mesmo sobre a discussão que tivera com Draco sobre essa mesma situação.

Contou tudo.

Aos poucos, era como se todo o peso que carregara por tantas semanas diminuísse gradativamente a cada palavra que dizia. Mas o aperto no peito ainda estava ali, havia a parte mais difícil.

— A questão é que tomei minha decisão, e voltarei para Amsterdam.

Por poucos segundos o quarto entrou em completo e absoluto silêncio, nem mesmo suas respirações eram audíveis. O que pareceram horas depois, Harry quebrou a quietude melancólica do quarto.

— Uau!

O observava de longe, esperando por qualquer reação mínima.

— Então era disso que Draco estava falando.

— Draco te contou? — Não conteve a surpresa e o questionou com mais agitação do que pretendia. — Como? Quando isso aconteceu?

— Dois dias após a discussão de vocês resolvi conversar com ele, entender o que havia acontecido. — Explicou de forma superficial, sem lhe dirigir o olhar. — Ele disse que não contaria porque o assunto só dizia respeito à você, que eu deveria esperar o momento em que decidisse discutir o assunto. Ao menos ele teve a decência de ser honesto comigo.

A frase fora como um tapa.

— Harry, eu nã...

— Você guardou isso com você por semanas, Hermione. — Cortou-a e passou a mão no rosto, completamente perplexo. — Decidiu tudo sozinha!

— Pensei que seria injusto te colocar no meio dessa deci...

— Você foi injusta! — Sua voz saía com agressividade, e sabia que se arrependeria mais tarde daquele tom, mas naquele exato segundo não podia controlar. — Você viveu com essa escolha por tanto tempo e jamais considerou me deixar participar da decisão. Você nunca me deu uma chance!

Hermione baixou o rosto, sabia exatamente o que veria no rosto de Harry.

— Todo esse tempo enquanto estava comigo você sabia que teria de ir embora, e guardou para si mesma. Você fez com que eu acreditasse que construiríamos algo juntos, que você sentia algo por mim. — Movia-se no quarto com brusquidão seus movimentos expressavam perfeitamente sua frustração. — E agora está dizendo que vai embora!

“De todas as pessoas, Hermione, você era a última que eu esperava que fosse capaz de fazer algo assim.”

Harry virou-se e encarou a porta por um breve momento. Seu movimento seguinte foi parado antes mesmo que pudesse dar o primeiro passo.

— Eu nunca menti sobre meus sentimentos. — Sabia que já não tinha chances de se desculpar, mas ele precisava saber. — Todos os momentos que passamos juntos foi real para mim!

— Como posso saber? Você mentiu em todos eles. — Olhou-a por cima do ombro. — Quando você parte?

— No próximo sábado.

Assentiu diante da informação.

— Você esperou faltar uma semana... — Sacudiu a cabeça, não tinha mais como seguir com aquela discussão. — Pode ficar. Darei um jeito de não nos encontrarmos!

— Harry...

Mas ele saiu sem lhe dirigir mais nenhuma palavra ou olhar.


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Notas finais do capítulo

E então... É isso por hoje. A reação do Harry foi como vocês esperavam???
Até logo



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